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Daphne de Gardenia

Summary:

Em um universo, Daphne teria tentado restaurar os escudos de Domino enquanto seus pais convocavam a companhia da luz para a cidade de Sparks e teria sido encurralada pelas bruxas;

Em outro ela teria corrido com Bloom enquanto convocava os reforços disponiveis a ninfa suprema de magix.

Só possuo o enredo original e os personagens criados por mim. Todo o resto pertence a seus respectivos autores.

Notes:

-Texto itálico= tradução do idioma nativo de Dominó

- Sparks= cidade capital do planeta

- Dominó= planeta

Chapter 1: O cerco

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Em um universo, Daphne teria tentado restaurar os escudos de Dominó enquanto seus pais convocavam a companhia da luz para a cidade de Sparks e teria sido encurralada pelas bruxas, em outro ela teria corrido com Bloom enquanto convocava os reforços disponíveis a ninfa suprema.

A suprema guardiã da Chama do Dragão, título conquistado nem mesmo um ano atrás, estava com a mais nova princesa de Dominó em seus braços enquanto seguia até o salão das nove para apresentar sua irmã as ninfas guardiães, quando uma grande onda mágica a fez perder o equilíbrio e cair contra uma parede, sendo rapidamente ajudada pelos guardas que entraram em posição de defesa com o ataque.

Para contexto, a suprema guardiã da Chama é a princesa Daphne de Dominó, uma princesa, que só organizou as Ninfas há apenas alguns meses e ainda não viu o auge de seus poderes, mas já torceu, moldou e formou o poder que tem corrompido a magia em outros mundos, os vestígios do Coven das 3 anciãs e as antigas maldições espalhadas sobre a linhagem das Ninfas e suas maiores transformações, é somente graças a ela que as ninfas conquistaram uma terceira geração e que os planetas atacados pelas bruxas não tiveram um fim definitivo.

Ela sentiu mais do que viu os escudos planetários rompendo e o gelo rapidamente cobrindo o planeta. A conexão que ela compartilhava com seu planeta natal explodiu seus sentidos, um eco sem dúvida sentido por seus pais e pela pequena criança em seus braços, que chorava com uma carranca no rosto.

Assim que ela conseguiu se estabilizar e verificar que sua irmã estava ilesa, ela olhou para a direção que a onda mágica veio, apenas para ver três formas escuras voando em direção ao palácio e em seu peito um calor cresceu aumento sua raiva e magia. Seu treinamento de princesa logo entrou em ação, comandando os guardas ao redor.

"Dominó está sob ataque! As três anciães vieram até nos. A partir desse momento o protocolo Ameer está ativado! Quero 4 comigo e o resto em seus postos determinados."

Ela se transformou em sua forma ninfa e voou o mais rápido que pode até o salão das nove para convocar as outras ninfas, criando uma plataforma para os guardas a acompanharem, não parando mesmo depois de sentir a magia de centenas de fadas de Dominó deixando seus corpos diante de suas mortes.

Ao entrar no salão das ninfas ela sentiu os pais se aproximando, assim como a horda de criaturas das trevas adentrando em seu reino, o que a fez apertar Bloom com mais força em seus braços.

Ela deixou os guardas, que não tinham permissão de entrar no salão das nove, protegendo a entrada, mas sabia que pouco seriam úteis caso as anciãs os atacassem. Daphne inundou a sala com sua magia e ativou o totem de transmissão, que seria capaz de transmitir sua mensagem às ninfas da luz não importa onde estivessem.

"Irmãs, ouçam-me! a luta chegou até nós, Dominó está sob ataque, gelo se espalha sobre o planeta nesse momento e hordas de criaturas das trevas estão atacando nosso povo. Nosso dever é claro: devemos evacuar os civis de Dominó e impedir que o exército das trevas conquiste esse planeta. Manterei os portais estabilizados para Magix, enquanto vocês retardam o gelo."

Ela se preparou para encerrar a transmissão, mas um medo no fundo de seu peito a fez mudar de ideia. "Irmãs, eu temo por nosso planeta, a hora de nossa última batalha se aproxima. Caso os eventos de hoje fujam de nossas mãos, confio em cada uma de vocês para manter o equilíbrio de Magix, mesmo na minha ausência. Permaneçam firmes, protejam Dominó, protejam a dimensão mágica e nunca se esqueçam do poder que habita dentro de cada uma de vocês. Que a luz do dragão guie seus passos e sua magia não importa o que aconteça. Que possamos nos encontrar de novo."

Com um suspiro pesado ela encerrou a transmissão e colocou Bloom em uma plataforma convocada enquanto lançava o feitiço de estabilização. Movendo as mãos em padrões circulares ela reativou os portais.

Com os escudos rompidos, o protocolo de defesa iria desativar todos os portais não utilizados e com a magia das bruxas tomando conta de Dominó eles não seriam reabertos manualmente. Mas a magia da ninfa suprema de Dominó seria o suficiente para reabri-los.

Seus pais irrompem pelas portas da sala assim que ela pegou Bloom novamente.

"Daphne, graças ao dragão, depressa! Fomos traídos, nossos escudos caíram e estão se aproximando do palácio! Preciso que você vá com Bloom para Eraklyon agora mesmo!" A rainha Marion diz urgentemente.

"Mãe, Pai, que bom que estão bem. As ninfas estão vindo, elas iram tirar o máximo de civis que puderem-"

"Não! os portais caíram, tem que impedi-las, vão colapsar se tentarem passar!"

"Acabei de estabilizar os portais. Onde estão as bruxas? temos que detê-las logo."

"Nós vamos, mas você vai levar sua irmã para longe daqui imediatamente." A rainha ordenou, enquanto arrancava um colar com um pingente roxa e colocava no pescoço de Daphne.

A princesa nela se irritou com o comando. Não foi para isso que ela foi criada? Para defender seu povo e seu reino não importasse o que?

"Mas mãe... e vocês... e o reino?"

"Não há tempo para discutir, querida. Se não partirem imediatamente, estaremos todos perdidos. Confie em nós, vamos cuidar do reino. Sua prioridade agora é manter Bloom a salvo. Elas vieram atrás de vocês duas! Daremos cobertura enquanto você sai, mas precisa sair agora. Nós te amamos minha filha e sempre amaremos, confiamos em você para proteger você e Bloom."

"Não fale como se fosse uma despedida, não irei deixar-" Ela mesma se interrompeu, ela sabia que com Dominó sob ataque é sua responsabilidade expulsar o mal como fada guardiã e ninfa de Dominó, mas como protetora da chama, ninfa guardiã do dragão e irmã mais velha, seu dever é proteger Bloom e a si mesma. No fim ela falhará de um jeito ou de outro. "Tudo bem, eu vou tirá-la daqui, mas eu preciso bloquear essa sala"

Com sorte, ela conseguiria fechar as portas e alcançar o resto de seu povo na batalha, antes que as bruxas os achassem.

Não era para ser, ela sentiu uma de suas ninfas partindo e incontáveis fadas das chamas perdendo a vida logo em seguida. Ela teve que segurar o grito que ameaçava sair dela enquanto trancava a sala, a dor do eco de suas mortes era pior do que ela poderia ter imaginado. Não era à toa que Marabella sempre ficava desolada e furiosa.

Mas um medo tão grande quanto o vazio crescente em seu peito tomou conta dela quando ela sentiu as magias das bruxas chegando perto deles, um feitiço roxo passando por entre ela e seu pai.

Sua mãe manda seu próprio ataque em forma de uma lança azul. O grito de dor subsequente a faz sorrir em meio ao desespero. Esse meio segundo de reação é o tempo que as bruxas levam para convocar seu aliado. Valtor.

O mesmo homem que foi colega de seu pai, o mesmo que lhe explicou sobre a magia de bruxas e de fadas, que treinou com ela quando ninguém mais podia, o sentimento de traição não chega nem perto do de ódio crescendo em seu peito. E mais importante, o homem que carrega a mesma magia que a família de Daphne, só que corrompida.

Ela se concentrou novamente no perigo à frente bem a tempo de ouvir Valtor dizer: "-mas se você entregar a ninfa, a criança e a Chama do Dragão, posso garantir que vocês estarão seguros, esta invasão é apenas uma amostra do nosso verdadeiro potencial, juro pela minha honra que ao nosso lado estarão seguros."

"Sem chance na Dimensão das Trevas." Marion rosnou e chamas apareceram em suas palmas.

Oritel, brandindo sua lâmina, liberou uma luz brilhante fazendo os corpos parecidos com fantasmas das mulheres escuras flutuarem um pouco para trás. "Você não sabe nada sobre honra, santidade ou família! Você, Valtor, é um traidor não apenas da minha família, mas do meu reino, do meu planeta e de toda Magix."

Valtor encolheu os ombros, aparentemente indiferente, movendo-se para se encostar na parede. "Sim."

Então as Bruxas Ancestrais interromperam. "Fomos corteses e lhe demos o tempo necessário."

"A escolha é sua, assim como as consequências."

"Entregue as crianças para escapar do destino do seu reino."

"Ou morra com isso e deixaremos você na fogueira."

"E mantenha seus filhos enquanto deixamos a morte em nosso rastro."

"São surdas ou apenas burras? nunca desistiríamos de nossos filhos. Bloomix!" A mãe dela rosnou, fogo nas mãos antes de se transformar, sua armadura sendo substituída por uma roupa roxa e rosa, uma tiara roxa e dourada aparecendo em sua testa enquanto seu cabelo é puxado para trás com tranças. Suas asas eram como as de uma borboleta, mas cada asa tinha duas protuberâncias inferiores em vez de uma. Suas asas eram uma mistura de roxa, rosa e azul.

"Então vocês perderão suas vidas junto com todos nesta sala." a bruxa líder sibilou antes de atirar pontas de gelo em meu pai.

"Você não vai tirar nada de nós." Daphne disse, seus olhos brilhando em laranja enquanto ela levantava a mão. Ela conjurou e lançou uma enorme bola de fogo no gelo, que explodiu a poucos metros da cabeça do pai.

"A Chama do Dragão!" a segunda bruxa sibilou.

"As princesas!" a bruxa principal chamou.

"Rendam-se meninas, venham aqui!"

"Nós cuidaremos de você, disso prometemos."

"Contanto que você obedeça às nossas regras, você não terá nada a temer-"uma bola de magia da rainha foi o suficiente para fazer a terceira bruxa calar a boca.

"Vá agora! Podemos segurá-las." A rainha instruiu a filha, mantendo seu olhar focado nos inimigos. "Megum við hittast aftur" Que possamos nos encontrar de novo.

Ficou claro que eles tinham um objetivo em mente: a chama do dragão. A magia mais poderosa que existe na dimensão mágica. Dominó foi o local de descanso final do dragão, fato ensinado nas aulas de história por toda a dimensão. E foi para a família de Daphne que o Dragão confiou seu poder e a responsabilidade de mantê-lo seguro.

"Voe! Não fique aqui! Voe o mais rápido que puder!" Ela queria protestar, insistir que eles poderiam vencer, mas sabia que não era hora para discussões. Ela saiu correndo, dando uma última olhada para seus pais, que continuavam a lutar por seu reino. Seus olhos se encheram de lágrimas. "Eu amo vocês", foi tudo o que ela conseguiu sussurrar antes de voar para longe.

Daphne olha para seus pais, vendo a determinação em seus olhos. Com relutância ela se move para sair, bem a tempo de sentir o teletransporte da companhia da luz. Daphne se moveu para voar através da janela, mas então Valtor estava lá. "Desculpas princesa, mas tenho minhas ordens", disse ele. Seu tom era solene, mas o brilho em seus olhos revelava seu desejo pela batalha.

"NÃO MINHAS FILHAS, SEU BASTARDO!" Minha mãe gritou, seus olhos ficando laranja puro. Chamas irromperam de suas costas, substituindo suas asas (embora preenchessem a envergadura) enquanto o fogo dançava ao seu redor em cachos. Valtor recuou, sua expressão repentinamente era de medo. A mãe soltou um grito de guerra que tinha o rugido de um dragão por trás dele. De repente ela estava trocando feitiços com Valtor e as bruxas, fogo azul explodindo contra vermelho alaranjado.

Ela voa ainda mais rápido, colocando um feitiço de bolha de som em Bloom caso ela chore de novo.

Ela está voando pelo castelo, todo o prédio está desabando ao seu redor, pedaços do teto de mármore caindo. As paredes estão tremendo com a pressão. Molduras e decorações caindo no chão, batendo no chão. Ela continua voando.

Ela passa por entre um grupo de fadas lutando e manda um feitiço de fogo nas arraias que estão cercando as fadas, as desintegrando em pó.

Ela sente magia negra se aproximando, magia da chama corrompida e só uma pessoa porta esse tipo de magia. Valtor. Ah mais como é grande a vontade de atingi-lo com uma espada e torcê-la.

Seus pais e aliados estão lá fora lutando por seu reino e por suas vidas e ela não tem ideia se eles ainda estão vivos. Sua irmã está em seus braços, incapaz de se defender, mesmo portando o maior poder do universo. Suas ninfas estão cercadas, lutando quase sozinhas pelo povo de Dominó. As fadas, magos e criaturas de Dominó estão lutando contra o gelo amaldiçoado das bruxas e as hordas do exército das trevas.

Ela sente mais uma de suas ninfas cair, dessa vez congelada pela magia das bruxas. Um soldado da ruína é jogado na parede a sua frente, bem quando ela pousa. O soldado que fez isso já está lutando com outro, mesmo com a perna visivelmente machucada e hematomas no rosto.

A área ao redor está repleta de batalhas separadas, cada fada, mago e bruxa lutando com tudo que quem com um exército quase indestrutível a magia deles.

Então Daphne tem que continuar, tem que encontrar um lugar seguro por tempo suficiente para pensar em algum tipo de plano, algo, qualquer coisa que possa salvar ela e seu reino da destruição total, enquanto mantém Bloom segura e a chama protegida.

Mas Daphne está ficando sem tempo. Ela é uma ninfa de Magix e ainda assim está fraca. Sua magia Sirenix é amaldiçoada pelas Bruxas Ancestrais, distorcida e errada desde que elas reivindicaram Sirenix.

Sirenix é a sua magia mais forte, aquela que mais relaciona sua magia natural e a herdada pelo sangue dominiano, está lá, mas ela não pode acessá-la sem sentir sua magia ser sugada de seu corpo feitiço após feitiço, sem sentir o pulsar, a atração, a maldição do Sirenix afetando todo o seu núcleo mágico.

Ela pode ouvir seus inimigos rindo como sempre fazem, zombando dela, incitando-a a se revelar, a lutar, a salvar seu povo. Seu sangue ferve, seu ser vibra com a necessidade de fazer algo para deter as bruxas.

Ela passa por um grupo de fadas cercadas por soldados da decadência e envia golens de fogo para ajudar na luta. O céu está coberto por nuvens sombrias e o gelo está chegando ao palácio, ela não tempo de verificar se os portais se mantêm abertos ou se suas ninfas precisam de reforço mágico.

Ela passa por outros grupos em cerco, enviando mais golens de fogo, syphnix de fogo e espíritos Ignis para ajudar na luta, enquanto voa o mais rápido que pode em meio as criaturas e fadas lutando.

Bloom solta um barulho quase silencioso e Daphne de repente percebe que não há saída. Ela pode voar e correr até ficar exausta, mas isso não a levará a lugar nenhum, ela precisa fazer uma escolha.

Dominó e o dever de fada e ninfa guardiã de Dominó ou Bloom e o dever de guardiã da chama e ninfa de Magix.

Um feitiço de luz e som cria um rastro falso no outro corredor.

Hora de pensar.

Das nove ninfas principais, apenas 4 estão sem tarefas iminentes (Politeia a traiu, corrompendo o Sirenix no processo, Eladne pereceu, Omnia está ocupada mantendo seguras as portas do oceano infinito e Haya está mantendo o núcleo de Linphea estável) e elas estão dispersas por Dominó impedindo o congelamento, o que as tira da luta principal.

As ninfas planetárias estão tirando os civis e lutando na frente, mas elas não têm muita experiência com o tipo de feitiço que assola Dominó, o que as deixa em desvantagem. Só agora ela percebe o que as bruxas fizeram, elas mataram estrategicamente todas as ninfas que conseguiriam confrontar elas, tirando ela e Lídia. Mas ela está amaldiçoada e sua magia fraca. O fogo das tochas ao seu redor aumenta até passar das janelas.

A ordem das chamas deve estar lutando na frente também, provavelmente tentando chegar a Bloom, como é seu dever jurado, mas ela não tem tempo nem de esperá-los nem de procurá-los.

A companhia estava vigiando o Coven. Rastreando seus movimentos e prevendo seu próximo ataque - e pela última vez que Daphne sabia, o Coven havia se retirado para Obsidian, tão longe nos confins da dimensão que eles não poderiam lançar um ataque a qualquer planeta natal sem serem avistados com bastante antecedência. E a única rota para Dominó não vigiada passava primeiro por Eraklyon - e Dominó não deveria ter caído sozinho.

Dominó não poderia cair sozinho.

Há outro traidor.

Eraklyon não é seguro e Solaria, Linphea e Melody ainda sofrem pelos ataques das bruxas. Andros está com os mares infestados e Magix em guerra civil.

Ir a qualquer outro reino colocaria esses reinos em risco. Planetas fora da dimensão mágica também sofreriam risco de invasão se abrigassem a chama.

Todos menos alguns poucos, e todos eles são magicamente fracos o que tornaria a chama facilmente rastreável, exceto um, Terra.

Um reino destruído pelos bruxos nativos, com fadas dispersas e, pelo que ela aprendeu em sua última visita, magia natural forte o suficiente para disfarçar a chama.

Mas ela ainda não podia ir para lá, não enquanto não carregasse a magia de Dominó, e do jeito que está ela é a única com conhecimento, poder e oportunidade de fazer isso, e ela não podia ir para lá com Valtor em seu encalço e não enquanto a magia das trevas monitorava os teletransportes. A única solução são as zonas de salto naturais, a mais próxima é na torre principal, que estão cercadas por arraias negras, então ela terá que ir para o fosso do castelo, enquanto manda harpias de fogo para a torre como distração. Ela está se movendo para voltar da torre até o fosso, quando sente magia por perto.

Um feitiço de teletransporte é feito para sua localização e ela se prepara para lançar outro feitiço desintegrante, mas para quando sente a aura de sua amiga.

 

Notes:

Espero que gostém e comentem por favor.

Chapter 2: Uma ninfa e um planeta

Chapter Text

Sua colega ninfa se manifesta na sua frente, radiante em sua forma ninfa mesmo com todo o sangue, cinza e gelo em seu corpo.

"Daphne! Graças ao dragão! Eu estava apavorada desde ouvi sua mensagem." Selene solta um suspiro de alívio enquanto a abraça o mais forte que pode sem pressionar a bebê em seus braços. Ela para o abraço e se transforma em sua forma de fada e lança um feitiço de congelamento temporal, o que deve dar-lhes tempo suficiente para decidir suas próximas ações.

"Oh, está deve ser Bloom, olá pequena princesa, queria poder ser apresentada em tempos melhores." Ela diz animadamente com um sorriso radiante em seu rosto, antes de ficar completamente séria.

"Daphne, não sei o quanto podemos aguentar, o gelo não para, só conseguimos retardar por alguns minutos, nem mesmo Aquilla consegue segurá-lo. Precisamos corta a conexão com a fonte para pará-lo, ela precisa ser neutralizada."

"Não há como separá-las, elas não são burras, não se afastam uma da outra, você sabe disso. Quando conseguimos ferir uma, outra ataca."

"Eu sei, mas também pode sentir a maldição infiltrando Dominó, até melhor do que eu, se chegar ao núcleo elas vencem. Lídia está junto à companhia da luz, mas... Daphne há algo diferente nelas, elas estão mais fortes, nem mesmo sua mãe consegue segurá-las." Selene olha pra baixo, tentando esconder seu sorriso de desespero, mas congela quando olha para Bloom, que está girando chamazinhas entre os dedos.

"Grande Dragão, Daphne, sua irmã é a portadora. Estrelas acima! A portadora é uma bebê em meio a uma guerra pela chama!" Selene começa a puxar o cabelo por causa da ansiedade. "Daphne, precisamos fazer algo!" Selene exclama, sua voz tremendo com a intensidade de suas emoções.

"Eu sei disso." Daphne responde com uma tensão na voz, o que só faz Selene ficar mais nervosa. "hum... Selene, olhe para mim. Se concentre, você é uma ninfa de Dominó, uma fada completa, uma das ninfas mais fortes que conheço, se controle"

Selene olha para Daphne, seu olhar desesperado encontrando a calma nos olhos da outra ninfa. Ela inspira profundamente, tentando acalmar seus nervos.

"Daphne, você precisa sair daqui. Leve Bloom para a dimensão das estrelas d'água, onde estará segura. Eu e as outras ninfas faremos o que for preciso para proteger Dominó." Selene diz com determinação, sua voz firme apesar da ansiedade que ainda a consome.

"Não posso-"

"Como não pode? Pode e vai, a chama precisa estar segura!"

"E Dominó também!" Daphne exclama, deixando sua angústia transparecer emocional e fisicamente, as chamas de Bloom crescem reagindo a seu estado emocional. "Minha mãe está sendo mantida ocupada pelas bruxas, minha tia está morta, minha prima desaparecida e provavelmente morta, não há ninguém além de mim que pode manter Dominó vivo."

"Isso não é verdade, nós ninfas-"

"Selene, precisaríamos das nove para fazer o que um único Fyre pode fazer, tem que ser eu."

"Daph, sem Omnia, não há como acessar o núcleo, os portais estão sendo monitorados e não podemos nos teleportar para lá"

"Eu sei, mas eu também posso acessar o núcleo."

"Não, não pode! Se usar Sirenix você pode morrer!"

"Não irei morrer enquanto não tiver tirado Bloom daqui. Este é o meu propósito, minha responsabilidade, minha escolha. Fortalecerei Dominó e tirarei Bloom daqui"

Daphne tem que contar até dez só para não deixar suas emoções afetarem as chamas de Bloom de novo, mas Selene não tem tanto controle, as chamas congelam no tempo e o brilho do vestido da fada do tempo também.

"Não adianta ficar com raiva agora, Selene" Daphne diz tentando ser tranquilizadora, mesmo sentindo seu dragão interior rosnando em defesa de sua irmã. "Sabe que eu tenho que fazer isso."

"Tudo bem, desculpe." A ninfa mais jovem responde com um suspiro derrotado, enquanto recolhe sua magia de volta. "É só que... não é justo, já perdemos Marabella, Eladne e Politea; e Aramita, Desmeria e Saera estão sem assas e sem magia; Haya está quase morrendo tentando manter Linphea estável, Lídia perdeu a família, Aquilla perdeu a gêmea dela, e agora Dominó está perecendo e nós, as supostas criaturas mágicas mais fortes do universo, não conseguimos impedir nada!"

"Dominó não vai cair! Podemos perder essa batalha, mas não perderia a guerra, se não hoje, então um dia eu mesma matarei aquelas 3 desencarnações." Daphne jura, mesmo enquanto sente mais uma parte do planeta sendo congelada.

Selene congela por um minuto.

"Tem magia negra se aproximando, tentando romper minhas proteções nessa torre" Selene a informa com sua voz séria, algo incomum na fada do tempo. "Daphne, porque tem magia da chama corrompida se aproximando?"

"É Valtor. Ele estava em meu encalço antes."

"E desde quando exatamente sabemos que Valtor é um traidor? E mais importante, desde quando há um pedaço da chama corrompida?"

"Desde há cerca 15 minutos e o tempo em estamos aqui" Daphne diz sucintamente. "E eu diria mais de 38 anos, visto que meu pai o conheceu na faculdade"

"Há um pedaço da chama corrompido há décadas e ninguém percebeu, isso... isso é simplesmente inacreditável."

"Para ser justa nem mesmo minha mãe percebeu, então ele sabe disfarçar muito bem. Além disso ele chamou as 3 de mães, o que deve ter ajudado." Selene arregala os olhos francamente assustador e acena lentamente com a cabeça enquanto diz.

"Entendi. Um bruxo do mal filho das três infelizes tem um fragmento da chama corrompida." então, mostrando uma ótima capacidade de compartimentalização ela pergunta:

"Err... Daph... você realmente vai pro núcleo?"

"Vou." Daphne responde com convicção em sua voz, entendendo o que Selene queria saber. Se ela iria dar seu poder para o núcleo de Dominó.

"Queria poder ajudar." Selene diz com tristeza visível, antes de se iluminar, por assim dizer. "Na verdade, eu posso." Então ela arrancou seu bracelete, para grande choque de Daphne. "Fique com isso, use-o quando sair de Sirenix."

"Selene eu não posso, é seu. Sua herança."

"Bobagem, é só um empréstimo. Você vai me devolver." Selene diz com um tom levemente ameaçador no final, então ela o põe no braço de Daphne, o que rapidamente chama a atenção de Bloom, que começa a passar as mãozinhas nas pedras brilhantes.

"Me permite?" Ela perguntou olhando para Bloom. Daphne não hesitou e passou sua irmã para os braços de sua amiga.

"Minha pequena princesa, é uma honra estar em sua presença, portadora da chama" Selene segura Bloom firmemente em seus braços, tocando sua testa na da pequena bebê, sentindo o calor reconfortante da pequena princesa. Ela fecha os olhos por um momento, reunindo as palavras certas para uma benção.

"Que seu fogo cresça até o céu, iluminando o caminho em meio à escuridão" uma bola vermelha passa a circulá-las.

"Que sua coragem seja como uma chama eterna, queima pura e inextinguível, guiando-a através dos tempos sombrios." uma segunda bola dessa vez dourada se junta a primeira.

"Que sua bravura se torne lendária, ecoando através dos séculos como um testemunho do espírito indomável que reside em seu coração." uma terceira bola azul é gerada

"Que sua bondade seja um farol de esperança para os necessitados, irradiando calor e compaixão por todos os que cruzarem seu caminho." Uma rosa.

"Que sua alma seja tão luminosa quanto as estrelas no céu." Uma prateada.

"Que esta bênção a acompanhe em sua jornada, concedendo-lhe força, coragem e proteção em todos os momentos. Que você brilhe assim como está destinada a brilhar." As bolas se unem em uma só e pairam acima da bebê. Ela puxa fragmentos da magia para sua mão e desenha as runas de proteção de seu planeta natal no pequeno braço da princesa. A bola de energia é então absorvida pelas runas.

Ao terminar a benção, Selene abre os olhos, vendo a pequena Bloom olhando para ela com um brilho de reconhecimento em seus olhos. Ela sorri, sentindo-se renovada pela conexão com a magia ancestral de seu reino e olha para Daphne, vendo a princesa mais velha sorrir brilhantemente.

"Obrigada Selene."

"Eu que agradeço, minha princesa" Selene diz, devolvendo Bloom e curvando a cabeça. " Agora vão, eu não posso fortalecer um núcleo planetário, mas posso lutar contra um bruxo." Ela se moveu para parar o feitiço temporal, mas mudou de ideia e deu um abraço forte em Daphne.

O feitiço se quebra e Selene observa Daphne ir em direção a janela antes de quebrar as proteções que Valtor estava tentando quebrar. Ela não leva nem meio segundo para mandar um feitiço necrótico nele e antes que ele possa pensar em se defender ela libera sua magia, criando desenhos no chão que amplificarão seus poderes. Aquela não seria uma batalha rapidamente ganha.

Daphne enquanto isso finalmente chega ao fosso.

Sua forma de ninfa não é tão forte na água quanto o Sirenix é, mas é forte o bastante para aguentar metros de profundeza, um feitiço de cabeça de bolha é sussurrado para Bloom.

O ponto de salto foi escondido por ela mesma por sua própria magia Sirenix, o que faz com que só fadas Sirenix possam abrir o portal. O que deveria ser um segredo, se não fosse por Politea.

"Não se preocupe irmãzinha, vou proteger nosso mundo e a minha flor vermelha custe o que custar, Sirenix!"

É devastador física e emocionalmente sentir sua transformação sugando seu núcleo, tentando consumir sua magia, mas não há escolha, ela precisa salvar Dominó e a chama e precisa garantir que Dominó vai sobreviver enquanto a chama estiver fora da dimensão mágica. E precisa tirar Bloom do planeta antes que a maldição consuma seu núcleo mágico.

Todo planeta tem sua magia base, como os sois de Solária, os anéis de Zenith, a rocha mãe de Linphea, a lua de Serenia. A magia base de Dominó é a chama do dragão, seriam necessárias décadas antes que o planeta não conseguisse mais sustentar vida mágica sem a presença física da chama e sua portadora, mas o ataque das bruxas com magia oposta a chama e o ataque do exército das trevas vai enfraquecer Dominó assim como enfraqueceu Linphea. E Daphne não vai deixar Dominó cair assim como não deixou Linphea ou Serenia cair.

O lado oposto ao portal, a sala do núcleo, era um grande salão com dezenas de arcos conectando todos os saltos já criados em Dominó. E bem no meio a representação física da magia que o dragão usou para criar Dominó.

Uma esfera de fogo multicolorido circundada por esferas menores de todas as cores. Nove aros girando elipticamente ao redor e ao redor de tudo 4 paralelogramos, cada um de 2 metros, pairam no alto da sala, se movendo em extrema lentidão. O primeiro sinal de dano.

Ela não se atreve a sair de sua forma fada, uma retransformarão sirenix seria muito mais devastadora do que um minuto a mais usando, mesmo assim, ela ainda sente o dano em seu núcleo mágico.

Para essa parte ela não pode fazer segurando Bloom, então ela a põe em um dos arcos.

Concentrando sua força, um grande dragão sai dela, não tão grande quanto será o de Bloom, mas mais poderoso que quase qualquer outra coisa no universo mágico. Ela reune suas quatro esferas elementais e libera sua magia de ninfa para criar o seu halo mágico.

A maldição chega mais perto, quase puxando sua magia e Daphne ofega enquanto se curva em meio a dor. A maldição avança implacavelmente, sua energia negra crepitando e tentando arrastar Daphne. Ela se agarra à sua determinação com unhas e dentes, lutando contra a dor excruciante que se espalha por seu ser enquanto mantém sua concentração no ritual que deve realizar.

Com muito esforço Daphne canaliza sua magia do halo, para as 4 esferas e finalmente para o dragão. Multiplicando a força da magia à cada transferência.

O dragão dourado circula os paralelogramos, puxando os para ganhar velocidade, fazendo-os circular tão rápido que parecem um só, reforçando cada conexão e fortalecendo as defesas de Dominó. Cada fio de energia que ela envia para as estruturas mágicas faz a maldição sugar um pouco mais de sua própria força, mas ela não recua. Ela é a guardiã de Dominó, e não vai falhar em sua missão.

Suas esferas elementais brilham mais, fazendo o feixe mágico em direção ao dragão ficar mais brilhante e maior. Ela pode sentir a maldição chegando, batendo diretamente em seu núcleo.

Daphne sente seu corpo tremer sob o peso da maldição, mas sua determinação não vacila. Ela sabe que não pode ceder agora. Não quando a esperança de Dominó está em suas mãos.

Ofegante e exausta, Daphne luta para manter-se de pé, sua visão embaçada pela dor lancinante que percorre seu corpo. Mas mesmo enquanto suas forças começam a fraquejar, seu espírito permanece. Ela está determinada a proteger Dominó, custe o que custar. E nada, nem mesmo a maldição mais terrível, vai impedi-la de cumprir seu dever sagrado como guardiã do reino. Lagrimas caem de seu rosto e sua cabeça dói devido ao esforço, mas bem pior que isso é o seu núcleo mágico, a essência de seu ser sendo atacado por dentro.

Com um último esforço hercúleo, Daphne canaliza os arcos de seu halo para a convergência, fazendo-os adquirir um tom dourado. Aquela é sua última defesa contra as trevas que avançam, o último fio de magia que ela pode abrir mão, o resto vai ser consumido lentamente enquanto ela tira sua irmã do planeta.

Até que não é.

 

Chapter 3: Fuga

Chapter Text

Com um último esforço hercúleo, Daphne canaliza os arcos de seu halo para a convergência, fazendo-os adquirir um tom dourado. Aquela é sua última defesa contra as trevas que avançam, o último fio de magia que ela pode abrir mão, o resto guardado para ser consumido lentamente enquanto ela tira sua irmã do planeta.

Até que não é.

Ela sente algo dentro dela começa a mudar.

Uma sensação de calor começa a irradiar de seu núcleo, substituindo a dor lancinante por uma energia revitalizante. Sua magia, antes fraca e ameaçada pela maldição, agora pulsa com uma força renovada, como se o próprio reino de Dominó estivesse canalizando sua energia para ajudá-la em sua batalha.

Com um sobressalto surpreso, Daphne percebe o que está acontecendo. Ela sente uma conexão profunda com o núcleo mágico de Dominó, a magia do Dragão, como se estivesse em sintonia com a essência do próprio reino, uma energia incontrolável começa a se acumular ao redor dela, formando uma aura resplandecente que irradia pura luz dourada. Uma nova esfera surge através do núcleo e começa a circular o núcleo junto com as outras.

De repente, as palavras de sua mãe ecoam em sua mente: "Daphne, quando você mais precisar, seu poder se revelará, não esqueça nós somos Fyres, minha filha." Com uma compreensão súbita, Daphne percebe que este é o momento pelo qual ela tem esperado, o momento de ascender ao seu verdadeiro poder.

Com um grito de determinação, Daphne se entrega à transformação que está acontecendo dentro dela. Sua forma começa a brilhar intensamente, envolta em uma luz cintilante que parece emanar de seu próprio ser. Seu cabelo se transforma em uma cascata de chamas douradas, suas asas se tornam mais majestosas e poderosas, e sua vestimenta se torna uma armadura reluzente.

Ao redor dela, o núcleo se ilumina com a intensidade de sua aura, e as trevas recuam diante da magnitude de seu poder recém-descoberto.

E assim, no ápice de sua transformação, Daphne acende ao estado de Bloomix, uma guerreira imbuída com o poder da luz e da esperança, pronta para proteger seu reino e sua irmã mais nova. É quase como se suas forças tivessem voltado ao ápice. Seu núcleo ainda intacto e a maldição nem é mais sentida.

Uma risadinha a faz olhar para a irmã, que está girando chamas no formato de suas novas asas Bloomix. Aquilo a fez sorrir em meio a tudo.

Com uma nova determinação ela manda mais magia para o núcleo. Antes de Bloomix ela estava exausta, literalmente havia esgotado seu núcleo mágico, dessa vez seu poder não só está carregado, quanto está mais forte.

Por isso Bloomix é considerado uma transformação final, isso torna a fada tão forte quanto a magia do dragão que ela porta. Sua mãe em Enchantix é extraordinária, em Bloomix? Ela é aterrorizante.

Daphne consegue sentir sua magia mais forte, seu limite ficando mais distante, mais difícil de alcançar. Ela canaliza mais para o feitiço. Empurrando mais magia para o halo e para seus cristais elementares e pela primeira vez desde a transformação ela olha para seu dragão. Ele duplicou de tamanho, ganhou novas escamas na cauda e mais importante, está dourado reluzente, literalmente resplandecente como uma estrelas.

E está olhando para ela enquanto os paralelogramos que estava girando começaram a rotacionar por conta própria. Ela pode sentir a magia protegendo o núcleo da maldição das bruxas impedindo o núcleo de congelar, assim como Bloomix está fazendo por ela.

Ela canaliza todo o seu novo poder para o halo e os cristais, criando um feixe para o dragão, que começa a girar novamente. dessa vez ela consegue alcançar os arcos do núcleo, fazendo brilhar em dourado e girar tão rápido que parece uma esfera dourada. As esferas do núcleo começam a brilhar e finalmente o núcleo brilha junto.

Com um último grito de esforço ela manda o máximo que consegue de sua magia para fortalecer o núcleo. 

Os cristais continuam girando quase tão rápido que não há como ver suas formas e todo o núcleo brilha tanto quanto uma estrela sendo formado.

Finalmente ela conseguiu garantir que Dominó fique seguro. Agora não há como as bruxas conquistarem seu planeta.

Ela recolhe sua magia novamente, seu dragão voltando para um núcleo mágico intacto. Ela chora de felicidade, finalmente forte novamente. A maldição ainda está lá, mas tão distante que ela é capaz de ignorar seu peso pela primeira vez em meses.

Ela está exausta magicamente, deu todo seu poder para o núcleo, mas aquela pequena reserva mágica ainda a deixa extremamente feliz. Ela voa para Bloom, segurando-a em seus braços novamente, sentindo sua magia tocando a dela, duas chamas fortes.

Ela vira para sair pelo portal, mas sente uma presença familiar em sua cabeça, antiga e forte como sempre foi, 'você fez bem, minha filha, agora deve proteger a flor vermelha'.

"Custe o que custar, eu irei" Daphne jurou.

Ela sai pelo ponto de salto mais uma vez, lançando um feitiço cabeça de bolha nelas novamente.

Ao sair ela vê os monstros caídos e sente uma imensa satisfação. Centenas de dominianos já caíram, mas milhares de monstros também.

Ela precisa voar rápido agora, precisa chegar a uma área isolada para abrir um portal. Os portais e teletransportes estão sendo vigiados, então se ela abrir um aqui não conseguirá passar antes que alguém chegue para impedi-la e por mais que seu novo poder a tenha dado forças, ela esgotou quase tudo no núcleo.

A área que não permite teletransporte mais próxima é o salão das nove, mas ela não pode deixar que as bruxas tenham a mínima ideia de sua localização.

A sala do trono também é de fácil acesso, mas é conhecida demais.

As fontes da rainha Zelenthia por outro lado são seguras e resistentes a magia, não serão destruídas em caso de ataque e não permitem invasão mágica.

Suas novas asas são fortes como as do Enchantix e tão rápidas no ar quanto as de Sirenix são na água, ela consegue voar rápido o suficiente para passar sem ser reconhecida.

No meio do caminho ela sente algo errado, uma sensação de vazio que nunca esteve lá, mas não para de voar.

Não até que Bloom começa a ficar agitada, coisa que ela não fez desde que essa correria sem fim começou.

Ela para de voar ao sentir o algo faltando ressoando em algum lugar de sua consciência.

Infelizmente ela acha o que é.

Seu elo com seus pais está vazio, congelado. Aquilo não deveria ser possível, não é possível, a chama ainda está dividida, se sua mãe tivesse morrido a chama que ela carrega teria voltado para ela e para Bloom, mas a dúvida cresce em seu peito. E só piora quando ela percebe que Bloom também sente isso.

Nem mesmo o pedaço da chama imbuído na espada de seu pai ela consegue sentir, é como se tivessem desaparecido no meio do nada.

E a pior parte, eles estavam lutando contra as três bruxas, ela não tem nem tempo nem burrice o suficiente para ir verificar se estão bem e entregar sua posição para as bruxas.

O último ato de seus pais foi proteger ela e Bloom e o último ato do rei e da rainha foi proteger as herdeiras e a chama. E por mais que ela queira, ela não pode arriscar desonrar isso.

Mas ela não foi a primeira a sentir isso hoje, mas será a última.

Com a raiva alimentando sua magia ela voa ainda mais rápido até as fontes.

Mas aquela semente de dúvida em sua mente a está corroendo por dentro. Ela não pode deixar seu mundo, por sabe-se lá quanto tempo, sem ajudar um pouco mais.

Então ela vai fazer uma estupidez, vai tentar ajudar e relevar sua posição igual aos protagonistas em contos.

"Chama protetora!" Seu novo feitiço cerca Bloom com redemoinhos de fogo impenetráveis para qualquer um e o mais importante a tira da linha de ataques diretos. Ela sabe que no mínimo Valtor chegará em instantes, outros logo atrás.

Bloomix é forte igual a chama que ela carrega e sua chama é enorme, sua exaustão mágica já está sumindo, mas para o que ela pretende fazer sua forma ninfa é mais eficaz.

Aqui ela não precisa mais passar despercebida e a forma ninfa é mais forte do que qualquer transformação de fada e graças a sua nova forma Bloomix ela finalmente tem forças suficientes para usar o compartilhamento mágico das ninfas.

Ela abre o halo mágico de novo, notando um novo espaço entre o arco Enchantix e o novo do Bloomix, ela lança o feitiço de compartilhamento.

Um disco surge acima dela e ela envia sua magia em sua forma mais natural para as ninfas e fadas próximas. Mais urgente ainda, ela manda mais de sua própria magia para Haya em Linphea, Omnia em Magix, para Aramita, Desmera e Saera para ajudá-las a se curar mais rápido, para Lídia e Selene e para Aquilla para que ela consiga segurar o gelo. Isso deve dar as ninfas magia suficiente para lutar para valer.

Sua previsão se tornou correta quando um corpo em movimento rápido vem em sua direção, por sorte ela consegue terminar o feitiço a tempo de desviar do ataque.

Valtor ergueu uma mão, e chamas negras se formaram ao seu redor. Seus olhos brilhavam com uma malícia sombria. "Daphne, você não pode impedir o inevitável. O poder do Fogo do Dragão é meu para controlar, não importa que tipo de poder você use, eu ainda sou mais forte-" labaredas de fogo ardente o fizeram calar a boca. tal mãe tal filho aparentemente.

"Vai ter que morrer e renascer como o próprio dragão para me derrotar, já derrotei você antes, posso fazer de novo."

"Isso não é igual aos treinos, princesa, não estou deixando você ganhar. Não vou pegar leve com você."

"Tem razão, isso não é um treino. Não há razão para se conter, traidor." Daphne diz com raiva, mas não deixa isso refletir em sua postura, ela sabe o que ele espera, uma princesa cujo único ataque reside no fogo do dragão, coisa que ele é imune. "Vórtice de chamas!"

Como previsto ele segura seu feitiço com a mão, caindo em sua distração. Uma lâmina de fogo passa direto por sua mão, o fazendo recuar em estado de choque.

Com um grito de guerra, Daphne investiu contra Valtor. Suas mãos brilharam com energia mágica. Ela atacou com golpes rápidos, mas Valtor era ágil. Ele bloqueou seus ataques com facilidade, rindo enquanto o fogo dançava em seus dedos.

Valtor contra-ataca com sua própria magia, lançando rajadas de energia negra em direção a Daphne. Ela se esquiva habilmente, seus movimentos fluidos e precisos, mas Valtor é implacável em seu ataque.

Daphne canaliza sua raiva e sua determinação em cada golpe, sua magia pulsando com uma intensidade que ela nunca experimentou antes.

Ela se lembra das palavras de sua mãe, do poder que reside dentro dela. Ela se concentra nesse poder, deixando-o fluir através dela como uma torrente de energia. Sua magia se expande, envolvendo-a em uma aura resplandecente que rivaliza com o próprio sol.

Valtor recua diante disso, sua expressão debochada dando lugar a uma mistura de surpresa e temor. Ele percebe que subestimou sua adversária, parece que ninfa guardiã da dimensão mágica não é só um título ostentoso.

Com um grito de triunfo, Daphne redobra seus esforços, seus ataques se tornando mais rápidos e mais poderosos. Ela pressiona Valtor, forçando-o a recuar ainda mais, até que ele se encontra à beira da derrota.

Mas Valtor não desiste facilmente, ele reúne suas forças e lança um ataque final contra Daphne. Ela o enfrenta de frente, sua determinação inabalável enquanto se prepara para o confronto final entre a luz e as trevas.

Ele erra os feitiços, mira completamente errado. Ela sabe que ele pode atingir um inseto em pleno voo. E ele espera que ela não perceba e fique arrogante.

Ela move sua espada mais para cima, bloqueando o ataque dele, ele lança outro feitiço, e ela consegue ver em que ele está mirando. Bloom.

Bem, boa sorte em passar por aquele escudo, nem mesmo em sua morte ele se romperá.

Mas aquilo serviu para algo, uma oportunidade. Ela finge que seu foco está no escudo e quando ele se move para atacar. Ela gira, desviando de um golpe de Valtor, e atingindo-o com um feitiço de atordoamento. Ele cambaleou, momentaneamente desorientado.

"Aprenda que uma princesa é apenas uma mulher com algo pelo que lutar." Ela diz enquanto o mantém preso à parede por faixas de água e fogo.

Daphne lança um feitiço de gelo, ele experimentará o mesmo que seu povo, congelado, mas vivo. 

Ele próprio não conseguirá anular o feitiço e  nem mesmo os guardiões de Ômega conseguiriam deixâ-lo mais preso do que ele está. A única opção para desfazer o gelo seria a magia das bruxas, que provavelmente estão muito ocupadas com a compainha da luz então ele vai ficar ai por um bom tempo. Pelo menos ele não sentirá tanto o tempo passar quanto se estivesse preso pelo gelo de Ômega.

Daphne aproveitou a chance e voou em direção a uma das janelas do castelo. Lá, dentro das barreiras de Zelenthia, ela finalmente pode abrir o portal em segurança.

Ela olhou para trás uma última vez. O elo com seus pais estava congelado, como se o próprio tempo tivesse parado. Uma lágrima escapou de seus olhos. Eles estavam perdidos para ela. Ela quer chegar até eles, ver com seus próprios olhos, mas o peso em seus braços a impede.

Daphne sabe a escolha que terá que fazer. Ela precisa levar Bloom para um lugar seguro, sua última esperança para o reino.

Daphne girou o braço livre em um gesto rápido até que um portal se espalhe na frente dela e de Bloom, para o lugar mais seguro que Daphne poderia imaginar, a Terra. Faz anos que não existe magia na terra, ninguém pensaria em procurar Bloom lá.

Seu coração, a parte dela que ainda é uma criança, a que é uma fada de Dominó quer proteger Bloom e voltar para a luta. E ainda assim, enquanto Daphne olha para ela, ela simplesmente não consegue. Ela não pode deixá-la, não pode abandonar a única família que ela tem certeza de que lhe resta e Daphne sabe que precisa tomar uma decisão.

Dominó vai cair nessa batalha, quer ela queira ou não. Alguém precisa garantir que Bloom tenha uma vida feliz. Alguém precisa garantir que sua irmãzinha um dia saberá de sua origem, do poderoso reino de Dominó e do poder inspirador do Grande Dragão. Bloom precisa saber quem ela é.

Daphne toma uma decisão.

Uma esfera de energia negra passa por onde ela estava.

O portal fecha.

Quando seus pés tocaram o solo da Terra, ela sentiu a dor da separação. Seus pais estavam além do alcance, e ela estava sozinha.

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Escrevo também pelo Wattpad.

Aqui está o link para a história: https://www.wattpad.com/story/362758012-daphne-de-gardenia? utm_source=web&utm_medium=twitter&utm_content=share_myworks&wp_uname=Maju154

Caso o link não funcione, o nome é "Daphne de Gardenia" e o usuário é Maju154

Chapter 4: Terra

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Terra.

Sua casa temporária.

Ela caiu do portal, finalmente sentindo a exaustão física e mágica em seu corpo.

Os braços de Daphne estavam enrolados em volta da irmã enquanto suas pernas caíam no chão. Ela estava esparramada no chão, incapaz de se levantar novamente. Os músculos de seus braços estavam tensos, inflexíveis até a exaustão. Seu corpo mudou para se enrolar em torno de sua irmã. Não importa o que acontecesse, ela não iria desistir.

Sua magia parecer estranha de novo, ela percebe. Pior ainda, o uso de sua magia, apesar do novo Bloomix, a afetou. É com crescente pavor que ela percebe a dor nas pernas, a maneira como tem que forçá-las a trabalhar. Alguma coisa deve ter reagido mal, ela teria que ficar de olho nisso, mas não há tempo para isso.

Finalmente, ela examina a área em que pousaram. Havia chamas ao redor delas, seu amigo mais antigo, e aquilo lhe trouxe conforto. Está tudo em chamas, mas ela não sabe se surgiram dela ou se já estavam lá. Elas lamberam as bordas da sala, prontos para queimar qualquer inimigo, como costumavam fazer no palácio. O palácio que foi atacado e provavelmente destruído.

Ela respirou a fumaça, deixando seus pulmões queimarem e se expandirem e expirou ainda mais fogo. Eles não chegaram perto dela, espalhando-se em um abraço oferecido.

Não foi tão caloroso quanto o abraço final de seus pais. Grande Dragão, como algo poderia ser tão quente assim? Tão desesperado? Aquele não poderia ser o abraço final, embora eles tivessem a abraçado como se fosse.

Havia lágrimas escorrendo de seus olhos, derramadas através da máscara que quase parecia derreter em seu rosto. Suas lágrimas não apagaram as chamas, apenas as tornaram mais suaves. A raiva que alimentou sua fuga desesperada desapareceu.

Ela havia queimado no castelo, tudo o que restou foi um lampejo, que não queimou as paredes ou o chão, mas apenas dançou no canto do olho. Implorando para que ela se enfurecesse novamente.

Sua forma de ninfa derreteu deixando um vestido formal digno de uma princesa, o pensamento foi o suficiente para fazê-la gritar.

Por que quem ela era agora?

Uma princesa sem reino.

Uma ninfa amaldiçoada.

Um guardiã fracassada.

Uma filha sem pais.

As chamas reagiram a ela, como sempre fizeram, elas cresceram até preencher a sala e se Daphne não fosse quem ela era, ela já teria sido intoxicada pela fumaça.

Ela já teria sido intoxicada.

Mas não foi.

Ela e Bloom ainda estavam bem. Inalando fumaça tóxica como se fosse puro ar.

Elas podem não estar mais em Dominó, mas Dominó ainda está nelas. Enquanto elas viverem Dominó estará vivo.

"Puta merda," uma voz encheu o ar, tijolos e madeira sendo deixados de lado quando um homem entrou na sala.

As chamas cresceram, Daphne protegeria Bloom.

O homem, vestido com roupas robustas e uma expressão de surpresa, avança pela sala em chamas em direção a Daphne e Bloom. Seus olhos se arregalam ao ver as duas jovens ali, cercadas pelo fogo, mas ele não demonstra medo.

"Vocês duas estão bem?" Ele pergunta, sua voz soando firme apesar do caos ao redor.

Daphne assente fracamente, lutando para se levantar, mas suas pernas não respondem como deveriam. Ela sente uma onda de pânico se espalhar por seu peito ao perceber que algo está terrivelmente errado. Sua magia, uma fonte de força e proteção, parece instável e frágil, como se estivesse desmoronando, sendo mantida apenas por uma fina proteção.

O homem se ajoelha ao lado delas, seus olhos preocupados examinando-as rapidamente. "Precisamos sair daqui, antes que seja tarde demais," ele diz, estendendo a mão para ajudá-las a se levantar.

Daphne hesita por um momento, seu instinto dizendo-lhe para confiar neste estranho, a aura dele expressando apenas preocupação e empatia, mas sua mente a alerta para o perigo desconhecido que ele representa. No entanto, ela sabe que não tem escolha. Dominó pode estar em ruínas, mas ela ainda tem uma responsabilidade para com sua irmã e seu reino.

Com um esforço concentrado, Daphne aceita a mão do homem e se levanta lentamente, apoiando-se nele para se manter de pé. Ela sente uma onda de tontura passar por ela, mas ela se recusa a desmoronar. Ela é Daphne, a ninfa guardiã da Chama do Grande Dragão, e ela não vai falhar agora.

Eles começam a fazer seu caminho através das chamas, com o homem liderando o caminho e Daphne segurando firmemente Bloom. Ela pode não saber para onde estão indo ou o que o futuro reserva, mas ela sabe que, enquanto tiver sua irmã ao seu lado, eles podem enfrentar qualquer coisa que vier em seu caminho.

Daphne não está familiarizada com a geografia da Terra, mas o design geral dos edifícios e apartamentos ao redor a lembra de Popularis. Se a vibração geral for a mesma, o que ela espera que seja, ela parece estar em uma área mais suburbana.

Com os pensamentos mais resolvidos, o frio a atinge assim que saem do prédio, Daphne abraça Bloom com mais força, na esperança de trazer um pouco de calor para a jovem que começou a chorar.

Elas são guiadas para a traseira de um veículo com rodas, os itens dentro parecendo uma sala de cura. Um homem faz perguntas, que Daphne responde a base do sim e não, ela não está com capacidades mentais de inventar uma história de fundo agora.

Quando ele olha incisivamente para sua vestimenta, Daphne responde que estavam indo para uma festa, o que não parece certo, ela nunca teve que esconder quem é, nunca ela precisou inventar uma mentira para explicar suas roupas e jeito de ser. Isso a lembra de um detalhe;

Elas não têm onde ficar, nem mesmo uma ideia de onde possam passar a noite. Tudo isso parece impossível, mas Daphne se esforça para manter a cabeça erguida. Domino sempre trabalhou para manter todos com comida e um lar, mas ela visitou outros lugares, nomeadamente Eraklyon, que não se preocupavam com isso. Se a Terra fosse como seu planeta natal, poderia haver algum tipo de abrigo em algum lugar.

Ela é solicitada a deitar em uma maca e ela o faz não querendo discutir com os procedimentos da Terra, mas obviamente não deixa que tirem Bloom dela ou que insiram o tubinhos em seu braços. O homem de antes tenta convencê-la, mas ela não cede. Felizmente eles não insistem mais, ela sairia se resistissem.

O veículo para em um grande edifício branco e a partir daí mais e mais perguntas surgem, mais nomes e rostos para memorizar, e algo chamado radiografia, que é como uma varredura física, só que com um grande aparelho de metal.

Ela não deixa que Bloom saia de seu campo de visão em momento algum, só largando-a para seguir os procedimentos terráqueos, mesmo assim só a entrega para o homem de antes.

Ele é o único cuja aura em momento algum mostrou sinais de avareza ou segundas intenções. O resto assim que puseram os olhos em seu vestido e joias começaram a pensar em dinheiro e inveja, ela nem pensa antes de tirar o colar, bracelete e braçadeira e pôr no bolso do vestido.

Assim que terminam de realizar os procedimentos, eles a levam a um quarto branco, esteticamente frio.

O homem, Mike Peters, fica, junto com a doutora Grey e uma mulher, Amanda, que é algo chamado assistente social.

"Senhorita Daphne, consegue lembrar do que estava fazendo no prédio? Ou do que estavam fazendo antes? Certamente, a senhorita recorda-se de algo." A Amanda pergunta, Daphne não gosta dela particularmente, ela a lembra das fadas da academia beta com o nariz empinado e falsa gentileza.

"Eu já respondi essas perguntas, e desde aquele momento, eu não tive nenhuma epifania." Ela diz sucintamente, o que faz o senhor Peters, conter um sorriso e a médica olhar feio para a Amanda.

"Acredito que um pouco de descanso seria o melhor para ela neste momento," a médica interveio, sua voz suave contrastando com a firmeza de suas palavras. "Se ela lembrar de algo as enfermeiras a avisaram."

Amanda parece prestes a protestar, mas o olhar severo da médica a faz recuar. Ela sai do quarto, deixando Daphne, Bloom, Mike e a médica a sós.

"Obrigada por intervir, doutora Grey." Daphne murmura, reconhecendo a gentileza da médica.

"Nada a agradecer," a médica responde com um sorriso reconfortante. "Aqui é um lugar seguro, vocês estão sob os cuidados de pessoas que querem ajudar."

Daphne se sente um pouco mais relaxada na presença da médica. Há algo em sua energia que a faz sentir-se compreendida e cuidada. Ela decide confiar nela, pelo menos por enquanto.

Mike se aproxima de Bloom, seu rosto iluminado com um sorriso gentil. Ele parece genuinamente interessado em seu bem-estar, e Daphne sente uma onda de gratidão por sua preocupação.

"Hey, pequena," ele diz suavemente, estendendo a mão para acariciar o cabelo de Bloom. "Dia difícil, hein?"

Bloom olha para ele com seus grandes olhos azuis, ela levanta a mãozinha para segurar o dedo do senhor Peters. Ele sorri para ela, um brilho de ternura em seus olhos.

Daphne observa a interação com um calor reconfortante em seu peito. Ela está grata por ter encontrado essas pessoas, mesmo que seja temporário. E enquanto ela não tem certeza do que o futuro reserva, ela sabe que ficará bem.

 

Chapter 5: Gardenia e uma nova casa

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Todo planeta tem sua cultura, algo entranhado em seu povo de tal maneira o faz o mundo ao redor deles funcionar e os tornar únicos em seu modo de viver.

A terra não tem isso de uma maneira comum. Eles não têm um governo planetário ou um senso de identidade compartilhado, mas em seu modo eles tem um senso de solidariedade e dever público.

Ela não se adapta fácil a cultura da Terra, viver sem magia, sem o conhecimento de que todos ao seu redor sabem que são mágicos é perturbador. Viver sozinha também é complicado, ela sempre teve alguém cuidando dela e quando não teve sempre teve alguém ao seu lado. Agora são só ela e Bloom, toda a sua vida focada agora é focada nesse único aspecto.

E os terráqueos são bem intrometidos, eles desejam saber tudo sobre sua vida para que possam reportar a outros e continuar o ciclo de intromissão. Anos de treinamento em um rosto sem expressão e sem tiques nervosos a tornaram uma boa mentirosa, inventar uma história é naturalmente fácil para uma princesa que cresceu em uma corte real.

Ela não se orgulha disso, mas assim que sua magia se recupera um pouco ela a usa em um terráqueo para entender esse mundo. Por experiência própria, são as pequenas coisas que denunciam o fato de que ela não pertence àquele lugar, sua criação como princesa também não ajuda. Sua postura, movimentos, expressões, sotaque, tudo é diferente. Até para entender o que eles falam ela precisa que sua magia traduza para ela.

Ver o dia do terráqueo com um feitiço de espionagem simples a ajuda a entender as diferenças, saber o que fazer para passar despercebido, pelo menos por um tempo.

Depois disso, viver na Terra parece mais simples. O mundo dos terráqueos voa, ou melhor, gira em torno de dinheiro. Ela cria dinheiro com um feitiço de transmutação em pedaços de papel.

Daphne recebe alta do hospital dois dias depois, conseguindo sair sem quase ninguém a olhando de forma estranha e com o número do telefone da doutora Grey.

Ela não pode alugar uma casa ainda, não pensou em um jeito de formular a documentação de identificação, o senhor Peters ofereceu sua casa por alguns dias, dizendo que se sentia mal por não ajudar alguém que claramente não sabia o que fazer, Daphne riu com sua honestidade. Ela conheceu a esposa dele, Vanessa, uma mulher que tem a mesma aura gentil e honesta dele.

Ela aceita com gratidão, ainda pensando em como localizar Egerya ou alguma fada remanescente. Daphne descobriu que precisava de algo chamado fraudas e utensílios especiais para cuidar de Bloom de acordo com os padrões da Terra, então ela fez a mesma transmutação com papel que fez no hospital.

Ela sabia que precisava dar um jeito nisso rápido, então em um dia ela deixou Bloom com Vanessa e Mike, e fez o que nunca ousou.

Ninfas são seres que superaram barreiras impostas aos seres mágicos comuns, são seres de grande poder que decidiram seguir os ensinamentos das nove ancestrais. Elas podem fazer cotidianamente o que leva anos para fadas experientes e poderosas fazerem. E mesmo estando fragilizada pela maldição ela ainda é mais poderosa que a maioria dos seres mágicos.

Daphne é uma ninfa e é uma filha de Dominó e do Grande Dragão, uma fada com o dom de ler auras, treinada por uma fada de Melody com poderes da natureza e da harmonia, que era capaz de 'ver' os pensamentos de todos ao seu redor.

Portanto ela pode alcançar a mente de seres humanos com uma facilidade tenebrosa, ela não quer invadir a mente de ninguém. Mas quer se integrar a esse mundo o mais rápido possível. E agora um feitiço de espionagem não seria muito útil, ela já aprendeu o que tinha que aprender observando, ela precisava que alguém mostrasse para ela.

E havia duas opções: tentar magia necrótica ou magia psíquica.

E se entrar na mente das pessoas já é algo não desejado, ressuscitar consciências de almas falecidas é menos ainda.

Ela volta para o hospital em que foi levada. Invisível para todos, com um feitiço solariano, ela anda até a área para pacientes em coma, ela entra na mente de uma mulher que parece ter a mesma idade que ela. Pelo que ela leu na prancheta na cama, ela sofreu um acidente e não acorda há 4 meses.

Ela lança um feitiço de camuflagem no quarto, elas não serão incomodadas por algum tempo, antes de se transformar em ninfa.

"Espero que me perdoe por fazer isso, senhorita McAllister, ou que pelo menos me permita compensá-la." Ela toca a testa da mulher em coma e projeta sua consciência para a dela.

A mente da mulher, Marissa, é um grande lago com uma plataforma com um gazebo no meio, há pontes vindas de todos os lados que levam a ilhas com torres de livros em cada uma.

Marissa está na ilha principal, sentada no chão com os pés no lago. Ela a avista antes que Daphne possa se apresentar ou até mesmo pousar na ilha.

"O que é você? Outra projeção da minha cabeça? Outra aparição de meus pesadelos?" A mulher morena grita sarcasticamente. Ela parece diferente para Daphne, seu cabelo não está raspado, ao invés disso chega aos ombros em cachos finos, ela veste um vestido, vestido verde com mangas bufantes que chega nos pulsos e sapatilhas brancas.

"Sou Daphne, uma ninfa. Vim pedir sua ajuda." Daphne responde, o mais serenamente que pode.

"Eu devo estar ficando louca, criei uma ninfa na minha cabeça. Tem certeza disso?"

"Bem... Se eu fosse uma aparição da sua mente você teria me reconhecido, não é? E que motivos você teria para imaginar uma ninfa?"

Marissa franze a testa, considerando as palavras de Daphne. Ela olha ao redor do ambiente onírico em que se encontram, contemplativa.

"Você tem um ponto, e a sua voz é igual a que eu ouvi há pouco tempo" ela concede finalmente, um tom de dúvida em sua voz. "Mas o que uma ninfa quer comigo? Você é tipo uma ninfa da mitologia grega? Todas usam esse tipo de roupa? E por que você está aqui?"

Daphne respira fundo, tentando encontrar as palavras certas para explicar sua presença na mente de Marissa.

"Quero que me ensine a agir como terráquea. Não sei o que é mitologia grega. Não, eu me visto assim pois sou a líder das ninfas. Minha casa foi atacada, meu pais morreram, estamos só eu e minha irmãzinha aqui. Estou com dificuldades em me adaptar, quero que alguém me ensine, mas todos que conheci até agora me chamariam de louca se eu pedisse isso."

Marissa ri então responde sarcasticamente: "E a sua melhor opção é uma mulher em coma? "

"Eu não tenho ninguém, senhorita McAllister, todos que eu conhecia estão mortos ou longe."

"Me chame de Marissa, você já está na minha cabeça, não há como ficarmos mais intimas."

Daphne assentiu curvando a cabeça. "Eu li sua ficha médica. Vi que você está em coma há quatro meses. Eu posso ajudar, Marissa. Para entender o que aconteceu e talvez encontrar uma maneira de trazê-la de volta."

Marissa olha para Daphne com surpresa e incredulidade. "Você quer me ajudar a sair disso? Por quê? Quem é você realmente?"

Daphne se senta ao lado de Marissa, tentando transmitir confiança e empatia. "Sou Daphne, ninfa guardiã da dimensão mágica, princesa do planeta Dominó, suprema guardiã da Chama do Dragão. Sou uma filha sem pais, uma princesa sem reino, uma guardiã fracassada e uma fada amaldiçoada. Sou alguém que pode e vai ajudar você se for o seu desejo, alguém que tudo que está pedindo é um ato de caridade."

Marissa olha para Daphne por um momento, sua expressão se suavizando lentamente. Ela parece considerar as palavras de Daphne antes de finalmente assentir.

"Tudo bem. Só uma pergunta, você é realmente um E.T.?" ela pergunta, uma centelha de animo brilhando em seus olhos.

"Eu não sei o que é isso." Daphne responde lentamente.

"Um ser de fora da Terra" Marissa responde animadamente.

"Ah..., bem eu estou na Terra, mas eu nasci em outro planeta."

"Eu estava certa, eu sabia."

Daphne olha para Marissa com uma mistura de confusão e curiosidade. "Então você sabia da dimensão mágica antes mesmo de me conhecer?"

Marissa ri suavemente. "Bem, não exatamente. Na verdade, eu não sei o que é dimensão mágica, mas se for uma dimensão inteira com seres vivos, não eu não sabia. Eu estava mais interessada em estudar os fenômenos celestes do que acreditar em seres alienígenas. Mas depois que fui ridicularizada por propor a ideia de vida sobrenatural, comecei a considerar outras possibilidades. E agora, aqui estou eu, conversando com uma ninfa de outro planeta em minha própria mente. A ironia não poderia ser maior."

Daphne franze a testa, tentando processar a ideia de uma estudante de astrofísica se abrindo para a possibilidade de vida extraterrestre por meio de uma experiência como essa. "Isso é... surpreendente. Mas por que você foi ridicularizada por propor a ideia de vida sobrenatural?"

Marissa suspira, um toque de tristeza em sua expressão. "Porque a ciência convencional não aceita o que não pode ser comprovado empiricamente. Eu propus a ideia de que certos fenômenos observados no universo poderiam ser explicados pela existência de seres ou forças além da compreensão humana, e isso não foi bem recebido pela comunidade científica. Eu fui rotulada como uma louca, tive que pedir ajuda da universidade para prosseguir minha graduação."

Daphne sente um aperto no coração ao ouvir a história de Marissa. Ela compreende a dor de ser rejeitada e incompreendida, mesmo quando se está tentando fazer o bem.

"Eu sinto muito, Marissa. Ninguém merece ser tratado assim, especialmente quando estão apenas tentando explorar o desconhecido."

"Você é gentil, mas isso não é algo que eu possa mudar, só posso aprender e crescer com essa experiência. Mas..., você disse que precisava de minha ajuda?"

"Sim, eu estou tendo dificuldades para entender esse planeta e eu preciso me encaixar urgentemente. Você pode me ajudar a entender melhor este mundo e suas regras sociais?"

Marissa sorri gentilmente. "Claro, Daphne. Vou ajudar no que puder. É um sonho se tornando realidade. Vamos começar com o básico: como você gostaria de ser tratada aqui na Terra?"

Daphne olha para ela confusa novamente, por que que tipo de resposta ela deve dar? Quer ser tratada bem? Parece simples demais para essa pergunta.

Marissa suspira e balança a cabeça para baixo, fazendo Daphne pensar que ela está chorando ou está triste, mas ela só estava rindo. O que deixa Daphne ainda mais confusa.

Daphne agradece ao Dragão por Marissa, que mulher agradável e prestativa. Ela não só a mostrou as regras sociais da Terra, quanto lhe disse como conseguir documentos, pelo menos uma ideia de como.

E ela ainda deixou Daphne ajudá-la. Usando a magia que aprendeu nas salas de cura ela consegue despertar Marissa.

E novamente, graças ao Dragão, ela aceita não falar sobre Daphne ou Dominó ou a dimensão mágica com ninguém. Aceita até fazer um voto mágico que alertará Daphne se ela quebrar o acordo.

Transformar seu modo de agir é difícil, mas existem excêntricos na Terra e ela não se importa em ser considerada uma. Ela consegue comprar uma casa, uma indicação de Vanessa, que é na rua do lado da deles.

Não é um palácio em um reino mágico, mas tem espaço suficiente para criar um bebê e fazê-la se sentir confortável.

 

Chapter 6: A 'nova' Daphne

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Os dias passam, viram semanas, que viram meses e logo é celebração de ano novo.

Daphne consegue aprender a ser terráquea, uma bem peculiar, mas ainda assim ela se encaixa.

Bem, o máximo que um ser magicamente poderoso, criado para ser uma líder e princesa, pode se encaixar.

A Terra era como Popularis e Magix só que sem magia ou tecnologia avançada. Por exemplo, hologramas não eram usados para comunicação e ligações planetárias não existiam, era necessário um grande conexão de pontes para falar com alguém do outro lado do planeta.

Então não só a falta de magia era impactante, mas também a falta de tecnologia.

Ela cria uma amizade boa com a doutora Meredith Grey, principalmente devido ao fato de ela não ser muito intrometida e ser bem ocupada com seu emprego.

Daphne inclusive foi convidada a jantar na casa dela algumas vezes, até mesmo com alguns amigos dela. E caramba Daphne pode dizer com toda a certeza de que Meredith Grey já passou por muita coisa, e isso, por mais sórdido que seja, ajudou a elas se entenderam, ambas têm um passado que não gostam de falar e estão tentando ativamente compartimentalizar isso e seguir a vida.

A Amanda do hospital larga do pé dela depois que ela aperfeiçoa sua história e cria os documentos de identificação. E Amanda deveria ser muito grata pela paciência de Daphne, porque sua mãe já a teria feito esquecer de seu encontro e atirado um atordoante na mulher.

Ela conseguiu passar a história de que é uma órfã criando a irmã com a herança dos pais recentemente mortos. Não é mentira, o que aumenta a credibilidade. Ela está criando a irmã com a herança dos pais, só que a herança não é dinheiro, é magia.

Falando em magia, ela enfrentou um dilema nesse meio tempo. Ensinar Bloom sobre a magia e torná-la alvo dos terráqueos mesquinhos ou esconder a magia até que ela tenha idade para entender. Mas isso era um dos muitos problemas futuros, por enquanto ela continuaria a usar magia quando estivessem sozinhas. Pelo menos a magia leve, que não a denunciaria caso alguém a procurasse e não sobrecarregaria seu núcleo mágico.

Marissa teve a bondade de tentar achar algo em que Daphne fosse boa, o que para crédito de Daphne não foi exatamente difícil, ela era boa me muitas coisas. O problema foi achar algo que ela pudesse fazer enquanto não revelasse magia e não necessitasse de muitas interações sociais.

Elas passaram por bibliotecária, professora de artes, música, dança, canto, até jardinagem. Particularmente Daphne preferia a biblioteca, mas fazer aquilo sem poder usar magia seria simplesmente cansativo. A opção mais agradável foi aula de artes, ela era boa nisso e pincel e tinta são iguais em quase todos os lugares.

Mas novamente, isso era algo que ela ainda poderia adiar por mais tempo.

Seu problema mais urgente era achar Egerya ou alguma fada da Terra remanescente.

Egerya estava naturalmente mais escondida do que o de costume, e Daphne a procurou, mas até mesmo o campo em que ela morava estava vazio como se nunca tivesse havido vida humana por lá. Se ao menos ela pudesse usar o elo das ninfas para achá-la, isso teria acabado em minutos, mas fazer isso seria como acender um farol para encontrá-la.

Quase um ano e Daphne não conseguia achá-la, e nem as fadas da terra, embora ela tenha sentido um portal se abrir nas redondezas, mas não soube identificar a fonte.

Nesses messes que passou na Terra, Daphne continuava sua busca infrutífera por Egerya e lutava para superar a perda de Dominó e de sua família, mas ela estava simultaneamente mergulhando cada vez mais na vida cotidiana na Terra.

Seus dias eram preenchidos com uma mistura de responsabilidades práticas e momentos de reflexão sobre seu passado e futuro incerto. Ela se encontrava fazendo compras no supermercado local, tentando decifrar a infinidade de produtos e marcas que nunca havia encontrado em Dominó.

Às vezes, ela se pegava olhando para o céu noturno, procurando sinais familiares das constelações que costumava observar em seu mundo natal.

Os verões na Terra não eram muito diferentes dos verões na Domino, só que eram bem mais curtos. Em Dominó havia o festival do solstício de verão, milhares se reuniam na capital e Daphne e sua mãe coreografavam apresentações com fogo a cada verão. Havia a apresentação dos dragões, a cascata de estrelas, as tendas com todo tipo de apresentação e coisas para ver, o show dos pássaros de fogo, a migração dos dragões jovens.

Tudo era perfeito naquela época, Ahh se ela soubesse que seria seu último solstício então ela teria cedido aos desejos de Haya e Lídia e passado mais tempo no festival ao invés de supervisionar cada espécie migrante em Dominó. Se ela soubesse que aquela seria à última vez que ela seguraria sua afilhada nos braços. A saudade e a arrependimento eram sem precedentes.

Não tão sem precedentes quanto viver sem magia. Sem necessidade real, muito disso era conveniência. Até agora, ela estava se adaptando bem à vida de civil. Isso não mudou o quanto sentia falta de sua casa e de seus pais, mas, por enquanto, a vida estava melhorando a cada dia. Bem melhorando se você desconsiderar que ela estava criando sua irmã mais nova quase sozinha.

Falando nela.

"Ai! Bloom!" Ela se ajoelhou para pegar o brinquedo que a pequena jogou nela e devolveu-o para sua irmã, agora com sete meses. Bloom riu e tentou arremessá-lo novamente, mas Daphne pegou. Ela argumentou em seu balbucio de bebê, tentando pegar o brinquedo de volta. "Não se você for jogá-lo." Bloom riu de novo e Daphne lentamente soltou o brinquedo para que ela pudesse pegá-lo. Mas assim que ela virou as costas, ela sentiu outro golpe na nuca. Bloom apontou para baixo, saltando em sua cadeira de tanto rir.

"Oh, vai ser assim não é pequena. Pois bem, você não vai recuperá-lo." Bloom bateu na bandeja de comida, balbuciando protestos.

Recentemente Bloom tinha começado a chamá-la de Daph, o que a aliviou de outra preocupação. Se devia ou não se passar por mãe de Bloom, estrategicamente era mais seguro, mas era tão errado.

Se elas estivessem sendo procuradas na Terra, isso lhes daria um pouco mais de proteção contra as bruxas e Daphne se sentia paranoica o suficiente para usar tudo o que pudesse para se proteger. Até onde ela sabia, a única maneira das bruxas encontrá-los era através da detecção mágica. Bloom era muito jovem para usar magia e, como não havia necessidade dela na Terra, sua magia provavelmente ficaria estagnada quando ela tivesse idade suficiente para usá-la. E ainda assim, com a Terra tão populosa quanto era, as chances de elas serem encontradas eram extremamente pequenas, especialmente porque eles não teriam ideia de como seria a aparência de Bloom em alguns anos.

O que foi bom, porque a ideia deixou Daphne desconfortável. Além do fato literal de ela não ser mãe de Bloom, como ela explicaria isso quando Bloom crescesse? Ter que dizer que sua casa foi destruída e que elas eram de outro planeta já seria bastante difícil. Daphne não queria que Bloom tivesse uma crise de identidade além disso.

Graças ao Dragão, a criança ainda não havia sido apresentada a corte ou ao seu povo. Pela tradição da família real, recém-nascidos só eram vistos por pessoas de fora da família depois que algum tempo, e graças a invasão das bruxas nem mesmo o resto das ninfas haviam sido apresentas a Bloom, bem só Selene, mas aquela fada nunca viraria uma traidora.

Era demais para pensar agora. Ela teria que descobrir isso em algum momento. Enquanto isso...

"Ahhhh! Ahhhhh!" Os gritos e socos de Bloom tiraram Daphne de seus pensamentos. Ela queria sair da cadeira alta.

"Desculpe, Bloom." Daphne levantou-a da cadeira alta e colocou-a suavemente no chão. Abraçando sua liberdade, Bloom rastejou para a próxima sala com seu brinquedo na mão. Daphne invejava a capacidade da irmã de ser tão inocente e despreocupada. Crescer como civil significava que poderia durar mais tempo. Essa foi uma das poucas coisas em toda a situação que realmente fez Daphne sorrir. Crescer como princesa não foi ruim. Só que não... idílico.

O pior era que ela nem sabia o que tinha acontecido com seu planeta, não se atreveu a tentar descobrir. Se ela fosse para a dimensão mágica então sua aura de ninfa seria sentida pela dimensão mágica e seus inimigos passariam a caçar ela e Bloom ativamente.

Foi por isso que ela não arriscou, pelo mesmo motivo que modificou toda a sua vida, por causa de Bloom. Se fosse só ela, ela já teria convocado o dragão e lutado até seu último suspiro, mas ela tinha sua irmã. Sua irmã bebê, que pode muito bem ser a única outra sobrevivente de Dominó pelo que ela sabe, que também era portadora da Chama e o único elo familiar restante.

Foi por ela que Daphne segurou as pontas, foi por causa dela que Daphne não podia desmoronar.

Embora ela tenha chegado perto, insuportavelmente perto.

Na verdade, ela teve um acidente com raiva e outro com fogo. E só por causa desses acidentes ela se permitiu desabafar com Mike e Vanessa, eles estavam lá no primeiro e viram ela chegar em casa depois do segundo.

Se eles conseguiram manter a calma e empatia enquanto ela gritava e desabava chorando no chão então eles poderiam ser confiáveis. Foi depois disso que ela passou a deixar Bloom com eles na verdade, embora ela tenha deixado Bloom com um bracelete de proteção.

O conhecimento de que ela talvez não pudesse agradecer a Selene por lhe ensinar a fazer aquele bracelete a assombrava todos os dias.

Era semelhante ao que ela sentiu quando Marabella desapareceu, dois anos depois e ela ainda não conseguiu pensar em sua mentora sem sentir vontade de chorar e raiva angustiante.

Marabella era a ninfa suprema antes dela, foi ela quem a treinou e a educou para ser uma ninfa, foi ela que acolheu uma fada do fogo e conseguiu moldá-la em uma ninfa. Foi graças a Marabella que Daphne era tão conectada com a magia natural, afinal quem melhor do que uma fada da natureza com Butterflix para ensinar sobre magia natural.

Marabella foi a décima quarta pessoa que ela conheceu que morreu na guerra, mas ela só pode contar até a décima oitava perda, o resto, as dezenas e talvez centenas, ela não sabia se havia realmente perdido.

E só para piorar ela teve que manter sua aura escondida, não podia nem usar sua aura para saber o que aconteceu com suas ninfas. Sua aura era única, em mais de um sentido, seria fácil para as bruxas achá-la e mais fácil ainda para Valtor, ela treinou com ele afinal, morou no mesmo castelo por um tempo, ele inclusive estava no círculo privado, ele teve tempo de aprender como era sua aura.

Tudo que ela pode fazer foi manter sua magia em baixo perfil, o que foi ajudado pelo estado da Terra, a magia era tão selvagem e bruta que ela teve que aprender a por menos magia em seus feitiços, porque a magia que ela colocava em uma bola de fogo em casa, gerava um incêndio rápido por metros ao seu redor. Mais de uma vez ela teve apagar o fogo nas pressas para não chamar muita atenção.

Ela sentia falta até da magia de Dominó, enquanto a Terra passou séculos com poucos usuários, em Dominó cada ser vivo respirava e usava magia como os humanos respiram e usam o ar. Era simplesmente abundante demais.

Não que na Terra não fosse abundante, só que a magia ficou bruta, mais forte e menos gerenciável. Na verdade, ela duvidava que fadas comuns sentissem que havia magia na Terra, mas bem, Daphne era uma ninfa. Ela própria uma fonte de magia e abençoada com o dom mágico do Grande Dragão, e se Arcadia pudesse ser acreditada, uma fada com potencial de ascender a alta harmonia.

Voltando, a magia a fazia sentir falta de casa, mas era nos momentos em que estava em casa, cuidando de Bloom, que Daphne sentia mais intensamente a dor da perda e a pressão de seu papel como irmã mais velha.

Ela se esforçava para criar um ambiente seguro e amoroso para sua irmã, enquanto enfrentava seus próprios demônios internos. A cada sorriso de Bloom, no entanto, Daphne encontrava um raio de esperança e uma razão para continuar lutando.

Enquanto isso, sua interação com Mike e Vanessa começou a desempenhar um papel importante em sua jornada de adaptação. Eles ofereciam apoio e compreensão, mesmo quando não entendiam completamente sua situação. Gradualmente, Daphne começou a confiar neles mais e a compartilhar mais sobre sua vida e suas origens.

À medida que os meses passavam, Daphne percebia cada vez mais que sua vida estava mudando, mesmo que ela resistisse a isso. Ela estava se tornando parte da comunidade local, aprendendo os costumes e tradições da Terra, e encontrando conforto na presença de amigos e entes queridos.

No entanto, a sombra de seu passado continuava a assombrá-la, lembrando-a constantemente das perdas que havia sofrido e dos desafios que ainda enfrentava.

Cada ação sua a fazia lembrar de sua vida antiga, o que a levou a buscar entender melhor a Terra, as coisas terráqueas não a faziam lembrar de um ente querido provavelmente morto, nem de seu planeta possivelmente congelado. Daphne estava determinada a seguir em frente, a encontrar um novo propósito e significado em sua vida na Terra, enquanto honrava a memória de seu planeta natal e de seus entes queridos perdidos.

E com a comemoração de ano novo, ela percebeu uma coisa.

Daphne de Dominó se foi, precisava ir, para nunca mais voltar.

Agora é a vez de Daphne de Gardênia.

Agora é a vez de Daphne de Gardênia

 

Chapter 7: O que você procura, procura você

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Um ano e dois meses depois do portal para a Terra.

"Ahhhh! Ahhhhh!" Os gritos e socos de Bloom tiraram Daphne de seu sono. A pequena queria tinha acabado de comer e queria sair da cadeira de dormir alta.

"Vem cá, sua princesinha exigente." Daphne levantou-a da cadeira alta rindo e colocou-a suavemente no chão. Abraçando sua liberdade, Bloom rastejou para a próxima sala.

Daphne invejava a capacidade da irmã de ser tão inocente e despreocupada. Crescer como civil significava que poderia durar mais tempo. Essa foi uma das poucas coisas em toda a situação que realmente fez Daphne sorrir. Crescer como princesa não foi ruim. Só que não... idílico.

Ela seguiu a irmã para a sala de estar, e a visão as fez rir. Bloom estava olhando para o jarro ao lado do sofá, com os olhinhos cerrados e uma mãozinha no rosto. O que só significa uma coisa.

O jarro é o próximo alvo de suas brincadeiras.

"Você é criativa demais, pequenina" Sua voz fez Bloom olhar para ela, Daphne aproveitou a oportunidade para pegá-la no colo. "Agora que já acordamos que tal ir dar uma volta no parque, hein?"

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"Na verdade, eu não sei, por enquanto posso nos sustentar, mas vou precisar de uma renda muito em breve."

"Você sempre pode vir trabalhar comigo, não conseguiria lhe pagar muito dinheiro, mas posso ajudar." Vanessa ofereceu a Daphne.

Aquela era uma das noites que Vanessa a chamava para jantar e tentava sutilmente oferecer ajuda e um emprego. Bem, para Vanessa era sutil, para uma princesa que cresceu em uma corte real, era gritante o que ela queria fazer, o que ela achava que Daphne precisava.

"Eu agradeço a Vanessa, mas eu e as plantas não nos damos muito bem." Em Magix, ela até conseguia superar sua falta de jeito, mas as plantas da Terra eram diferentes demais, cada uma tinha suas especificidades e ela não podia usar nem um pouco de magia natural para suprir sua deficiência de habilidades. As plantas eram sensíveis demais para Daphne, mesmo ela tendo um nível de habilidade semelhante a fadas Butterflix, ela simplesmente não era talentosa nessa área.

A última planta que Vanessa lhe deu, ela descobriu que precisava de bastante água, mas não de um copo de água a cada dia.

E a outra foi acidentalmente derrubada por um brinquedo lançado por Bloom.

Falando em Bloom, ela estava se tornando muito precisa em sua mira, especialmente quando queria a atenção de Daphne.

"Bem, se mudar de ideia estou sempre aqui."

"Eu sei Nessa, obrigada."

"Nessa, Nessa" A voz infantil de Bloom a fez olhar o que a pequena aprontou dessa vez.

Fazia dois meses que ela começou a falar sem parar, e um desde que começou a correr. De acordo com Vanessa dois anos era uma idade boa para Bloom começar a ganhar confiança e ter um triciclo, mas Daphne não tinha uma base para comparar e estava tentando descobrir o que era um triciclo.

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Daphne bocejou e se espreguiçou. Ela não percebeu que adormeceu.

Antes que ela pudesse verificar a hora, uma ideia bateu em sua cabeça. Literalmente.

"Acorda! Acorda! Acorda!"

"Uhuuu!" A criança pulou nas costas dela.

"Bloom!"

"Colo! Colo, colo!" Bloom bateu em Daphne novamente com seu bicinho de pelúcia.

"Bloom" Daphne falou bem baixinho. "Volta a dormir."

"Eww! Dormir não, levantar!"

Não fazia sentido discutir, especialmente com uma criança pequena. Mesmo assim, Daphne verificou o relógio. Seis horas?! De quem foi a ideia brilhante de dar tanta energia às crianças?

Daphne se arrastou para fora do colchão, apenas para sentir um peso repentino no tornozelo quando seus pés tocaram o chão. Ela olhou para baixo e não ficou surpresa com a visão. Muito sonolenta no momento para tirar Bloom de sua perna, ela foi até o banheiro, enquanto Bloom torcia alegremente pelo "passeio".

"Ok, Bloom. Me espere aqui" Daphne disse quando chegaram ao banheiro e deixou Bloom na porta, onde ela havia estrategicamente colocado uma caixa cheia de bichinhos de pelúcia.

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Daphne acordou com os gritos de Bloom. Ela se levantou correndo e foi verificar a irmã. Bloom franziu a testa e parou de chorar ao vê-la, apenas para chorar com força novamente um segundo depois e gritar quando algo sacudiu o prédio.

O choque instantaneamente tirou Daphne de sua sonolência, e ela cobriu o corpo de Bloom com o seu quando o prédio tremeu novamente.

Isso a fez perceber o que tinha despertado Bloom, uma explosão de mágica de várias fontes e pelo que ela podia sentir aquilo era magia de fada.

Felizmente era magia nativa, pelo menos ela achava que sim, aquela magia tinha mesma vibração da magia selvagem da Terra, então não poderia ser as bruxas ou o exército das trevas.

O prédio não tremeu novamente, mas Daphne permaneceu em guarda enquanto caminhava até a porta da frente com Bloom nos braços. Cautelosamente, ela abriu a porta e espiou para fora. Depois de um momento, ela abriu totalmente a porta, sem querer acreditar no que via.

Havia vinhas e raízes gigantes por toda parte. Os carros foram capotados. Janelas foram quebradas e portas arrombadas. As pessoas gritavam por socorro. Até gelo estava espalhando pelo ambiente. O cenário a fez estremecer e ficar tensa, aquilo era tão semelhante com o ataque a Dominó que parecia uma reencenação. Mas o que poderia ter criado a luta?

Daphne obteve a resposta para sua pergunta quando viu um grupo de fadas passando por ela, perseguidas por algo que não parecia ser um grupo amigável. Instintivamente, Daphne os seguiu a pé. Se ela estivesse sozinha, ela poderia não ter pensado duas vezes em usar magia, mas com Bloom, ela não poderia arriscar.

Daphne seguiu o rastro de destruição contínua enquanto Bloom se agarrava firmemente a ela o tempo todo. Ela evitou por pouco ser esmagada por um carro vazio que foi jogado em sua direção. Ela passou correndo pela rua de volta para casa e colocou Bloom no berço.

"Eu sinto muito por fazer isso novamente, mas eu preciso que você fique segura, maninha. Bloomix."

Apreciando a energia de sua forma de fada pela primeira vez em meses, ela sorriu e girou no ar quando percebeu Bloom a encarando.

Abrindo seu halo mágico ela lançou os quatro feitiços de proteção mais fortes que conhecia e por fim, um feitiço de Ignis.

Mais especificamente, o feitiço que protegia a ala familiar do palácio.

Satisfeita com o escudo em volta da irmã, ela lança um feitiço de céu estrelado no quarto. Para Bloom seria divertido ver as estrelas girando e para qualquer intruso seria uma explosão mortal.

Ela saiu da sala dando um tchauzinho para a irmã e levantando as barras da cama dela, lançando, em seguida, um feitiço de não-me-note na casa para afastar intrusos.

Partiu o coração de Daphne deixar Bloom sozinha, mas ela estaria mais segura daquele jeito. Se ela a deixasse com Vanessa, então colocaria Vanessa em risco e deixaria Bloom sem proteções mágicas, daquele jeito pelo menos ninguém conseguiria chegar perto dela.

Realmente ninguém. Aquela proteção era composta por 5 feitiços diferentes, cada um vindo de um reino diferente e cada um só sendo conhecido por poucas pessoas, fora o seu feitiço Ignis, aquele especificamente só poderia ser baixado por uma guardiã da Chama treinada.

Ela voou o mais rápido que pôde pela trilha de destruição até finalmente alcançar os grupos que viu antes. Aquelas fadas... Ela nunca havia conhecido nenhuma delas antes, mas pareciam vagamente familiares. Talvez ela tivesse lido sobre eles em um livro da Terra? Ou em algum livro na dimensão mágica? Sinceramente ela não conseguia se lembrar.

Daphne não tinha ideia do que se tratava essa batalha, mas pelo que parecia, as fadas precisavam de ajuda. Mas como ela poderia ajudar?

"Você vai assistir ou nos dar uma mão?!"

Daphne se virou e se viu cara a cara com uma das fadas que viu lutando há pouco. Daphne franziu a testa para a fada, como ela não percebeu que Daphne não era dali?

"Espere, você não é uma fada da Terra." A fada ergueu seu cajado e apontou para Daphne, ameaçando atirar nela. "Quem é você e de onde você é?"

"Me chamo Daphne, também sou uma fada." Daphne disse sucintamente, olhando diretamente para a fada.

"Se você é uma fada, deveria estar nos ajudando! Esses caçadores querem nossa magia! Você vai nos ajudar ou será um espectador?! De onde você é?"

"Da dimensão mágica"

"Resposta errada" A fada empurrou seu cajado para atingir Daphne. Daphne que foi treinada em todo tipo de combate. Daphne que se esquivou do ataque com um movimento do torso.

"Você sabe lutar, eu vejo." A fada de cabelo escuro analisou em voz alta. "Mas ainda quero minha resposta." Ela energizou o cajado e sua outra mão com energia branca. Cansada do tempo perdido Daphne respondeu.

"Sou uma fada de Dominó"

"Dominó?" A fada ameaçadora baixou seu cajado. 

"Sim. Domino foi destruído logo após o nascimento da minha irmã. Vim aqui porque pensei que este planeta fosse seguro para ela. Obviamente, minhas informações eram ultrapassadas."

A fada largou o cajado e se ajoelhou ao lado de Daphne. "Essa é uma das coisas mais nobres que já ouvi. Perdoe-me por atacá-la. Eu sou Ophelia. Do reino de Tir Nan Og."

Decidindo agir formalmente como aquela fada estava, ela juntou as mãos e curvou o torso na posição de cumprimento de Dominó. "Aceito suas desculpas, Ophelia de Tir Nan Og."

Uma vez que Ophelia se pôs em pé novamente, Daphne perguntou. "Eu peço que perdoe minha ignorância, mas Tir Nan Og não foi destruído a séculos?"

"Na verdade, não foi", disse Ophelia com um suspiro. "Permita-me explicar. Há tempos, quando a Terra era habitada por fadas e a magia era abundante. Um grupo de bruxos, com ânsia por serem os seres mais fortes da Terra, começaram a tomar as assas de nossas fadas, e a selá-las em nosso lar ancestral. Eles resistem à nossa magia, e a cada vez que vem levam mais de nós."

"O que posso fazer para ajudar você e os outros?"

"Lute conosco! Ajude-nos a banir esses bruxos! Mas... se cairmos, quero que você corra."

"Mas-"

"Não discuta comigo!" Ophelia disse bruscamente, fazendo Daphne levantar as sobrancelhas em surpresa. "Sua irmã precisa de você. Se você nos ajudar, juro que nunca revelarei seu segredo."

Daphne ficou sem palavras, mas concordou. Sua consciência não a deixaria ignorar o assunto. Juntos, eles saíram de seu esconderijo para se juntarem às outras fadas da Terra na batalha.

As outras fadas da Terra ficaram surpresas quando Daphne voou para se juntar a elas, mas não se opuseram se ela estava do lado delas. Eles aceitariam qualquer ajuda para derrubar os caçadores. Sua aparência não passou despercebida aos caçadores, que imediatamente se voltaram para ela.

"Por favor, traga mais fadas! Isso torna nosso trabalho mais fácil!" O ruivo provocou.

Daphne foi capaz de se proteger do ataque dele, quase institivamente depois de tantas batalhas.

Aquilo era a válvula de escape que ela precisava. Um jeito de liberar a magia pulsante que a incomodava desde que chegou na Terra. Com o bônus de poder usar sua magia Bloomix sem se expor demais. A magia das fadas, da própria Terra e desses bruxos seria suficiente para encobrir seus traços mágicos. Assim como a magia nativa de Calandri havia escondido ela e Politeia uma vez.

Enquanto Daphne pensava nisso, outro dos caçadores rastejou atrás dela, pronto para lançar seu próprio ataque. Daphne percebeu isso e, pensando rapidamente, bateu no cajado de Ophelia, teletransportou-se para trás dele e o empurrou para longe da outra fada a sua direita, tudo no espaço de um segundo.

"Você é destemido", Ophelia elogiou Daphne. "Bom!"

Aquilo era o que Daphne precisava para entrar no que Lídia costumava chamar de modo Berserk.

Ela convocou sua espada de fogo e começou o ataque direto. Os caçadores obviamente não estavam acostumados com esse tipo de ofensiva.

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O bruxo metamorfo fugiu se transformando em pássaro, após ela atingir a perna dele com a espada. Mas Daphne não ficou sem lutar, ela voou para onde o bruxo loro estava lançando ondas sonoras. Aquele seria um oponente desafiador.

Ele parou o ataque as fadas e se virou para Daphne. Só por tentativa, Daphne lançou um feitiço de lentidão nele. Como Ophelia previu, eles conseguem repelir magia de fada, mas Daphne conseguiu ferir um deles então não eram invulneráveis a magia completamente.

O bruxo sorriu ao imaginar que Daphne era igual as outras fadas, armadas, mas só usando ataques ofensivos diretos e de longo alcance.

"Você acha que pode me derrotar com seus truques de fada?" ele zombou, lançando uma poderosa onda sonora contra ela.

Daphne, porém, estava preparada. Ela havia aprendido a ler os sinais da magia durante seus anos de treinamento em Domino. Percebendo a intenção do bruxo, ela conjurou um pilar de terra reforçado com sua magia, bloqueando a onda sonora com sucesso.

O bruxo loiro ficou surpreso com sua resistência. Ele nunca havia encontrado uma fada que pudesse combinar força bruta com inteligência estratégica, especialmente daquela forma. A batalha se intensificou, com Daphne usando seus poderes de fogo e terra para se defender dos ataques mágicos do bruxo.

Enquanto isso, Ophelia e as outras fadas da Terra lutavam bravamente contra os outros caçadores. O campo de batalha era um caos de explosões mágicas e gritos de guerra.

De repente, um grito agudo ecoou pelo ar. Uma das fadas da Terra, ferida mortalmente, caiu no chão, seus olhos cheios de terror. Daphne, testemunhando a morte da fada, sentiu uma onda de fúria tomar conta de si.

Com um rugido de raiva, ela enfiou a espada no tronco do caçador e quando ele tentou se afastar ela liberou todo o seu poder mágico, lançando uma onda de fogo devastadora contra os caçadores. O ataque foi tão poderoso que os caçadores foram obrigados a recuar, atordoados e desorientados.

Com aquele bruxo momentaneamente nocauteado ela foi para o próximo. Ophelia estava usando seu cajado para lutar com o bruxo ruivo, mas parecia estar em desvantagem. Daphne decidiu ajudá-la.

"Não. Dê sua força a Azura.", disse Ophelia a Daphne, enquanto apontava para a fada de cabelo rosa que estava lançando vinhas pelo campo de batalha.

Daphne obedeceu enquanto as outras fadas ajudavam Azura também, deixando-a esticar suas raízes para conter os outros três caçadores com Ogron. Daphne criou seus cristais elementares e deles mirou sua magia para Azura. As esferas verdes que ela estava manipulando quadruplicaram de tamanho.

Agora, todas as fadas da Terra cercaram o grupo de caçadores, incluindo Ophelia que parou a luta para fortalecer a convergência, combinando seus poderes para dar-lhes seu ataque mais forte, poderoso demais até mesmo para ser defendido por um feitiço resistente à magia. Embora Daphne pensasse que era devido a sua magia, os bruxos eram resistentes a magia das fadas, mas mais especificamente a magia das fadas da Terra, eles tinham pouca resistência a magia de Daphne, que era uma mistura de fontes.

Percebendo que finalmente foram derrotados, o ruivo que parecia ser o líder decidiu que precisavam recuar, mas não antes de fazer uma ameaça final.

"Você!" Ele falou com Daphne. "Isso ainda não acabou! Voltaremos e você se juntará aos outros! Você nos verá novamente!" Com isso, todos os quatro caçadores desapareceram.

"Covarde", observou Ophelia.

"Ophelia, deixe pra lá", Azura disse a ela. As fadas caíram de joelhos, exaustas. "Estamos seguros por enquanto."

"Graças a esta fada incrível", Azura elogiou Daphne. "Qual o seu nome?"

"Eu sou Daphne. Ah, mas não sou uma fada da Terra."

"Não são mais muitos. Me chamo Azura. Sou uma fada da natureza, da fauna mais especificamente. E de onde você é, Daphne? Uma fada tão poderosa seria uma aliada incrível. Deixe-nos levá-lo para conhecer nossa rainha."

"Sua rainha?" Daphne perguntou.

"Sim", respondeu Ophelia. "Morgana, de Tir Nan Og. Ela adoraria conhecer você."

"No entanto, ela provavelmente não está em casa no momento," Uma fada com cabelo azul comentou com um tom sarcástico que não passou despercebido pelos outros.

"Izira, não seja mesquinha", Diana a repreendeu. "A Rainha Morgana deveria viver como achar melhor. Além disso, ela acabou de ter um bebê. Você sabe que ela tem que cuidar da princesa, ainda mais com a situação atual."

Uma criança! Daphne teve que voltar para Bloom. "Com licença!" Todos os olhos estavam voltados para Daphne. "Obrigado pela sua oferta, mas não posso acompanhá-lo." Ela olhou para Ophelia, que sabia o que ela iria dizer.

"Está tudo bem", Ophelia assegurou-lhe. "Nem sempre concordamos, mas você nos salvou. Seu segredo está seguro entre nós."

"Se ela não é uma fada da Terra, ela não está em perigo", disse Azura a Ophelia. "Os caçadores não têm motivos para ir atrás dela."

"Minha querida, você ficou surda por um momento? Ogron acaba de jurar vingança. Eles irão voltar, mas não conseguiram prendê-la como nos prendem." observou Izira.

"Vamos limpar essa bagunça e podemos conversar", sugeriu Azura. Todos concordaram e as 6 começaram a trabalhar para reverter os danos causados ​​a Gardênia. Fizeram-no discretamente, para não atrair mais atenção do que o necessário. As plantas crescidas desapareceram. As fadas restauraram os edifícios e carros que foram destruídos, para grande desgosto de Izira, pois ela aparentemente odiava o desenvolvimento dos humanos modernos.

Azura as puxou para sentar-se no chão, a maioria aproveitou a oportunidade de descanso, se jogando na grama em várias posições diferentes.

"Bem, Daphne. Se não se importar, pode nos contar sua história?" Azura perguntou gentilmente. Daphne estava tendo lembranças de sua amiga Haya a cada tempo que passava mais perto de Azura, ela parecia uma fada vinda de Linphea, calma, serena mas, mais importante pacífica até que tenha que não ser.

"Meu nome é Daphne. Sou a princesa mais velha do planeta Domino."

As fadas da Terra pareceram surpresas, mas nenhuma delas disse uma palavra. Eles não queriam interromper.

"Há mais de um ano, meu planeta caiu nas mãos das bruxas ancestrais. Um mês depois que minha irmã nasceu. Nossos pais me disseram para pegá-la e fugir. Não sei se as bruxas sabem que há sobreviventes. Eu vim aqui porque pensei que como a Terra não era miais habitada por fadas, seria segura e que minha irmã estaria segura. Fiz o meu melhor para me adaptar à vida sem magia por causa dela. Estou aqui por ela. Nossos pais... não estão mais conosco. Ela é minha única família viva."

As lágrimas ameaçavam atrapalhar a história e ela lutou para terminar.

"Até agora, eles não nos encontraram. Eu me preocupo com isso todos os dias. Ela é muito jovem para mostrar sua magia. Tudo que eu quero é protegê-la até que ela tenha idade suficiente para se proteger. Então, se eles nos encontrarem, ela tem uma chance."

"E você?" Ophelia perguntou.

Daphne balançou a cabeça. "Eu não me importo com o que acontece comigo. Eu só quero que ela esteja segura. Todos acreditam que somos órfãs vindas de outro país e eu sigo isso para sua proteção. Para qualquer coisa que possa cobrir um pouco mais nossos rastros."

"Onde está sua irmã agora?" Izira perguntou.

"Em nossa casa", respondeu Daphne. "Eu queria ajudar você, mas não poderia colocá-la em perigo."

"Nós entendemos", Azura assegurou-lhe. "Você nos salvou hoje. Então, de agora em diante, estamos aqui para ajudá-lo."

"Não hesite em nos ligar se precisar de ajuda", concordou Ophelia.

"Contaremos à rainha Morgana sobre seus feitos", assegurou Izira a Daphne. "Ela nos consideraria em dívida com você. Por enquanto, volte para sua irmã. Vamos acompanhá-la."

"Obrigada", disse Daphne.

"Devemos-lhe agradecimentos" insistiu Ophelia. "Você pode não ser uma fada da Terra, mas considere-se um de nós de agora em diante. Como eu prometi, seu segredo está seguro conosco."

"Mas encontre nossa rainha outra hora", insistiu Aurora. "Ela adoraria conhecer uma fada tão nobre."

Ophelia, Azura e Izira seguiram Daphne até sua casa, enquanto as outras três fadas seguiram para o norte, para fazer o que Daphne não sabia.

 

Chapter 8: Conversas

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Ophelia, Azura e Izira seguiram Daphne até sua casa, enquanto as outras três fadas seguiram para o norte, para fazer o que Daphne não sabia.

Chegando lá, Daphne teve que parar na porta para começar a reverter suas barreiras.

"É aqui que você vive? Seria um lugar bonito com mais flora." Azura comentou.

"Toda a Terra seria bonita com mais flora" Izira rebateu sarcasticamente.

"Não começem, vocês duas." Ophelia interrompeu uma conversa antes que virasse uma discussão. "Sua casa é linda Daphne."

Daphne transmitiu agradecida, engolindo a angústia ao ouvir uma fada chamar aquele lugar de sua  casa . Parecia mais realista com outra fada dizendo isso.

"Eu pus proteções em casa, deixe-me retirar-las"

Ela abriu suas mãos e fechou os olhos, se concentrando em neutralizar as barreiras por um tempo. Feito isso ela voou junto com as três fadas para dentro, até o primeiro andar onde teve que parar novamente.

"Esperem um momento, por favor."

Aqui ela teve que confiar nas três fadas. Honestamente ela nunca teria feito isso, mas estava sozinha há tanto tempo, sem ninguém de sua espécie para fazer companhia, para entender o que ela estava passando. Sem ninguém que pudesse camuflar sua magia.

Ela abriu sua auréola, assuntando as fadas, exceto por Izira que parecia fascinada.

O quarto era grande o suficiente para abrigar seu halo e deixar um espaço vazio para as fadas ficarem. Ela começou a fazer o feitiço reverso para cada uma das quatro proteções e por fim, fez os movimentos com as mãos que anulariam a proteção do feitiço de Ignis.

Quando terminou, ela virou seu olhar para as três fadas e brilhou levemente.

"Você não é só uma fada." Izira comentou. "Eu vi esse tipo de magia em um livro uma vez, isso é um halo mágico."

"Não seja boba Izira, só ninfas manifestam halos"

Daphne abriu os lábios para esconder seu sorriso. Ato que foi notado por Azura.

"Meninas acho que nossa nova amiga pode ser uma ninfa, estou certa Daphne?"

"Está." Daphne se moveu para pegar a irmã adorada nas caminhadas dela, deixando as três fadas discutidas entre si.

"Sua irmã. Ela é....?"

"Não, ela não é uma ninfa. Não há como nascer como ninfa, isso é uma escolha."

As três fadas observaram Daphne com uma mistura de admiração e curiosidade. A revelação de sua natureza como ninfa havia abalado suas opiniões e expectativas. Ophelia, a mais jovem e impulsiva, foi a primeira a se recuperar da surpresa.

"Sua irmã é linda!" ela exclamou, seus olhos brilhando de admiração. "O cabelo dela é tão ruivo, acho que nunca vi alguém com esse tom esses mechas mais claras são fascinantes."

"Ela herdou de nossa mãe. São exatamente os mesmos tons."

"Ela é linda." Izira declarou os dedos para segurar a mãozinha do bebê, que apertou seus dedos com uma força surpreendente. "É forte."

"Daphne, posso perguntar porque ela estaria em perigo?" Izira perguntou cautelosamente, assim que conseguiu fazer com que a pequena soltasse seus dedos.

"Ela nasceu com uma magia forte, as pessoas que destruíram nosso reino estavam destruídas toda e qualquer pessoa que fosse uma ameaça em potencial." Daphne omitiu a verdade, que sua irmã carregava dentro de si toda a força do Grande Dragão e que ambas compartilhavam sua magia e fogo mágico. "Bem, destruindo e amaldiçoando as ameaças."

"Amaldiçoando em que sentido?"

"Bem, minha amiga foi transformada em um monstro do mar, eu tenho uma maldição que suga meus poderes e tenta perfurar meu núcleo mágico"

As três arregalaram os olhos em terror. Elas sofreram sendo caçadas e tendo suas asas arrancadas e sua magia drenada, mas isso era curado com o tempo. Nem mesmo os bruxos poderiam corromper núcleos mágicos. Aquilo só era alcançado com um nível de poder imenso, o que significava que os inimigos de Daphne não eram qualquer um.

Felizmente, as fadas entenderam o medo de Daphne. Elas também viviam escondidas dos humanos, por medo de perseguição.

"Mas você está bem? Na medida do possível, certo?" Ophelia perguntou hesitantemente.

"Estou, essa transformação conseguiu minimizar os efeitos da maldição, quase não sinto mais."

"Mas o que você vai fazer agora?" Azura, a mais gentil do grupo, perguntou. "Você e Bloom não pode ficar escondida para sempre."

Daphne sorriu. "Eu sei," ela disse. "Mas quando chegar a hora, eu a treinarei para usar seus poderes e se defender. Ela se tornará uma fada poderosa e capaz de se defender. Além disso, eu sempre estarei ao lado dela."

As fadas ficaram impressionadas com a determinação de Daphne. Elas sabiam que ela faria de tudo para proteger Bloom.

"Mas o que você pode fazer?" Azura perguntou. "Você é uma ninfa, mas também tem asas de fada. Como isso é possível?"

Daphne sorriu. "As ninfas são seres mágicos como qualquer outro," ela explicou. "Podemos aprender e usar diferentes tipos de magia. Eu sou uma fada, ser uma ninfa não muda isso. Asas de fada me permitem voar mais livremente e me dão mais poder em batalha, embora eu possa voar sem asas e acessar muito da minha magia sem me transformar."

As fadas ficaram impressionadas com as habilidades de Daphne. Elas nunca haviam conhecido uma criatura tão poderosa e versátil.

"E aquele halo? Como funciona?"

"Bem aquilo é o que representa minha aura mágica. É a manifestação de toda a magia que eu carrego." Daphne começou a explicar, obviamente as fadas eram curiosas e Daphne não queria que fossem embora tão cedo, era bom ter uma fada par desabafar.

"A forma de ninfa é diferente, eu não dependo de uma fonte mágica, eu me torno a fonte. Por isso que quanto mais transformações uma ninfa alcança mais forte ela fica, cada transformação me permite uma nova faceta, eu uso minha própria energia em conjunto com a que absorve a fonte da transformação. Eu posso lutar e usar magia sem nenhuma transformação, mas é como tirar água de um lago com um copo ao invés de um balde, e cada nova transformação essa balde fica maior e mais resistente."

Ela abriu o halo para demonstração. "Essa é minha aura, minha maldição é esse círculo preto, esses arcos as transformações que obtive, e os desenhos são símbolos que representam minha magia. Toda fada tem isso, mas apenas ninfas manifestam auras dessa forma, apenas ninfas se tornam fontes de magia."

"Você tem uma harmônia mágica maior do que a harmônia do Enchantix?"

"Tenho, toda ninfa tem, é o que nos torna ninfas."

As fadas e Daphne continuaram conversando por um tempo, não deve ter dado mais de uma hora, mas aquilo trouxe a paz que Daphne precisava. Elas trocaram histórias sobre suas vidas e sobre seus poderes. Daphne se sente feliz por ter sido encontrada como fadas. Elas deram conselhos sobre como passar despercebida no mundo dos humanos.

Depois de um tempo, as outras três fadas voltaram e as novas amigas de Daphne tiveram que partir para se esconder do olhar dos bruxos e Daphne ficou sozinha com Bloom. Ela olhou para sua irmã mais nova e brilhante. Ela sabia que Bloom tinha um futuro brilhante pela frente.

“Você será uma grande fada, Bloom,” ela disse. "Eu tenho certeza disso."

Bloom começou a rir e agitar os braços, fazendo Daphne sorrir. "E um dia uma grande princesa, eu prometo irmãzinha."

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- A imagem do início foi a minha inspiração para o halo de Daphne. Imagine ele dourado e com os arcos menores que ela, mas tenha em mente que, no final da história, os halos crescerão e ficarão grandes como na imagem.

 

 

Chapter 9: Uma criança e um novo mundo

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Ela levou Bloom para fora sem muito medo, elas não ficariam doentes, ambos eram dominianos, seu fogo interior as manteria aquecidas e saudáveis. Portanto, Daphne deixou Bloom brincar na neve e no parquinho.

"Mais alto, Daph! Mais alto!" Bloom concordou quando Daphne a empurrou no balanço.

Daphne estava dando atenção a Bloom, mas tinha plena consciência de seus arredores, então ela estava consciente dos humanos que passaram com seus próprios filhos. Alguns sorriram com o que pensaram ser mãe e filha juntas. Outros zombaram silenciosamente ou fizeram cara feia. Daphne aprendeu a ignorar isso quando Bloom ainda era bebê, e a maioria das pessoas guardava seus pensamentos para si ou tentava. Eles não eram muito bons nisso.

"Com licença?"

Uma mulher com um filho pequeno da idade de Bloom provavelmente se a ela. A própria mulher parecia mais velha que Daphne. Pelo palpite de Daphne, ela tinha trinta e poucos anos, mas Daphne não se considerava boa com idades na Terra.

"Posso ajudar?" Daphne perguntou educadamente, embora um leve tom de impaciência já tenha sido apresentado em sua voz. Anos de polimento reais não conseguem conter completamente sua natureza impetuosa.

"Minha filha gostaria de usar o balanço."

"Claro, essa pequena ama o balanço, sinceramente eu acho que é o brinquedo favorito dela", respondeu Daphne e trouxe para o balanço vazio ao lado de Bloom. "Há outro disponível ali, caso prefiram."

"Não, ela quer usar isso." A mulher indicou o balanço ocupado por Bloom, um sorriso arrogante em seus lábios. Daphne ficou irritada, sabendo onde isso iria dar. Houve momentos em que ela se ressentia de quão jovem ela parecia para os terrestres. Só porque eles mostram sinais de idade precoce e ela não, não quer dizer que Daphne seja uma adolescente.

"Com todo o respeito", começou Daphne, sua postura se tornando difícil, "Não vejo qual o problema, este balanço está claramente ocupado no momento."

"Não, ela gostaria de usar este balanço." A mulher insistiu, ignorando a cortesia de Daphne.

Daphne sentiu raiva subir em sua garganta. Como herdeira de Dominó, ela fora educada para ser gentil e diplomática, mas essa mulher claramente subestimava sua aparência jovem.

"E a minha irmã está usando." A voz de Daphne é tão firme, usando sua voz real.

"Ora, você é apenas uma criança! Seja mais respeitosa." A mulher retrucou, desdenhando dela.

"Quando você por respeitosa eu também serei, respeito é mútuo. Mas como disse antes, tem um balanço disponível bem ali." Daphne trouxe para o balanço vazio ao lado de Bloom.

"Mas minha filha quer usar este!" A voz da mulher se tornou raivosa e esnobe.

"Bem", Daphne começou a responder no mesmo tom esnobe, "ela pode usar aquele balanço ou pode esperar!"

"Bem eu nunca-!"

"Primeira vez para tudo."

"Escute aqui, criança, você não tem ideia de quem está brincando."

"Senhora, eu devo dizer. Tenho inveja de quem não lhe conhece."

"Hmph. Crianças hoje", a mulher murmurou enquanto saia e com a filha. "Sem moral. Sem respeito ou dignidade."

"Menn og egó þeirra"  Humanos e seus egos.

"Daph, balança."

"Claro, desculpe, pequena."

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Daphne acalmou o conselho das fadas da Terra e abriu uma loja de doces. Ela não era boa na culinária terrestre, mas conseguiu achar alguém que era. Azura lhe deu uma bolsa cheia de pedras preciosas da Terra, ela disse que trocar aquilo por dinheiro era melhor do que criar seu próprio dinheiro. Ophelia comentou que alguns humanos dão dinheiro para ajudar outros humanos e então começaram a ganhar dinheiro junto com o humano que ajudou.

A economia terrestre pelo que Daphne estava aprendendo era semelhante à Popularis, bem semelhante o suficiente para Daphne se sentir confiante ao investir em uma loja.

Usando seu domínio de ler auras, ela achou uma jovem que estava tentando abrir uma loja, mas não tinha financiamento para isso, então Daphne fez um acordo com ela. Ela dava o dinheiro e 30 por cento do que a loja rendesse era de Daphne.

Ela até pediu ajuda de Mike e Vanessa para encontrar um lugar bom para abrir uma loja, eles foram no mesmo dia procurar locais para alugar. O que fez Daphne perceber o quanto eles estavam preocupados com ela.

Em poucos meses, uma loja havia crescido e Ana, uma confeitaria que Daphne achou, já estava falando em abrir outra loja.

Daphne aprimorou a ideia e começou a investir em mais coisas. Logo, ela tinha uma base monetária boa o suficiente para justificar seu estilo de vida sem precisar falar sobre uma herança ou parecer uma garota rica e mimada.

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Logo chegou a hora de colocar Bloom na escola dos humanos, ao contrário das fadas, eles começaram bem cedo a educação fora de casa e Daphne não queria que Bloom fosse mais diferente do que já era, só por estar sendo criada por Daphne, que com toda a honestidade não era e nunca seria uma humana normal.

Embora sua estranheza tenha sido mais aceita depois que ela começou a ganhar dinheiro.

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Daphne percebeu que um dia ela teria que explicar a Bloom porque ela estava fazendo tudo isso e por experiência era melhor que ela fosse honesta logo de cara. Mas ela teria que mentir até Bloom ter pelo menos 14 anos ou ser madura o suficiente para conseguir lidar com tudo.

Então ela pegou a câmera dos Peters e gravou um vídeo explicando tudo que podia sobre a magia, sua família, seus pais, seu reino, sua fuga, tudo que pudesse sobre a vida delas. Claro, ela gravou isso usando a língua dominiana.

Assim mesmo que alguém assistisse, não conseguiriam descobrir seu segredo. Ela daria a Bloom algo com um feitiço tradutor depois. Ela deixou a gravação e as joias que trouxe consigo de Dominó em uma caixa em um cofre no banco.

Falando em banco, penso num lugar complicado, a burocracia necessária para abrir uma conta e adquirir um cofre era ridiculamente desnecessária.

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Mike decidiu que Daphne não poderia dirigir e decidiu que a ensinaria.

Daphne tinha a sensação de que ele iria se arrepender disso em breve.

> Motivo um:

"Parece tão estranho à noite", murmurou Daphne enquanto observava Mike dirigia. "Ou isso é meu nervosismo?"

"Ambos?" Mike adivinhou. "Alguns motoristas são-"

"MIKE, PARE!"

Mike pisou no freio bem a tempo de evitar uma colisão frontal com outro carro, que desviou e passou por eles, perseguido por um carro da polícia. O coração de Daphne parecia que iria pular do peito e Mike parecia incapaz de fazer o que acabara de acontecer.

"Você está bem, Dafne?"

"S-Sim... eu acho..." Os dois recuperaram o fôlego em poucos segundos. "O que aconteceu? Foi uma emergência?"

"Aquele era alguém sendo um-!" Mike fez uma pausa e respirou fundo para se rir. "Só não faça isso se você conseguir sua carteira de motorista."

“Vou me lembrar disso”, prometeu Daphne. Depois de garantir que nada mais aconteceria, Mike bateu na frente enquanto Daphne tentava rir dos nervos.

> Motivo dos dois:

"Pronta, Daphne?" Mike perguntou, tentando disfarçar sua própria apreensão.

"Mais do que você imagina, Mike!" Daphne respondeu, abotoando o cinto de segurança com uma emoção contagiante.

Daphne começou a dirigir assim que Mike se tornou proficiente no básico.

"Você aprende rápido", elogiou Mike, parecendo com a destreza de Daphne.

A confiança de Daphne crescia a cada curva, e logo ela estava dirigindo com uma velocidade que deixaria qualquer experiência de motorista aparente. Qualquer um que nunca tenha visto um piloto de uma nave de Zenith pelo menos. Mike, agarrado ao banco do passageiro, tentava manter a calma enquanto Daphne ria com deleite, a adrenalina correndo em suas veias.

"Daphne, cuidado!" Mike falou quando ela fez uma curva fechada com um raspar de pneus.

"Relaxa, Mike, eu sei o que estou fazendo!" Daphne disse, ainda com um sorriso no rosto.

Mas Mike não estava relaxado. A maneira como Daphne dirigia era como se estivesse em uma batalha, usando a estrada como campo de guerra. Ele não sabia que ela era uma fada, mas algo lhe disse que ela não era uma jovem comum.

"Daphne, diminua a velocidade," Mike implorou, com sua voz tensa.

"Está tudo bem, Mike, eu não estou no controle!" Daphne assegurou, mas seus olhos brilhavam com uma intensidade que o deixava preocupado.

De repente, um animal cruzou a estrada, e Daphne teve que fazer uma manobra brusca para evitar as consequências. O carro derrapou na grama, e por um momento terrível, Mike achou que iriam capotar.

Mas Daphne, com seus reflexos sobre-humanos e treinamento como piloto de nave, conseguiu controlar o carro e voltar para a estrada. O coração de Mike batia forte no peito enquanto ele olhava para ela, pálido e abalado.

> Motivo três

Daphne engatou a ré e pisou no acelerador com um pouco de força demais, fazendo o carro dar um salto para trás. Mike soltou um grito de surpresa enquanto Daphne girava o volante, tentando controlar o veículo.

"Calma, Daphne, calma!" Mike instruiu, tentando manter a calma enquanto o carro se aproximava perigosamente de uma lixeira.

"Eu consigo, Mike, eu consigo!" Daphne disse, seus olhos semicerrados em concentração.

De repente, o carro parou abruptamente. Daphne soltou o volante e respirou fundo, aliviada.

"Consegui!" ela exclamou, com um sorriso triunfante.

Mike olhou para o carro, que estava estacionado a apenas alguns centímetros de um poste de luz. "Sim, você conseguiu", ele disse, com um sorriso hesitante. "Mas acho que podemos trabalhar um pouco na sua precisão."

Bem, no final ambos estavam certos.

Daphne conseguiu aprender a dirigir bem e Mike ficou traumatizado com ela no volante.

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Daphne descobriu que Gardênia tinha áreas de treino em artes marciais. Na verdade, foi Ana quem comentou que aprendeu a lutar no dojo lá perto.

Ana liderou um estúdio de Jiu-jitsu e ajudou a se matricular.

O instrutor olhou criticamente para Daphne e Daphne se matriculou alegremente.

Finalmente um lugar onde ela não só poderia bater em alguns idiotas, mas também seria parabenizado por isso. Ela não sabia que poderia ser tão sádica, mas estar longe do ambiente do corte real e da política de Magix despertou seu lado mais competitivo e vingativo.

Sua mãe chamaria isso de 'sangue de dragão', seu pai de temperamento forte.

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Então, eu fiquei muito na dúvida de qual atriz usar para Daphne e como a dúvida não parou, eu vou ficar com as duas. As duas que achei mais parecidas com a estética que tenho de Daphne são Melissa Benoist e Katheryn Winnick. O que acham?

O que acha?

 

Chapter 10: Joias, voos e rainhas

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Ao vir a Terra, Daphne usava um vestido de corte, um prendedor de cabelo, um bracelete, um par de brincos, um colar, o medalhão das ninfas, dois anéis normais, o anel de herança de família, o anel das ninfas, a pulseira que Selene lhe emprestou e o colar que sua mãe lhe deu, claro e um par de sapatilhas pretas. Ou seja, muitas joias.

Ela guardou o vestido em um saco vedado dentro de uma caixa decorada e as joias em um porta joias com chave, e colocou tudo no cofre.

Bem, as joias normais ela guardou todas no cofre, mas o colar e anel das ninfas, o anel de herança e a pulseira de Selene ela continuou usando diariamente. Junto com as sapatilhas, elas eram discretas e eram quase iguais às que vendiam na Terra, só que mais confortáveis e resistentes.

Quanto ao colar da mãe, ela guardou no cofre, mas aquele colar tinha um propósito claro. Ela daria a Bloom assim que ela passasse por sua fase irresponsável.

Cada joia que ela usava tinha um propósito.

O colar da ninfas, foi feito por Marabella para ela, e ela deveria fazer um para a próxima ninfa que ascender usando parte da magia que tinha ali. Aquilo simplesmente não poderia ser perdido.

O anel das ninfas tinha sua própria magia infundida, perder aquilo seria entregar uma maneira de rastreá-la em qualquer lugar.

O anel de herança, tinha uma fagulha da Chama do Dragão, obviamente não podia ser deixado em mãos erradas.

A pulseira de Selene, era como uma reserva mágica, ela absorvia a magia perdida para o ambiente e lhe entregava esse poder quando você a ativasse. Selene deu para ela para que ela pudesse não ficar exausta quando carregasse o núcleo de Dominó, mas graças ao Bloomix ela não precisou usar aquilo. Então aquela pulseira tinha a magia de Selene ainda acumulada.

O colar da mãe tinha uma função de proteção, aquilo ergueria um escudo de proteção e emitiria um alerta de perigo. Aquilo tinha o objetivo de ser passado a Bloom, assim como o anel de herança foi passado para ela. E diferentemente do bracelete e do resto das joias, aquilo tinha um valor emocional e mágico e era um lembrete da herança delas.

Ela era nova na Terra, sabia que existiam ladrões e em caso de um ataque seria mais fácil ela recuperar as joias no banco do outro lado da cidade do que num quarto em sua casa.

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Uma noite Azura volta com Ophelia e Izira, elas pareciam mais cansadas e se Daphne pudesse adivinhar elas lutaram com os bruxos recentemente.

Daphne acertou. Eles haviam lutado naquele mesmo dia, mas não foi por isso que elas foram até Daphne.

A rainha queria conhecê-la. Daphne já havia rejeitado a oferta uma vez e não queria desconsiderar a rainha da Terra. Então ela foi.

Com uma parada rápida na casa de Mike e Vanessa, ela aproveita que ela não trabalha nas noites de sábado e deixa Bloom com ela e Mike com um agradecimento.

Pela primeira vez desde que ela lutou com os bruxos, Daphne se transforma. A magia a percorrendo e fluindo por seu corpo é incrivelmente reconfortante. É como um gostinho do que sua antiga vida era.

Ela aproveita a primeira oportunidade que tem e pede para Azura tirar uma foto sua com a câmera que ela comprou.

Não é uma foto em movimento, mas já é melhor que qualquer desenho que ela possa fazer. Ahh, se ela tivesse herdado o talento para desenhar do pai.

"Daphne, me perdoe por perguntar, mas acha que consegue manter sua transformção estavél por mais de uma hora?" Ophelia pergunta hesitante.

Vendo sua confusão, Izira explica: "A magia aqui na Terra tem ficado muito selvagem nos últimos anos, quase nenhuma tranformação fica estavél aqui. A nossa forma e a de Belivex até agora são as únicas que aguentam por mais de uma hora. Voaremos sobre o oceno, precisamos estar preparadas para tudo."

Então era isso, apesar de ser tocante a preocupação e curioso e preocupante o estada da magia da terra, elas não tinham com o que se preocupar. Fora sua própria magia como ninfa, o seu Bloomix era alimentado pela Chama, nada o 

"Garanto que minha forma de fada é estavél. A fonte é uma parte de minha própria magia, nada pode desestabilizar esse tipo de transformação."

"Ahh que bom, eu ja estava pensando em como te levar aonde presicamos ir se você não pudesse voar!" Ophelia exclama aliviada e Daphne e as outras riem das palhaçadas dela. 

Elas voam sobre o oceano e pela primeira vez em dois anos ela abre as assas e voa.

Mas olhar para o mar não é tão maravilhoso quanto era antes, nem mergulhar sobre as ondas, ou mesmo voar com as mãos na água.

Ela só teve Sirenix por um ano e meio, mas foi o suficiente para se apaixonar pelo mar.

Para que a falta dele gerasse dor física.

Daphne sabe que as outras fadas sabem que algo a incomoda e elas sabem que ela sabe, senão elas não desviariam o olhar quando Daphne olhou para elas. Felizmente, para a sanidade de Daphne, elas não perguntam nada.

Elas voam até que suas costas doam e suas mãos fiquem frias e sensivéis. Mas elas voam até uma montanhas na costa. Lá Daphne vê a coisa mais mágica da Tera, uma aurora boreal.

Ela para e fica só olhando, contendo as lágrimas de cair de seus olhos

"Vamos, Daph-" Izira chama e se interrompe. "Oh. É bonito, não é?"

"É de tirar o fôlego" Daphne diz baixinho, sem querer disturbar nem mesmo o vento que passava por elas.

"A senhora Aurora, a fada Mor do Norte, costumava fazê-las cintilar e se espalhar por todos os lados. As vezes ela criava imagens e as fazia dançar." Ophelia comenta nostálgica e Daphne para e olha para ela.

"Não tínhamos isso em casa, mas havia as luzes de Guilla", Daphne conta, lembrando das luzes que brotavam do chão e giravam como fumaça por toda Dominó. "Elas apareciam depois de um dia de chuvas. Eram como fumaça colorida, mas brilhavam como se fossem feitas de fogo e luz. Minha tia uma vez me disse que as luzes de Guilla eram um presente dos antigos espíritos da natureza, uma dança celestial que celebrava a vida e a magia de nosso planeta," Daphne continua, sua voz suave e cheia de saudade. "Era um espetáculo magnífico."

Ela se permite mais um minuto para observar e então bate as palmas, chamando a atenção das outras fadas.

"Bom, vamos indo. Temos uma reunião que não podemos perder." A mudança de humor rápido parece pegar as fadas de surpresa. Parece que as facetas de uma princesa é novidade para elas. Pra ser justa, poucas pessoas sabiam compartimentalizar tão bem.

Elas voam sobre a cidade até uma montanha bem alta e então começam a cair, literalmente no caso de Ophelia que parou de mover as assas e se rendeu a gravidade.

Daphne se permite parar de voar também, sentindo a adrenalina de cair por quilômetros.

Quando passam por uma barreira mágica, a atenção de Daphne é despertada e ela volta a planar. Suas companheiras continuam a cair, impermutáveis. Só confiando nelas, ela voa para baixo, até quase atingir o solo, que é quando Azura e Ophelia voltam a planar com suas assas.

Chegando próximo demais do solo, ela abre as assas para parar de cair, com a força do movimento criando um buraco na neve a seus pés.

Ophelia continua voando em frente e Daphne a segue, sem querer perguntar quanto mais falta, embora elas devam estar perto considerando a barreira mágica que passara e a quantidade de fontes mágicas pela área.

Aquilo preencheu os sentidos de Daphne de uma forma que a fez desejar abrir sua magia completamente como fazia em casa, a certeza de que sua magia não se encaixaria com o ambiente como fazia em Dominó a fez sentir a tristeza e solidão novamente.

Ela se impediu de cair em tristeza pois sabia que muito em breve ela teria que sair daquele refúgio mágico e não iria mais sentir a magia fluindo de cada pequena coisa ao seu redor.

Finalmente, elas emergiram em uma clareira cercada por altas árvores e flores mágicas e fadas. No centro da clareira, uma figura majestosa estava parada, as asas estendidas em todo seu esplendor. Ao redor, havia algumas fadas, não chegavam nem a cem, mas era a maior quantidade de fadas que Daphne já havia visto desde que Dominó caiu.

Daphne prendeu a respiração quando reconheceu a Rainha Morgana. Sua presença era imponente, e suas asas eram maiores do que qualquer coisa que Daphne já tinha visto desde das de Marabella.

As outras fadas da terra pousaram e se curvaram respeitosamente diante da Rainha, e Daphne seguiu seu exemplo, abaixando a cabeça e juntando as mãos em sinal de reverência. 

"Princesa Daphne, minhas guerreiras", disse a Rainha Morgana com uma voz que ecoava como música, "bem-vindas ao meu reino."

Daphne sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao encontrar o olhar penetrante da Rainha.

"Soube de seus feitos. Você ajudou minhas fadas e as salvou dos bruxos do círculo negro, princesa. Tem minha gratidão por isso" Morgana jurou.

"A honra e prazer foram meus, rainha Morgana" Daphne respondeu, o mais honesta possível. "Não permitirei que outra fada perca sua casa se puder intervir."

"E é por isso que chamei você aqui." A rainha desceu da plataforma em que estava e continuou falando olhando diretamente nos olhos de Daphne. "Princesa Daphne de Dominó, ninfa da Dimensão Mágica, solicitei sua presença pois sinto que já não posso mais lutar por meu povo sozinha. A minha filha completa um ano hoje, e nós, fadas da Terra, nos tornamos uma espécie rara e nesse dia eu peço um ato de gentileza da fada mais forte que habita este planeta. Princesa Daphne, eu estou diante de você pedindo que seja a fada madrinha de minha filha, que seja uma orientadora em momentos de necessidade."

bem, MAIS QUE DROGA ACONTECEU AQUI?!!!!

 

 

Chapter 11: Fada-madrinha

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Daphne sentiu seu coração apertar com o pedido da Rainha Morgana. Ela ponderou por um momento, pensando nas palavras da Rainha e no que isso significaria para sua própria responsabilidade para com sua irmã mais nova. Uma onda de emoções a assolou, deixando-a incerta sobre como proceder.

"Rainha Morgana..." Daphne começou, sua voz refletindo a ponderação interna que sentia. "Nesse momento, eu tenho uma única responsabilidade, que supera tudo e qualquer coisa. Eu tenho que educar e manter a minha irmã segura. Não posso aceitar, pois nunca seria capaz de priorizar nada além de minha irmã."

Os olhos da Rainha Morgana brilharam com compreensão, e ela se aproximou de Daphne, colocando uma mão reconfortante sobre suas mãos cruzadas.

"Princesa Daphne, entendo suas preocupações", disse a Rainha Morgana com calma. "Mas a razão pela qual escolhi você para ser a madrinha de minha filha é exatamente a sua dedicação e cuidado para com sua irmã. Você já demonstrou ser capaz de guiar e proteger aqueles que são preciosos para você e de aguentar uma luta em desvantagem se assim for preciso. Eu não quero que você abandone sua irmã ou tenha que escolher uma das duas, eu quero que você seja uma das pessoas que protegeriam minha filha sem desejos egoístas ou ocultos."

Daphne ponderou as palavras da Rainha Morgana, sentindo uma mistura de insegurança e apreensão. Ela queria fazer o que era certo, mas ainda não tinha certeza se estava pronta para assumir essa nova responsabilidade.

"Eu... entendo, Rainha Morgana", murmurou Daphne, sua voz refletindo sua indecisão. "Mas ainda assim sinto que não sou a melhor escolha para esse papel. Minha lealdade e responsabilidade já estão com Bloom, e não sei se posso dividir meu foco. Eu... já tenho uma afilhada. E não posso estar lá por ela, não posso cumprir meu dever como sua fada madrinha."

A Rainha Morgana ouviu atentamente, compreendendo a hesitação de Daphne. Ela então tentou convencê-la mais uma vez.

"Daphne, eu compreendo sua preocupação", começou Morgana, seu tom sério. "Mas deixe-me explicar o motivo de eu estar insistindo nisso. Roxy não é apenas uma criança comum. Ela é a primeira fada a nascer em 457 anos na Terra, e você é praticamente a única fada na Terra que está a salvo dos bruxos do Círculo Negro. Isso significa que você é a única que pode garantir a segurança e a orientação de Roxy, caso a necessidade surja."

Daphne franziu o cenho, absorvendo as palavras da Rainha. Não precisava ser um gênio para entender o que ela quis dizer. Os bruxos estavam perto demais de capturá-las. E Morgana tinha um dever com as fadas da Terra, ela tinha que lutar para protegê-las e isso talvez fosse uma condenação para ela. Pois se Morgan entrasse na luta, ela poderia ser capturada e a filha dela ficaria sozinha. Ela sabia que Morgana estava certa, mas ainda hesitava.

"Se você não aceitar esse papel, Roxy poderá crescer sem ninguém para guiá-la no mundo da magia", continuou Morgana, sua voz agora suave, porém firme. Para os ouvidos de Daphne havia também tristeza e medo disfarçados, era algo que ela já tinha ouvido na voz de sua mentora mais de uma vez. "Ela pode descobrir tudo por conta própria, sem o apoio ou a orientação de uma fada experiente e pode se colocar em perigo por isso. Então por favor, entenda por que peço que aceite esta responsabilidade, porque eu não posso pedir a nenhuma outra fada isso."

As palavras da Rainha Morgana ecoaram na mente de Daphne, tocando em sua própria jornada e nas dificuldades que enfrentara. Ela sabia que não queria que outra fada passasse por isso sozinha.

"Está bem, Rainha Morgana", disse Daphne, finalmente cedendo. "Aceito ser a fada madrinha da princesa."

Com um sorriso de alívio, Morgana assentiu, sabendo que tinha feito a escolha certa ao confiar essa importante responsabilidade a Daphne.

Morgana então surpreende Daphne e a puxa para um abraço.

"Obrigada, Daphne", disse Morgana, sua voz carregada de gratidão. "Sei que Roxy estará em boas mãos com você como sua fada madrinha."

Daphne retribuiu o sorriso da Rainha, sentindo-se honrada com a confiança depositada nela.

Logo depois, Morgana conduziu Daphne para uma construção de pedra que se assemelhava a um castelo, suas amigas fadas a seguindo, provavelmente para agir como testemunhas e porto seguro para ela. A construção era majestosa e imponente, emanando uma aura de antiguidade e poder, e mais importante, de magia.

No interior do castelo, Morgana ordenou a uma de suas fadas que atravessasse um portal e voltasse com a princesa bebê. Daphne observou com fascínio enquanto a fada desaparecia através do portal.

Quando Morgana abriu o portal novamente, Daphne sentiu uma familiaridade inesperada com a magia que emanava dele. Ela se viu envolta por uma sensação de calor e energia, reconhecendo a essência da magia de portal que a cercava.

"Rainha Morgana", disse Daphne, sua voz cheia de curiosidade. "Perdoe minha intromissão, mas essa magia de portal... há outras fadas com magia semelhante? Não quero me intrometer em assuntos privados, mas tenho sentido essa magia há um tempo e nunca achei a fonte."

Morgana olhou para Daphne com surpresa, percebendo a pergunta da fada.

"Daphne, você mora em Gardênia?", perguntou Morgana, sua expressão refletindo perplexidade. Daphne assentiu.

"Entendo agora", disse Morgana, sua voz tingida de compreensão. "Parece que você é capaz de sentir a minha assinatura mágica. Fascinante, perdoe minha curiosidade, mas isso é uma característica sua ou é comum entre ninfas?"

"É uma característica minha", começou Daphne, sua voz suave carregada de reflexão. "Sempre fui particularmente sensível a magia, mas como uma ninfa, essa sensibilidade aumenta. Posso sentir sua presença e até mesmo identificar sua origem. Ou pelo menos na maioria das vezes, mas há algo me bloqueando em relação à sua magia."

Morgana assentiu, absorvendo a informação com interesse.

"Entendo", disse ela, contemplativa. "Então, você é uma fada guerreira, que também tem magias especiais. Realmente fascinante."

Daphne sorriu timidamente, apreciando o reconhecimento da Rainha.

"Além disso," continuou Daphne, "magia de portais é uma especialidade das ninfas. Somos proficientes em manipular energia dimensional e criar portais entre diferentes locais."

Morgana pareceu impressionada com a informação, reconhecendo a experiência única de Daphne.

"Você será uma madrinha excepcional para Roxy, Daphne", disse Morgana com um sorriso.

A fada guerreira cruza o portal de volta. Dessa vez com uma criança pequena nos braços, que ela segura com reverência e delicadeza. E essa é a prova de que Daphne precisa de que tomou a decisão certa, se Morgana fosse uma rainha cruel ou intransigente, então a fada estaria com medo e apreensão, do jeito que está, a atitude da fada é nada mais do que uma prova de quão boa é a rainha.

A criança é então entregue a rainha, que a segura com um zelo que faz Daphne lembra de sua própria mãe com a bebê Bloom.

A Rainha Morgana então passa a filha para os braços de Daphne e quando a criança olha para ela, Daphne sente sua magia dormente. Aquela princesa será uma fada poderosa, mesmo sem a potência herdada da mãe. Ela sorri e começa a se apresentar para a pequena que parece fascinada com a joia Amber em sua tiara Bloomix.

As fadas ao seu redor ficam atentas olhando intensamente para a bebê e Daphne, algumas olhando ameaçadoramente para Daphne, como se temesse que ela machucasse a pequena princesa.

A rainha, no entanto, parece confiar em Daphne, até demais na verdade. Pode ser a mente suspeita de Daphne, mas ela não deixaria sua irmã nos braços de um quase desconhecido tão rapidamente, embora para a rainha haja outro fator. Daphne é uma ninfa, para se tornar isso é preciso ser puro de magia, coração e aura. E sua forma fada não tem traços de que Daphne seja uma fada negra, então juntando os dois, Morgana não tem motivos para desconfiar dela e tem alguns para confiar.

 E sua forma fada não tem traços de que Daphne seja uma fada negra, então juntando os dois, Morgana não tem motivos para desconfiar dela e tem alguns para confiar

Ela brinca com a bebê, entretanto, inclusive levantando-a para que ela toque na joia em sua testa. Ela se daria bem com Bloom, duas fadas bebês com o mundo ameaçado e com familiares caçados, ambas da realeza e com um grande legado mágico.

Ela manifesta seu cristal de vento com a mão livre e o empurra para a bebê brincar, ela passa a mão e uma corrente de vento passa por elas. A risadinha a faz abrir um sorriso largo. Sua afilhada costumava amar brincar com seus cristais, embora a mãe dela não gostasse dos de terra, para ser justa a bebê deixava vinhas e plantas crescidas sempre que terminava de brincar.

"Essa é uma magia curiosa"

A atenção de Daphne é atraída para Morgana, que olha intrigada para o cristal.

"É um cristal de vento, ninfas de Magix podem invocar os elementos, usamos os cristais para focar esse poder. Embora este seja fraco o bastante para ser usado para brincar, minha afilhada costumava adorar estes, embora os de fogo fossem seus favoritos"

Azura arregala os olhos pensando em um cristal de fogo nas mãos de uma bebê.

"Oh, bem não eram de fogo, são mais de luz e calor. Eles criam arco-íris e a sensação de calor e dependendo de como os invoco podem gerar ilusões." Daphne diz, se desculpando por não ter explicado melhor antes. "Aqui, deixe-me convocá-los"

Um losango com padrões diferentes dos do de vento surge em sua mão livre e ela o usa para criar peixes de luz, como os que habitavam os lagos do sul de Sparks

Um losango com padrões diferentes dos do de vento surge em sua mão livre e ela o usa para criar peixes de luz, como os que habitavam os lagos do sul de Sparks.

"Você pode gerar ilusões?" Ophelia pergunta, olhando curiosa para os pequenos peixes saltitantes.

"Bem, posso, embora eu não tenha tido muito tempo para dominar a arte. Conseguia fazer objetos, mas pessoas e coisas em movimentos ainda são um trabalho em andamento." Daphne explica, antes de ficar triste ao pensar na magia. "E desde que cheguei não usei muita magia e muito menos treinei então não sei se ainda consigo."

"Você não tem usado magia?" A voz inquisitória da rainha perturba o ambiente, mas não torna desconfortável.

"Não, minha magia é distinguível demais, a magia daqui é forte, mas não tenho certeza se seria o suficiente para esconder a minha completamente. Só arrisquei quando estava lutando com os bruxos do círculo negro, em meio a tanta magia a minha seria bem difícil de ser reconhecida."

"Então, você parou quase completamente de usar magia?" Ophelia pergunta em horror. Daphne são sabe o motivo de tal espanto, mas imagina que tenha sido algo relacionado as próprias lutas das fadas da Terra.

"Não exatamente. Usei na luta contra os bruxos, como eu disse, e mais algumas poucas vezes, não devem ter sido mais do que 8. Minha magia é como um farol para um feitiço rastreador correto, além disso eu tive me acostumar a mágica bruta daqui, então fiquei muito tempo sem fazer quase nada."

"Você disse que tem sentido meus portais, então sua magia não está completamente escondida, mas não a senti nesse planeta até que lutou por minhas fadas." A rainha observa, analisando todos os pontos da situação, se ela for como os outros governantes que Daphne conheceu. "Daphne, eu acho que sei um jeito de ajudá-la e retribuir sua gentileza."

A pequena fagulha de esperança em seu peito cresce em uma torrente de fogo.

"Eu sou a rainha das fadas da Terra, minha conexão com esse planeta ultrapassa o nome. Minhas antecessoras usavam a conexão para se tornar um com o planeta. A técnica é ensinada de rainha para rainha. Se me permitir, posso fazer com que a magia da Terra a cerce enquanto estiver aqui."

"Vossa majestade quer dizer que..." Ela não se permite terminar a frase, de pôr em palavras o que ela desesperadamente anseia.

"Posso torná-la indistinguível aqui, dessa forma nenhuma magia não natural do planeta poderia encontrá-la, nem mesmo aquelas criadas por elos mágicos. Você entende o que isso significa?"

"Eu entendo" Daphne responde com tristeza, segurando a criança em seu colo com mais firmeza. O que a rainha não queria dizer é que essencialmente nada seria capaz de rastreá-la, nem mesmo suas ninfas ou a companhia da luz ou seus pais, se ainda estiverem vivos.

Mas garantiria que ela e Bloom estejam seguras, com isso ela poderia até voltar a luta na dimensão mágica e voltar sem deixar rastros. Ela olha para a rainha com determinação e provavelmente fogo nos olhos.

"Daphne, você tem que entender todos os aspectos antes de concordar. Se eu fizer isso, você e sua irmã estarão isoladas da dimensão mágica, do mesmo jeito que nós, fadas da Terra, estamos." Morgana explica calmamente. "No entanto, é um efeito único. Se você deixar a órbita do planeta pelo menor segundo que seja, a cobertura se desfaz e precisa ser refeito."

"Ohh" isso é tudo que ela tem a dizer. Ela sabe o que fará, mas ainda dói. Saber que essencialmente ela abandonaria a dimensão mágica por no mínimo 12 anos. Sua pele arde onde o anel das ninfas está.

Ela é rastreável para as ninfas, a magia que Daphne e elas tem o dever de zelar as mantém conectadas e se naquele momento, quase dois após o ataque, suas ninfas ainda não conseguiriam localizar ela, então, ou estão lutando ativamente ou foram fisicamente impedidas de buscá-la, o que significa que provavelmente pereceram, o que Daphne se recusa a aceitar. Um ninfa tem o poder de mil fadas, com a quantidade que havia antes do ataque a Dominó elas não deveriam ser mortas tão facilmente.

Daphne não sabe, mas as ninfas estão fragmentadas, sua ordem foi desfeita e elas foram levadas a acreditar que ela e a bebê Bloom foram capturadas junto com os dominianos, elas estão sem esperança de achá-la e as que sabiam de sua visita a Terra estão mortas, então elas sabem que Daphne está viva, mas não onde está.

Fazer o que a rainha está oferecendo significaria se esconder isolada por pelo menos uma década e meia, até que Bloom seja capaz de se proteger sozinha.

Ela empurra suas dúvidas para baixo, do jeito que faz desde que aprendeu o que ser uma princesa e fada guardiã significava.

"Mesmo assim, aceito sua oferta com gratidão, rainha Morgana."

"Ótimo. Vamos realizar os ritos de fada-madrinha primeiro, assim você terá uma âncora na Terra."

Daphne assentiu com graça, olhando para a fada bebê que ainda estava em seus braços.

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Um juramento, um ritual e um feitiço depois, Daphne é levada por um portal até gardênia onde conhece a casa em que a rainha vive.

O véu mágico do feitiço da rainha ainda é sentido por Daphne, embora esteja se fundindo cada vez mais com a magia ambiente.

A sua mais nova afilhada dorme confortavelmente em seus braços, onde deve ficar por pelo menos mais duas horas para firmar o vínculo, e pela primeira vez Daphne sonda a criança. O que ela encontra é a prova da teoria de Desmeria. 

As fadas da Terra canalizam a magia natural através delas, dando e recebendo magia, semelhante à forma que os nativos de Dominó se energizam com a magia ambiente e a o que Haya fazia com a força da flora, mas as fadas da Terra, ou pelo menos a pequena princesa em seus braços, consegue puxar mais força bruta e devolver a magia trabalhada. Isso explica como as fadas da Terra se tornaram tão fortes ao longo dos milênios.

Mas essa criança tem a mesma energia que Daphne sentiu quando a rainha usou sua magia nela, a mesma ligação e mais importante, a mesma potência. É realmente um golpe de sorte que Roxy não tenha desenvolvido sua magia conscientemente ainda, o que faz com que ela não seja rastreável para os bruxos, segundo a rainha.

"Ela é forte, não é?" Suas reflexões são interrompidas pela voz da rainha, que olha para as duas sorrindo.

"Mais forte do que a maioria das crianças mágicas que conheci." Todas, exceto Bloom e talvez a princesa de Solária e de Andros.

"Ela é minha única herdeira, minha primeira criança, a primeira fada da Terra a nascer em 457 anos. Além da magia dela e daquela que herdou de nossa linhagem, ela supre o vácuo mágico do planeta."

Ao ver o olhar inquisitivo de Daphne, Morgana diz:

"Há coisas sobre nossa magia que você deve saber. Mas vamos entrar, vou lhe servir um chá."

Morgana sai de sua forma de fada e Daphne faz o mesmo, por um momento ninguém faz nada, ambas tentando pegar dicas dos aspectos de personalidade da outra através de suas roupas humanas.

É a rainha quem quebra a reflexão primeiro, andando para dentro da casa e guiando Daphne pela propriedade.

É uma agradável surpresa ver a facilidade com que a rainha se move pela casa, isso junto com a decoração indica que ela de fato mora lá. Que ela, a rainha da Terra, escolheu morar numa simples cabana no meio da floresta.

A pequena Roxy ainda dormia pacificamente em seus braços, mas pelo que Daphne podia sentir a magia do encantamento estava se firmando nela, ainda era necessário mias algum tempo para o vínculo se firmar.

Enquanto isso, era hora de Daphne ter respostas sobre a magia da Terra e agora, de sua nova afilhada.

 

 

Chapter 12: Pré-queda

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É engraçado como a vida funciona, como cada ação tem suas consequências, como cada escolha reflete em algo ou alguém.

Daphne teve a escolha de abandonar sua irmã ou protegê-la na Terra, uma escolha que ela repetiria eternamente, mas isso trouxe suas consequências.

Ela não sabia o que havia levado seus pais, só sabia que algo criou um vácuo no seu vínculo com eles; não sabia o que havia acontecido com suas ninfas, nem se haviam mais mortes; não sabia o que tinha acontecido com suas amigas; não sabia o que tinha acontecido com seu povo e com seu planeta; nem o que tinha acontecido com sua afilhada e muito menos o que tinha acontecido com o resto da dimensão mágica.

Ela devia saber isso. Deveria ser ela a dar as resposta para todas essas perguntas. Deveria ser ela na linha de frente da guerra.

Deveria ser ela, a ninfa suprema de Magix, a liderar e proteger a dimensão mágica e o legado do Dragão. E ironicamente tudo que ela fez desde que os escudos de Dominó caíram protegeu a dimensão mágica. Se ela não tivesse carregado o núcleo de Dominó, então a dimensão entraria em desequilíbrio, se ela não tivesse protegido Blom então toda a magia teria caído e se ela não estivesse viva então as ninfas ficariam sem uma guia mágica e novamente a dimensão ruiria.

Sua escolha de deixar Dominó, a impediu de cumprir seu dever de lutar por Dominó.

A impediu de saber e de agir.

Garantiu que sua irmã, que até onde ela sabia era a única outra sobrevivente de Dominó, estivesse viva e segura.

A manteve longe de sua afilhada, longe de seu papel juramentado.

Lhe deu uma segunda afilhada. E um novo reino para cuidar ou pelo menos para manter o legado seguro.

Ela falhou antes, não por vontade ou inaptidão, mas por causa das condições a seu redor.

Ela não falharia de novo, nem com Bloom e nem com Roxy e muito menos com a Terra.

Ela não podia se expor e lutar diretamente pela Terra, isso seria arriscar demais, então ela garantiria que a herdeira e última fada do planeta permanecesse segura.

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Ela não conteve a empolgação quando chegou em casa e pela primeira vez em meses pode usar sua magia plenamente.

Ela não conteve sua empolgação quando pegou sua irmã em seus braços e voou em círculos pelo apartamento.

Nem se conteve quando fez seis criais elementares para Bloom.

E muito menos se conteve quando fortaleceu o bracelete protetor da pequena princesinha.

E se conteve menos ainda quando pegou uma brasa da lareira em suas mãos e depois de meses sentiu a energia do fogo correndo por suas veias, alimentando o fogo e exibindo sua própria chama interior.

E se conteve menos ainda quando pegou uma brasa da lareira em suas mãos e depois de meses sentiu a energia do fogo correndo por suas veias, alimentando o fogo e exibindo sua própria chama interior

Era como se depois de meses ela finalmente pudesse respirar,

Como se finalmente seus pulmões estivessem sugando todo o oxigênio que podiam,

Como se ela não andasse há messes e finalmente conseguisse correr.

Era libertador.

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Parecia que o grande dragão havia planejado isso.

Bem quando Daphne podia usar magia de novo, Bloom começou a mostrar sua mágica também.

Daphne fez questão de fazer um bracelete protetor para que ele acumulasse a magia que Blom soltava no ambiente. Ela funcionaria como uma bateria quando ela começasse a usar conscientemente e esconderia seu rastro até lá.

Além disso, a pulseira poderia agir como um escudo para ela e quem estivesse próximo a ela. Era como o bracelete de Selene, mas com a possibilidade de adicionar outros encantos diferentes.

Acordar sentindo a cama quente (quase pegando fogo) tinha se tornada um padrão quando dormia com Bloom. Uma cortina pegando fogo quando ela estava irritada. O quarto ficando desprovido de calor quando ela estava triste. Ver os desenhos dela se movendo sozinhos também. Os brinquedos andando pela casa também e, até mesmo, o armário sendo aberto e comida que ela queria cair sozinha no chão também era comum.

Daphne ria toda vez com esse último. Embora, fosse um bom sinal de que Bloom estivesse manifestando magia tão controlada. Com a magia selvagem na Terra, era um bom sinal que a magia de Bloom não estivesse selvagem também.

Se aos três anos, ela filtrava a magia bem assim, quando ela começasse a treinar magia apropriadamente ela seria imparável. Era também um sinal para sua afilhada, ela passaria a notícia para Morgana, a rainha estava com medo de Roxy ter ataques de magia acidental muito descontrolados.

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Daphne visitava sua afilhada a cada quinzena, em dias diferentes, para evitar um padrão.

A rainha não pareceu incomodada com a inconstância e até deixou Daphne na casa com Roxy quando precisou ir para uma reunião com as fadas da Terra.

Seu vínculo com a pequena fada crescia a cada visita e ela chegou até a conhecer o pai da pequena princesa.

Ele era um humano simpático e gentil, embora fosse mais rude do que Mike, mais parecido com a maioria dos homens. Algo nele parecia errado para ela.

Ela não deu muita importância a ele, não era a ele ou a rainha que ela estava ligada, era a pequena fada que detinha essa ligação, foi para ela que Daphne garantiu sua proteção.

Foi para ela que Daphne deu um bracelete igual ao que sua irmã usava sempre. Era a pequena Roxy que a cada dia ficava mais forte e mais em perigo de ser descoberta.

Daphne sabia disso.

Morgana sabia disso.

Foi por isso que Daphne foi posta no testamento de Morgana como guardiã de Roxy caso algo acontecesse com ambos os pais e foi por isso que a casa deles ganhou uma proteção dominiana.

Nada além de uma fada poderia usar magia ali, ela estaria segura contra os bruxos, eles não deveriam chegar perto dela, não poderiam tocá-la, não poderiam usar magia nela, não poderiam usar magia contra ela e não saberiam como tirar o feitiço.

O preço disso foi parte da magia de Morgana, o único elo de sangue mágico que Roxy possuía.

Morgana concordou com o ritual assim que Daphne a informou.

Em Dominó, em casa, sempre havia um sussurro pelos corredores, sempre que um retrato ou manifestação decidia se fazer conhecido e Daphne se permitia ouvi-los, eles sussurravam a mesma frase.

A linhagem deve sobreviver.

Oito galáxias de distância e a rainha da Terra compartilhava o mesmo ideal que Daphne.

Roxy sobreviveria, assim como Bloom, suas protetoras garantiriam isso.

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Seus dias passaram tão rápido quando piscar e logo a euforia de usar sua magia passou.

Com isso veio a percepção que a maldição ainda estava ativa e sugando lentamente grão em grão de sua magia de tal forma que ela normalmente não perceberia até ser tarde demais.

Ela deliberadamente ignorou esse fato.

Lysissis pode ter sido uma excelente bruxa, mas Daphne era uma Fyre.

Ela aguentaria até quando não pudesse e se esse dia chegasse, ela acharia outro jeito.

Enquanto isso ela educaria sua irmã e garantiria uma vida boa na Terra;

Todo dia era uma repetição do outro, cuidar e andar com Bloom, passar para dar oi a Mike e Vanessa, verificar as lojas que ela financiou e ler sobre a história da Terra.

Ela tinha magia, a irmã, amigos, um empreendimento, uma casa. Ela tinha tudo que um humano desejaria.

Ela não era humana e nunca poderia ser, não foi criada para ser isso. E não poderia criar sua irmã para ser isso, seria como ensinar Bloom o que era ser de Zenith, era impossível quando a própria Daphne não era de lá.

Daphne queria viajar, conhecer os diferentes lugares que apareciam nos livros de história, conhecer as partes escondidas da história, queria encontrar as maravilhas secretas do planeta, abrir as asas no pico mais alto e sentir o frio batendo em sua pele, queria chegar perto do calor de um vulcão e permitir que sua magia fluísse.

O luto batia nessas horas, pois para quem iria contar sobre suas aventuras, quem iria ouvir e compartilhar as deles em troca.

Daphne tinha duas famílias, de sangue e de destino. Tinha um reino, um dever, um grupo para amar e zelar, amigas, aliados, um elo com a magia. E depois passou a não ter quase nenhum deles.

E de brinde ainda ganhou a culpa de sobrevivente.

Depois que ela superou sua euforia da descoberta das fadas da terra, ela começou a refletir sobre que tipo de vida sua irmãzinha levava, e quão segura ela realmente está - a Terra foi isolada da Dimensão Magix pelo decreto do Conselho da Luz depois que o reino das Fadas da Terra desapareceu, com vestígios de magia negra persistente e a destruição visível do reino e vários enclaves para fadas.

Isso levou o Conselho da Luz a acreditar que ainda havia caçadores de fadas à solta. Para proteger todos os outros reinos, a Terra deveria ser isolada, para sua própria segurança.

Ou seja, não havia ninguém para contar a ela como estava seu planeta e ela não podia sair do planeta sem perder a proteção de Morgana.

Tudo que ela tinha eram duas pequenas princesas sem reino.

E o interminável tédio.

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Ela passou menos de uma ano com a afilhada, mas ela já amava a pequenina como parte da família. Ela era um excelente adição, a criança era alegre energética, uma pequena criadora de caos que adorava animais. Daphne tinha até uma ideia de para onde sua magia tenderia quando ela fosse mais velha.

Um dia ela chegou para visitar e encontrou a pequena andando em direção a ela segurando a mão da mãe e Daphne a girou do ar em comemoração. A pequena fada a tinha enrolada no dedinho. Até mesmo a mãe dela atendia a cada pequeno desejo dela.

O cãozinho que tentava morder seus sapatos era uma prova disso. Embora ele fosse uma graça, ele era bem encrenqueiro.

Daphne absolutamente adorou. Talvez ela adotar um animalzinho também, com certeza Bloom adoraria.

 Talvez ela adotar um animalzinho também, com certeza Bloom adoraria

 

Chapter 13: Queda

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A vida foi tranquila por meses, ela conseguiu cuidar de tudo, depois de cuidar de uma corte real, era fácil lidar com a burocracia da Terra, mas surgiu um problema.

Tédio.

Tédio era algo que você deseja apenas ao seu pior inimigo.

Algo tão simples para qualquer um, mas para um dominiano era um sinal. Era hora de buscar a próxima aventura e se Daphne confiasse em sua experiência passada, o que ela fazia, significava que algo estava prestes a acontecer.

Ela tentou lutar contra o tédio, mas dia após dia, ele voltava e ela odiava isso.

Chegou ao ponto em que Mike e Vanessa finalmente acharam que ela havia enlouquecido, o que só piorou quando ela falou do motivo.

Aparentemente tentar combater o tédio com dias seguidos de atividades extenuantes era algo peculiar para a Terra. Eles chegaram até o ponto de sugerir um curandeiro de mentes, um psicólogo, como era chamado na Terra. Mas vamos lá, o que ela diria?

Oi, eu sou Daphne ninfa da dimensão mágica, primeira princesa de Dominó e protetora da fonte de magia do universo. Meu reino, família, amigos e magia foram atacados, eu posso ser a única dominiana adulta restante, estou criando minha irmã e tentando entender como agir como uma humana? Ela seria considerada louca, o que seria incrivelmente inconveniente.

Sua única opção era se esconder atrás do luto, foi por isso que ela engoliu o choro quando explicou que seus pais eram aventureiros e destemidos e costumavam procurar por aventuras sempre que o tédio batia.

Não era mentira, mas não era a verdade.

A verdade era que seus pais eram líderes poderosos de um planeta mágico que tinham um senso de aventura igualado ao senso de dever e que saiam para explorar planetas diferentes e lutar contra bruxas.

Ela chegou em um ponto em que até mesmo as aulas de artes marciais terrestres pareciam chatas. E só para piorar, toda vez que o tédio batia, ela se lembrava das amigas. Seriam elas que inventariam projetos ou coisas para estudar, seriam elas quem a ajudariam a sair do tédio e estariam ao lado dela em qualquer atividade que ela inventasse.

Infelizmente, Daphne não tinha nem as amigas e nem a família ao lado dela, então ela teve que inovar. Artes marciais rapidamente ficam chatas, quando se entende a base delas, então ela diversificou.

No final, ela começou aulas de idiomas e de culinária também. Afinal Bloom merecia comer como uma princesa e seria útil saber algumas línguas da Terra.

Ela até começou a ensinar Bloom algumas palavras em outros idiomas. Mas a pequena fada ainda está na fase de desenhos e brincadeiras, haverá tempo para ela aprender a falar outras línguas. 

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Cedo demais, ela começa a lamentar o tédio que sentia. Seus instintos nunca a deixaram na mão e dessa vez não foi exceção.

Se algo de errado pode acontecer, então vai acontecer.

Morgana tinha dito que isso era uma expressão da terra, mas era mais que isso. era um presságio e ensinamento.

Pouco depois de Roxy começar a mostrar magia, a rainha das fadas caiu, ela sentiu as proteções da casa serem atacadas serem atacadas, mas como previsto elas permaneceram de pé.

A casa de Morgana foi atacada e quando Daphne chegou lá, a rainha estava cercada por um furacão mágico. Klaus no chão inconsciente.

Artur latindo da porta de casa, mas graças ao grande Dragão, Roxy estava dentro de casa, no berço.

Daphne nem pode ajudar Morgana e só houve tempo suficiente para Morgana abrir um elo telepático por breves segundos antes do furacão a levar embora.

"Não lute! Deixe-os ir e proteja minha filha. Só ela pode nos libertar!"

Três frases foi tudo o que a rainha pode dizer antes de os bruxos sumissem junto com ela, pois haviam concluído o objetivo deles. Eles prenderam todas as fadas da Terra. Bem todas, menos Roxy. A pequena ainda segura dentro das proteções dominianas.

Ela só entendeu que até mesmo suas amigas da Terra foram capturadas quando viu suas armas no chão, elas não fugiriam enquanto a rainha estava ameaçada e parece que eles as levaram junto com a rainha.

As proteções permaneceram, mas Morgana não. Ela foi capturada pelos bruxos e pelo que Daphne podia perceber no local, ela também teve suas assas destruídas. Só de pensar nisso dava-lhe calafrios. As assas eram mais que uma forma mágica, eram como um sexto membro, perdê-las significava passar por todo o seu crescimento de novo, o que para uma fada adulta significava uma dor excruciante.

Fora isso, as outras fadas guerreiras também foram capturadas, nenhuma fada vivia mais na Terra, até mesmo o santuário na Groelândia estava vazio.

Novamente a população de um planeta foi atacada e Daphne não pode ajudar. Nem estava por perto para tentar. E mesmo assim, mesmo que reconhecidamente não houvesse muito que ela pudesse ter feito, a culpa ainda a consumiu. Aquilo a fez lembrar de Linfea, e de Dominó e de Serenia, de Magix, do oceano infinito, de Melody, Solaria, Andros, Dyamond.

Deixando Daphne novamente como a última fada adulta de um planeta e a última linha de defesa de um pequena princesa.

E dessa vez ela tinha um empecilho, o pai da pequena.

Ou seja, ela não poderia manter Roxy segura em sua casa sob suas proteções de sangue.

Os bruxos sabiam a localização da casa, e não precisava ser um gênio para perceber que eles iriam procurar por la assim que recuperarem as forças.

E com o aniversário da princesinha chegando, sua força iria aumentar e irá confirmar o que os bruxos provavelmente já sabem. Ainda há uma fada na Terra.

E Daphne tem um dever para consigo mesma, com a mãe da pequena, com o juramento que fez a magia e com a pequena princesa que ela guarda. Roxy mantém a magia da Terra estável, ela mantém o equilíbrio com sua simples existência, o dom da harmonia agora é dela e Daphne comeria a própria mão antes de deixar algo acontecer com ela.

Ela só vai ter que dar um jeito de esconder a presença de Roxy. Porque agora um pequeno deslize as significa serem perseguidas por bruxos.

 

Chapter 14: Pós-queda

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Daphne aceitou com uma graça fria o que havia acontecido. Bem, graça fria depois de um ataque de fúria e tristeza, que pode ou não ter feito ela evaporar uma piscina.

Mas depois que ela aceitou, ela começou a reorganizar sua vida novamente. Com Bloom já na fase de pré-escola, ela tinha as manhãs para treinar e ir as aulas de idiomas, e verificar suas lojas sócias. Agora ela tinha uma pequena companheira de novo.

A maldita maldição de esquecimento dos bruxos afetou demais a pequena e o pai dela. E ela nem podia fazer nada pelo pai agora, os bruxos iriam rondar Klaus e se percebessem que a maldição tinha sumido ou mesmo sido adulterada, eles iriam investigar a vida dele e aí iriam descobrir Roxy. Já foi sorte que eles não haviam descoberto ela ainda. E mesmo sem estar amaldiçoada, Roxy sentia a energia errada na casa, o que devastou Daphne, pois não havia nada que ela pudesse fazer sem por Roxy em risco.

Assistir Morgana sumir de todas as fotos e memórias recentes da família dela já foi perturbador o suficiente. Ela não poderia por Roxy em risco, não era o que Morgana queria.

E o pai de sua afilhada estava mostrando suas cores. Ela ficou seriamente tentada a mandá-lo para outro lugar, mas ela não queria tirar o único pai que sua afilhada tinha, não importa o quão ruim seja ele no papel. O pior era que ele não era um pessoa má, ele só não era um pai emocionalmente presente ou presente de modo geral, inclusive.

A negligência dele tinha um lado positivo, no entanto, ele ficou extremamente feliz em não ter que contratar babás para a pequena Roxy, feliz em deixar Daphne ficar com ela durante os dias e as vezes durante a noite. 

Ele podia tentar dizer que era para que Roxy não sentisse falta de uma presença feminina, mas a aura dele não mentia. Ele só não queria ter que ficar com ela e poder ficar no bar.

Bem, a pequena princesa ficará melhor com ela, ainda mais agora que ela era provavelmente a única fada adulta na Terra.

E sem saber a pequena Roxy ganhou uma irmã mais velha. Bloom adorava Roxy e o cachorrinho dela também. Ela queria estar sempre do lado dela e criava brincadeiras para a pequena participar. Ela até mesmo tentava empurrar Roxy no balanço quando iam a praça.

A pequena parece ter saído de seu humor triste com a presença de Bloom. Porque depois de duas semana segurando uma criança chorando querendo a mãe, Daphne começou a chorar junto. 

Era irônico que ela tivesse literalmente o mesmo problema que a pequena, ambas tiveram as mães arrancadas delas abruptamente. Pelo menos Daphne, era adulta e conseguia processar a tristeza.

Felizmente, Bloom, graças ao grande dragão, foi ao resgate. Ela nunca tinha ficado tão orgulhosa da irmã quanto naquele momento. Sua irmãzinha já tinha crescido o suficiente para tentar ajudar Roxy. E, um abraço de crianças sempre é fofo de se ver.

Depois disso, Roxy só chorava até que alguém fosse ficar do lado dela, o que era bem gerenciável. Ainda mais com a rotina de sono perfeito dela.

Até mesmo quando ela estava treinando, tudo que ela precisava era deixá-la no cercado no canto da sala, onde ela podia vê-la. A parte mais complicada foi convencer o dono a instalar o cercado, mas humanos nunca recusam dinheiro e Daphne tinha uma boa quantia.

Vanessa e Mike inicialmente estavam bem curiosos sobre de onde Daphne tinha arranjado mais uma criança, mas quando Daphne explicou que a mãe dela estava desaparecida e ela era sua madrinha, eles aceitaram até relativamente fácil.

Eles pareciam adorar crianças em casa e o caos que elas geravam, o que Daphne achava lindo. Era uma pena que eles não tivessem tido filhos, eles teriam sido ótimos para qualquer criança.

Vanessa especialmente parecia adorar a bebê, inclusive levando ela para ficar na loja por algumas horas quando Daphne não podia ficar com ela e Klaus estava trabalhando. Não que Klaus soubesse disso, ele ficaria preocupado se soubesse já que não conhecia Vanessa.

Mas ele achou por bem deixar a filha com ela e Daphne confiava em Vanessa o suficiente para deixar Bloom com ela, ela confiaria em Vanessa com Roxy também, era justo.

E assim que Klaus decidisse começar a cuidar da filha, Daphne lhe apresentaria Mike e Vanessa.

Por enquanto, Klaus ainda era um pouco distante da filha e priorizava o trabalho, então Daphne cuidaria de sua afilhada da mesma forma que cuidou da irmã.

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Ela mal podia acreditar que Roxy já ia fazer dois anos, fazia um ano e meio desde que ela virou sua madrinha e 1 ano desde que ela começou a cuidar de Roxy. E como ela havia crescido.

Até mesmo o cabelo da pequena estava enorme. Era normal o cabelo das fadas crescer muito rápido, então se tornou habitual as fadas deixarem o cabelo comprido. E o da pequena crescia tão rápido quanto o de Bloom e logo seria hora de cortar pela primeira vez. Ela faria questão de guardar o que fosse guardado para o dia que pudesse dar para Morgana.

O cachorrinho, Arthur, também havia crescido, ele agora chegava na altura de Roxy e era bem protetor com ela. Mas também, era bastante carinhoso e aceitou Blom muito bem, o que agradou a Daphne.

A pequena agora falava e andava mais firmemente. Ela seguia Bloom como um patinho e ficava irritada quando Bloom ia brincar com as amigas da escolinha e não com ela.

E a nova melhor amiga de Bloom era a pior segundo Roxy. Embora ela fosse uma menina doce e energética. Daphne aprovou totalmente a nova amizade de Bloom, ela só tinha que sair mais com Roxy e Bloom juntas para equilibrar a balança de amigos e familiares.

Ela geralmente ia para um lago que descobriu enquanto corria com Mike. Não tinha muita gente e tinha bastante espaço para as crianças e o cachorro.

E esse lago não tinha microrganismos hostis, ursos errantes, cobras escondidas ou nenhum tipo de animal nocivo. O que era perfeito para Daphne, ela não conhecia a fauna terráquea perfeitamente e não sabia se alguma substância da Terra seria nociva para Bloom como dominiana ou até mesmo para Roxy, mesmo que ela fosse terráquea.

 O que era perfeito para Daphne, ela não conhecia a fauna terráquea perfeitamente e não sabia se alguma substância da Terra seria nociva para Bloom como dominiana ou até mesmo para Roxy, mesmo que ela fosse terráquea

Ela inclusive ia sozinha para aquele lago, quando precisava clarear a mente. Como não havia muitas pessoas, ela podia usar sua magia e ficar lá por horas.

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Com o tempo, um ano e meio, a vida caiu em uma rotina de novo.

Uma vez por semana ela ia na padaria de Ana, que fez muito sucesso na vizinhança. Inclusive Daphne estava fazendo planos com Ana sobre abrir uma filial em outro bairro.

Ela usou o mesmo contrato de sociedade que fez com Ana e ajudou a abrir uma sorveteria. A dona, Emily, tinha uma receita de família e ideias ótimas. Logo elas duplicarão os lucros e Emily vai poder fazer sua frota de carros de sorvete.

Então um dia ela ia na padaria e outro dia ia na sorveteria. Três vezes na semana ela ia treinar e outras duas vezes ela ia para a aula de espanhol e chinês. Ela até levava Bloom e Roxy junto, o horário da turma infantil era o mesmo que o dela, o que era perfeito. E convencer Klaus não foi nada difícil, nesse ponto o próprio aprendeu a confiar nas decisões de Daphne e a deixava fazer o que queria. Ele havia superado sua fase melancólica e Daphne não se ressentia dele.

Como poderia, quando sabia que era culpa da maldição, ele estava de luto e não sabia por quê. Ele não lembrava de Morgana e as memórias dos últimos anos foi adulterada, era normal ele estar melancólico. E ele não fez nada que atrapalhasse seu tempo com Roxy. Ele havia aceitado que Daphne cuidaria dela como parte de sua própria família, embora Daphne achasse que a conversa dele com Mike tenha sido o que o fez confiar nela. Provavelmente ele achava que Daphne se identificava com a pequena, já que ela havia perdido os pais do jeito que Roxy perdeu a mãe.

E Daphne não reclamou, se ele quisesse mais tempo com a filha, ela mudaria sua rotina e faria isso acontecer, ela não afastaria Roxy do pai sem ele ter feito nada. Embora o problema era ele não ter feito nada.

E quando ela não estava com Roxy, ela ficava exclusivamente com Bloom, sua irmãzinha não teria motivos para ter ciúmes de sua afilhada. Mesmo que pelo jeito que Bloom agia com Roxy ela nãos e importava nenhum pouco com Daphne cuidado de Roxy.

E Daphne fazia questão de deixar as duas próximas, por Bloom estar na escolinha, elas tinham menos tempo juntas então nos fins de semana, Daphne as levava para o lago com Mike e Vanessa para passar o dia lá, nadar e almoçar na grama.

A vida era boa. Quase idílica.

Não houve ação dos bruxos, nem das três desencarnadas, nem de Valtor. Nem sinal de Egerya, mas nesse ponto, Daphne já tinha desistido de procurar. Egerya não queria ser encontrada e não seria encontrada nem por outra ninfa.

E pela primeira vez desde que deixou Dominó, Daphne estava em paz. Sem tédio, sem inquietação, sem sentir magia potencialmente hostil, sem sentir culpa ou tristeza. Apenas paz.

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Então, o que você achou desse capitulo? Adoraria um feedback.

Tem alguma ideia que ache legal para essa história? a parte na Terra está quase acabando, a hora de falar é agora.

 

Chapter 15: Normalidade

Chapter Text

Todas as fadas manifestam magia acidental.

Nos primeiros anos de vida, as emoções controlam a magia. Isso é um fato.

Planetas com magia selvagem geram explosões mágicas mais fortes. Também é um fato.

Linhagens mágicas antigas, que prosperaram adequadamente, geram fadas cada vez mais fortes. Mais um fato.

É comum que famílias reais tenham pessoas com magias fortes. Outro fato.

Fadas tendem a mostrar magia acidental quando passam de sua primeira década de vida. Isso também é um fato.

Daphne é responsável por uma criança de cinco anos e uma de dois que diariamente fazem magia acidental. Desafiando a tendência do resto da população no processo. Isso também é um fato.

A cozinha está pegando fogo e as ditas crianças estão comendo biscoitos. Esse é outro fato.

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Fogo não assusta aqueles que cresceram em uma cultura baseada em fogo. Daphne sentia conforto em meio as chamas, como ela teria medo do seu poder primordial, da coisa que estava presente e sua primeira memória?

O fogo não foi o problema, a fada da Terra em meio a ele foi, no entanto, o maior problema de verdade foi os bombeiros.

Para um grupo treinado para lidar com as chamas, eles eram bastante medrosos em relação a elas. Daphne não se via em lugar de julgamento, não quando em um ponto de sua vida ela dormia em meio ao fogo, nem quando tinha resistência ao calor e pulmões que impermeáveis aos gases tóxicos.

Mesmo assim, ir ao hospital foi completamente desnecessário em sua opinião pessoal. Pelo menos, deu para ver Meredith em seu local de conforto.

E ajudou que ela tivesse tutela parcial de Roxy.  

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 Depois do fogo, Daphne decidiu começar a anotar cada pequeno incidente. Em dois cadernos escondidos na casa e escritos na linguagem antiga de Dominó. Ninguém da Terra entenderia e ninguém de Magix o faria também. Nem mesmo a companhia da luz havia se dado ao trabalho de aprender tal linguagem arcaica.

Então toda vez que uma pequena pelúcia se mexia ou um ambiente ficava mais quente ou sem calor nenhum de repente, ou cortina pegava fogo, uma porta abria sozinha, pássaros que entravam e pegavam coisas do alto, guaxinins que puxavam carinhos de brinquedo, lápis colorindo desenhos sozinhos, planta que crescia do dia para a noite, galho de arvore que entrava pela janela, comida que mudava de cor, flauta que tocava sozinha, cabelo que crescia metros ou criança que desenhava no teto. Tudo isso, era meticulosamente anotado.

Junto ao caderno, Daphne teve que criar outra coisa. Uma alteração da barreira protetora que revestia sua casa, para que a magia das pequenas não fosse rastreável. E para tornar eficiente, ela teve que criar um variante que aderisse aos feitiços das pulseiras das meninas.

Foi um ótimo exemplo do porquê ela não sentia mais tédio.

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Acontece que Daphne não precisava mais pensar em conseguir um animal de estimação para Bloom, não quando a própria havia resolvido o problema.

Com toda a honestidade, Daphne devia ter visto isso chegando. Roxy sempre levava Arthu para onde quer que fosse, o cachorro adorava Roxy e Daphne presenciou momentos em que parecia que ele entendia o que Roxy queria que ele fizesse instantaneamente. Poderia ser um tipo de magia que Roxy estava usando sem saber, mas parecia algo mais.

E Bloom, a doce e querida criança, não ia ficar de fora. Daphne estava seriamente considerando adotar um cachorro, até para fazer companhia a Arthu quando Roxy começasse a ir para a escola.

Bloom veio com a solução, ela conheceu um coelho em uma loja de animais e não esqueceu desse coelho por dois dias inteiros. Daphne comprou o coelho, mesmo que soubesse que outro cachorro seria melhor para elas, mas o coelho cinza era o que Bloom havia gostada e era isso que importava.

Felizmente Roxy ajudou, ela fez Arthu ficar perto do coelho enquanto ele estava na mão dela e parecia que Arthu não atacaria o coelho. Pelo menos, era o que ela esperava do fundo do coração, pois ambas as crianças ficariam arrasadas.

Uma semana depois, o coelho subia em Arthu e ficava em suas costas enquanto ele andava pela casa.

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Ela foi convidada a um casamento, sua amiga Meredith iria se casar com outro médico cirurgião, na opinião de Daphne, Meredith tinha algo potencialmente lindo, mas que precisava de alguns consertos.

Daphne usou um vestido prata com azul que fazia padrões de ondas.

Ela colocou suas meninas em vestidos lindos dignos das princesas que elas eram

Ela colocou suas meninas em vestidos lindos dignos das princesas que elas eram. Trançou seus cabelos com enfeites brilhantes que combinavam com suas pulseiras e até comprou um par de brincos combinando para as duas.

Ela pediu a Vanessa para explicar como funcionava os casamentos, já que nunca tinha ido a um desde que era muito jovem. 

Elas chegaram, se sentaram no lado da noiva, e aguardaram. Apenas para ver Meredith ao lado da noiva, que acabou por seu uma de suas amigas médicas. 

Daphne conteve o riso com aquilo, era algo caótico o suficiente para ser apropriado para a vida de sua amiga. 

Infelizmente, ela sentiu que a doutora Izzie estava doente. Seu corpo estava lutando ativamente contra ela. E Daphne passou o resto do casamento pensando em como poderia pelo menos retardar aquela mutação. 

Quando a cerimônia terminou e suas meninas quiseram ir ao banheiro, Daphne puxou sua magia e começou a torcer nós.

Ela criou sua própria mutação, uma que reforçaria o sistema de defesa nativo de Izzie e conteria a mutação nociva dela, pelo menos o suficiente para que qualquer tratamento que ela estava usando funcionasse. 

 

 

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Depois do casamento, Daphne foi atingida pela inspiração. Pela segunda vez na Terra.

Ela começou a se sentar no chão a noite, quando as meninas dormiam, para criar feitiços defensivos, que era sua especialidade.

Daphne já havia criado vários, mas ela precisava que eles funcionassem de outro jeito agora. Eles precisavam ser discretos e poderosos, precisavam ser fortes o suficiente para não precisarem de feitiços de apoio e precisavam ser sutis em relação aos feitiços usados em Magix, que transbordavam de magia.

Ela começou a passar horas testando e melhorando seus feitiços e depois começou a escrevê-los, junto com todos os outros que sabia, em seu próprio grimório. E, só para deixar mais seguro, ela pôs uma trava de intenção, o livro, além de estar em dominiano, não poderia ser aberto para ferir sua irmã ou afilhada, ou qualquer um ligado a elas.

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Então, o que você achou desse capitulo? Adoraria um feedback.

 

Aviso: Eu não tenho absolumente nenhum conhecimento sobre tutela ou guarda de uma criança. Se você souber e achar errado o que escrevi, me avise que eu corrigirei. Obrigada pela atenção.

 

 

 

Chapter 16: Tempo na Terra

Chapter Text

Daphne debateu por muito tempo sobre o que fazer?

Suas meninas agora estavam tendo aulas diariamente, chegando em casa só ao fim das tardes.

Isso deixou Daphne com muito tempo livre. O que para alguém como ela era terrível. Daphne sempre se manteve ocupada, lutando, treinando, aprendendo idiomas, política, história, magia. Ela havia se dedicado a história da magia, tanto para aplicação prática em suas buscas por novas magias, quanto para conhecimento teórico. Então, ela decidiu seguir a mesma linha de estudos.

Ela já havia aprendido cinco línguas da Terra e três estilos de artes marciais, além de estar fazendo aulas de culinária. E agora ela iria estudar história da Terra.

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"Muito tempo atrás, um rei teve dois filhos gêmeos que ele amava muito. Por serem gêmeos, eles compartilhavam tudo que tinham, tinham as mesmas aulas, os mesmos amigos, usavam roupas parecidas e tinham magias iguais"

"Eles eram bruxos, Daph?", a pequena fada de cabelo roxo pergunta, a voz pingando sono.

"Não, eles eram fadas. Um tipo bem raro de fada, minha querida. Por isso, o velho rei era tão cuidadoso com eles. Os príncipes cresceram e o tempo passou, e logo chegou a hora de escolher um herdeiro, mas o reino só podia ter um rei e ele tinha dois filhos. Então, o velho rei decidiu dividir seu reino, metade para cada filho, e seus filhos se tornaram reis justos e sábios. Os novos reis governaram por muito tempo e seus descendentes fizeram o mesmo, e por muito tempo houve paz. Mas então, um rei decidiu que seu reino era melhor e, portanto, deveria ser o único reino e ele começou uma guerra por causa disso."

"Mas Daph, ele estava errado, o outro reino não era dele."

"Eu sei, querida Bloom, e foi isso que o outro reino acreditou também, por isso eles lutaram. Mas, não se preocupe, pois o rei perdeu, ele não poderia ganhar do outro reino, não quando eles eram tão parecidos. Só que depois que o rei começou a guerra, os dois reinos passaram a não gostar um do outro e eles ficaram separados, por muito, muito tempo. Até que-"

"Até que oque? Me diz, me dizzzzzzzz!", Blom pula na cama, ansiosa pelo fim da história. Daphne riu enquanto a puxava para descansar em seu braço novamente.

"Até que um dia, um príncipe e uma princesa se conheceram."

"E entãaaaaaaaaaao?"

"E então, eles se casaram e viveram felizes para sempre."

"Nãaaaoooo, não pode terminar assim. Daphne, diz que não termina assim"

"Tudo bem, não termina assim", Daphne diz rindo baixinho com Roxy. "Na verdade, eles eram inimigos, se odiavam, competiam por tudo. Um dia, eles tiveram que domar um dragão selvagem juntos e eles competiram para ver quem conseguia primeiro, só que eles não podiam ganhar sozinhos, eles tinham que trabalhar juntos, e eles perceberam que eles trabalhavam bem juntos, tão bem que foram os primeiros a conseguir domar o grande dragão selvagem."

Daphne faz uma pausa dramática, deixando até a geralmente calma Roxy mexendo as mãos em antecipação.

"E eles descobriram que juntos eles eram melhores e o ódio virou amor, e então o príncipe a princesa se casaram e uniram os dois países em um só. E deles veio uma era de paz e magia para todo o novo unificado país e entãaaao eles viveram felizes para sempre."

"Gostei da história, Daphne"

"Eu também gosto muito dessa história, Roxy. Agora durmam, as duas"

"Tem mais não tem?"

"Toda história sempre tem mais, amore. Em breve eu conto o resto."

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Daphne encostou a cabeça na parede assim que saiu do quarto das meninas. Aquela história mexeu mais com ela do que ela imaginava.

Trouxe lembranças de seus pais com força total.

Faziam quatro anos desde que ela havia chegado à Terra, quatro anos sem notícias de casa, sem contato com ninguém de sua antiga vida;

Quatro anos sem saber se ela era órfã ou não, acordando todos os dias esperando sentir uma fagulha no seu vínculo com eles;

Quatro anos sem saber o que havia acontecido com suas amigas;

Quatro anos sem saber o que foi que aconteceu com suas ninfas;

Quatro anos sem saber o que houve com seu planeta.

Quatro anos que se passaram rápido demais

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Para evitar cair em humores deprimentes, Daphne fez o que sempre funcionou. Se ocupou.

Ela se inscreveu em mais aulas na faculdade, passou mais tempo estudante se mantendo ocupada.

Isso teve um excelente ponto positivo, ela começou a tirar notas mais altas na faculdade. Ter várias coisas para fazer era sua zona de conforto e ela funcionava melhor assim.

Com pouco tempo, ela começou a participar de palestras, simpósios, mesas redondas, até se inscreveu em um clube de estudantes.

Quando necessário, ela levava mais coisas para estudar em casa e, assim, Daphne superou a melancolia e o tédio.

Tudo sem precisar explicar para uma psicóloga sua vida inteira. Nenhum psicóloga escutaria ela falar sobre ser uma fada sem a chamar de louca.

 

Chapter 17: Amigos e legada

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Daphne chegou na Terra com pouco mais de 19 anos, uma ninfa formada e treinada, com o manto de ninfa suprema, guardiã da chama do grande dragão, herdeira aparente dos reinos de Dominó, historiadora de Magix, ninfa de Sirenix, da dimensão mágica e de Dominó e fada guardiã dos dois últimos.

E se tudo desse certo, ela adicionaria bacharel em história terráquea junto com um segundo título de fada madrinha, faixa preta de jiu jitsu e confeiteira.

O primeiro era o que lhe causava mais estresse, não pelo assunto ou pelo trabalho de estudar tantas coisas, mas pelo fato de que faltava o fator cultural para entender tudo. Ela já havia estudado história de outros planetas, mas as pessoas a ajudavam, não era tudo tratado como conhecimento comum, eles sabiam que ela era de outro lugar e tentavam ensinar.

E, embora, ela pudesse ter alegado ser de outro país, esse detalhe só chamaria atenção e Daphne sozinha já chamava atenção.

Ela era demais. Muito loira, muito alta, muito magra, muito inteligente, calma, pacifista, organizada, analítica. Tudo seria muito bom, se ela não fosse uma refugiada secreta escondendo a essência fundamental do universo, a Chama do Dragão dentro de Bloom, e o último elo mágico da Terra, a última fada e princesa, que mantinha a magia acordada só por respirar, tudo a vista de todos.

Não ajudava que os humanos fossem desconfiados de bondade, o que era quase intrínseco para uma fada, também não ajudava que Daphne passou toda a vida sendo a líder, sendo uma princesa e uma política. Ironicamente, para os outros estudantes, Daphne era vista como ingênua, uma política nata com experiencia e conhecimento foi taxada como ingênua. Sua mãe teria achado isso hilário.

Mas, isto ajudou a passar o tipo de visão que faria qualquer um que estivesse procurando por ela, não considerasse que era ela. Afinal, não era possível que uma ninfa, a ninfa suprema ainda por cima, fosse ingênua e inocente.

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Demorou algumas semanas, mas Daphne achou o grupo perfeito de amigos, intercambistas e imigrantes, com personalidades extrovertidas que juntando a natureza introvertida de Daphne fariam ela sair do foco.

E só para melhorar, eles eram pessoas genuinamente boas, suas auras eram simplesmente gentis demais para o mundo humano, e divertidas. Também eram a fonte perfeita para aprender dois idiomas novos.

Júlia, era brasileira, cantava e tocava piano, era poliglota, dançava balé e tinha um cachorro adorável. Sebastián, era do Equador, pintava e também era formado em culinária.

Os dois foram essenciais para Daphne se integrar aos universitários.

Como Daphne era a única que não morava em apartamento conjunto, eles frequentemente iam a casa dela para estudar ou preparar alguma atividade da faculdade.

O que os fez conhecer suas pequenas pestes, Bloom e Roxy, e Artu e Kiko. E resultou na bagunça atual. Num minuto eles estavam pintando na sala e no próximo eles eram as telas.

Ela nunca deixaria de se surpreender com a bagunça que uma criança poderia fazer. Nunca mesmo.

Como 6 vidros de 3ml de tinta resultam em uma parede completamente manchada e roupas de quatro pessoas diferentes e um cachorro melados com um arco-íris de cores.

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Daphne descobriu que embora ela fosse horrível com plantas da Terra, sua irmã e afilhada não eram, provavelmente porque cresceram com Vanessa, que se Daphne fosse franca lembrava demais dos nativos de Linphea.

Com isso, Daphne se desafiou, toda quarta feira ela ia com as meninas para ajudar Vanessa na loja, as meninas regavam as plantas ou davam laços nos buquês e Daphne estudava aqueles vegetais odiosos.

Vanessa adorava as quartas feiras desde então, sempre alegre nesses dias e falando sobre isso aos domingos, quando jantavam juntos.

Daphne amava tudo aquilo por outro fator, a Terra era um planeta devastado pelos nativos, não havia equilíbrio entre a humanidade e a natureza. Aqueles dias com Vanessa, deu as meninas uma chance de aproveitar a flora, de se conectar com aquilo.

Desde que elas começaram a ir à loja, elas se mostraram mais respeitosas com plantas e animais, mais calmas, aprenderam que cada coisa tem seu tempo e seu lugar no ecossistema.

Para uma fada aquilo era primordial, para Daphne ensiná-las sobre o equilíbrio era passar adiante o conhecimento de sua mentora, era um jeito de manter Marabella viva. E logo ela encontraria um jeito de passar tudo que ela já havia sido ensinada e tudo o que ela havia aprendido sozinha.

Suas meninas nunca duvidariam de seu poder, de sua moral, de seus princípios e quando chegasse a hora, Daphne as faria fortes, conscientes da magia e da herança que possuíam.

Elas podem não ser suas filhas, mas Daphne as estava criando como se fossem. Ela não tinha como passar as lições que havia aprendido com seus pais, não da mesma forma, nunca da mesma forma e ela não tinha como passar o legado das fadas da Terra, não sabia o suficiente sobre a magia do planeta para ensiná-las a dominar isso e definitivamente não tinha como ensiná-las a magia da dimensão mágica, não sem estragar o disfarce cedo demais, não sem arriscar ter que lutar sozinha contra os bruxos do círculo negro e possivelmente as três desencarnações.

Então, ela procuraria outros jeitos de ensiná-las sobre equilíbrio, química, física, estratégias militares, táticas de liderança, política e tudo o que podia. E só como último recurso, no caso de nada mais que possa ser feito, Daphne criou cristais de memória. Dois pingentes que se ativados mostrariam as memórias das aulas que ela teve, os treinos mais significativos, os lugares onde poderiam se esconder, em quem poderiam confiar, as memórias dela falando para um espelho tudo dobre como elas acabaram sob sua guarda e quem ela e elas eram de verdade.

Cada pingente ficou com uma criança, amarrado nas pulseiras protetoras de cada uma. Com o tempo Daphne iria passar heranças de família e as de sua própria criação para elas, como manda os costumes de Dominó. Elas não saberiam, não até que seus poderes despertassem completamente, mas elas carregariam o legado de Dominó com elas. 

E só para explicar para as duas pessoas que a ajudavam tanto, sem pedir nada em troca ou desejar mais

E só para explicar para as duas pessoas que a ajudavam tanto, sem pedir nada em troca ou desejar mais. Daphne fez uma pulseira para Vanessa, a mesma magia só que com memórias diferentes, dessa vez mostrando sua fuga, sua chegada a Terra, a captura de Morgana, o feitiço em Klaus, os bruxos, as três desencarnações e ela mesma, explicando seus motivos, justificando a mentira, mostrando seu halo e suas assas. 

Não impediria que eles ficassem chateados ou a insentaria da culpa de ter mantido tal segredo, mas os deixaria capazes de lidar com a situação, daria respostas merecidas.

 

Chapter 18: Amigos e princesas

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Com o passar dos anos, Daphne passou a se considerar uma terráquea honorária, facilitado pelos diferentes tipos de pessoas na Terra.

Seus amigos da faculdade não se importavam que as vezes ela bebia café ou chá quase fervendo ou que tivesse alguns hábitos muito singulares, na perspectiva deles, e seus outros conhecido simplesmente a viam com uma pessoa muito original.

Esse último de acordo com a própria Meredith. A amizade delas tinha tomado um rumo ótimo, a cada quinze dias um jantar e um passeio com as crianças. Daphne especialmente adorava o passeio, pois Meredith, apesar de ter tido uma criança de seu próprio útero, parecia tão perdida quanto Daphne as vezes ficava com Bloom e Roxy. Além disso, ela era a única mãe que Daphne fez amizade na Terra, fazendo dela uma amiga mais inestimável ainda.

Além disso, esses passeios davam a Daphne a oportunidade de ver como Bloom e Roxy reagiam à outras crianças, sendo elas próximas do jeito que eram, Daphne tinha o objetivo de deixá-las à vontade com outras pessoas.

Bloom e Roxy eram próximas, mais do que irmãs, elas agiam como gêmeas, como se tivessem algum tipo de elo psíquico. Conhecendo a sorte de sua família era bem fácil que houvesse realmente um, mas Daphne não queria pensar na possibilidade por enquanto.

E, como qualquer criança, elas não gostavam de mudanças e elas não faziam questão de ter outras crianças brincando com elas, embora ambas tivessem amigos de suas idades.

Foi por causa disso que quando Daphne as levou na casa de sua amiga Meredith para conhecer a filha dela, elas foram notoriamente introvertidas. Elas pareciam que não gostaram de Zola, o que fez Meredith ficar com um olhar preocupado no rosto. Conhecendo-a Daphne imaginou que fosse por achar que era culpa dela, por não ser uma boa mãe.

Daphne remediou isso com um jogo de cartas de mais de duas pessoas, então elas tiveram que interagir com Zola e, pela graça do Grande Dragão, elas pareciam muito amigáveis.

Para melhorar tudo, ela se oferecia para ficar com Zola quando Meredith ia trabalhar e precisava de alguém para ficar com Zola ou com as duas crianças. Embora, com o bebê Bailey ainda podendo ficar na creche do hospital, bastava que Daphne ficasse com Zola.

Meredith certamente não se incomodou com Daphne ensinando a Zola coisas como xadrez, damas, jogos com cartas, jogos de estratégias, jogos de tabuleiro, esconde-esconde, jardinagem com Vanessa (a quem Daphne apresentou à Meredith) e tantas outras brincadeiras que no final era lições. Embora, ela tenha brincado que era como se Daphne estivesse preparando as meninas para um apocalipse, o que Daphne meio que estava.

Suas meninas eram princesas, refugiadas, eram mágicas e estavam sendo caçadas por praticamente toda a dimensão mágica.

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Daphne estava deitada no sofá lendo, Roxy brincando ao seu lado quando Bloom veio correndo e se lançou sobre Daphne

"Aí, o que deixou você tão feliz, minha princesinha?", ela perguntou enquanto passava a mão pelos cabelos de Bloom. Não que ela pudesse ter visto, mas Roxy ficou com o rosto devastado, parecia que ela estava prestes a chorar.

"Terminei meu desenho, olha", o desenho era realmente bom para uma criança, até as cores com degradê. "Olha, Roxy. O que foi, Roxy?"

Com a fala de Bloom, Daphne se virou para ver Roxy, ficando preocupada ao ver as lagrimas se acumulando em seu olhinhos.

Ela se sentou, com Bloom ainda em seu colo e perguntou: "Meu amor, o que te perturbou?"

Mas aquilo fez a pequena desatar em lagrimas. Daphne realmente não sabia o que fazer, as meninas quase nunca choravam e geralmente tinha um motivo claro, mas ela não entendia o que perturbou Roxy. Bloom, enquanto isso, não hesitou e foi abraçar a fada mais nova.

Daphne se orgulhou tanto da irmã, Ela conseguia descobrir o que foi ainda consertar e mostrou a Daphne que todo seu trabalho para manter as 2 próximas valeu muito a pena. 

Aparentemente, alguém da escola de Roxy disse que Bloom não era sua irmã de verdade e que Daphne não era nem sua irmã e nem sua mãe. E Daphne chamar Bloom de 'minha princesinha' tocou na ferida de Roxy.

O que Daphne até agora não entendeu, por que as meninas nunca a chamaram de mãe, elas só a chamavam de Daphne ou Daph. E até agora isso não tinha sido um problema, até porque ela se esforçou para fazer as meninas entenderem que existiam famílias de diferentes jeitos e que não é porque elas não tinham uma mãe ou porque não eram todas do mesmo sangue que elas deixaram de ser família.

Mas a pequena Bloom, mostrando que tinha uma boa cabeça sobre os ombros, disse para Roxy que as duas eram igualmente importantes para Daphne e que as duas poderiam ser princesas.

A parte irônica era que as duas carregavam o título, ainda mais Roxy, sendo a princesa herdeira da Terra.

 

Chapter 19: Contos

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"Daph, pode contar uma história?", Roxy pergunta enquanto Daphne se prepara para apagar a luz do quarto.

"Que tipo de história, minha princesa?"

"Algo sobre reis e rainhas", Roxy diz animadamente enquanto Bloom grita um "sim" animadamente.

"Bem, eu sei uma que vocês ainda não ouviram", ela fala enquanto se move para se sentar no banco entre as camas das meninas.

"Há muito, muito tempo, existia um reino lindo. Com florestas verdes, montanhas brilhantes e rios tão claros que pareciam espelhos. Esse reino tinha um rei e uma rainha muito bons, e um dia, eles tiveram dois filhos."

"Como eu e Roxy?"

"Quase, minha florzinha. Esses irmãos eram gêmeos, nasceram no mesmo dia. O problema é que, quando cresceram, começaram a brigar muito. Os dois queriam ser rei. O irmão mais velho dizia: 'Eu sou o mais velho, então o reino é meu!'. E o mais novo respondia: 'Mas eu sou mais esperto, então eu deveria ser o rei!'. Eles gritavam, discutiam e ficavam cada vez mais zangados."

"E os pais deles? Eles não pararam a briga?", Roxy diz.

"Os pais tentaram, minha princesinha. Mas os irmãos não quiseram ouvir. Eles achavam que um tinha que ganhar e o outro tinha que perder. E sabe o que aconteceu?"

"O quê?"

Daphne faz uma pausa dramática, olhando para as meninas com um sorriso misterioso
"Eles brigaram tanto, mas tanto... que decidiram cortar o reino ao meio!"

"Com uma espada?"

"Não, não assim. Eles traçaram uma linha no mapa e disseram: 'Daqui para cá é meu, e dali para lá é seu!'. Cada um construiu seu próprio castelo, fez suas próprias regras e nunca mais falaram um com o outro."

"Mas... eles ainda eram irmãos...", Bloom diz, franzindo a testa.

"Eram, sim. Mas esqueceram disso. Com o tempo, os filhos deles, os netos, os bisnetos... todos cresceram ouvindo que o outro lado era inimigo. Eles passaram séculos brigando. Um milênio depois eles nem se lembravam por que tinham começado."

"E nunca mais pararam? Eles ficaram separadas pra sempre? Isso não parece uma boa história." Daphne sorri suavemente, prestes a contar a melhor parte.

"Ah... um dia, algo muito especial aconteceu."

"O quê?" Bloom se ajeita, curiosa

"Uma menina de um dos reinos conheceu um menino do outro. Mas, diferente de todos os outros antes deles, eles não viram um inimigo... viram um amigo. Foi assim que os dois herdeiros se conheceram."

"E aí eles casaram e consertaram tudo?", Roxy pergunta agarrando seu ursinho de pelúcia.

"Eles sabiam que eram da realeza?", Bloom pergunta com os olhos arregalados, segurando o cobertor.

"Não. Eles não usavam coroas, nem roupas de príncipe e princesa. Eram só dois alunos novos que se sentaram um do lado do outro. No começo, não conversavam muito. Mas um dia, seus amigos se encontraram e viraram amigos também então todos eles saem juntos. No começo, eles ficaram meio envergonhados. Mas conforme foram fazendo o trabalho, começaram a rir, a contar histórias... e viraram amigos. Amigos de verdade! Eles estudavam juntos, brincavam e dividiam o lanche. Sem saber, estavam fazendo algo que ninguém tinha feito em mais de mil anos: estavam esquecendo a briga dos irmãos do passado."

"E ninguém sabia?"

"Não, eles estavam disfarçados, ninguém sabia que eles eram da realeza. Para eles, eram só duas pessoas se divertindo. Mas então, um dia, os dois descobriram a verdade."

"Como?", Roxy voltando a ficar interessada.

Daphne faz mais uma pausa dramática, olhando para as meninas com um sorriso misterioso

"Foi em um grande baile da escola. Os dois estavam muito animados, porque seria a primeira vez que iriam a um baile juntos. Cada um disse que ia fazer uma grande revelação naquela noite"

"E aí?", Bloom se senta rápido, surpresa

"E eles ficaram juntos?" Roxy sussurra na mesma hora.

"Eles não sabiam que eram príncipe e princesa ainda? Não tinha fotos ou ninguém que conhecesse os dois?", Bloom pergunta intrigada.

Daphne balança a cabeça, com um olhar misterioso. "Nadinha! Eles nem desconfiavam. Mas naquela noite... tudo ia mudar."

"O salão estava brilhando, cheio de convidados importantes. Cada pessoa que chegava era anunciada por um mensageiro. E então... chegou a vez do menino."

"E o que aconteceu?", Bloom e Roxy sussurram ansiosas

Daphne sorrindo, com um tom de suspense diz: "Quando ele chegou ao topo da grande escadaria, um trompete soou, e a voz do arauto ecoou pelo salão: 'Apresentando Sua Alteza, o Príncipe.' O menino olhou para sua amiga e desceu a escada, ansioso por ela descer para poder ver a reação dela!"

Bloom arregalando os olhos, mexendo no cobertor com empolgação, "E aí? Ela desceu também?"

Daphne balança a cabeça, sorrindo

"Não ainda. Ele desceu os degraus devagar, elegante, mas o coração batendo forte. Onde ela estava? Por que ela demorou tanto? Ele queria ver a surpresa no rosto dela!"

"E ela veio?" Roxy pergunta, apertando o ursinho com mais força.

Daphne assente, olhando para as meninas com brilho nos olhos

"Oh, sim! Logo depois, os trompetes soaram novamente, e o arauto falou alto para todo o salão ouvir: 'Apresentamos Sua Alteza, a Princesa!'. O menino ficou congelado. A surpresa era dele agora."

Bloom dá um gritinho animado. Daphne sorri, acenando com a cabeça, Ahh se ela soubesse.

"E finalmente ela desceu as escadas, com tanta graça, tão linda e confiante, que ninguém percebeu o choque em seu peito. Quando ela olhou para o príncipe lá embaixo, tudo fez sentido: a surpresa que ele queria contar, a surpresa dela... eles eram herdeiros dos reinos inimigos!"

Roxy segurando o ursinho com força, com os olhos brilhando de emoção, pergunta: "E aí? Eles brigaram?"

"Não, minha estrelinha. Eles se olharam nos olhos... e sorriram. Porque, naquele momento, perceberam que nenhuma dessas coisas mudava a amizade deles. Nem quem eram, nem de onde vinham."

"Foi a melhor surpresa de todas...", Bloom suspira, deitando a cabeça no travesseiro.

"Sim, minha florzinha. Mas a história ainda não acabou. E eu conto o resto... amanhã."

"Daphneee!"

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Mais tarde, já passando da meia noite, Daphne não conseguia dormir então foi pra varanda ver a cidade e pegar ar fresco.

Ela não sabia o que era, mas sentia uma inquietação de um jeito que nunca havia sentido. Não era a mesma coisa de quando algo estava prestes a acontecer ou quando ela não tinha o que fazer.

E quanto mais ela ficava assim, mais desconfortável ficava.

Nem mesmo meditando ela conseguiu identificar o problema.

Era enlouquecedor para ela.

Mas ela descobriria, eventualmente.

 

Chapter 20: Aulas, magia e aventuras

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Daphne cresceu com aulas de idiomas, história, luta, magia, etiqueta, dança e todo tipo de coisa que uma princesa de Dominó precisava. Daphne cresceu com pais amorosos, amigos leais e mais liberdade do que muitas princesas antes dela.

E ela preferia morrer antes de deixar suas meninas não terem nenhum experiência ou conhecimento em pelo menos no mínimo do que era esperado da realeza.

Ela insistia em ensinar as meninas todo tipo de história, torná-las entusiastas de histórias do passado, mesmo que fossem somente da Terra. Ela as ensinava idiomas, códigos para escrever mensagens, dançava com elas em casa (a dança trazia postura, leveza e graça à pessoa e Daphne queria que suas meninas tivessem tudo isso).

E, como ninguém sabia lutar como ela aqui na Terra, ela assumiu a tarefa sozinha.

Duas vezes por semana as meninas treinavam, bastões e arco e flecha primeiro, espadas e machados em alguns anos. Vanessa achava que era muito cedo para começarem, mas a própria Daphne começou mais jovem e ela seguia filosofia dos pais que quanto antes melhor. O porte, a força, a habilidade de luta e a elegância e comportamento de alguém da realeza não pode ser ensinado ou aprende-se quando criança como se comportar ou será tarde demais.

Seus motivos eram sigilosos e seus métodos não convencionais na Terra, mas Vanessa viu a utilidade prática de aprender a lutar.

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Seu planeta natal era famoso pelo fogo inerente, pela vegetação sempre verde e pelos rios cristalinos. Daphne amava a natureza, sua mãe brincava que ela poderia ter sido uma fada de Linphea se não fosse pelo fogo queimando em seu ser.

Desde jovem ela fugia para nadar nos lagos perto do castelo e sua afeição pela água só cresceu desde que ela conquistou Sirenix e se tornou ninfa do Oceano Infinito e de Sirenix. Omnia particularmente amava seu amor pela água e pelo mar.

Como tal, não era surpresa que Daphne tenha passado a nadar do lago que ia com meninas, ela ia e passava horas boiando.

Se ela pudesse usar seu Sirenix ela teria passado ainda mais tempo lá, mas infelizmente seu poder foi amaldiçoado nem mesmo dois anos depois de tê-lo conseguido.

Ela até então havia resistido ao impulso de ir ao mar, sinceramente com medo da dor que sentiria em estar no mar e não poder explorar como costumava fazer. Foi por isso que ela não conseguiu se forçar a mergulhar no lago em que nadava.

Em contraste com suas limitações com o mar e sua magia, seu Bloomix e a magia de fogo nela pareciam só crescer a cada dia. 

Ela se recusou a amolecer, todo dia ela acordava com o sol e fazia todo tipo de criação com o fogo. Em seu próprio quarto ela criava todo tipo de forma com sua magia, enquanto os dosava a energia destinada a eles para não crescerem demais.

Às vezes, ela gostava de simplesmente deixar sua imaginação correr solta e moldar arraias, lulas, tubarões, pássaros de fogo, dragões, cervos, corvos. Animais mágicos e não mágicos e até aqueles endêmicos da Terra.

E sempre que sentia necessidade, ela ia para uma clareira perto do lago e fazia o fogo crescer até que não aguentasse mais

E sempre que sentia necessidade, ela ia para uma clareira perto do lago e fazia o fogo crescer até que não aguentasse mais. 

Ela abira seu halo e deixava sua energia fluir e ser absorvida pela floresta, que parecia crescer um pouco mais a cada dia que ela ia lá. E, claro, aquilo a beneficiava também, a inquietação que sentia agora constantemente diminuia sempre ela deixava sua magia fluir, mas infalivelmente retornava em poucas horas. 

Seus golems e espíritos elementais não foram deixados de fora

Seus golems e espíritos elementais não foram deixados de fora. Eles só eram menos frequentes, mas ainda necessários e eles traziam alegria sem fim à seu coração. Os pequenos diabinhos que eram, sem a necessidade de uma batalha eles se tornavam brincalhões e encrenqueiros, embora não houvesse bagunça que Daphne não pudesse consertar com um aceno da mão.

 Os pequenos diabinhos que eram, sem a necessidade de uma batalha eles se tornavam brincalhões e encrenqueiros, embora não houvesse bagunça que Daphne não pudesse consertar com um aceno da mão

Ela se orgulhava de ser uma das melhores, talvez agora a melhor, usuária de magia de fogo de toda a dimensão. Sua resistência não seria perdida e seu poder nunca diminuiria com a Chama o alimentando.

Ainda mais, que praticamente todo dia, ela tinha que dar um jeito de neutralizar a magia acidental das meninas. E elas pareciam ficar cada vez mais engenhosas naqueles feitiços, o que a fascinava e a preocupava igualmente.  

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Daphne passou a viajar, procurando pelas civilizações anciãs da Terra, seu teletransporte estava funcionando perfeitamente na Terra e com o feitiço de Morgana, não seria sentido por ninguém fora do planeta. E francamente, os usuários de magia do planeta nunca chegariam no nível de seus inimigos da dimensão mágica.

Vanessa até então ficava extremamente empolgada por ter as meninas só para ela por um fim de semana ou dois dias de vez em quando. E Daphne fazia questão de enviar pequenos choques mágicos para seus braceletes protetores para conter um pouco mais da magia acidental das meninas, não era o sistema perfeito mas durava por dois dias, então era bem útil.

Foi assim, que ela começou sua busca pelos restos esquecidos pela história dos astecas, maias, sumerianos, pelos egípcios, por Agartha, Paititi, até mesmo Atlântida, Lemúria e Tartária. Sua afinidade por idiomas haviam tornado-a bastante apta para entender um novo e feitiços tradutores poderiam sempre ser usados.

O melhor era que ao contrário de quando ela explorava a dimensão mágica, ela era reconhecida não apenas como princesa de Dominó, mas como ninfa de Magix ou do Oceano Infinito ou da Chama, não importava. Alguém sempre a reconhecia.

Na Terra não, ela era invisivél, ninguém sabia de sua existência. Ela era simplismente uma loira rica e peculiar que tinha uma curiosidade sem fim e dinheiro para sustenta-lá. Foi a maior sensação de liberdade que ela já havia sentido na vida.

E ela abusou disso, chegando a ir em 6 países diferentes em um só dia. Buscando pergaminhos, papiros ou mitos que dessem pistas sobre as  civilizações perdidas.

Ela sonhava em achar Lemúria, parecia o lugar perfeito para uma antiga civilização habitar e muitos de seus mistérios eram explicados por magia. Infelizmente, até então suas buscas levaram a lugar nenhum. E ela pós de lado aquela busca por um tempo. Quando ela conseguisse entrar no mar e procurar por lá, ela iria explorar até achar aquela cidade perdida. 

E talvez entrando no mar, ela conseguiria ajuda de Selkies da Terra, se é que alguma conseguiu viver até então. Ela abafou esses pensamentos junto com os que ansiavam por saber como Serena tinha ficado após a batalha em Dominó, aquela gentil Selkie já havia passado por muita coisa em sua vida.

 

Chapter 21: 7 anos se passam

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O tempo voa quando você não pensa em guerras, batalhas, reinar, ser uma figura pública ou líder política.

Anos se passaram na Terra muito mais rápido do que na dimensão mágica, pelo menos essa era a percepção de Daphne.

Suas meninas também deixavam bem claro a passagem de tempo.

Sua irmãzinha agora tinha o cabelo longíssimo e era maior que sua cintura, sua afilhada não muito atrás.

Ambas, com temperamentos fogosos e pavio curto, embora abertas para opiniões diferentes e debate quanto a suas crenças. Bem tanto quanto crianças de 12 e 10  anos poderiam ser.

Ela realmente se culpava por todos esses fatores. Embora, ela seja consiga agir com calma, ninguém poderia dizer que ela era naturalmente calma. Ainda mais, considerando os dois lados de sua família, nenhum dos dois eram exemplos bons.

As meninas se tornaram tudo que Daphne sempre desejou, gentis, atenciosas, mediadoras, sagazes, espertas, inteligentes, boas lutadoras, boas conciliadoras e amantes do conhecimento e da natureza.

O último sempre lhe trazia um sorriso ao lembrar. Sua própria mentora havia sido uma fada da natureza, a única a alcançar a transformação de fada concedida pela natureza. Suas lições ensinaram a Daphne a honrar a natureza, o equilíbrio e a harmonia trazida pela vida e pela morte. Embora Daphne não seja uma fada da natureza, ela era uma ninfa e fada elementar, a magia natural vinha a ela sem muito esforço.

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Daphne teve que por a mão na boca pra não mostrar o riso com a cena.

Artur estava mortalmente parado com o hiper energético Kiko sentado em sua cabeça. O pobre cachorro parecia nada feliz com o arranjo.

Enquanto isso suas meninas estavam gostando muito da cena. Bloom pintava a cena enquanto Roxy ajeitava um lençol para parecer uma toga em Artur.

Ela saiu para pegar um câmera, ela se divertiria muito com essa cena em alguns anos.

Ela saiu para pegar um câmera, ela se divertiria muito com essa cena em alguns anos

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Com a idade também vem o controle e Bloom e Roxy inconscientemente aprenderam a controlar sua magia, não demonstrando mais magia acidental diariamente. Embora sem um aprendizado correto, elas continuariam a fazer as coisas funcionarem a favor delas. Semelhante ao conceito de lei de atração dos terráqueos, só que mais potente.

ELas não percebiam, ninguém com a mentalidade de que magia não existe perceberia, mas era como se a sorte sorrise a favor delas. Mais de uma vez, elas saiam de casa reclamando sobre a prova que fariam na escola, apenas para chegar mais cedo dizendo que algo pegou fogo ou que o sinal tocou mais cedo ou a impressora não funcinou.

Todo tipo de coisa conspirava a favor delas, elas só não percebiam que era a mando delas.

Pelo menos as explosões de fogo e coisas mais obvias como brinquedos se mexendo ou lápis riscando sozinhos não aconteciam mais. Mas Daphne ainda anotava todos os incidentes nos cadernos que criou, junto com todos os golpes de sorte, embora não tivesse como comfirmar se foi obra delas ou não.

Infelizmente, a mente delas não era protegida, não o suficiente para deter os inimigos delas se procurassem por suas memórias e identificarem quem elas eram. E crianças acham que todos são iguais, então mesmo que Daphne desse um jeito de protegê-las de ataques mentais, elas ainda poderiam delatar o segredo.

E Daphne preferia enfrentar as três desencarnações sozinha a deixar suas meninas se colocarem em perigo ou serem expostas a ele.

Quando elas estivessem perto da maioridade mágica Daphne contaria tudo, mas somente quando fosse inevitável. E isso ainda demoraria 4 anos, daqui que Bloom tivesse 16 anos e seu núcleo mágico começasse a amadurecer e se preparar para a força mágica dela.

Ela igualmente temia e ansiava que esse dia chegasse.

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Suas buscas por antigas civilizações se mostraram ao mesmo tempo frutíferas e frustrantes.

O Egito Antigo ainda tem registros e com seus poderes ela conseguiu explorar as antigas construções e achar outras esquecidas pelo tempo, infelizmente eles não eram mágicos, não do jeito das fadas, mas tinham um tipo aparentemente endêmico de magia. Infelizmente, Daphne não teve sucesso em reaplicar seus feitiços ainda. Pelos menos o idioma codificado deles ela havia aprendido.

Atlântida e Lemúria, trouxeram só mais buscas. Eram cidades quase sem registros, e como eram supostamente costeiras ou em ilhas, provavelmente afundaram e Daphne ainda não via motivo para se forcçar a ir em uma busca submarina.

Os maias, astecas e a cidade de Paititi, por outro lado,  tiveram diferentes graus de sucesso. Os dois primeiros tinham ruínas e história razoavelmente documentada, mas o idioma usado era diferente de tudo que Daphne já havia visto, uns eram relativamente fáceis de interpretar com ajuda de feitiços tradutores e seu próprio conhecimento linguístico, mas outros pareciam ser escritos em outra matriz linguistica e ela ainda não havia entendido como traduzir aquilo.

Já Paititi, uma cidade com supostamente seres humanoides que adoravam o sol, também conhecida como El dorado, por supostamente ter ouro e prata até mesmo nas construções da cidade. Ali, Daphne teve sucesso.

Um feitiço que ela aprendeu quando jovem a ajudou e a influência como ninfa aumentou o efeito. Eldorado não era um civilização perdida, era uma cidade em uma área de busca definida. E ela apostaria nisso, não havia sido protegida para impedir formas de vida conscientes, com algum critério para barrar humanos.

Era tudo o que os mitos diziam, mas estava vazio e abandonado. Embora as roupas em algumas casas confirmassem a estrutura humanoide dos moradores, bem, as roupas e as pinturas.

Ela usou um feitiço de memória para simular como era a cidade séculos atrás.

Era tão lindo quanto Solária, a arquitetura, proximidade com a natureza, os metáis resplandecendo ao sol e as peças decorativas únicas e belíssimas

Era tão lindo quanto Solária, a arquitetura, proximidade com a natureza, os metáis resplandecendo ao sol e as peças decorativas únicas e belíssimas. E os humanoides adoradores do sol. Realmente eles tinham o pescoço reduzido, mas ela achava que era mais devido a gordura deles e a um tipo de variação genética e não a uma espécie diferente,era  como o caso dos narizes dos europeus e dos olhos dos asiáticos.

Ela seria capaz de passar horas ali, e já havia feito planos para isso. Seria um bom lugar para treinar sua magia sem ser incomodada, ela só precisava verificar se havia algum gatilho mágico ou feitiço protetor nas imediações.

E ter certeza de que ela não estivesse em algum lugar sagrado deles, ela não seria desrespeitosa com aquele povo, mesmo que eles já tivessem morrido a eras. 

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Suas explorações no Egito se mostraram frustrantes.Quase 6 anos e ela ainda não tinha conseguido dominar a magia egípcia.

Era seu maior desafio e seu trabalho mais satisfatório.

Muito era sobre rituais e cânticos, que eram sigilosos e até agora não havia sido encontrado nenhum manual ou texto sobre eles.

Já seus feitiços de cura e proteção eram mais usados e, portanto, foi deixado registros. Daphne levava semanas para dominar um feitiço, mas depois conseguia reaplicá-lo facilmente.

Ela queria experimentá-los em outro planeta, ver como reagem em outra atmosfera mágica e se tinham o mesmo efeito, mas ela não deixaria a Terra só por isso.

Tudo que ela poderia fazer era tentar novamente até conseguir.

 

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Só uma pista

Alguém lembra com quanto anos Bloom conheceu Stella?

 

 

Chapter 22: 7 anos se passam (parte 2)

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Daphne estremeceu quando Bloom gritou no meio da noite.

Ela largou com pressa o livro que estava lendo e correu para o quarto dela.

Sua irmã estava na cama, agarrando Kiko e com um olhar aterrorizado.

Ela se sentou na cama e puxou Bloom para apoiar a cabeça no colo dela e soltou sua aura mágica pelo quarto, pelo menos a magia de Bloom sentiria sua energia protetora e a acalmaria. Ela detestava não poder fazer mais nada.

Sua pobre irmãzinha tinha o mesmo dom da mãe delas e o mesmo conjunto de problemas, pelo menos sua mãe tinha o conhecimento do que era que a afligia e do que poderia fazer com aquilo.

Bloom achava que eram pesadelos e coisas sem sentido. Inicialmente eram sonhos de Dominó, e aí foi piorando, ela estava passando pelas grandes tragédias de Dominó e por vislumbres do futuro. E Daphne só podia tranquilizá-la, não havia como impedir os sonhos, nem como amenizá-los. O único jeito era seguir o fluxo e aceitar os sonhos.

A mãe delas havia passado a vida convivendo com aquilo e ela mesma havia admitido que não havia como contornar, quanto mais o sonhador luta mais perturbador fica o sonho.

Ela já havia dito que a mãe delas tinha aquilo, do mesmo jeito, para Bloom. E há meses ela vinha fazendo Bloom aceitar os sonhos, mas até agora eles continuavam a piorar e Daphne temia o dia em que Bloom fosse forçada a ver a batalha de Dominó.

"Quer falar sobre isso?", ela perguntou suavemente.

"Foi o mesmo da outra vez, o mesmo dragão lutando contra o monstro das sombras e fagulhas deles em vários pontos de um mapa estelar", Bloom disse ainda tremendo.

Daphne agradeceu ao Grande Dragão por estar fora da vista de Bloom, ela não teria como esconder o estremecimento que a percorreu.

As implicações daquilo eram devastadoras para elas.

Ela não sabia o que responder então tranquilizou Bloom e cantou a música de ninar que Bloom pediu. Ela ficou lá até ela dormir de novo e saiu para a varanda de seu quarto.

Seria mais fácil com sua mãe lá, ela saberia guiar Bloom, saberia como é viver aquilo.

Mas não foi assim que aconteceu, e Bloom só tinha ela. E por mais magia, habilidades, conhecimento e poder que ela tivesse, ela era impotente para isso.

Ela desistiu de dormir e decidiu praticar magia de ninfa. Ela podia tentar criar um feitiço de sonhos bons, como os apanhadores de sonhos, só que funcionais.

 Ela podia tentar criar um feitiço de sonhos bons, como os apanhadores de sonhos, só que funcionais

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Parecia que Daphne estava presa com duas fadas superpoderosas com magias únicas que Daphne não podia ajudar de jeito nenhum.

Bloom tinha visões, visões ligadas à sua linhagem para piorar, e sua querida afilhada além da habilidade de falar com animais, ainda conseguia imitar habilidades animais, como usar a audição aprimorada de Artur.

O problema era que ela não tinha controle e isso resultou em dores de cabeça frequentes, ouvidos sensíveis, aumento da pressão ocular, hipersensibilidade na pele, ela já teve até mesmo sangramentos nasais. 

A pobre menina já conhecia toda a ala pediátrica do hospital. E ela ficava mais desesperada a cada perca de controle, temendo ser chamada de estranha pelos amigos da escola.

Não que com uma irmã tão ferozmente protetora e ela própria com sua personalidade fogosa Roxy corresse esse risco.

Mas Daphne teria falar com os pais daquelas crianças.

E mesmo assim, ela teve que repassar todos os motivos pelos quais ela tinha que manter o segredo, se não ela já teria falado tudo para as meninas.

Suas meninas tinham que passar por aquilo sozinhas, tormentos noturnos e diurnos dos quais Daphne não poderia livrá-las.

O pior, era que mesmo com magia, elas teriam que passar por aquilo do mesmo jeito. Não havia nada até agora que poderia ajudá-las e o conhecimento da magia não ajudaria muito com os problemas delas.

Era frustrante.

Ela se perguntava se era assim que sua mãe se sentia quando Daphne começou a mostrar seus dons.

Se for, ela devia um grande presente de desculpas para ela.

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Ela teceu o último nó do feitiço, ao contrário do feitiço para amenizar as visões de Bloom, esse foi fácil e rápido de criar. E funcionou de primeira.

Esse feitiço deixaria a cidade impermutável pela sua magia, ela poderia explodir, invocar, transmutar e lançar qualquer feitiço, mas ao nascer de cada sol, tudo voltaria ao jeito em que estava antes

Esse feitiço deixaria a cidade impermutável pela sua magia, ela poderia explodir, invocar, transmutar e lançar qualquer feitiço, mas ao nascer de cada sol, tudo voltaria ao jeito em que estava antes.

A herança daquele povo não seria afetada e ela poderia pôr em prática sua magia de terra agora. Até a magia  de luzes ela poderia invocar agora.

Depois de anos, ela havia conseguido criar seu refúgio mágico. 

 

 

Chapter 23: Magias, compras e encontros

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Daphne deixou seus braços cansados caírem ao seu lado, o feitiço se dissipando sem seu esforço constante, mas já era um avanço.

Finalmente ela havia conseguido manter um dos feitiços egípcios, embora não o suficiente para ser útil ou funcional.

Era um simples feitiço de cura, mas pelas Chamas aquilo era complicado.

A própria matriz daquela magia antiga lutava contra ela, não era oposta à sua magia, se fosse ela não teria conseguido nem tentar.

Era como se faltasse uma peça, com esforço ela conseguia dar passos de bebê para dominar o feitiço, mesmo assim ele não cedia a seu comando.

Ela agora teria que se concentrar em achar a peça que faltava.

O que significava mais explorações e buscas.

Ela mal podia esperar

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Com as meninas em uma fase em que passavam mais tempo na escola, Daphne ganhou mais tempo para explorar a Terra. 

Mesmo com seus esforços no Egito e em Paititi, ela continou procurando por remanescentes mágicos, civilizações antigas e qualquer sinal de ainda havia vida mágica na Terra além dela, suas meninas, as fadas nativas ( cujo destino ela até então desconhecia) e os bruxos do circulo negro. Tinha que haver mais.

Daphne sempre se inquietou ao pensar em onde estavam os seres mágicos da Terra, a magia estava bruta e não havia fadas para equilibra-la, mas tinha que ter outros seres. Os antigos povos sabiam sobre e usavam magia, há registros imprecisos de criaturas mágicas, então onde eles estão?

Sua dúvida morreu ao ver o as moais, um toque na rocha e ela sentiu a energia que emana deles, guardiões gigantes adormecidos, que viraram decorações turísticas. Golens adormecidos por milênios. 

Ela resistiu a tentação de desperta-los, não seria bom se todos vissem criaturas de pedra ganhado vida

Ela resistiu a tentação de desperta-los, não seria bom se todos vissem criaturas de pedra ganhado vida. Embora fosse uma pena.

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Ser uma princesa significa que algumas coisas perdem seu fascínio, por mais arrogante que isso soe. Em casa, em Dominó, ela foi exposta a todo tipo de joias preciosas, roupas maravilhosamente bem-feitas, acessórios da melhor qualidade.

Todo tipo de coisa que seria esperado para alguém de uma família rica, praticamente a família mais rica de toda a dimensão mágica. Quando chegou na Terra, ela teve que reaprender a fazer algumas coisas, por causa de sua hesitação inicial em usar magia e da nova necessidade de fazer algumas coisas sem ajuda. Claro, houve coisas que ela teve que aprender do zero, como usar um fogão. Mas aprender era mais fácil, já coisas como se vestir, arrumar seu cabelo (mesmo sendo quase liso), como cuidar das unhas, lembrar de por aparelhos eletrônicos na tomada, olhar a faixa de pedestres, procurando carros no chão e não automovéis flutuantes. 

Felizmente ela teve o disfarce de estar em luto e ser, até onde sabiam, de fora do país. Além disso, o dinheiro que ela tinha era algo mais comum para pessoas mais privilegiadas, o que justificou ela não saber cuidar da casa no estilo tradicional dos humanos. Então, por muito tempo ela se contentou em observar os outros e tentar aplicar os conhecimentos de Marissa ao mesmo tempo em que os analisava para ajudá-la a entender o resto.

Sua amiga Júlia era uma das pessoas privilegiadas na Terra, tendo dinheiro para viver muito confortável por anos. Ela foi de grande ajuda para Daphne, ao acompanhar Daphne em compras. Ela, em um fatídico dia de compras, tinha percebido que Daphne não tinha conhecimento algum sobre marcas de roupas, bolsas, joias, sapatos, nada realmente.

E ela havia decidido que levaria Daphne com ela para compras sempre que pudesse. Ela acabou indo em várias lojas, principalmente de vestimentas, mas duas realmente ficaram gravadas em sua memória.

A primeira foi uma loja de joias, ela acabou vendo um anel com uma pérola e pedras azuis que agradou muito ela.

Júlia há tempos vinha tentando convencê-la a comprar algo, ou aceitar que ela comprasse para ela, mas Daphne sempre rejeitava.

Daphne observou o anel com interesse discreto. A pérola no centro era de um branco puro, cercada por pequenas pedras azuis que lembravam a luz da lua refletida no oceano. Um design simples, mas harmonioso. 

Júlia, ao seu lado, percebeu o olhar fixo da amiga e sorriu. "Esse te agradou, não é?"

Daphne inclinou levemente a cabeça. "É bonito."

Antes que pudesse afastar-se, a vendedora que atendia Júlia falou. Era uma mulher elegante, vestida de forma impecável, que percebeu de imediato o interesse de Daphne.

"Um excelente gosto, senhorita." Sua voz era educada, mas havia no tom um leve entusiasmo profissional. "Essa peça é única. A pérola veio de um lote raríssimo, e as pedras foram lapidadas especialmente para este design."

Daphne manteve o olhar sobre o anel por um momento antes de erguer os olhos para a vendedora. Seu semblante continuava sereno. "Ele realmente tem um trabalho refinado."

"Gostaria de experimentá-lo?"

Júlia cruzou os braços e lançou a amiga um olhar sugestivo. "Vamos, Daphne, não custa nada ver como fica."

Daphne hesitou por um instante. Não era uma questão de valor, era que comprar algo apenas por comprar não era de seu feitio. Ainda assim, em respeito ao entusiasmo de Júlia, assentiu.

Júlia sorriu, satisfeita. "É perfeito para você."

Daphne observou a luz refletida na superfície da pérola. "É um belo trabalho." Sua voz permaneceu calma, sem qualquer traço de deslumbre. Ela ergueu a mão, admirando a peça por mais alguns segundos antes de devolvê-la à vendedora com um gesto gentil.

"Mas não preciso dele."

A vendedora piscou, um pouco surpresa. "Tem certeza? É uma peça exclusiva, e combina perfeitamente com a senhorita."

Daphne sorriu de leve. "Beleza e necessidade são coisas diferentes."

Júlia suspirou, já esperando aquela resposta. "Você realmente não muda."

Daphne voltou-se para a amiga. "Por que eu mudaria?"

A vendedora, mesmo um pouco desconcertada, sorriu educadamente. "Se mudar de ideia, estaremos à disposição."

"Na verdade, nós vamos levar hoje, Isabel". Júlia interrompeu e a moça deu aceno antes de se virar para embalar o dito anel.

"Júlia..."

"Não, já sei o que você dirá. Mas deixe-me fazer isso, você gostou e você quase nunca demonstra que gosta de algo, nem se permite comprar."

"Não conseguirei fazer você mudar de ideia, não é?", Júlia só balançou a cabeça alegremente. "Muito bem, então eu pagarei por ele e não, ou eu pago ou ele não sai dessa loja". Júlia riu novamente, sentindo uma vitória.

A outra loja que havia sido marcada em sua memória foi uma loja de acessórios.

Daphne correu os dedos pela costura de uma bolsa de couro azul-escuro. O material era macio, bem trabalhado, e os detalhes dourados brilhavam sob a luz da loja.

"Essa é bonita," comentou, sem grande entusiasmo, apenas constatando um fato. Ela ainda estranhava o uso de bolsas tão grandes, quando em casa, err... em magix, as bolsas tinham pequenos encantamentos de extensão. Na Terra, não havia tal magia, o que tornava, pelo menos para ela, o uso de bolsas grandes necessário.

Júlia, ao seu lado, analisava outra peça. "Tem um design clássico. Você finalmente está considerando levar algo?"

Daphne desviou o olhar da bolsa para encarar a amiga. "Apenas apreciando o trabalho. Ainda acho que uma bolsa maior seria mais adequada para o uso diário."

Júlia suspirou, já pressentindo que Daphne não compraria nada pela marca. Mas antes que pudesse dizer algo, um grito ecoou pela loja.

"AAAAAAH! EU NÃO ACREDITO!"

Ambas viraram a cabeça na mesma direção.

Do outro lado da loja, uma mulher se debatia enquanto uma funcionária segurava uma caixa na mão. Seus olhos estavam arregalados, e sua respiração vinha em ofegos curtos, como se tivesse acabado de correr uma maratona.

"MEU DEUS, MEU DEUS, MEU DEUS!" Ela tremia ligeiramente, caindo da cadeira no processo. "EU FINALMENTE VOU TER UMA!"

Daphne piscou. Depois piscou de novo. Sua expressão, sempre tão controlada, quebrou-se completamente conforme sua boca se entreabria em puro choque.

A mulher começou a girar no lugar, repetindo frases incompreensíveis entre gritinhos agudos, como se estivesse à beira das lágrimas. Algumas clientes próximas recuaram discretamente, enquanto uma vendedora mantinha um sorriso profissional, tentando esconder o evidente desconforto.

Daphne ainda olhava para a cena, completamente muda.

Júlia, ao contrário, apenas suspirou e fez uma careta de desgosto. "Bom, esse é um bom jeito de nunca mais comprar nada aqui."

Daphne finalmente piscou outra vez, lentamente fechando a boca. Ela conhecia uma fada da academia beta que era conhecida por episódios como aquele, mas mesmo ela não teria feito algo daquele tipo.

A mulher continuava a emitir sons entrecortados de emoção, oscilando entre risadinhas nervosas e suspiros trêmulos, enquanto uma segunda vendedora se aproximava, visivelmente preocupada.

Daphne inclinou-se levemente em direção a Júlia e murmurou, ainda sem tirar os olhos da cena: "Ela... está chorando?"

"Quase," Júlia respondeu secamente. "E, sinceramente, estou tentando não sentir vergonha alheia."

Daphne inspirou fundo e desviou o olhar, recompondo-se. "Acho que já vi o suficiente por hoje."

"Finalmente, algo em que concordamos."

E, com isso, as duas se afastaram calmamente, deixando a cliente envolvida em sua euforia e os funcionários da loja tentando manter alguma dignidade profissional.

Elas acabaram comprando uma bolsa em outra loja, sem nenhum outro incidente vergonhoso. 

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Ao longo dos anos ela havia saido mais vezes do país do que poderia contar. Quando aquele país se mostrou carente de magia, ao ponto de Daphne não sentir nada por quilômetros, ela abriu seus horizontes. Não é que não houvesse magia, bem remanescentes dela, era que o havia era tão pouco e disperso que mal valia a pena chamar assim. 

Então ela se concentrou nas expedições pelo Egito e África, e pela América do Sul. Era onde os resquícios mágicos eram mais fortes e mais recentes. Embora, ela tivesse feito buscas promissoras na Ásia e Oceania, ela ainda precisava focar, até porque por mais poderosa e habilidosa que ela fosse, ela ainda era uma única pessoa com várias outras responsabilidades.

Desde quando achou os moias, Daphne se dedicou a buscar outros remanescentes. Confiante que um dia algum ser mágico ainda vivo. Ela focou mais na Europa e na África, e já tinha planos de expandir para todos os continentes. Acontece que suas buscas foram frutíferas dessa vez.

Ela só não chorou de alegria ao ver as gárgulas de Paris, por causa de seu espanto.

Elas eram lindas, antigas, singulares, guardiães esquecidas diligentes em seus deveres. E falantes.

"Vocês estão acordados", disse, sem desviar o olhar

"Vocês estão acordados", disse, sem desviar o olhar. Eles tinham se movido e falado, se apresentaram e não pararam de falar desde então.

Hugo abriu um grande sorriso. "Mas é claro, cherie! Achou que fôssemos só enfeites?"

Ela inclinou a cabeça levemente. "Eu imaginava outra coisa."

Victor cruzou os braços. "Algo mágico, talvez?"

Daphne assentiu. "Golens, feitiços antigos... alguma explicação nesse sentido."

Laverne soltou uma risada baixa. "Sinto muito, querida. Nada de encantamentos por aqui. Nós temos nossa própria vida. Só nós e nossos velhos prédios."

Daphne observou-os por um momento antes de falar. "Vocês ficaram. Enquanto o mundo mudava, enquanto tudo ao redor se esquecia... vocês permaneceram."

Hugo bateu no peito com orgulho. "E com muito estilo, devo acrescentar!"

Victor suspirou. "Ele sempre tem que acrescentar alguma coisa."

Daphne esboçou um leve sorriso. "Sinto muito por presumir, mas vocês são guardiões, não são? É assim que vocês foram retratados ao longo da história"

Laverne inclinou a cabeça. "E você parece ser alguém que ainda acredita em guardiões mágicos."

Daphne deu um último olhar às gárgulas antes de responder. "Alguém tem que acreditar."

"E quem seria você, jovem? Ainda não recebemos um nome."

"Minhas desculpas, esqueci minhas maneiras por um momento. É um prazer conhecê-los, me chamo Daphne"

"Sem sobrenome? Parece que as regras da sociedade mudaram com o tempo", o que mais parecia um senhor reclamão disse.

"Depende, vocês desejam o sobrenome pelo qual me conhecem aqui ou o real?"

Victor inclinou-se levemente para a frente. "Aquele que te define, é claro."

Ela assentiu. "Então saibam que sou Daphne da casa Fyre, uma fada", e só para mostrar seu ponto ela gira luz entre seus dedos.

Hugo arregalou os olhos e abriu um grande sorriso. "Uma fada! Isso explica muita coisa! A presença misteriosa, o jeito intrigante... eu já estava sentindo um toque de magia no ar!"

Victor bufou. "Você sente um toque de magia em qualquer coisa que brilha."

Laverne observou Daphne com mais atenção. "Uma fada, hein? As outras de sua espécie desapareceram com o tempo. Então você também é uma criatura que sobreviveu ao tempo."

"Sim, de certa forma."

Hugo estalou os dedos. "E tem mais alguma revelação, ou já podemos processar essa primeira?"

Daphne inclinou a cabeça, um brilho divertido nos olhos. "Bom... já que perguntou, há mais uma coisa."

Victor suspirou. "Claro que há."

Ela pousou a mão sobre a madeira nas paredes, os dedos deslizando suavemente pela superfície áspera. "Não sou apenas uma fada. Também sou uma ninfa."

O silêncio pairou por um momento antes de Hugo se virar para os outros. "Oque significa que você não é só uma sobrevivente anômala, isso é impressionante."

Laverne sorriu, um olhar conhecedor no rosto. "Agora sim, isso explica muito."

Victor cruzou os braços. "E o que exatamente isso significa?"

Daphne manteve o olhar firme. "Significa que minha ligação com a magia é mais profunda do que parece. Não apenas sinto sua energia, eu sou parte dela."

Hugo bateu palmas uma vez. "Ah, eu adorei essa garota."

Laverne assentiu. "Bem, Daphne, acho que temos muito o que conversar."

Daphne sorriu de leve. "Parece que sim.

"Sua árvore fica muito longe?"

"Perdão, minha oquê?!"

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- Meu plano era chegar na parte da série no capítulo 25, mas a inspiração veio e haverão mais capítulos antes de Bloom chegar 16 anos.

- Se alguém tiver alguma sugestão ou ideia maluca sou toda ouvidos. 

 

 

Chapter 24: As vidas escondidas

Chapter Text

Depois de encontrar as gárgulas, Daphne dobrou seus esforço em achar outras criaturas mágicas. Com uma dica das gárgulas, ela foi para as florestas europeias atrás de dríades ou ninfas, como eram chamadas.

Espíritos das arvores que receberam o mesmo nome que aquelas que se conectavam com a magia do universo.

Ela riu para si mesma ao pensar em Marabella sabendo disso, sua mentora era uma firme defensora sobre a superioridade das ninfas, não permitindo que ninguém desrespeitasse ou desenhara-se o nome das ninfas. Ela havia perdido a conta da quantidade de vezes que Marabella fazia o fogo do templo de Magix queimar ao saber que havia dançarinas as imitando pela cidade.

Daphne expandiu seus sentidos pela área, a quarta reserva florestal que ela havia ido buscando emissões de magia.

Só que dessa vez, ela sentiu algo, foi por menos de um segundo, mas estava lá. Ela jogou a cautela ao vento e se transformou. Não havia um humano ou câmera por quilômetros, ninguém a veria.

Sua forma de ninfa emitia magia crua, seria sentido por qualquer um, ainda mais em um lugar tão sem magia como esse.

Ela foi recompensada com o aparecimento de umas 4 fontes de magia na área. Bingo.

De dentro das sombras projetadas pelas copas densas, figuras etéreas se materializaram. Seus corpos pareciam mágicos, com pele que lembrava casca de árvore e cabelos que fluíam como folhas ao vento. Seus olhos brilhavam em tons de âmbar e esmeralda, e cada movimento exalava uma graça natural, quase hipnotizante.

 Seus olhos brilhavam em tons de âmbar e esmeralda, e cada movimento exalava uma graça natural, quase hipnotizante

Daphne permaneceu imóvel, permitindo que elas a estudassem primeiro. Quando pareciam satisteitas, algumas delas mudaram sua forma, ficando com pele e cabelos verdes, outras virando humanas, enquanto algumas mantiveram a aparência original.

Uma delas, a mais alta, inclinou a cabeça de lado, os olhos estreitados em confusão. "Isso é impossível..."

Outra deu um passo hesitante à frente, seus dedos finos roçando o tronco de uma árvore próxima. "Uma fada. Na Terra. Ou quase uma fada"

As outras murmuraram entre si, sussurrando como folhas ao vento.

Daphne manteve-se firme, mas sua expressão suavizou. "Então vocês sabem o que sou."

A primeira dríade assentiu lentamente. "Sabemos... e não entendemos." Seus olhos brilharam mais intensamente. "Os bruxos prenderam todas vocês. Como ainda existe uma fada aqui?"

Daphne absorveu a pergunta por um momento antes de responder. "Não sou desse planeta, eles prenderam as fadas da Terra, mas eu não tenho a mesma aura que elas, não era do interesse deles. Mas eu estou aqui... e estou procurando por outros seres mágicos." Ela sorriu levemente. "Estou feliz por ter encontrado vocês."

As dríades trocaram olhares entre si, um misto de desconfiança e curiosidade. Então, a mais jovem do grupo se aproximou, um pouco mais ousada.

"Foi você," ela disse em tom de admiração. "Sentimos a magia boa. A luz. Foi por isso que viemos."

Daphne sentiu um calor discreto em seu peito. Seu corpo, sua essência, ainda carregava a energia pura da magia, mesmo com a maldição em sua magia.

"Mas você não é uma fada comum. É algo diferente."

"Também sou uma ninfa.", Daphne disse sorrindo.

A ninfa da floresta não achou graça, no entanto. "Não, não é"

Outra dríade franziu a testa, inclinando-se levemente para frente, como se tentasse enxergar algo além da aparência de Daphne. As outras se entreolharam, murmurando em sua língua antiga, inquietas.

Daphne manteve a postura serena, mas seu olhar se fixou na ninfa que a desafiava. "Sou uma ninfa," repetiu, desta vez com mais firmeza.

A dríade balançou a cabeça lentamente. "Não como nós. Nem como as primeiras." Seus olhos brilharam em um tom dourado profundo, e sua voz ganhou um peso ancestral. "Você tem a essência da natureza, mas há algo mais... algo diferente."

O sussurro das folhas aumentou ao redor, como se a própria floresta reagisse às palavras dela.

Daphne manteve-se imóvel, sentindo a magia do lugar envolver seu corpo, tentando ler suas energias. Ela estava acostumada a ser vista como diferente, mas nunca de uma forma que até as dríades hesitassem.

"Então o que sou?" perguntou, cruzando os braços suavemente.

A dríade hesitou por um instante, como se não tivesse uma resposta simples. Mas então, aproximou-se mais um passo. "Vamos para a Árvore-mãe," disse, sua voz mais baixa, quase reverente. "Ela saberá."

Daphne piscou, estudando os olhos dela. Não era apenas um convite. Era um teste.

Ela assentiu. "Então vamos."

E sem mais perguntas, seguiu as dríades floresta adentro.

As mãos da dríade brilharam levemente ao tocarem um dos troncos próximos. Como uma resposta silenciosa, as árvores ao redor se curvaram ligeiramente, sussurrando em uma língua que Daphne não compreendia completamente.

"Para a Árvore-Mãe," respondeu a dríade, os olhos brilhando com reverência. "Você busca a magia e nós buscamos clareza, então deve vê-la com seus próprios olhos."

Daphne reprimiu o impulso de perguntar mais. Em vez disso, simplesmente assentiu e seguiu as dríades pela floresta.

Conforme caminhavam, o ambiente ao redor começou a mudar. O ar tornou-se mais denso, carregado de energia antiga. O som dos galhos farfalhando parecia ganhar um ritmo próprio, como um coração pulsando.

E então, ela a viu.

No centro de uma clareira banhada por uma luz etérea, erguia-se a Árvore-Mãe.

Ela era imensa, maior do que qualquer árvore que Daphne já havia visto. Seus galhos se estendiam como braços protetores, e suas folhas brilhavam em tons azulados e prateados, emitindo um brilho suave. As raízes, grossas e entrelaçadas, pulsavam com magia pura, como veias vivas conectadas à própria Terra.

Daphne parou, absorvendo a visão diante de si.

Era a coisa mais bela que já vira.

A clareira estava silenciosa, preenchida apenas pelo sussurro das folhas brilhantes da Árvore-Mãe. Daphne sentia a pulsação de magia sob seus pés, fluindo através das raízes como um rio de energia viva. As dríades permaneceram em um círculo ao redor do tronco colossal, inclinando a cabeça em respeito.

Então, o ar tremeu.

Uma luz dourada começou a brilhar entre as folhas mais altas, intensificando-se até se espalhar como um manto de estrelas. O brilho desceu lentamente, tomando forma diante delas.

Era uma figura alta e esguia, moldada de pura luz e folhas cintilantes, os traços fluindo como se fossem parte do vento. Seus olhos eram profundos como a terra antiga, e sua presença carregava a força de séculos. Ela era formidavél.

"Minhas filhas," a voz ecoou, profunda e gentil, reverberando no próprio coração da floresta. As dríades baixaram a cabeça, em sinal de respeito.

Então, os olhos do espírito pousaram sobre Daphne.

"Eis que encontro uma Guardiã da Magia."

Daphne piscou, sentindo um arrepio subir por sua espinha. O título carregava um peso que ela não esperava.

O espírito deu um passo à frente, a luz ao seu redor oscilando como uma chama antiga. "E da Chama Criadora."

As dríades se entreolharam, murmurando em vozes baixas. Algumas pareciam surpresas, outras observavam Daphne com um olhar renovado, como se apenas agora estivessem enxergando algo que antes lhes escapava.

Daphne manteve-se firme. "Eu não entendo o que você diz." Mas tinha uma suspeita.

O espírito sorriu suavemente, como a brisa atravessando os galhos de uma árvore milenar. "Você entende mais do que pensa, filha da magia."

A Árvore-Mãe pulsou ao redor delas, e a energia da clareira pareceu intensificar-se, envolvendo Daphne em um abraço invisível.

"Venha," o espírito disse. "Há verdades que precisam ser reveladas."

As raízes da árvore se moveram, abrindo um espaço entre elas, que levava a um bosque com brotos de árvores, provavelmente as jovens dríades.

As dríades abriram caminho, seus olhares mistos de reverência e expectativa. A luz que emanava do espírito oscilava suavemente, como se a própria Árvore-Mãe cantasse em silêncio.

Dando um passo hesitante à frente, Daphne sentiu o calor da energia dourada tocando sua pele, um calor que não queimava, mas despertava algo dentro dela—algo antigo, profundo e poderoso.

"O que deseja fazer?" Sua voz saiu mais baixa do que pretendia, quase um sussurro levado pelo vento.

O espírito ergueu uma mão esguia, folhas cintilantes deslizando por seus dedos como poeira estelar. "Primeiro, você deve lembrar. A magia não se impõe sobre você, Guardiã. Ela desperta por você. Você precisa lembrar antes de poder agir."

As palavras vibraram em seus ossos. A luz ao redor cresceu, envolvendo-a em um brilho cálido. Memórias que ela não sabia possuir cintilaram em sua mente—ecos de outras eras, de chamas dançando entre sombras, de criação e destruição entrelaçadas. Aquilo a pertubou mais do ela deixou transparecer.

Daphne ofegou, os olhos arregalados. O espírito da Árvore-Mãe apenas sorriu, um sorriso tão antigo quanto o próprio mundo.

"O tempo da verdade chegou."

E o bosque inteiro se iluminou, como se o próprio céu se abrisse para recebê-los.

Bem, aquilo seria interessante.

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- Então, alguém sabe de onde é a foto no ínicio? 

Me recuso a acreditar que não há nenhum outro fã

 

Chapter 25: O tempo da verdade

Chapter Text

Daphne atravessou a Árvore-mãe pelo bosque até um lugar que parecia uma praça, com fontes de água e cúpulas de mármore. As dríades pararam em um ponto e só continuação Daphne e a Árvore-mãe.

Ela ficou quieta esperando a Árvore-mãe falar, ela não seria quem iniciaria uma conversa. Então ela aproveitou o tempo para olhar a água, parecia haver algo diferente, ela se conteve para não passar sua magia pela água, inconsciente se aquilo seria desrespeitoso para as dríades.

"Você não é o que eu esperava. Há eras temos histórias sobre uma seres mágicos que vieram até nós e restauraram a magia, esperávamos que isso significasse a libertação das fadas da Terra, mas aqui está você, uma fonte mágica com deveres diferentes do que dizem nossas profecias." A voz da Árvore-mãe era mais suave então, menos régia do que era há poucos momentos. "Minhas filhas esperam que você seja aquele de quem as profecias se referem, mas você tem outros deveres, não tem?"

Reunindo seus pensamentos, Daphne falou "Tenho, embora eu espere poder libertar as fadas da Terra, ainda não é o momento, não para mim. Eu acredito que a senhora não sabe quem eu sou, deixe-me esclarecê-la", ela parou um momento antes de se retirar sua máscara e olhar diretamente para a Árvore-mãe, "Eu sou Daphne do planeta Dominó, princesa e herdeira aparente de Dominó, ninfa suprema da Dimensão Mágica, ninfa de Sirenix, ninfa de Dominó, ninfa de Magix, protetora da Chama do Dragão e fada dos elementos, mas por favor me chame de Daphne."

A Árvore-mãe riu, encantada, antes de falar, "É um prazer conhecido-la ninfa, eu sou Gothel, espírito da Natureza, guardiã da vida, Árvore-mãe das dríades e líder das dríades" Ela terminou, mudando de forma, para ficar com a pele e cabelos verdes, como outras dríades já ficaram.

"Este é o bosque das dríades, é nosso refúgio, onde nosso poder está no auge. Você deve ter visto os retornos no caminho para cá", ao aceno de Daphne ela contínua, "Nossa existência depende do equilíbrio da magia, bem e mal, sombra e luz, a caça às fadas desestabilizou isso, são poucos de nós que nascem a cada ano, a única exceção foi há 10 anos e pouco tempo depois nem aquilo ajudou, confio que sabe o motivo."

Daphne sabia, é claro, foi algo que Morgana descobriu quando a conheceu. Fadas espalharam magia de luz, o nascimento de uma em um planeta quase devastado fez muitas coisas.

Morgana ser presa, ter tido suas assas arrancadas e sua magia contida naquela prisão, deveria ser uma gota de água final sem equilíbrio mágico, mas o nascimento e existência de Roxy detecta isso. Roxy era a esperança das fadas e da magia da Terra.

Ela ainda se enfurece com a estupidez dos bruxos do círculo negro. Era como se não comentassem de nada!!! O desequilíbrio iria destruir a magia deles também e mesmo assim eles queriam fazer isso.

Era também porque as dríades não representavam um perigo para sua afiliada. Daphne ainda libertou sua magia só como um aviso, ela deixou claro que defenderia Roxy mesmo que isso significasse destruir todas as dríades.

Ao contrário do que ela esperava a Árvore-mãe. "É bom ver que ela está protegida, ainda mais por uma filha da magia, paz não tenho motivos para atacar sua protegida. Muito pelo contrário, quero que você se prepare para restabelecer a balança desse planeta."

Daphne trouxe sua magia de volta para si, e espero que a Árvore-mãe, Gothel, elabore mais.

"Os filhos da noite, vampiros, bruxos, irmãos dos lobos, estão descontrolados. A prisão das fadas perdidas em eles tendo acesso a mais magia, mas eles perderam o controle, a loucura vem até eles mais e mais a cada geração. Seus poderes estão fracos agora, nada do que era séculos atrás e eles não sabem por quê. Os piores traços de suas linhagens estão se manifestando e eles estão ficando instáveis."

Daphne colocou a mão em seu colar, o colar das ninfas, onde havia traços da magia de Marabella e das que vieram antes dela. Como ninfa suprema era seu dever retificar aquela situação, assim como era seu dever proteger a Chama, sua irmã e Roxy. Ela não poderia cuidar daquilo no momento, não enquanto estivesse se escondendo e mesmo ela não poderia lutar contra toda a população mágica do planeta.

“Eu sou um epicentro, a ponte entre todas as outras. Bem e mal. Nasci com o primeiro sopro de vida das fadas, depois que a Chama Ancestral criou esse planeta. poder não cresce e nem diminuií, congelado no tempo. E assim será, até que as fadas voltem a habitar na Terra. Até então a magia do planeta continuará instável e mais fraca a cada dia, pendente para o desequilíbrio", para Daphne ela não parecia rancorosa, triste ou arrependida, só resignada, esperando por outros para ser o que deveria ser. Daphne não sabia o que deveria dizer sobre essa situação. Mas tinha uma pergunta a fazer.

"Porque eu não sinto isso? Eu sinto magia melhor do que qualquer fada, quase melhor do que qualquer criatura mágica, como a magia antiga funciona para mim e para meus protegidos?", como ela consegue fazer tanto? Como suas meninas podem usar magia tão naturalmente?

"Isso é fácil, eu não a chamo de filha da magia à toa, Daphne. Você carrega uma centelha da magia primordial, não roubada, mas dada livremente, junto a isso há um pedaço da Chama criadora, nem precisa contestar, eu sinto isso. Você é uma fonte de poder própria, imagino que possa dons e poderes temporários", Daphne acenou com a cabeça em confirmação, ainda abalada por ter sua natureza percebida tão facilmente.

"Seu poder não vem desse mundo e você é uma fonte, por isso você não sente isso ainda. Embora eu não possua suas protegidas para saber por que elas não sentem o desequilíbrio."

Ela poderia ter se dado uma tapa ali mesmo. Azura havia falado isso! Até Izira havia questionado sobre a instabilidade. Em mais de uma vez, eles tinham até falado que não conseguiam manter a transformação por muito tempo longe do refúgio das fadas. Fazia anos, mas ela deveria ter se lembrado.

"Eu quero um voto de segredo para revelar mais."

"E pra quem eu revelaria, filha da magia?", para crédito de Gothel ela não pareceu ofendida, só curiosa.

"Isso eu não sei, mas não correrei riscos. Ainda mais por alguém que conheci hoje."

"Muito bem então, farei seu voto."

Daphne pegou a mão dela, deixou sua magia guiar o voto e falou as palavras para Gothel repetir, condicionando até o momento em que Daphne permitisse explicitamente que o segredo fosse revelado.

"Eu sou fada madrinha da última fada da Terra, a filha unigênita da rainha das fadas Morgana, princesa Roxy da Terra.", O espírito diante dela arregalou os olhos, perdendo a compostura etérea. Ela provavelmente esperava que Daphne tivesse tido sobre Morgana e a prisão dela, não sobre a filha da rainha e muito menos sobre ela ser sua afiliada. 

A luz ao seu redor oscilou, como se a própria magia daquele bosque tivesse sido afetada pela revelação. As folhas tremularam ao redor delas sem que houvesse vento, e as dríades trocaram olhares inquietos, mas ela não tinha acabado.

"Eu também protejo minha irmã, princesa Bloom de Dominó, portadora da Chama do Dragão."

O brilho dourado do espírito tremeu. Um silêncio profundo se instalou, tão intenso que parecia que a própria floresta prendia a respiração. A clareira, antes pulsante e vibrante, ficou estranhamente imóvel.

"Terra abaixo! Isso é impossível..." a voz do espírito saiu num sussurro, comunicando de algo que Daphne não conseguiu identificar—medo? Reverência?

A essência do ser ancestral se retorceu por um momento, como se a energia que a compunha tivesse sido sacudida por algo maior do que ela própria. Gothel deu um passo involuntário para trás, como se precisasse de distância para processar a informação.

"A última fada da Terra... e a portadora da chama primordial..." O espírito fechou os olhos por um instante, e quando os abriram novamente, havia uma inquietação ali que antes não existia. "Você tem fardos pesados, Daphne. Entendendo o motivo do voto."

"Eu sei", ela respondeu, com voz firme, mas sem arrogância.

O espírito a fitou mais uma vez, sua presença oscilando entre a incredulidade e algo mais profundo – uma compreensão assustadora do que aquelas revelações tiveram.

"Sua irmã carrega a inesgotável Chama criadora, ela não sentiria nada a menos que procurasse sentir e mesmo assim não a afetaria. Sua afilhada é a mesma coisa, ela é filha de Morgana, a linhagem dela a impede de sentir isso e ela ainda não é rainha, não se conectou com o núcleo."

"Fui o que eu suspeitava. Obrigada por confirmar."

"Obrigada por me contar, isso me dá esperança. Uma filha da magia, uma portadora da chama primordial e uma filha-herdeira de Tir Nan Og significam mais para mim do que pode imaginar. Eu pretendi dar-lhe algo hoje, mas terei que mudar meus planos."

Gothel andou até a beira da água então pôs os pés na água e moveu as mãos em padrões rápidos. Da água surgiram várias pérolas, cada uma com formatos circulares irregulares, mas reluzentes e brilhantes. Havia até algumas cores. Gothel então moveu a mão e uma folha de árvore caiu nela, ela então teceu a folha com magia para formar uma rede, onde colocou as pérolas e então amarrou a rede formando uma sacola.

Voltando ao seu lado, ela colocou a rede nas mãos de Daphne. "Teça elas em roupas, acessórios ou até mesmo em seus cabelos. Essas são pérolas mágicas, angreais, elas fortalecerão a magia de quem as estiver portando e servirão como escudos contra feitiços e maldições, principalmente as criadas nesse planeta."

Daphne não falou por um tempo, mas se concentrou e curvou a cabeça ao mesmo tempo que disse, "Você honra a mim e aos meus, Gothel, você tem minha eterna gratidão."

Era mais uma linha de defesa, mais uma coisa que protegeria suas meninas onde estivessem.

"A honra é minha, Daphne.", Gothel respondeu com a voz solene e honesta em meio ao silêncio. Só então Daphne percebeu que as dríades ao redor estavam silenciosas, observando uma cena espantada. Aquele gesto deve significar algo mais para eles, mas ela não perguntaria naquele momento.

"Há outra coisa, você é uma filha da magia, uma ninfa, usando seus termos, você aprendeu a tecer tramas? Como estas", Gothel contínuo, impermutável pelo silêncio das dríades e convocado fios de terra e água ao seu redor.

A magia das ninfas concedia a elas o poder de criar feitiços e modificar os existentes, mas isso era a parte mais refinada de seu poder, derivada da habilidade de ver fios mágicos e alcançá-los. Não foi surpreendente que um tenha sido realizado tão antigo quando a Árvore-mãe relatou o mesmo, embora fosse chocante a habilidade que ela demonstrava, nem mesmo Marabella conseguiu tecer tramas tão bem.

"Eu aprendi, é algo que todos os ninfas aprendem, embora não do jeito que você faz."

"Você tem um dom para isso?"

Aqui Daphne se permitiu mostrar um pouco de orgulho próprio, "Sou rápido para aprender magia, dominei tramas de fogo em menos de um ano e o resto não muito depois, mas não tive tempo para dominar toda a arte."

"Bom. Eu não a intenção de desrespeitosa, mas toda técnica é enfraquecida com o tempo, há momentos em que é preciso retroceder para então voltar. Venha a mim a cada fase lunar, eu lhe ensinarei sobre a magia da Terra, ele guiarei nossos antigos ensinamentos até que domina todas as cinco tramas que há. Você será uma tecelã como nenhuma outra."

Daphne franziu a testa, a desconfiança evidente em seu olhar. "Por quê? O que você ganha para me ajudar?"

Gothel apresentou uma sobrancelha, como se achasse uma pergunta ingênua, mas respondeu com a tranquilidade mesma de antes.

"As responsabilidades que você assumiu significam perigo, ninfa. Você se colocou entre forças que podem destruir tudo o que protege. A última fada da Terra, a portadora da Chama Primordial... Elas são preciosas, mas também são alvos. E você é seu escudo, espada e flecha."

Daphne manteve-se em silêncio, absorvendo as palavras. Gothel contínuo, a voz baixa, mas compartilhada de uma série inabalável.

"Quanto mais você sabe, melhor. Você precisa estar à altura do que está por vir." Gothel gesticulou, e os fios de magia ao seu redor se torceram e se entrelaçaram como raízes vivas. "Você será sua defensora, seu guia. Mas mais do que isso - será sua mentora. Elas aprenderão com você. E você precisará ensinar-las tudo sozinha."

Daphne sentiu um arrepio percorrendo sua espinha.

“Farei de você uma fada guardiã deste mundo. Sem uma fada mor aqui, recai sobre mim o governo sobre a natureza. chegar a hora ela deve permitir que a magia da natureza habite nela, ela não será só a rainha das fadas, mas o arconte da magia da Terra."

"Você fala de atingir a alta harmonia", Ela deixou de fora seu julgamento e desgosto ao ver o espírito presumir tanto de si mesma. A alta harmonia não era para todos, muitos morreram tentando, não há nem as mesmas 50 fadas na história conhecida que atingiram tal pico.

"Não, isso é com Arcádia", Daphne baixou suas defesas ao ouvir aquilo e esperou Gothel elaborar. "Eu falo da magia da Terra, não do resto universo conhecido."

Gothel estendeu uma mão, e os fios que conjuraram se entrelaçaram em um padrão intricado, pulsando com uma energia densa e vibrante. Não era a leveza etérea das tramas comuns nem o fluxo ardente da magia elemental. Havia algo mais ali, como se viesse do próprio coração do mundo, diferente até mesmo da magia egípcia e da pouca que ela localizou nas antigas cidades.

"A magia da Terra não é como as outras que você conhece", explicou Gothel, sua voz carregada de reverência. "Não é apenas a manipulação dos elementos ou a sintonia com a natureza. É a própria força vital do planeta, o fluxo invisível que sustenta todas as coisas vivas deste planeta. Os mortais a chamam de energia telúrica," Gothel continuou.

"Os druidas a chamaram de sopro primordial. Mas nós, que vemos a magia como ela é, sabemos a verdade: é a teia que une tudo o que cresce e respira. É o que permite que a natureza resista, se recupere e floresça mesmo após uma devastação. A verdadeira essência da criação e do equilíbrio. A Alta Harmonia pertence à Arcádia, ao grandioso equilíbrio do cosmo. Mas a magia da Terra... ela pertence às que caminham sobre o solo, às que ouvem o chamado das raízes e do vento. Se Roxy for nossa rainha, ela deve se tornar seu arconte— o vaso que conterá e protegerá essa força"

Daphne sentiu um arrepio percorrendo sua pele. Havia algo familiar naquilo, mas também assustador. "E se ela não quiser?"

Gothel inclinou a cabeça intensa, um brilho intenso em seus olhos antigos.

"Então a magia irá perecer, e nosso mundo mudará, perderemos nossas origens e seremos como os outros milhares de reinos esquecidos ao longo do tempo e da inovação descabida."

O peso daquelas palavras caiu sobre Daphne como uma pedra.

A magia da Terra... não era apenas um poder. Era um juramento.

E Gothel esperava que ela e Roxy o aceitassem.

"Você será ensinado a moldar o mundo através da magia, a compreender os fios invisíveis que ligam todas as coisas." Ela estreitou os olhos, avaliando Daphne. "O que você domina hoje é apenas o começo. Se quer realmente observá-las, deve ir além. Você tem potencial para isso, como qualquer filha da magia e fada talentosa, mas há mais do que seus contemporâneos parecem saber. Você sabe fazer tramas, mas não sabe usá-las corretamente, há muito mais do que simplesmente criar feitiços, uma fada elementar tem mais lugar de fala do que eu. Eu a ensinarei, você virá aqui a cada volta lunar. E em alguns anos, você ensinará isso a portadora e a filha-herdeira"

Ela não sabia que Daphne já desfez maldições planetárias, não sabia o tipo de magia com a qual ela lutou, ela não sabia que Daphne carregava uma maldição em seu poder e muito menos que ela sabia tecer tramas melhor do que qualquer outro no universo mágico, até melhor que sua antiga professora. Mas ela tinha um ponto, conhecimento se perde com o tempo, e Gothel era um espírito do passado, ela saberia mais do que Daphne. E Daphne nunca perderia a oportunidade de aprender.

"Então é isso que você vê em mim?" ela disse. "Um instrumento para treinar a próxima rainha de acordo com sua visão de mundo?"

Gothel sorriu levemente, mas não respondeu imediatamente. Em vez disso, soltou um dos fios que conjurara, deixando que se desmanchasse no ar.

"Eu vejo alguém que pode ser muito mais do que é agora, uma pessoa com um poder acima de muitos. Alguém que se aceitar pode ajudar a restabelecer a magia deste planeta ao que sempre deveria ser."

Daphne apertou os lábios.

Ela não confiava em Gothel, mesmo com o juramento. Mas, naquele momento, eu sabia que não podia ignorar o que ela dizia.

"Eu aceitarei seus ensinamentos, mas saiba que eu escolherei o que é melhor para minhas protegidas, elas não serão fantoches nos esquemas de outros. Elas são minha prioridade, nada vem antes delas e se eu achar que você representa algum perigo para ela então você vai descobrir o que uma ninfa suprema é capaz de fazer."

Ela esperava tudo menos o que recebeu. Gothel sorriu, gargalhou na verdade, parecendo encantada. "Esse é o comportamento que espero que uma guardiã demonstre. Tenha paz, jovem. Não há motivos para esquemas, a princesa aceitará tomar o posto de arconte assim como ancestrais dela já fizeram, se não, um dos descentes dela o fará, mas um dia teremos nossa arconte."

"Você fala de profecias, mais de uma."

"Minhas filhas recebem e distribuem profecias quase a cada turno solar, poucas são claras, mas temos algumas que esperamos o cumprimento há séculos. Alguém de outro planeta virá e ajudará as fadas daqui a restabelecer a magia. Alguém irá parar os bruxos do círculo negro e alguém vai libertar as fadas de Tir Nan Og."

"Você acha que eu e minhas protegidas faremos isso?", Daphne perguntou, com toda a frieza e cautela que aprender na corte real. Por dentro, a dúvida a corroía, Morgana nunca falou sobre dríades, nem sobre fios de magia, embora o que ela descreveu sobre a conexão das rainhas ao planeta, se assemelhasse a Alta Harmonia Mágica.

"Se não diretamente, então indiretamente, mas é muita coincidência que pessoas com tais níveis de poder tenham se reunido, não acha?"

Aquilo gelou Daphne, gelo parecido com o que sentia em Dominó. Se o destino moveu Daphne até aquele planeta então a queda de Dominó estava destinada. Ela não sabia o que pensar. Já era demais pensar que sua mãe deve ter tido visões do dia da queda de seu reino. Então ela se concentrou em outra coisa.

"Você falou de Tir Nan Og. O que é isso?"

"A cidade natal das fadas, o lugar onde a rainha governa. A cidade escondida no centro da Terra. Agartha no idioma mais novo."

Então ela estava certa. Agartha era a cidade das fadas. Ohh céus acima!!! Como é bom estar certa!!!

Respirando lentamente, para se acalmar ela continuou. "Há energia mágica de fadas emanando do centro do planeta, mas é bloqueada por alguma coisa, não consegui identificar até agora."

Gothel a observou com uma intensidade renovada, os olhos brilhando com algo entre surpresa e satisfação. Então, riu suavemente, não de escárnio, mas como alguém que acaba de descobrir algo precioso.

"Você me disse que sentiu mais magia do que a maioria", Gothel murmurou, inclinando a cabeça enquanto a analisava com uma nova perspectiva. "Mas eu te subestimei, não foi?"

Daphne não desviou o olhar, mesmo incerta se deveria se sentir lisonjeada ou preocupada, ela manteve o olhar fixo no espírito mágico

"Eu não sei o que exatamente bloqueou essa energia", Daphne admitiu, sua mente navegando ainda pelos fios invisíveis da magia. "Mas sei que não é natural. Suspeito que seja a magia do círculo negro, não parece com a magia de bruxos, mas pode ser a de um objeto controlado por eles"

Gothel abriu os lábios, como se saboreasse aquela revelação. "Então você viu a barreira... e a sensação."

"Sim."

A Árvore-mãe respirava fundo, os olhos fixos em Daphne como se enxergasse algo novo nela. "Você não apenas sente mais magia do que os outros", disse Gothel lentamente, "você vê mais do que deveria ser capaz de ver. Sua conexão com a magia vai além do que eu imaginava, isso vai ser bom para você."

Daphne não respondeu imediatamente. Parte dela queria negar, dizer que apenas estava treinada para notar o que os outros ignoravam. Mas, no fundo, ela sabia que não era só isso. Ninguém, nem mesmo Marabella, sentia e conseguia fazer as mesmas coisas que ela. Talvez fosse por causa de sua conexão com a Chama, que superava até mesmo a conexão do resto de sua família.

Daphne ergueu o olhar para Gothel, a mente fervilhando com novas possibilidades. "Se há tanta magia oculta neste mundo, existem povos que a conhecem? Comunidades que vivem em harmonia com ela?"

Gothel inclinou a cabeça, um brilho animado nos olhos ancestrais. "De fato, há. No que chamam de América do Norte, há um povo que vive em sintonia com a magia, embora não a reconheçam como tal. Suas tradições, cânticos e danças estão impregnados de poder antigo, uma conexão profunda com a terra."

Daphne absorveu essa informação, sentindo a vastidão do mundo mágico se expandir diante dela. "E em outros lugares? Existem seres mágicos que ainda habitam este planeta?"

"Sim," Gothel respondeu com um sorriso enigmático. "Nas profundezas da floresta amazônica, no coração do domínio de Diana, a fada-mor da natureza, residem seres mágicos aquáticas, terrestres e aéreos. Embora Diana esteja aprisionada, aqueles que ali viviam permanecem, guardiões silenciosos dos rios e lagos, e da terra e céus, embora mais escondidos. Procure por Yara, por exemplo, é uma sereia que habita as águas doces. Ela deve ser a mais fácil de achar."

"Está anoitecendo, nos excedemos nosso tempo. Vá, Daphne. Esperarei por você na próxima fase da lua, daqui a sete ciclos circadianos. Eu devo voltar. Mas espero que considere minhas palavras e volte com a mente aberta para novos ensinamentos, faz eras desde que tive uma aluna."

Daphne curvou a cabeça e seguiu Gothel pelo caminho de volta, abrindo um portal um pouco mais adiante. Levando consigo as pérolas e muita coisa para assimilar.

Chapter 26: Familiares e... uma amiga?

Chapter Text

Daphne viajou para as terras indígenas do oeste dos Estados Unidos. Ali, encontrou uma comunidade cuja conexão com a terra espelhava a essência da própria magia das fadas. 

A arvoré-mãe, Gothel, estava certa. Aquele povo não sabia sobre a magia, mas vivia com ela.

Ela foi recebida com curiosidade e respeito, ela tomou precauções para entrar lá. Fez questão de conversar com os poucos que saíam da comunidade e só se aventurou depois que obteve permissão. Ela conversou com anciãos que falavam da floresta, dos rios, do vento que sussurra segredos antigos. Compartilharam com ela histórias sobre equilíbrio, harmonia e o respeito pela natureza—conceitos que não eram tão diferentes dos ensinamentos da Árvore-Mãe e da própria Marabella.

Na última noite de sua estadia, sentou-se ao lado do chefe da tribo, um homem de olhos profundos como o céu antes da tempestade. Ele estudou Daphne por um longo momento antes de falar.

"Você escuta a terra," disse ele, a voz firme como raízes antigas. "Mas escutar não basta. É preciso entender o que ela pede. Não pense, sinta. Ouça, não escute."

Daphne assentiu, absorvendo suas palavras. Quando se despediu e começou a caminhar para seu carro, o vento soprou diferente. Então, uma sombra cortou o céu.

Uma águia-real desceu em um voo majestoso, pousando à sua frente. Suas garras agarraram a terra macia, e os olhos dourados a fitaram com uma inteligência inquietante.

Daphne parou, surpresa. A ave a observava como se a estivesse avaliando. Quando deu um passo à frente, a águia a seguiu.

O chefe riu atrás dela. "Parece que um familiar a escolheu."

Ela olhou para ele, confusa. "Familiar?"

Não é possivél que seja como em Magix, quer dizer, possivél é. Porém, estrelas acima!!! Um familiar na Terra, um familiar em um reino tão devastado quanto esse.

Ele inclinou a cabeça, o sorriso ainda nos lábios. "Você não conseguirá se afastar facilmente dele."

Daphne voltou sua atenção para a águia. Ela não se moveu. Um impulso desconhecido tomou conta dela, e, hesitante, estendeu a mão. Assim que seus dedos tocaram as penas da ave, uma onda de energia percorreu seu corpo—não ameaçadora, mas familiar, como se algo nela finalmente estivesse se encaixando.

A águia soltou um som baixo, quase um chamado, e abriu as asas antes de voltar a pousar, como se testasse sua paciência.

Daphne suspirou, aquilo parecia muito com os familiares da Dimensão Mágica, até o vínculo era como outros haviam descrito. Ela andou para a esquerda, só para testar, e a cada passo, a águia a seguiu. Ela deixou a aldeia com o conselho dos anciãos bastante alegres e os jovens sendo impedidos de tocarem na ave, seu novo familiar. 

Ela voltou pela trilha que tinha feito antes, suviu na mesma canoa e pegou o carro que havia deixado ao ir para a aldeia e em tudo isso a ave a seguiu. Quando finalmente ela abriu um portal de luz para voltar para casa, virou-se para ver a águia uma última vez—mas no instante em que atravessou o portal, o som de asas batendo a seguiu.

Ao pisar em sua casa, sentiu um deslocamento no ar atrás dela. Olhou para trás.

A águia estava lá, pousada em sua mesa de madeira como se sempre tivesse pertencido àquele lugar.

Daphne passou a mão pelo rosto, exasperada.

O chefe estava certo. Ela estava presa a águia. 

Pelo menos não era um animal grande.

Bloom e Roxy correram para dentro da sala, os olhos brilhando de curiosidade quando viram a enorme águia pousada no encosto do sofá. Provavelmente ouviram os pios da ave.

"Uau!" Bloom exclamou, parando ao lado da irmã. "Daph, de onde veio essa águia gigante?"

"Ela me seguiu," Daphne suspirou, cruzando os braços enquanto observava a ave, que a fitava com a mesma intensidade de sempre. "Aparentemente, ela decidiu que eu sou dela agora."

"Isso é tão legal!" Roxy sorriu, se aproximando devagar. "Posso tocar nela?"

A águia piscou lentamente para a menina, mas não se moveu.

"Pergunte a ela, querida" Daphne respondeu, um pouco hesitante. Mas querendo ver como Roxy reagiria a águia, especialmente levando em conta o que sua afilhada já passou por causa de sua magia.

Antes que Roxy tentasse, um som baixo e trêmulo chamou a atenção delas.

Kiko, o coelhinho de Bloom, estava encolhido atrás de um vaso de plantas, tremendo de medo. Suas longas orelhas tremulavam e seus olhos estavam arregalados.

"Ah, Kiko, ela não vai te comer," Roxy disse gentilmente, pegando o coelho nos braços. Ele se agarrou a ela, escondendo o rostinho no ombro da jovem fada.

Bloom riu. "Bom, ele é bem pequeno... Eu também teria medo no lugar dele!"

Daphne balançou a cabeça e voltou sua atenção para a águia, batendo o dedo no queixo. "Ele não machucará ninguém, não se quiser poder entrar nessa casa." A águia a encarou, fazendo um pio de desagrado, mas não avançou em Kiko.

"Ela"

"Como, querida?"

"Não é ele, é ela.", Roxy passou Kiko para Bloom e colocou uma das mãos no peito da ave enquanto falava. "E ela está chateada por não ter recebido um nome ainda."

Bem, quem era Daphne para duvidar de uma fada dos animais. Ela pensou por um instante antes de testar.

"Que tal Aurora?"

A águia não reagiu. Roxy, provando ser uma boa tradutora, falou um enfático não;

"Hmm... E se for Celeste?"

Nada.

"Windy?"

A águia sacudiu as penas, quase como se tivesse acabado de ouvir a coisa mais ridícula do mundo.

Roxy riu. "Ela achou esses nomes bobos."

Daphne suspirou e voltou-se para a águia. "Então você quer escolher seu próprio nome, é isso?"

A ave inclinou levemente a cabeça, os olhos inteligentes observando Daphne com algo que parecia... julgamento.

"Ótimo," Daphne murmurou, cruzando os braços. "Então me dê dicas."

Bloom e Roxy riram, enquanto Kiko ainda tentava se enterrar no ombro de Bloom.

A águia apenas ergueu as asas e as ajeitou contra o corpo, como se se divertisse com tudo aquilo.

"E Arabella? Eu gosto desse nome", Bloom falou, inclinando a cabeça para a águia-real.

Um pio feliz veio da recém nomeada águia, que permitiu que Roxy alisasse sua cabeça.

"Muito bem, meus amores, nós a chamaremos de Arabella", Daphne disse enquanto passava os dedos nas asas de seu familiar, deixando sua magia ser sentido por ela.

Passos vieram do corredor e Vanessa apareceu, seu olhar passeou pelo ambiente, e por um breve instante, ela não percebeu nada incomum. Mas então, seus olhos pousaram na enorme águia pousada confortavelmente no encosto do sofá.

O grito que escapou de sua boca foi uma mistura de susto e descrença.

"DAPHNE!"

Daphne ergueu as mãos, tentando acalmar a amiga antes que ela tivesse um ataque.

"Antes que você surte—"

"Antes que eu surte?" Vanessa deu um passo para trás, os olhos arregalados fixos em Arabella. "Daphne, tem uma águia na sala!"

"Eu sei, eu acho que ela não vai querer sair daqui agora" Daphne respondeu com uma tranquilidade que não batia com o desespero de Vanessa.

"Uma águia enorme! Com garras gigantescas! Que poderia atacar qualquer um de nós!" Vanessa apontou para o sofá, onde Arabella apenas observava tudo com um olhar analítico, como se ponderasse se valia a pena se sentir ofendida.

Bloom e Roxy seguraram o riso, mas Kiko, ainda inseguro, apertou-se contra Bloom como se tentasse desaparecer.

Vanessa massageou as têmporas. "Daphne... eu nem sei por onde começar. Isso é... legal? Isso é permitido? A polícia ambiental não vai bater aqui achando que você está mantendo um animal selvagem ilegalmente? COMO VOCÊ ESTÁ TÃO CALMA?!!!!"

Daphne suspirou. "Bem, eu já tive um tempo para processar e ela parece bem amigavél e tecnicamente, ela me escolheu. Não fui eu quem decidiu ficar com ela."

"Isso não vai impedir ninguém de achar que você está criando uma predadora na sua casa!" Vanessa gesticulou freneticamente. "Sério, Daphne e se ela atacar alguém? Ou o coitado do Kiko?"

"Ela não vai fazer nada disso."

"Como você sabe?"

Antes que Daphne respondesse, Roxy cruzou os braços e olhou para Arabella. "Ela acha que você está exagerando," disse com um sorriso travesso.

Vanessa piscou, confusa. "O quê?"

Daphne riu suavemente. "Roxy está certa, veja a pobre ave, ela está calma desde que entou pela janela. Arabella não tem intenção de atacar ninguém."

Vanessa olhou de Roxy para Arabella e depois de volta para Daphne.

"Se te consola, eu também fiquei surpresa," Daphne admitiu.

Vanessa respirou fundo, tentando se acalmar. "Tá bom, tá bom. Eu aceito. Mas se essa águia fizer qualquer movimento suspeito, eu juro que saio correndo e levo as meninas comigo."

Arabella soltou um pio baixo, quase como se estivesse se divertindo com a situação.

Daphne sorriu. "Acho que ela gostou de você."

Vanessa revirou os olhos. "Ótimo."

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Arabella provou ser extremamente inteligente. O que levou a Roxy pedir a ela para pegar coisas no alto. Teve um dia Daphne viu Roxy pegar um pacote de salgadinhos que Arabella havia pegado. Foi hilário.

A conexão delas também aumentou, ela podia sentir onde Arabella estava e se abrisse o link entre elas, dava até para sentir o humor dela. Era uma sensação fantástica estão tão intimamente ligado a outro ser que a entendia, cuja natureza refletia a dela.

Ela se pergutnava o que aquilo significava para ela. Uma ninfa de Sirenix com uma familiar que não consegue nadar. Ela chegou a debater se aquilo significava que ela havia perdido aquela parte dela, se algo nela havia mudado tanto que um ser dos céus se sentia em sintonia com ela.

Embora fosse muito bom ter Arabella com ela. A ave a acompanhava em suas viajens pelo mundo e parecia amar Paititi e as novas presas que podia pegar. A ave foi com Daphne no bosque das driades, o que levou Gothel a um ataque de risos, e ela até acompanhou Daphne na busca por outros seres mágicos. 

Seguindo outro conselho da arvoré-mãe, Daphne buscou os corpos de água na Amazônia. Ela alternava sua busca entre manhãs e noites, e tentava pegar pistas nas antigas lendas locais. 

Foi assim que ela acabou na margem de um rio no meio da floresta em uma noite de lua minguante. 

A água do rio refletia a luz prateada da lua, suas águas como um espelho encantado. Daphne caminhava lentamente pela margem, sentindo a umidade no ar e a energia vibrante da natureza ao redor. Mas havia algo mais ali. Algo antigo. Algo observando. Ela criou um orbe de luz na mão, para atrair o que quer que fosse e se preparou.

Foi então que a superfície do lago se rompeu.

Uma figura emergiu das águas em um movimento fluido, a pele cintilando sob a luz da noite. Cabelos negros escorriam como fios de sombra sobre os ombros nus, e os olhos—grandes, profundos e hipnotizantes—se fixaram em Daphne.

Yara

Daphne congelou, seu novo familiar voou mais perto de sua altura. Seu coração martelou no peito, não de medo, mas de puro choque. Ainda havia sereias, ainda havia vida nas águas da Terra.

Mas não houve tempo para contemplação. A sereia avançou em um turbilhão de água, os olhos brilhando com uma ameaça ancestral.

Daphne tentou reagir, mas seu corpo não respondeu. Tudo aconteceu rápido demais, sinceramnete uma vergonha para uma fada guerreira com ela. Ela estava muito chocada para reagir. Logo ela estava no meio do rio, nem conseguindo tocar o chão, seu familiar puxando seu cabelo para cima. Quando Yara estendeu a mão para atacá-la, um clarão mágico se acendeu ao redor de Daphne, como um escudo instintivo.

Yara recuou abruptamente, os olhos se estreitando. A hostilidade deu lugar à curiosidade. Ela inclinou a cabeça, observando Daphne como um predador que hesita antes do golpe final.

"Bem, se isso não é curioso. Que tipo de fada é você? Sua espécie supostamente estava presa, mas ainda assim há uma fada em minhas águas com um familiar dos céus." A voz da sereia era melódica e ao mesmo tempo afiada, carregada de um sotaque encantador e selvagem.

Daphne respirou fundo, tentando recuperar a compostura. "Sou uma fada dos elementos."

Yara estreitou os olhos. "Não, não é isso. Há mais em você. Diga"

Daphne conteve sua diversão, as palavras da sereia eram quase idênticas as das ninfas da floresta. Poucas criaturas reconheciam sua outra natureza tão rápido. "Também sou uma ninfa da dimensão mágica, uma filha da magia."

A sereia franziu o cenho e nadou em um círculo lento ao redor dela, como se analisasse sua presa. "Não... ainda há algo mais. Isso é raro, uma filha da magia nesse reino, mas há mais. Algo conectado às águas."

Daphne sentiu um nó se formar em sua garganta. Um calafrio percorreu sua espinha quando as palavras de Yara atingiram um lugar profundo dentro dela—um lugar que evitava tocar. Seu familiar fez um som triste, percebendo sua tristeza.

Porque, no fundo, ela sabia do que Yara falava.

A afinidade.

O chamado do oceano que ela não podia mais atender.

Ela sentiu as ondas de lembranças esmagando sua mente. 

Sirenix

A bênção e a maldição. O dom da água que foi arrancado dela pela maldição. Tão perto, mas impossível de tocar. Aquilo era como correntes invisíveis que a impediam de mergulhar nas profundezas dos oceanos, de sentir a magia dos mares pulsando através de seu ser. A fonte da angústia que sentia ao mergulhar com qualquer outra transformação.

Se Yara sentia isso, então talvez Daphne não tivesse perdido tanto, talvez ela ainda 

Ela não desviou os olhos da sereia, mas seu peito apertou.

Yara a estudou por um instante antes de erguer uma sobrancelha. "Você carrega uma perda." Sua voz era menos agressiva agora, quase... compreensiva. Não mais uma predadora, mas ainda não uma amiga.

Daphne engoliu em seco. "Eu não sou desse planeta. Sou uma ninfa de Sirenix, o poder do oceano infinito, o que você sente é isso. Mas eu... não posso usar esse poder, não posso conhecer as águas da Terra. Não mais."

A sereia permaneceu em silêncio, mas Daphne viu algo mudar em seu olhar—como se, pela primeira vez, não fossem estranhas, mas duas almas ligadas por um fardo que apenas as criaturas como elas poderiam compreender.

Yara deslizou para mais perto, suas escamas brilhando sob a luz do luar. Seu olhar, antes carregado de desafio, agora era de contemplação. "Você perdeu seu mar," murmurou. "Mas ele ainda vive em você."

Daphne baixou os olhos para suas próprias mãos, fechando os dedos como se tentasse agarrar algo que lhe escapava. A energia de Sirenix ainda estava lá, uma faísca adormecida no fundo de sua alma, mas era como uma estrela distante—intocável, inalcançável.

Yara inclinou a cabeça, os cabelos escuros flutuando na água ao seu redor. "As águas, o oceano nunca abandonam aqueles que o pertencem."

Daphne soltou um suspiro trêmulo. "Mas eu não pertenço mais a ele."

A sereia estudou suas palavras como se pesasse cada uma, então ergueu a mão, deixando gotas brilhantes escorrerem pelos dedos. "Então por que ele ainda tem chama?"

Daphne sentiu um arrepio subir por sua espinha. Ela queria negar, queria dizer que não havia mais nada ali além de memórias e saudade. Mas era mentira.

Yara estreitou os olhos, um leve sorriso brincando em seus lábios. "Talvez a perda não seja definitiva, ninfa de Sirenix"

Daphne piscou, surpresa. "O que quer dizer?"

A sereia apenas riu suavemente, começando a recuar para as sombras da água. "Os mares guardam segredos... e você ainda tem muito a descobrir. Volte na lua cheia e verá."

Antes que Daphne pudesse perguntar mais, Yara mergulhou, desaparecendo em um redemoinho prateado.

Ficou apenas o rio, calmo e profundo, refletindo a lua e um futuro incerto.

E pela primeira vez em muito tempo, Daphne se perguntou se a magia dos mares e corpos de água ainda poderia encontrar um caminho de volta para ela. Mesmo que não como era antes.

Pelo menos só faltavam duas semanas para a lua cheia.

Mas também, qual era o problema dos terráqueos com a lua?!!

 

Chapter 27: Aprendizado, reflexões e educação

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Daphne tinha passado os últimas dias inquieta, havia acontecido muita coisa. Sua percepção sobre a Terra havia mudado.

Ela achava que havia poucas criaturas mágicas, somente resquícios, mas não. Havia centenas espalhadas pelo planeta e isso sem contar os bruxos e bruxas escondidos por aí.

Eles não seriam páreo para uma ninfa plena nunca, mas se algum deles fosse hostil eles poderiam ferir suas meninas. E ela passou a pensar que só os feitiços defensivos nas pulseiras delas não eram suficientes.

Somando a isso, Bloom estava próximo do décimo primeiro aniversário, o que significava que sua magia iria ficar mais forte e, portanto, mais visível.

Foi por isso que ela passou seus dias aperfeiçoando um feitiço de camuflagem. Seria como se todos desviassem os olhos para a magia das meninas e para elas, consequentemente.

Não era perfeito, claro, a cada dois messes ela tinha que recarregar os feitiços. Mas elas permaneceriam escondidas dos seres mágicos da Terra.

Era até útil contra os bruxos do círculo negro, eles só sentiriam sua magia por perto e se eles fossem atrás dela, bem, basta dizer que Daphne não tinha mais motivos para se conter numa luta.

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Suas aulas com Gothel se mostraram frutíferas. A magia nativa era diferente de tudo que Daphne já tinha visto. Era como uma entidade única, talvez devido ao fato de não terem se misturado com outros povos. Tudo vinha do núcleo planetário, se a magia do núcleo enfraquecesse então todos os seres mágicos enfraqueceriam. Em Dominó, ela teve um exemplo claro dessa diferença quando aas bruxas atacaram.

O núcleo foi afetado, o planeta estava congelando, enfraquecendo, mas as fadas e bruxos de Dominó não perderam suas forças por causa daquilo. Nesse ponto, havia uma separação.

Na dimensão mágica ao longo do tempo, pessoas de planetas diferentes se misturavam e embora houvesse uma certa diferenciação no tipo de foco que a magia de cada um tomava, ainda eram muito parecidos, talvez aquela mistura tenha feito essa separação, mas ela não tinha como ter certeza.

Alfea ensinava a todo tipo de fada, juntando fadas de Zenith e de Linphea em um só lugar, por exemplo. Na Terra, tudo estava conectado, embora não usasse magia diretamente. O que ela não daria para ver as caras do conselho de Magix quando descobrisse o tipo de magia que eles ignoraram.

A magia da Terra, a magia básica do núcleo planetário, era como um idioma com uma matriz diferente, levaria tempo, mas ela conseguiria dominar.

Quando ela entendeu essa diferença, ela passou a tentar mais encantamentos com tramas da terra.

E Vanessa tinha o melhor lugar para isso. Um ambiente fechado, com diferentes espécies de diferentes habitats.

E sua querida amiga adorou o recém-descoberto interesse de Daphne. Ela aproveitava os dias em que levava as meninas para a loja para suas explorações.

Até agora, ela conseguiu, pela primeira vez na vida vale ressaltar, fazer uma flor crescer desde a semente até a fase adulta em minutos.

Era a prova de sua melhora na área e seu motivo de orgulho.

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Sua irmã tinha 12 anos e sua afilhada 10. Ambas já maduras o suficiente para saber que armas preferiam e que estilos de luta preferiam.

Daphne fez questão de ensiná-las a lutar, tanto os tipos ensinados em Dominó quanto os tipo da Terra. Seria útil para surpreender inimigos e ter sempre uma carta na manga.

Ultimamente ela vinha treinando as no arco e flecha, seria útil para foco e para aprimorar a mira, coisas essenciais para uma fada.

E para seu deleite, ela viu suas meninas brincando com espadas de plástico no supermercado. Ahh como ela agarraria essa oportunidade.

Vanessa protestou em dar espadas a crianças tão destrutivas e agitadas, mas Daphne a convenceu que não faria mal. Mike só riu e continuou a empurrar o carinho de compras.

Aquele era um homem sábio.

Não que Vanessa se intrometesse muito nas decisões de Daphne, havia um certo limites entres elas. Daphne respeitava as decisões de Vanessa e Vanessa respeitava as dela, Vanessa não era a responsável legal pelas meninas, mas ela era a maior ajuda de Daphne na criação delas e era como uma segunda mãe para elas. A própria Daphne tentava nãose posicionar como mãe delas, ela era a responsável e era a protetora, era família, mas ela não se sentia confortável sendo a mãe.

Vanessa há muito tempo discordava de Daphne colocando as meninas em aulas de luta e de instrumentos musicais tão cedo, mas acatou a decisão de Daphne.

Tendo sido treinada por uma fada de Melody, o poder, literal e não literal, da música era bem claro para ela e Daphne tentou pelo menos treinar seus ouvidos e habilidades motoras finas com aquelas aulas.

Além disso, era bom ter um jeito de expressar pacífico como instrumentos musicais, principalmente para fadas tão fogosas.

Daphne também as fez aprenderem idiomas da Terra, inglês, latim, grego, espanhol, árabe e dominiano antigo escrito. Isso as tornou poliglotas e as preparou para aprender mais línguas da dimensão mágica no futuro.

Embora o dominiano antigo tivesse outro objetivo, os diários que ela escreveu com os registros de magia acidental estavam nessa língua e em breve elas ensinariam a linguagem falada, assim elas teriam uma linguagem secreta. Nem mesmo na dimensão magia o antigo dominiano era falado, era uma língua considerada perdida, assim como a linguagem egípcia era para os humanos modernos.

Além disso, as gravações de emergência que Daphne fez explicando quem elas eram, o que elas eram e toda a historia delas estava em dominiano antigo. Era imprescindível que elas soubessem a língua. Mas ela se deu ao luxo de atrasar ensiná-las, se permitiu mais algum tempo razoavelmente despreocupada. 

 

Chapter 28: Voos, ensinamentos e aniversários

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Ela sentiu o vento em seu rosto, empurrando seu cabelo para trás e entrando em seu pulmões com força.

Sua companheira parecia estar na mesma felicidade serena, abrindo as assas para planar sem esforço.

Ela aproveitou a chance para bater as assas e se impulsionar para frente, deixando Arabella ser pega de surpresa pelo vento subsequente.

Ela ouviu um pio de surpresa e irritação no elo e riu feliz enquanto olhava para trás para ver a ave chegando perto dela.

Seus dias eram mais alegres agora que tinha uma companheira de voo, alguém que conhecesse o céu e entendesse a diferença entre voar e andar.

Arabella tinha um corpo desenvolvido para os céus, mas ela poderia andar se quisesse, assim como Daphne.

Mesmo em Dominó, ela não tinha isso, não até conhecer suas amigas, as ninfas da dimensão mágica. Tirando elas, Daphne não encontrava muitos que viam utilidade ou tinham vontade de simplesmente voar e aproveitar o vento, a maioria parecia perfeitamente satisfeito com o chão e voos curtos e os que gostavam de voar por horas não estavam particularmente interessados em voar com ela.

Arabella foi a única em muito tempo que a acompanhou no céu por horas sem reclamar. Ela esperava que com o tempo suas meninas se juntassem, ela lhes ensinaria com prazer a emoção de estar nos céus.

Sua querida familiar tinha outras ideias, no entanto, e a imagem de passarinhos voando e atrapalhando os adultos chegou em sua mente. Daphne não se conteve e riu, o que fez Arabella enviar sua irritação pelo elo. Ela era tão rabugenta às vezes.

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Gothel era uma professora diferente de todas que Daphne já teve, ela não era rígida e nem muito relaxada. Ela passava a ideia de serenidade que Arcadia tinha sobre ela. Ahh como seria se Arcadia a tivesse ensinado!!!

A Árvore-mãe era para todos os efeitos um biblioteca viva, ela sabia de tantas coisas, já havia passado por tantas alunas e metodologias diferentes.

Ela nem sempre a ensinava magia, era comum ela parar para lhe contar histórias. Daphne as vezes achava que as vezes era mais por companhia do que por qualquer coisa, naquele vale ela era a líder, não uma igual. Havia uma certa distância entre Gothel e as dríades.

Com Daphne, isso não acontecia, mesmo sendo professora e aluna, Gothel falava como se fossem amigas e Daphne não tinha intenção de não seguir esse caminho.

Suas tramas melhoraram desde Gothel começou a instrui-la, muito mais do que ela jamais imaginara.

Era outra forma de ver as tramas, era intuitivo e livre. Antes ela nos fazia em fio em padrões e juntava esses padrões para fazer algo, limitando um certo número de combinações. Com o método de Gothel, os nós e fios que ela usava eram quem ditavam o efeito das tramas, assim as possibilidades eram infinitas.

Ela conseguiu inclusive dar nós nas tramas para manter o feitiço mesmo que ela soltasse a trama, era incrível.

A primeira vez que soltou uma trama após dar um nó, quase caiu de joelhos com o espanto. O feitiço continuou. Ele permaneceu, estável, vibrando como se ainda estivesse em suas mãos. Daphne se aproximou, tocou o ar levemente. As tramas ainda estavam ali, sustentadas por si mesmas, como uma tapeçaria encantada flutuando entre os mundos.

Ela estava maravilhada.

A sensação de liberdade era inebriante. Ao invés de restringir o feitiço a formas pré-estabelecidas, ela o deixava respirar. O nó certo no lugar certo podia manter uma cura ativa por dias. Uma dobra no fio podia esconder uma mensagem. As tramas eram maleáveis, dançavam com ela.

Era completamente novo e maravilhoso. Ela mal podia esperar para ensinar as suas ninfas. Se alguma delas ainda estivesse viva.

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O bolo estava na mesa, decorado com pequenos lírios de açúcar e um número 13 dourado no centro. Roxy ajudava a organizar os copos, ajeitando cada um com precisão, enquanto Bloom conversava animadamente com duas amigas da escola. 

Meredith viera com Zola, Bailey e Ellis. Júlia e Sebastian conversavam com Meredith, enquanto as crianças corriam soltas junto com as outras que foram convidadas. 

Kiko novamente estava na cabeça de Artur, Mike estava tentando tirar o coelho, mas sempre que chegava perto Artur corria dele. Vanessa parecia contente em filmar de longe. 

Daphne observava a cena à distância, com um meio sorriso nos lábios.

Treze anos.

Parecia pouco, mas já era tanto.

As duas haviam crescido. Roxy, sua amada afilhada, tão impetuosa, determinada, gentil e corajosa e Bloom, com seu grande coração impetuoso, seu senso moral tão parecido com o do pai delas e aquela teimosia inconfundível. As duas cresciam tanto, sempre deixando Daphne orgulhosa de cada pequena conquista.

Se estivessem em Dominó, este seria o dia do primeiro teste das chamas de sua irmã. Bloom escolheria o símbolo de sua guarda pessoal e escolheria seu guardião. Mas estavam na Terra, livre das pressões da corte e das exigências das Chamas. E, por agora, um bolo e velas bastariam.

A sala escureceu suavemente. Sua amiga Júlia abaixou as luzes. Daphne pegou a pequena caixa de fósforos sobre a mesa. Abriu com cuidado, riscando o palito devagar.

Antes que a chama pudesse se firmar, a vela se acendeu sozinha.

Uma língua de fogo delicada, limpa, vibrante.

Houve um breve silêncio.

Daphne piscou. Depois, desviou o olhar para Bloom, que encarava a vela maravilhada.

Alguém puxou o "Parabéns" com voz animada, e logo todos acompanharam. Um parabéns brasileiro, segundo Júlia, muito mais animado do que os que os americanos cantavam e mais divertido também.

Mas a mente de Daphne estava em outro lugar. Bloom fizera magia, ela estava crescendo e a magia acidental ainda não havia diminuído.

Seria perigoso usar magia naquela idade. Era quando os terráqueos deixavam de acreditar na magia e tratavam aqueles que acreditavam como loucos ou delirantes.

Pelo menos, sua irmã não pareceu perceber que era ela quem tinha feito. Pelo menos, o destino ajudou nisso. Ainda não era hora, tanto Bloom quanto Roxy ainda eram crianças, o núcleo mágico não era desenvolvido, Daphne ainda tinha tempo.

Esse incidente seria só mais uma entrada em seu diário, nada de mais por enquanto.

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Me inspirei nessa imagem na parte de que as pessoas começam a não acreditar na magia

Me inspirei nessa imagem na parte de que as pessoas começam a não acreditar na magia. 

 

Chapter 29: Presentes, suspeitas, sucessos e pesadelos

Chapter Text

Daphne abriu a pequena caixa forrada de veludo branco com a mesma reverência com que se entrega uma promessa. As pérolas reluziam sob a luz morna da sala de estar — uma pulseira para cada filha. Discretas, mas impecavelmente bem-feitas, cada peça tinha uma pérola central maior, ligeiramente azulada, como era o céu de Dominó.

"Quero que usem sempre", Sua voz era firme, precisava deixar claro a seriedade. "Nunca tirem, nem para dormir."

Roxy ergueu a pulseira com cuidado, passando os dedos pelas pérolas lisas como se quisesse decifrar o segredo que havia nelas. Bloom já prendia a dela no pulso, os olhos atentos.

Daphne observava em silêncio. Gothel lhe dissera que as pérolas haviam sido carregadas de magia de proteção e escudo. E se havia algo que ela queria, era que as filhas estivessem seguras.

Se elas soubessem... — pensou. Se pudessem entender, aceitar o que são... tudo seria mais simples. Não haveria mais necessidade de esconder, de fingir que são comuns. Mas não ainda. Ainda não.

"Daph, daqui a pouco a gente vai ter mais joias que todas as meninas da escola", Roxy brincou, mexendo o pulso para ver as pérolas dançarem com o movimento.

Daphne arqueou uma sobrancelha, mas um canto de seu lábio cedeu a um sorriso discreto.

"Que seja, minhas princesinhas merecem o melhor de tudo."

Bloom deu um gritinho abafado e se inclinou, puxando Kiko pelo cangote. O coelhinho havia pulado no sofá para tentar abocanhar sua nova pulseira.

"Kiko! Não é comida!"

O bichinho se encolheu, ofendido, mas logo se acomodou no colo dela, como se nada tivesse acontecido.

Roxy riu, e Daphne respirou fundo, observando-as. Por ora, a magia podia esperar.

Mas não por muito.

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Mais tarde, o quarto delas estava em silêncio, exceto pelo leve som de Artur mordendo um brinquedo. Roxy estava deitada de lado na cama, observando a nova pulseira brilhar sob a luz do abajur. Bloom estava sentada no tapete, penteando o pelo de Kiko, que já cochilava.

"Você já reparou...", Roxy começou, a voz baixa, mas carregada de pensamento. "Que a Daphne tá exagerando nessas joias?"

Bloom olhou para cima, arqueando uma sobrancelha.

"Como assim?"

"Ué, pensa. A gente já tem aquelas pulseiras com as pedrinhas, os colares de aniversário, os brincos das pérolas rosas, e agora mais isso aqui.", ela ergueu o braço, a pulseira balançando. "E dessa vez ela foi bem insistente. "Nunca tirem." Nem pra dormir. Nunca vi ela fazer isso, nem com aquelas outras que pareciam até mais caras."

Bloom ficou em silêncio por um instante, o penteado de Kiko esquecido.

"Você acha que tem alguma coisa errada?"

Roxy hesitou, apoiando a cabeça na mão.

"Não sei. Mas... é estranho. A Daphne nunca foi de dar coisa só por dar. E agora essas pulseiras com esse ar de "urgente", como se fossem... sei lá, um talismã."

Bloom se levantou devagar, caminhando até a cômoda onde guardava as outras joias. Abriu a gaveta e ficou olhando para as caixas alinhadas com cuidado.

"E mesmo que a Vanessa diga que ela exagera..." Bloom murmurou, voltando a sentar na beira da cama. "Ela ainda nos dá."

Roxy virou o rosto, puxando o cobertor até a altura do queixo.

"É. A Vanessa fala que essas coisas são caras demais pra criança usar, mas nós já somos quase adolescentes. A Daph nunca liga. Só sorri e fala que 'é da família'."

"Só que ela nunca foi assim com essa coisa de 'não tire por nada'." Bloom olhou para a pulseira no próprio pulso, girando-a lentamente. "Nem com a prateada. Aquela que a gente usa desde pequena"

"Isso" Roxy mexeu os dedos, mexendo na sua pulseira prateada. "A gente nunca tirou, mas ela também nunca insistiu tanto. Foi natural, tipo uma tradição. Mas agora parece... muito sério."

Bloom franziu a testa, pensativa.

"A Vanessa também disse uma vez que a Daphne é supersticiosa. Que ela leva a sério qualquer sonho estranho que a gente conta."

"Sério?" Roxy virou de lado, interessada.

"Aham. Teve um dia que eu sonhei com três bruxas velhas flutuando. E aquele que você mais velha tava falando com um fantasma, até aqule que tinha passarinhos com você. Achei engraçado que Daph parecia tão séria quando falava dos meus sonhos. Mas a Daphne me fez descrever o sonho todo, detalhe por detalhe. E depois ficou olhando pro jardim por uns vinte minutos."

"É... Ela fez isso comigo também, principalmente quando ela me vê com algum animal diferente." Roxy estreitou os olhos. "Mas nunca achei que ela levasse tão a sério assim."

O silêncio se instalou por alguns segundos. Kiko resmungou, virando-se no canto do quarto. Bloom puxou o cobertor até cobrir os joelhos e disse, baixinho:

"Você acha que ela tá escondendo algo?"

Roxy não respondeu de imediato. Só depois de um tempo, murmurou: "Acho que ela tá tentando nos proteger. Mesmo que não diga por quê."

Bloom mordeu o lábio, olhando de novo para a nova pulseira.

"E talvez ela ache que não pode contar ainda."

Roxy assentiu lentamente.

"Ou que a gente não vai entender."

"Mas... a gente já tá entendendo, né?" Bloom sorriu de leve, meio triste. "Só não tem nome pras coisas ainda."

Roxy fechou os olhos e sussurrou: "Ainda."

"Talvez a gente devesse perguntar", Bloom disse por fim.

Roxy suspirou, encarando o teto. "Ou a gente espera. Ela vai acabar contando. Ela sempre conta no final"

Bloom assentiu devagar, mas seus dedos já mexiam na pulseira nova, como se tentassem sentir o segredo escondido entre as pérolas.

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O feitiço se desfez assim que foi concluído

Finalmente ela havia feito um feitiço com sucesso

Aquela magia teimosa finalmente havia sido conquistada e era tão simples

Um gesto das mãos era tudo que faltava para direcionar a magia egípcia e pronto todos os encantos funcionaram

Daphne agarrou sua querida Arabella num abraço forte, sem se importar com as puxadas que ela dava em seus cabelos

Oito anos, oito anos tentando e falhando e tudo que ela precisava era imitar o gesto de mãos que estava nos desenhos nas paredes das antigas construções.

Chegava a ser ridículo aquilo

Estava bem na cara dela todo esse tempo, mas não importava

Ela havia redescoberto todo um ramo da magia, isso era o que importava

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Daphne parou ao chegar em casa. Havia alguma coisa diferente.

Ela correu assim que percebeu o que era.

Cinco minutos. Ela só foi por o lixo na rua e alguma coisa havia acontecido.

Magia de fada vinha do primeiro andar e vinha de duas fontes diferentes

A porta do quarto estava escancarada. A luz ali dentro tremeluzia como uma aurora viva.

"Daph!", Roxy gritou, tentando conter Bloom.

A garota se debatia sobre a cama, o corpo arqueado, suando, os olhos semicerrados em agonia. A cada movimento, faíscas escapavam de sua pele como se o próprio ar estivesse carregado demais. Mas o que fez Daphne parar por um segundo não foi Bloom. Foi Roxy.

A menina brilhava.

Ondas de magia pura fluíam dela como vapor de um lago quente, instável, sem controle. O quarto inteiro parecia respirar junto, pulsando.

"Roxy, água! Rápido, pegue um copo de água", A voz de Daphne cortou o ambiente como uma lâmina. Firme. Clara.

Ela correu até a cama e puxou Bloom para o colo com cuidado, pressionando a cabeça da filha contra seu peito.

"Vai passar, amorzinho. Jajá passa", murmurou, embora soubesse que não tinha passado coisa alguma.

Bloom ardia. A magia dentro dela não se revoltava, graças as Chamas.

Daphne envolveu Bloom com os braços, mas ela fechou os olhos e começou a cantar bem baixo, numa língua esquecida de Dominó. O antigo cântico de Cura de Linphea. Ela não sabia se funcionaria, mas não custava tentar

Enquanto Bloom estremecia em seus braços, Daphne manteve a voz baixa e constante. Mas ela deixou sua magia passar por toda a casa, verificando as proteções e os escudos de sangue ao redor de todo o terreno. A magia das meninas chamaria muita atenção, muita atenção errada. Um minuto depois ela suspirou de alívio, estava tudo no lugar. Ela poderia focar em sua irmã agora.

Passos rápidos se aproximaram. Roxy voltou com o copo tremendo nas mãos.

"Aqui!"

Daphne pegou o copo com cuidado, mas não hesitou.

"Afaste-se um pouco", Roxy obedeceu em silêncio. Ainda brilhava, mas agora menos.

Daphne se levantou levemente Bloom nos braços, apoiando a cabeça dela com o antebraço. Depois, sem cerimônia, jogou a água direto sobre o rosto da menina.

Bloom arfou, os olhos abrindo de repente como se tivesse emergido de um mergulho profundo. Tossiu, o corpo ainda trêmulo, mas os espasmos cessavam.

"Daph"

"Estou aqui." A voz de Daphne suavizou, e ela limpou o rosto da irmã com a manga da própria blusa. "Está tudo bem agora."

"Daph...estava tudo congelando... tinha gelo em todo canto. Tinha uma bruxa velha olhando pra mim e eu não conseguia correr"

Roxy se aproximou, ajoelhando-se ao lado da cama.

"Ela começou a gritar... e depois... depois não conseguia parar. Eu tentei..., mas..."

Daphne passou o braço em volta de Roxy e a puxou para perto, envolvendo ambas.

"Está tudo bem, não foi sua culpa, não foi culpa de nenhuma das duas. Vamos lidar com isso, como lidamos com tudo. Juntas. Vocês estão seguras agora. Vamos dormir."

Ela jogou o travesseiro molhado para longe e puxou Roxy para deitar em seu outro braço.

Ela não disse em voz alta, mas seu coração pesava. Acordar uma linhagem adormecida nunca era tranquilo — ainda mais duas, ao mesmo tempo.

Ela descobriria o que aconteceu.

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Essas eram as imagens dos sonhos (pesadelos) de Bloom:

1. 

2

2.

3

3. 

4

4.

Como sempre, estou aberta a sugestões e ansiosa por feedbacks

Como sempre, estou aberta a sugestões e ansiosa por feedbacks

Sobre a imagem no início do capítulo, esse foi o melhor que o Chatgpt conseguiu fazer. Mas o cabelo das meninas é igual ao da série e o quarto delas não é tao antigo quanto parece

Espero que tenham gostado!

 

Chapter 30: O início do fim

Chapter Text

"Isso é ridículo," Roxy declarou, cruzando os braços enquanto olhava pela janela do carro. "Tem um gato dormindo em cima da lixeira, outro embaixo do carro... e eu vi três cachorros soltos na esquina. Três!"

Daphne sorriu com um gesto calmo, sem desviar os olhos da rua. "Eles parecem bem espertos para saber onde não devem se deitar."

"Isso não é engraçado, Daph," disse Bloom, do banco de trás. "A gente vê eles todo dia. Nenhum tem coleira."

"Eles não têm ninguém." Roxy suspirou. "Não é justo."

Daphne não respondeu de imediato. Ela conhecia aquele tom. Era o mesmo que Bloom usava quando queria cuidar de uma planta doente ou quando Roxy escondia um passarinho ferido na mochila para "salvá-lo".

Ou Daphne fazia algo sobre ou elas fariam e nem o Grande Dragão sabe do que aquelas duas são capazes.

Naquela noite, depois que as meninas dormiram, ela olhou pela janela da sala, uma xícara quente nas mãos e uma ideia firme se formando na mente.

Claro, pensou. Ela era uma princesa rica e mimada — e estava criando princesas ricas e mimadas, sem que as ditas meninas sequer soubessem disso.

Na manhã seguinte, Daphne apareceu na cozinha com uma expressão serena e determinada.

"Vou abrir um centro para acolher os animais de rua."

Vanessa arregalou os olhos, quase deixando cair a torrada. "Um o quê?"

"Um centro. Abrigo. Chame como quiser. Com atendimento veterinário, espaço para adoção, programas educativos e um loja com tudo que um animalzinho precisa. Já planejei quase tudo."

Mike, com uma colher de cereal a meio caminho da boca, murmurou: "Daphne... você está mesmo falando sério?"

"Totalmente." Ela sentou-se e tomou um gole de chá. "Vai ajudar a comunidade. E, honestamente, os recursos estão disponíveis."

Vanessa ainda tentava processar. "Mas... um abrigo, Daphne? Isso é meio... excessivo?"

"Excessivo seria ignorar o problema quando posso resolvê-lo." Ela inclinou a cabeça suavemente. "Além disso, pensei em fazer uma festa de inauguração. Aberta ao público, claro. Com atividades para crianças, música, adoção assistida..."

Mike tossiu. "Claro. Porque um abrigo precisa de festa."

Daphne apenas sorriu.

"Você está se divertindo demais com isso," Vanessa comentou, meio divertida, meio incrédula.

"Estou ensinando por exemplo. As meninas vão ver que riqueza de verdade é saber onde aplicá-la."

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"Vou abir um abrigo para animais," disse Daphne, como quem comenta o tempo. "Na cidade. Um centro completo, com espaço para adoção e tratamento."

Gothel ergueu uma sobrancelha, mas não pareceu surpresa.

"Imagino que suas meninas tenham mencionado os gatos da rua," disse com um tom neutro, mas sorrindo com alegria.

Daphne assentiu, o sorriso se aprofundando. "Roxy ficou indignada. Bloom queria alimentar todos. Achei... apropriado fazer algo concreto. Além disso, uma festa de inauguração sempre movimenta a energia local."

Gothel repousou a xícara, observando-a com uma expressão que era, em parte, aprovação e em parte estudo.

"É uma boa ideia," disse por fim, com a mesma calma que Daphne usara para anunciá-la. "Você está se conectando ao mundo humano com equilíbrio. Isso é raro. A maioria ou esconde sua natureza ou renega a humanidade. Você não deixa que sua natureza empática de uma fada seja esquecida."

Houve um breve silêncio. Gothel ergueu o queixo, voltando ao ponto central da conversa com a precisão de sempre.

"Mas, Daphne... Voltemos ao foco." Sua voz agora tinha o tom sutil da autoridade. "Estamos nos aproximando do momento em que você precisa se armar com tudo que tem. O abrigo, as crianças, a casa tranquila — tudo isso é belo. Mas você foi feita para proteger mais do que um bairro. Em breve, o resto do universo saberá que a Chama não congelou junto a Dominó."

Daphne abaixou os olhos por um instante, como se refletisse em silêncio. Quando voltou a erguer o olhar, havia firmeza em sua expressão.

"Eu sei," disse com serenidade. "Estou pronta."

Gothel inclinou levemente a cabeça, como quem reconhece um marco importante.

"Então vamos começar de onde paramos. Você será uma protectora antes do aniversário de sua irmã"

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Daphne estava de pé ao lado de Mike, na sombra de uma das árvores do parque, observando com atenção a movimentação ao redor. As pessoas riam, tiravam fotos com os animais e caminhavam entre os espaços preparados com cuidado por ela e sua equipe.

Roxy, agora com quatorze anos, estava no meio do gramado, cercada por cachorros pequenos e médios que abanavam o rabo com energia. Ela usava uma camiseta com o logotipo do centro e tinha um brilho nos olhos. Ela riu de algo que uma senhora falou enquanto entregava um potinho de água a um filhote de labrador.

Era bom ver sua menina em seu ambiente natural. Ela estava figurativamente brilhando.

Bloom, quase aos dezesseis, ajudava uma senhora a se aproximar de uma ninhada de gatinhos recém-chegados. Apesar de mais contida que a irmã, havia nela um carinho genuíno por cada bicho que encontrava. Daphne não conteve um sorriso ao vê-las ali, tão envolvidas, tão comprometidas.

Vanessa, estava próxima à entrada, explicava aos visitantes como funcionavam os procedimentos de adoção. Mike havia trazido uma bolsa cheia de doces e, entre uma fala e outra, oferecia balinhas de goma a quem passasse por perto. "Estou convencido, você estava certa sobre isso melhorar a comunidade", ele comentou, divertido.

"É mais que isso", Daphne respondeu, com aquele tom sereno que a acompanhava. "Estamos ensinando responsabilidade, empatia... e, bem, eles são felizes aqui. Roxy mesmo, não para de sorrir desde que chegou."

Ela viu que Bloom se afastava do pátio principal e ia em direção às mesas de comida. Mas ao se aproximar, uma figura familiar surgiu em seu campo de visão. Uma garota de cabelos pretos, arrumada demais para o ambiente simples do centro, vinha de braços dados com o antigo namorado de Bloom. Daphne acreditava que a menina se chamava Mitzi, Bloom as vezes comentava que ela era uma jovem chata, enfadonha e invejosa, nas palavras de sua irmã.

A garota disse algo, inclinando-se com um sorriso cínico. Bloom parou. Seu corpo ficou tenso, e a expressão mudou, claramente contrariada.

Daphne deu um passo à frente, os instintos protetores mais fortes do que qualquer lógica.

"Espere", Mike colocou a mão em seu braço. "Ela sabe se virar."

"Ela sabe, mas não precisa... não enquanto eu estiver aqui"

"Eu entendo, Daphne. Eu mesmo quero ter uma boa conversinha com aquele garoto há meses", ele disse, mantendo o tom leve. "Mas Bloom precisa disso. Precisa aprender a lidar com esse tipo de coisa. É parte do crescimento. Por mais que nos incomode."

Daphne hesitou, os olhos ainda fixos na cena. Bloom respirou fundo, ajeitou a postura e fez aquela cara dela- como um predador olhando para a presa- e disse algo, deu meia-volta e seguiu em direção oposta, erguendo a cabeça com elegância.

"Você estava certa", ela murmurou, cruzando os braços e recostando-se contra a pilastra da varanda. "Mas só porque ela lidou melhor do que eu faria."

Mike sorriu de lado. "Ela tem uma boa professora."

Daphne acompanhou Bloom com o olhar por mais um instante antes de se virar novamente para o centro, onde Roxy agora fazia carinho em um porquinho-da-índia cercada por crianças encantadas. "Estamos criando algo bonito aqui", ela disse, quase para si mesma.

"Elas são boas garotas, são fortes e gentis. Esse tipo de pessoa é raro. Me lembra de você as vezes", Mike comentou, como se estivesse falando que gostou da comida e Daphne não conseguiu olhar para ele e ver seu rosto. Mas por dentro, seu peito esquentou.

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A noite havia caído espessa sobre a clareira.

A brisa carregava o perfume da terra viva e das flores que se abriam ao toque da lua. Daphne estava sentada no centro do círculo feito de árvores e raízes. À sua frente, Gothel a encarava.

"Você está pronta," disse Gothel, com sua voz que parecia vir da própria terra. "Seu espírito é firme, sua intenção é clara, e você compreendeu a essência da natureza. Hoje, se quiser, se tornará uma protectora."

Daphne assentiu. "Quero isso, sinto que o tempo está acabando. Quero proteger este reino... e minhas meninas."

Gothel se inclinou levemente, "Podemos fazer esta noite, mas preciso saber: você pode passar a noite fora de casa?"

"Já pretendia," respondeu Daphne com serenidade. "As meninas estão com Mike e Vanessa. É mais seguro assim. Hoje era noite de exploração, íamos só eu e Arabella.

"Ótimo. Depois do ritual, sua magia vai estar errática. Não é sábio misturar esse caos com duas adolescentes poderosas em crescimento. A natureza selvagem precisa de espaço para se equilibrar. Ainda mais quando sua alma estiver sendo testada."

"Que o Grande Dragão nos livre de Roxy descontrolada", Daphne brincou. "Ou de Bloom, por sinal"

"Venha então", Gothel diz enquanto se levanta do chão onde estavam e caminha na direção das profundezas do bosque. "Pode vir também, jovem Arabella. Essa noite será inesquecível."

Daphne seguiu a Árvore-mãe até um círculo de pedras, ela nunca foi autorizada a entrar no círculo, mas agora estava sendo incentivada.

Ao entrar ela sentiu a sensação da magia do bosque mais forte, quatro linhas de energia do planeta convergiam ali segundo Gothel e ali era um dos poucos lugares do planeta onde se podia fazer o que elas iriam fazer.

Criar uma protectora

Uma fada vinculada à magia do planeta, que se fortalecia com a magia do núcleo e estava presa a dita magia. Algo que nem as fadas Mor fizeram.

Se tornar protectora significava mais poder, mais energia, mais durabilidade e resistência, mas significava que qualquer ataque a magia do planeta era um ataque a protectora.

Para Daphne isso não era problema, nenhum de seus inimigos miraria na Terra e os bruxos do círculo negro não eram poderosos o suficiente para causar danos na magia planetária.

Eles poderiam desequilibrar, mas nunca destruir.

Além disso, Daphne era uma ninfa. Mesmo sem estar presa aquela magia, se houvesse necessidade ela ainda agiria em defesa do núcleo planetário.

Havia dríades ao redor do círculo de pedras e alguns brotos de arvores- as dríades antes de ganharem consciência- perto dali.

A energia resultante da criação de uma protectora deveria dar forças para os brotos e com sorte alguns cresceriam em breve.

"Está pronta?", a voz suave e antiga de Gothel a tirou de seus pensamentos

"Como sempre estarei" Daphne brincou e ouviu Arabella piar antes de vê-la voar para uma árvore próxima.

Gothel começou a puxar fios de magia e criar figuras com eles, fazendo figuras circulares para cada pedra do círculo.

Quando o último foi feito, todos brilharam forte.

Um calor começou a crescer em seu peito, vibrando suavemente em seu centro como o pulsar de uma semente viva sob o solo. Daphne prendeu a respiração. A clareira inteira ficou silenciosa

Logo em seguida, uma energia profunda e densa começou a tomar o lugar daquele calor. Era diferente de qualquer magia que Daphne já sentira. Não era afiada como a chama criadora. Não era etérea como a magia das estrelas ou esquiva e forte como a magia egípcia. Era crua, antiga e pulsava como o coração de uma montanha viva.

Lembrava a magia de Dominó, mas ao invés de esquentar como fogo, ela pulsava em ondas fortes e fracas.

Era como estar no fundo de um lago muito antigo, sentindo a vibração do mundo mover-se ao seu redor em lentas marés de poder. Daphne manteve os olhos fechados. O círculo de pedras zumbia baixinho, como um coro de vozes esquecidas. As figuras criadas por Gothel tremeluziam runas vivas, o brilho correspondia ao dela.

Ela lembrou do que Marabella, sua mentora, havia dito quando ela virou uma ninfa:
"Aceite, Daphne. Você não está controlando a magia. Está se tornando parte dela."

As palavras se enraizaram em seu peito.

Daphne soltou o ar com um tremor e abriu os braços, permitindo que a magia a envolvesse. As raízes sob a terra responderam ao chamado — ela podia senti-las tocando o solo e puxando energia da terra. Sentia Arabella ao redor, as dríades e o ele entre elas e a terra, sentia as raízes dos brotos puxando a magia do núcleo. Sentia tudo. Mais até do que sentiu quando conquistou Enchantix.

A energia não queimava. Ela firmava.

Seus pés deixaram o chão com peso e leveza ao mesmo tempo. Seus cabelos se soltaram da trança e flutuaram como se ela estivesse submersa. Por um instante, sua pele parecia translúcida, e por baixo dela havia veios dourados e verdes por toda sua pele.

 Por um instante, sua pele parecia translúcida, e por baixo dela havia veios dourados e verdes por toda sua pele

Foi então que a magia desceu por seus ombros e braços, como vinhas que se espalham sob a terra. Ela podia senti-la: densa, pesada, cheia de propósito. Quando chegou aos pulsos, algo mudou.

Um lampejo de luz — breve, dourado e pulsante — percorreu sua pele. Daphne arfou. No interior do pulso direito, uma marca surgira, uma forma delicada, mas impossível de ignorar. Parecia uma espiral de folhas entrelaçadas, com um ponto no centro que vibrava em resposta à sua magia.

A sensação era estranha, quase íntima. Como se aquele pedaço de pele agora tivesse voz própria, batendo em sintonia com a vida da Terra. Ela sabia — sem que ninguém precisasse dizer — que aquilo era a marca dos protectores.

Daphne ergueu o rosto para o céu. A lua brilhou mais forte por um segundo, como se a abençoasse.

O brilho explodiu em um círculo perfeito, expandindo-se pela floresta com um sussurro de folhas e um estremecer do solo. Quando o silêncio caiu, ela estava de pé, no chão mais uma vez.

Gothel se manifestou entre as sombras. Seus olhos de casca antiga se fixaram nela com solenidade.

"Você é uma protectora agora. Parabéns, não há outra igual a você."

Daphne sorriu, exausta e em paz. Ela olhou para o pulso e viu a marca ainda lá.

Sua magia estava errática, mais forte do que nunca e ela sentia a conexão com o núcleo planetário no canto da mente.

Por curiosidade ela abriu seu halo.

A representação de sua magia brilhou no chão, maior do que antes. Não era só a largura que chamava atenção, mas a densidade. Era como se cada linha de luz carregasse mais substância, mais energia viva. Daphne estreitou os olhos.

Havia um novo arco também. Até aquele dia, eram quatro. Charmix, Enchantix, Sirenix e Bloomix.

Ela não havia ganhado uma nova transformação, não uma tradicional, mas deve haver mais naquele novo poder. Bem, ela descobriria com o tempo.

"Como está se sentindo?"

"Estou bem, Gothel. Como se tivesse acabado de dormir uma noite inteira"

"Você vai para Paititi agora?", Gothel perguntou aborrecida. Ela havia insistido que Daphne deveria passar a noite no bosque das dríades mais de uma vez.

"Vou sim, quero gastar esse excesso de magia e lá é o lugar certo para isso"

Gothel resmungou, mas a deixou passar pelo portal sem problemas. Ela não entenderia as motivações de Daphne. Ela havia vivido muito, havia se acostumado com o poder que possuía, nada que ela fizesse afetaria as dríades ou a floresta.

Daphne não tinha esse privilégio, nem mesmo em Dominó. Ela era uma fada elementar, com o poder da Chama e do fogo, uma fada Bloomix e antes uma fada com o poder do oceano infinito e, ainda por cima, uma ninfa.

Poder sem controle para ela significava danos para a maioria das pessoas a seu redor. Era por isso que havia os campos de treino no palácio das ninfas.

Arabella voou para um prédio alto enquanto Daphne se preparava para lançar feitiços no seu campo de teste improvisado. Ela ficava de costas para a cidade, então provavelmente não destruiria nada. Provavelmente.

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Daphne apertou o caixa em sua mão com mais força. Era hora de mais um passo ao inevitável.

16 e 14 anos. Suas meninas estavam prontas.

Tudo mudaria muito em breve. Breve demais.

Quando chegou à Terra, ela estava com três colares. O colar das ninfas, um colar que ganhou quando completou 18 anos e o colar que sua mãe lhe deu na última vez que se viram. Ela havia deixado os dois últimos guardados em um cofre no banco, junto com as outras joias que veio usando e o vestido que usou quando chegou nesse planeta.

O colar de sua mãe iria para Bloom, era uma peça tão antiga quanto sua família, passada entre aquelas que portavam o sangue. A outra peça era o seu antigo colar, algo de outra vida. Aquele iria para Roxy.

Era uma joia mais discreta, mas com mais runas encantadas e mais pedras mágicas. Daphne pôs em ambos uma recarga mágica. Eles eram como baterias agora, assim como a pulseira que Selene lhe dera na fuga de Dominó.

Se suas meninas estivessem esgotadas ou exauridas, as pedras dos colares lhes dariam o poder que acumulou. Claro, ela teve usar um feitiço protetor para restringir o uso daquela função à suas meninas, assim mesmo que outra pessoa conseguisse acessar o colares, eles não funcionariam.

A parte mais difícil em seu plano foi pensar no uso diário, os colares eram joias lindas, bem trabalhadas e de bom gosto. Os terráqueos não tinham o costume de usar joias como aquelas diariamente, pelo menos não os estadunidenses, então Daphne teria que instruir as meninas a mantê-los escondidos dentro da camisa. Era uma pena.

Princesas tendo que esconder sua herança. Ahh, mas como suas avós teriam se enraivecido.

Daphne aproveitou a oportunidade e fez brincos com as pérolas que Gothel lhe dera para as três e mais alguns acessórios. Era melhor que elas usassem as pérolas mágicas do que elas ficassem guardadas em alguma caixa. As pulseiras eram boas e eficazes, mas salvaguardas nunca são demais.

Simples brincos com uma única pérola era algo que ninguém estranharia.

O pente de cabelo na forma de estrela, por outro lado parecia algo que uma princesa solariana usaria, bem elas tinham o sangue de uma afinal e Daphne tinha o cabelo. Sua avó paterna era uma solariana orgulhosa e fez questão que a nora e neta tivessem tesouros de sua terra natal. Infelizmente, elas ficaram na sala do tesouro do palácio real. Por outro lado, era bom, era sua garantia que ninguém tinha tocado nelas.

Ela pôs a caixa na mesa da sala antes de chamar as meninas.

As duas apareceram pouco depois, as roupas casuais destoando da seriedade que elas sentiram no ar. Bloom foi a primeira a notar a caixa. Roxy se manteve próxima da irmã, os olhos curiosos de Daphne para o objeto sobre a mesa.

"Eu guardei essas peças por muito tempo," ela disse, a voz baixa, quase confidencial. "Não porque pensei que vocês não mereciam. Mas porque não era o momento. Nem para mim, nem para vocês."

Bloom aplica os olhos, atentos. Roxy ficou em silêncio, mas se inclinou levemente, absorvendo cada palavra.

Daphne continua, com aquele tom sereno e firme que só quem já liderou consegue se manter.

"Agora é diferente. Vocês cresceram. São fortes. E mais do que isso provaram a si mesmas. Sabem quando agir, e quando esperar. Sabem o que vale ser protegido... e sabem quando é melhor recuar. Confiam uma na outra e estão descobrindo quem são juntas."

As meninas se entreolharam e por um momento, Daphne pensou ter visto algo como uma pergunta, mas elas rapidamente olharam de volta para Daphne.

"Esses dois colares eu venho guardando a anos, desde que cheguei aqui em Gardênia. São preciosos para mim, e estou confiando-os a vocês", ela dez uma pausa para olhar diretamente para as duas, para mostrar a seriedade.

"Nunca tirem, não importa se combina com a roupa ou se é muito arrumado. Se precisarem tirar, me deem ou coloquem no cofre lá em cima. E se perderem, me avisem na hora. Esse é o colar da nossa família, é antigo e tem sido passado de mãe para filha há muitos anos.", ela abriu a caixa mostrando o colar da mãe, e continuou a falar. "Esse meu pai me deu quando completei 18 anos. Isso é um segredo, mas ele mandou fazer só para mim e procurou por anos as melhores gemas e metais para confeccioná-lo, além de procurar o significado das runas inscritas na parte de trás, significa muito para mim."

"É lindo!", Roxy suspirou estendendo a mão para tocar nas pedras do colar.

"Eu também acho, usei muito esse colar quando era mais nova"

"Você fala como se estivesse velha"

"Depende do ponto de vista, eu acho", Daphne sorriu para a irmã. Claro, não passou despercebido para ela, que como fada e ninfa sua expectativa de vida era alta, muito acima da média e por todos os efeitos estar na casa dos 30 anos era uma idade jovem tanto para terráqueos quanto para fadas, mas para dominianos? Era muito jovem, a expectativa de vida no geral, desconsiderando guerras e desastres naturais, era de 130 anos e ainda havia as exceções.

"Mas eu fico feliz que tenha gostado, querida", Daphne retomou o assunto com um sorriso. Ela se levantou e ficou na frente de suas meninas. "Porque esse é para você, desde que eu te conheci que penso dar a você, vendo a jovem que você se tornou só me mostrou que estava certa, é seu de hoje até o dia em que escolher passá-lo adiante."

Ela terminou, entregando o colar à sua afilhada, filha em todas as questões que importavam. Sua menina sorriu feliz e segurou o colar com tanto cuidado que Daphne lembrou de como ficara quando seu pai lhe dera aquele colar.

Pensar nele era como tocar numa ferida mal cicatrizada. A incerteza de seu destino e o vazio no elo familiar tornava impossível a cura da ferida, mas o tempo a acostumou com aquilo, tornou possível para ela viver sem ver fantasmas a torto e a direita.

Daphne pegou o colar de Roxy e se moveu para prender no lugar. "Quando ganhei, meu pai me disse que isso seria um lembrete de onde eu vim e aonde pertencia. As runas na parte de trás significam proteção e força, mas a inscrição significa-"

"Que possamos nos reencontrar de novo'," Roxy interrompeu suavemente.

"Isso, é um antigo dito de família.", Daphne disse feliz, principalmente porque Roxy havia traduzido uma frase do antigo dominiano.

Sábios, eruditos e todo tipo de pessoa tentavam há séculos entender o antigo idioma e sua protegida falava como uma segunda língua.

"E esse é para você, minha florzinha. Nossa mãe sempre disse que esse foi o presente mais valioso que ela já ganhou da mãe dela. E agora é seu, até o dia em que escolher seguir a tradição."

Bloom levantou o cabelo e Daphne fechou o colar. Combinava com ela. Era como olhar uma memória, o cabelo ruivo só aumentava a nostalgia. Os olhos eram uma das únicas diferenças entre Bloom e sua mãe, Marion.

Sua flor vermelha olhou atrás do pingente. "Esse tem runas, mas não consigo entender elas", a voz de Bloom parecia birrenta, frustrada por não entender.

"Não, essas vocês ainda não aprenderam. Vamos terminar as aulas de latim e grego antes de começar uma coisa nova. E não, não podemos começar antes disso."

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Oi, esse é um dos últimos capítulos antes da grande revelação. Estou debatendo se coloco mais um ou se já faço o próximo com Daphne contando tudo as meninas. 

Não consegui me decidir entre as imagens do pinterest para os colares, então aqui estão as opções, os de cima são para o de Roxy e os de baixo para o de Bloom.

Na minha imaginação, o de Bloom tem cara de joia antiga, com uma pedra roxa e o de Roxy é algo mais discreto, porém caro.

Na minha imaginação, o de Bloom tem cara de joia antiga, com uma pedra roxa e o de Roxy é algo mais discreto, porém caro

Como sempre, espero que tenham gostado da leitura!

 

Chapter 31: O fim de uma era e mais algumas coisas....

Chapter Text

Daphne se permitiu ter um último momento de inocência, o fim de uma era. Ela teve 14 anos com suas f... suas meninas. Anos de alegrias, crescimentos, descobertas.

Sozinha ela redescobriu uma magia morta, restaurou uma cidade perdida, criou duas princesas, alcançou um nível de magia que ninguém conseguia a séculos.

Ela havia se tornado boa na magia da natureza, conseguia se sentir pertencente aquilo. Ela estava redescobrindo seu mar com uma sereia da Terra, havia conseguido mergulhar no mar, mesmo que não a metros de profundidade.

Daphne tinha uma família diferente de tudo que já sonhou. Todos unidos por escolha e amor, por respeito e entendimento.

Ela não conseguia deixar de pensar que colocaria essa família em risco. Mas tinha que ser feito.

Suas meninas não seriam como princesas dos mitos, elas eram herdeiras de linhagens ancestrais e poderosas, nunca deveriam ser pegas de surpresa ao descobrir suas linhagens.

Por mais que seja maravilhoso continuar no status que, ela não pode.

Com tudo isso em mente, ela levou todos para o lago, para um dia de brincadeiras e risos.

Mike se aproximou com passos calmos, parando ao lado dela na margem. A brisa trazia o som das risadas que vinham do lago, misturadas com o brilho dourado do fim de tarde.

"Você está bem?" ele perguntou, com aquele tom de pai adotivo que nunca era invasivo, mas sempre presente. Seus olhos seguiram o olhar de Daphne, fixo nas duas meninas que nadavam em círculos com Vanessa no meio delas.

Daphne sorriu de leve, sem tirar os olhos das filhas. "Estou. Só... pensando no futuro."

Mike assentiu, cruzando os braços. "Acho que é o que a gente faz quando olha pra elas, né?"

Antes que ela pudesse responder, Vanessa surgiu da água e acenou para os dois. "Daphne! Vem nadar um pouco! Você está precisando relaxar."

Ela hesitou por um momento, mas cedeu com um leve aceno e caminhou até a beira. Entrou devagar, sentindo a água fria subir pelas pernas até alcançar sua cintura. Parou ali. De onde estava, podia ver as meninas mergulhando e voltando à superfície com pedras nas mãos, mostrando-as uma para a outra como se fossem joias raras.

Bloom, com quase dezesseis anos, girava de costas, jogando a água para o alto e rindo com o cabelo colado nas bochechas. Roxy, já com catorze, tinha uma das pedrinhas encostada na testa, fingindo que era uma coroa mágica. Vanessa estava entre as duas, espirrando-as sem piedade.

Daphne observava em silêncio. Era estranho pensar no quanto aquelas duas cresceram. No quanto ela também havia mudado, no quanto tudo mudaria no dia seguinte. E mesmo ali, cercada de alegria e som de verão, a mesma pergunta sussurrava em sua mente como a corrente sob a superfície: Será que as preparei o suficiente?

Ela sentiu um vento nas costas e se virou. Arabella pousou com graça na margem do lago, as penas reluzindo sob o sol da tarde. Suas garras finas se fecharam ao redor de uma pedra lisa enquanto a cabeça girava ligeiramente, observando tudo ao redor com olhos vívidos e inteligentes.

Do outro lado, Kiko, que até então pulava alegremente na água rasa, parou abruptamente. As orelhinhas se retesaram, o focinho se franziu e, com um som indignado, ele deu meia-volta. Em vez de fugir correndo, como de costume, fez algo mais dramático: pulou devagar até Artur e se enfiou entre as patas dele, escondendo-se com exagero.

"Mas que drama é esse agora?" murmurou Daphne, se aproximando um pouco mais da margem, ainda com a água pela cintura.

Arabella não reagiu. Apenas inclinou a cabeça para o lado e soltou um canto curto, quase zombeteiro.

"Coitado, ele não consegue se acostumar com ela" comentou Bloom, que vinha nadando de volta até Daphne com um punhado de seixos coloridos na mão. Roxy riu atrás dela, ainda espirrando água para todos os lados.

"Um dia ele aceita ela, tenho certeza." respondeu Daphne, voltando a se abaixar um pouco mais na água, relaxando os ombros. Ainda assim, seus olhos acompanharam o movimento de Arabella, que agora andava pela margem com aquela elegância que só criaturas mágicas — e um pouco arrogantes — conseguiam manter.

Ela ainda se maravilhava com a inteligência de Kiko e Artur.

Não era apenas o jeito como se comportavam, ou como pareciam entender cada nuance da casa e das meninas — era algo mais profundo. Uma consciência desperta, moldada não só pelo convívio, mas pela magia.

Kiko e Artur haviam crescido cercados pela energia mágica de Bloom e Roxy. Energia que, mesmo sem as meninas perceberem, transbordava em cada gesto, em cada riso, em cada sonho estranho durante a noite.

Eles não eram mais apenas animais de estimação. Estavam mais atentos, mais resistentes, e Daphne sabia o que aquilo significava.

Em pouco tempo... ela pensou, o olhar pousando em Bloom, que ria com Roxy enquanto escolhia o seixo mais bonito. Em pouco tempo, a magia delas vai amadurecer. E quando isso acontecer, Kiko e Artur serão seus familiares.

Ela sentiu um calor tranquilo no peito. Aquilo não era algo que pudesse ser forçado. Era uma evolução natural. O elo estava ali. Bastava tempo.

E tempo... ela daria.

Seria como o que ela tinha com Arabella, a presença firme e constante, sempre ali para aclamar, proteger e fortalecer.

Arabella, como se captasse o pensamento, soltou um chilreio baixo, aprovador. Daphne sorriu de leve e voltou o olhar para o lago, onde a luz da tarde fazia as gotas d'água nas meninas parecerem pontos de magia no ar.

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Na manhã seguinte, a casa já cheirava a panquecas, frutas frescas e mel quando Bloom e Roxy desceram as escadas. Daphne estava na cozinha, mexendo distraidamente um copo com vitamina de banana.

Roxy sentou-se devagar e olhou tudo com as sobrancelhas franzidas, sem tocar em nada por um momento. Depois, virou-se para encarar Bloom, que já enchia o prato, e então olhou para Daphne.

"É... hoje é um dia especial ou alguma coisa assim?" perguntou com suspeita.

Daphne manteve o sorriso leve nos lábios e se limitou a responder, com a voz tranquila: "Acordei inspirada. Só isso. Quis cozinhar."

Bloom deu um sorriso cúmplice, como se a ideia de Daphne se sentir inspirada fosse o suficiente para justificar qualquer café da manhã extraordinário, e voltou a se servir. Um silêncio confortável caiu na mesa e Daphne ficou feliz em continuar assim.

Quando todas terminaram, Daphne recolheu a louça com calma, aproveitando cada momento de tranquilidade.

"Vocês podem ir para a sala? Já já eu vou com vocês."

Roxy e Bloom trocaram um olhar, mas obedeceram sem discutir.

Daphne então passou pela cozinha silenciosamente, conferiu se as janelas estavam bem fechadas e foi até a sala. Ao chegar, fechou cuidadosamente todas as cortinas, uma a uma, deixando a sala um pouco menos clara.

Por fim, ela se virou na direção da porta dos fundos e chamou em voz baixa, mas firme:
"Arabella."

Do lado de fora, um bater de asas respondeu imediatamente. A ave atravessou a varanda com elegância, pousando na soleira antes de entrar, e fixou seus olhos atentos em Daphne, como se já soubesse o que estava prestes a acontecer.

Bloom e Roxy estavam sentadas no sofá, os olhos acompanhando cada movimento de Daphne enquanto ela fechava a última cortina. A presença de Arabella, agora pousada no encosto de uma poltrona, só deixava tudo mais estranho.

"Daphne...?" Bloom perguntou, a voz hesitante. "Tá tudo bem?"

Roxy se ajeitou ao lado da irmã, os olhos alternando entre Daphne e a sala agora envolta em sombras suaves. "Você tá esquisita. Aconteceu alguma coisa?"

Daphne respirou fundo, cruzando as mãos à frente do corpo. Seu rosto ainda trazia serenidade, mas seus olhos pareciam pesar com a gravidade do que precisava ser dito.

"Está tudo bem, sim," respondeu com um tom calmo. "Mas eu preciso contar algumas coisas para vocês. Coisas importantes."

As meninas não disseram nada, mas suas expressões deixavam claro que estavam atentas, embora confusas. Daphne continuou:

"Em nossa família crianças sempre tiveram... dons. Às vezes pequenos. Às vezes grandes. Mas sempre estiveram lá. Vocês já notaram como têm uma sorte incrível? Como coisas acontecem ao redor de vocês quando sentem algo muito forte? Como seus animais são ferozmente leais e inteligentes? Isso não é por acaso."

Roxy franziu a testa, mas acena com a cabeça. Bloom acena, mas olha para Roxy preocupada.

"Ou como, todos os animais que vivem conosco são inteligentes e rápidos e demoram para cansa? Eles estão crescendo para se tornarem familiares, estão ligados a nós."

"Pera," Roxy ergueu a mão, fazendo um gesto de 'pausa'. "Que tipo de conversa é essa? Você tá se sentindo bem mesmo?"

"Estou," respondeu Daphne com firmeza, mas sem perder a suavidade. "Eu só estou sendo honesta. Vocês estão crescendo, e com a idade, essa energia dentro de vocês se torna mais forte. Mais controlável. Quando são pequenas, essas coisas acontecem sem intenção. Mas depois... vocês conseguem fazer acontecer. De propósito."

As duas meninas olharam para ela como se esperassem uma explicação melhor. E foi quando Daphne se virou para um vaso com uma muda de flor, colocado discretamente em cima de uma mesinha ao lado do sofá.

Ela estendeu a mão por cima da planta e, com um pequeno movimento em espiral, uma luz tênue dourada circulou seus dedos.

Em poucos segundos, diante dos olhos arregalados de Bloom e Roxy, a flor cresceu. Suas folhas se abriram, o caule se ergueu com elegância e uma flor rosada e delicada desabrochou lentamente, emitindo um perfume leve.

O silêncio caiu como uma cortina entre elas. Roxy piscou várias vezes. Bloom simplesmente boquiabriu-se.

Daphne apenas as olhava, lembrando dos motivos para continuar. As duas meninas permaneceram em silêncio, encarando a flor recém-desabrochada.

Bloom foi a primeira a desviar o olhar para Daphne, com as sobrancelhas erguidas em uma mistura de surpresa e incredulidade. Roxy ainda observava a flor, mas parecia em estado de processamento lento.

Então, quase ao mesmo tempo, ambas se entreolharam. Os olhos de Bloom encontraram os de Roxy, e algo passou entre elas — uma conversa muda, feita apenas de olhares e expressões.

Daphne viu. Viu o jeito que Roxy franziu os lábios, viu Bloom arregalar os olhos e depois estreitá-los. Ela não podia parar agora. Se parasse, sabia que perderia a coragem.

Então respirou fundo e continuou mesmo sentindo um peso incômodo crescer em seu peito — a dúvida, o medo de romper a infância mágica das duas com verdades que não poderiam ser desditas.

Daphne se levantou lentamente, como se temesse que qualquer movimento pudesse assustá-las. Deu dois passos para trás, afastando-se do sofá. Arabella observava silenciosa do encosto da poltrona, a cabeça ligeiramente inclinada.

"Com preparo e tempo," ela recomeçou, a voz mais firme do que se sentia por dentro, "as pessoas como nós desenvolvem esses dons. Eles crescem com a gente, se fortalecem. E uma vez iniciado... não tem volta. Só há crescimento. Até que vocês alcancem todo o potencial de vocês."

As meninas voltaram a olhá-la. Desta vez, sem piscar.

Sua magia se moveu como um rio pela extensão de seus braços, canalizando-se até o centro do peito. Quando abriu os olhos novamente, um brilho quente e dourado os inundava.

E então, sem aviso, a transformação aconteceu.

Luz e energia explodiram ao seu redor, deu cabelo se ergueu em ondas flamejantes, sendo preso por fitas mágicas. E suas asas se abriram atrás dela, imensas, belas e poderosas, feitas de luz e magia. Sua roupa foi substituída pela armadura reluzente, adornada com pedras vivas e linhas cintilantes que pulsavam com energia antiga.

Em menos de um segundo, ela estava em seu traje Bloomix.

Por alguns segundos que pareceram minutos, as duas meninas ficaram completamente imóveis, os olhos arregalados e a boca escancarada

Por alguns segundos que pareceram minutos, as duas meninas ficaram completamente imóveis, os olhos arregalados e a boca escancarada. Nenhuma palavra saía. Nem um som, nem um gesto. Apenas o som suave do poder ainda vibrando ao redor de Daphne preenchia o ar, como se o próprio mundo estivesse em silêncio para respeitar aquele momento.

Foi Arabella quem quebrou o encantamento.

A ave soltou um pio agudo e longo, quase como um assobio tranquilizante, o som suave cortando a tensão como seda. Era um chamado de calma, um lembrete de que a realidade ainda estava ali, sólida e viva.

Bloom piscou primeiro, os olhos ainda fixos em Daphne. Roxy sacudiu a cabeça como quem tenta acordar de um sonho.

"Como..." Bloom começou, mas não conseguiu terminar.

"Como isso é possível?" completou Roxy, a voz ainda trêmula. "Você— você parece uma fada. Uma fada de verdade. Com asas e tudo!"

Daphne sorriu com doçura, mas havia uma gravidade gentil em sua expressão. Ela deu mais um passo à frente, suas asas ainda abertas, brilhando com pequenas faíscas de luz dourada que flutuavam no ar como vaga-lumes encantados.

"Eu sou uma fada," disse ela, com calma. "E vocês também são."

A sala ficou em silêncio de novo, mas não de incredulidade — e sim de impacto. As palavras ecoaram ali, pesadas e mágicas, como se carregassem séculos de história e herança.

"Todas nós somos," continuou Daphne, com ternura nos olhos. "Isso sempre esteve em vocês. Eu só... estava esperando o momento certo pra contar."

Bloom deu um passo para trás, os olhos marejando — não de medo, mas de emoção, de confusão, de tudo ao mesmo tempo. Roxy ainda parecia sem ar.

"Mas— mas por quê? Por que agora? Por que não antes?" Bloom perguntou, a voz embargada.

Daphne abaixou as asas aos poucos, como se respeitasse o espaço emocional das duas. Sua voz era firme, mas cheia de carinho:

"Porque vocês estão quase prontas. Porque vocês mereciam uma vida feliz, uma vida onde sentissem que pertencessem, onde não precisariam mentir sobre quem são ou o que são. Onde poderiam viver", ela diz firme, embora emocionada. "Eu queria dar isso a vocês antes de trazer esse peso. Porque uma vez que saibam... não tem volta."

Bloom encarava Daphne com os olhos arregalados, ainda tentando processar tudo. A luz suave da transformação ainda dançava em torno da irmã mais velha, como uma promessa viva de algo grandioso. Então, com a voz cheia de uma esperança quase infantil, ela perguntou:

"E a gente... a gente pode se transformar assim também?"

Daphne sorriu, gentil e serena, mas balançou a cabeça devagar. "Não exatamente, minha flor. Há algumas antes dela, estágios que vêm com o tempo e o preparo. Mas vocês vão chegar lá."

Enquanto dizia isso, ela se deu conta de algo surpreendente — elas estavam lidando com tudo muito bem. Sem gritos, sem pânico, sem negação. Apenas um choque natural e uma sede imensa de entender. Isso era bom. Era mais do que bom. Talvez tudo realmente estivesse no tempo certo.

Roxy cruzou os braços, os olhos fixos em Daphne com uma intensidade nova, um brilho que misturava alívio e um toque de ironia. Uma sobrancelha arqueada, um meio sorriso se formando devagar, como se um segredo antigo tivesse acabado de ser revelado.
"Bom... isso explica muita coisa."

Daphne sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A frase parecia simples, mas havia algo no tom de Roxy — algo pesado, como uma porta sendo fechada atrás de si. O sorriso não era só genuíno. Era cúmplice. Como se, por fim, tivessem nomeado o que elas sempre souberam. Ela franziu o cenho. Um pressentimento crescia rápido em seu peito.

O que exatamente aquilo explicava?

Mas antes que conseguisse articular a pergunta, antes que pudesse sequer puxar o ar com força, Bloom já havia estendido a mão.

Com um gesto suave, como se fosse a coisa mais natural do mundo, o vaso com a flor que Daphne fizera cresce flutuou com graça, girando lentamente no ar como guiada por uma brisa invisível, e pousou, sem um ruído sequer, no centro da mesa da sala.

Silêncio.

Daphne ficou completamente imóvel, os olhos arregalados, encarando Bloom e depois o vaso.

"Descobrimos como fazer algumas coisas já tem um tempinho," disse Roxy, baixinho, tentando medir as palavras. Havia um rubor em suas bochechas, parte vergonha, parte orgulho. "Isso e outras coisas, há algumas coisas que eu faço que Bloom não consegue, mas estamos testando há um tempo. A gente não contou porquê... achou que era só coisa nossa."

Daphne parou de respirar por um segundo.

O mundo girou. Literalmente.

Ela cambaleou um passo para trás Suas asas se abriram por reflexo, farfalhando alto em um gesto descoordenado enquanto tentavam ajudá-la a não cair, mas ela bateu com as costas na parede. A batida ecoou pela sala, mas ninguém se mexeu.

Ela olhou para Bloom. Para Roxy. E depois para o vaso.

O vaso tremia. Não mais por magia, pelo menos não a dela. Não a dela.

Elas estavam fazendo magia.

Sozinhas.

Sem proteção.

Um buraco se abriu em seu estômago, um peso gelado que afundava e afundava.

O que mais tinham feito?

Onde tinham feito?

Quem tinha visto?

Ela não conseguia falar. Mal conseguia pensar.

As palavras de Bloom ainda ecoavam nos ouvidos dela como um trovão abafado.

A flor no centro da sala — tão bonita, tão simples — agora parecia um sinal de perigo.

E sua mente, como um grito silencioso e contínuo, só conseguia repetir uma única coisa.

PUTA QUE PARIU!!!

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Eu me diverti muito escrevendo isso, espero que gostem. 

O que acharam da reviravolta?

 

Chapter 32: A conversa

Chapter Text

Bloom e Roxy se levantaram quase ao mesmo tempo, os olhos arregalados de preocupação. Daphne ainda estava parada, a respiração presa no peito, os ombros tensos e as asas tremendo levemente.

"Daphne?" Bloom chamou com a voz baixa, dando um passo hesitante.

Roxy se aproximou também, mas parou a meio caminho, olhando as asas reluzentes com um misto de fascínio e receio. "Ela ainda tá transformada..."

As duas hesitaram, como se tocar em Daphne pudesse quebrá-la.

Foi Bloom quem se arriscou primeiro, ela pegou com delicadeza no braço de Daphne, os dedos firmes mas gentis, como se estivesse segurando algo precioso demais para se machucar. "Vem... você precisa se sentar," murmurou.

Roxy veio logo depois, se posicionando do outro lado, colocando uma mão nas costas de Daphne para guiá-la com cuidado. As duas a ajudaram a levantar, passo a passo.

No movimento, sem querer, Bloom roçou na asa de Daphne.

Um arrepio percorreu o corpo da fada, e uma risada curta e surpresa escapou de seus lábios. "Bloom... cócegas," ela murmurou, entre o susto e o riso.

Bloom arregalou os olhos, envergonhada. "Desculpa! Eu não queria—"

"Tá tudo bem," respondeu Daphne, mais comovida do que deixava transparecer.

Arabella piou de novo, voando num arco até pousar no encosto do sofá, como se supervisionasse a pequena missão de socorro.

Com esforço, mas agora mais consciente, Daphne deixou-se levar até o sofá. As asas se retraíram lentamente conforme ela desfazia a transformação, deixando um brilho tênue no ar antes de desaparecer por completo.

Ela afundou nas almofadas, ainda respirando fundo, e olhou para as duas — Bloom sentada à sua esquerda, Roxy à direita. Ambas pareciam prontas para protegê-la do mundo inteiro, se fosse preciso.

E pela primeira vez naquela manhã, Daphne sentiu que talvez estivesse tudo exatamente como deveria estar.

Daphne soltou uma risada, baixa no começo, mas logo um pouco mais alta, como se não conseguisse conter o misto de incredulidade e alívio que brotava do fundo do peito.

Bloom e Roxy se entreolharam, alarmadas.

"Ela tá rindo..." murmurou Roxy, franzindo a testa.

"Isso é bom?" Bloom perguntou, os olhos arregalados.

Daphne respirou fundo, levou uma das mãos à testa e balançou a cabeça, sorrindo entre um suspiro. "Ai, meninas... eu achei que a grande revelação do dia seria minha."

Ela olhou para as duas, ainda sorrindo, os olhos brilhando com emoção sincera. "Mas parece que fui eu quem acabou sendo surpreendida."

Bloom corou levemente e deu um sorrisinho envergonhado. Roxy relaxou um pouco os ombros, mas ainda parecia alerta.

"Vocês duas... vocês são incríveis," continuou Daphne, a voz embargada pela emoção que vinha engolindo desde que tudo começou. "Eu fiquei tão preocupada com o que dizer, como contar, quando contar... e vocês estavam aqui, descobrindo tudo por conta própria."

Ela riu de novo, dessa vez mais suavemente, e completou: "Eu devia saber que não conseguiria acompanhar vocês."

Arabella pulou em seu colo e ficou olhando para ela, como se estivesse avaliando se ela estava bem ou não.

Daphne sorriu e passou os dedos pelas penas macias da companheira alada, alisando-as com carinho. Arabella fechou os olhos, satisfeita, e se ajeitou mais contra o colo de sua guardiã, como se também precisasse daquele momento de conforto.

Bloom foi a primeira a romper o silêncio delicado:

"Por que... só a gente tem magia?" ela perguntou, a voz ainda cautelosa, mas cheia de curiosidade. "A gente nunca viu ninguém mais fazer essas coisas. Só nós."

Roxy se sentou devagar ao lado da irmã, encarando Daphne com olhos atentos. "Tem alguma diferente na gente?" ela perguntou, não em tom de medo, mas de urgência. Ela precisava saber.

Daphne olhou para as duas, depois baixou os olhos por um instante, acariciando Arabella, como se reunisse a força para responder com o cuidado que aquele momento exigia.

"Não tem nada de errado com vocês," ela disse com firmeza, a voz baixa, mas segura. Ela levantou os olhos, agora mais sérios. "Vocês são perfeitas. Mas é algo diferente. É por causa de nossos pais."

Ela virou-se primeiro para Roxy, os olhos brilhando com ternura.

"Morgana," começou, e só o nome pareceu carregar peso, memória, e um amor ancestral. "Uma mulher forte e corajosa, que amava você mais do que tudo neste mundo. Isso você já sabe. Mas o que não saiba é que sua mãe também é uma fada. Uma das mais poderosas que já existiu."

Roxy arregalou os olhos. Bloom prendeu a respiração.

Daphne continuou, suave, mas firme. "Ela se apaixonou por um humano, um homem bom, mas que não sabia da magia dela. Eles se amaram, mesmo entre dois mundos, e dessa união nasceu você." Ela fez uma pausa, deixando que as palavras se assentassem. "A primeira fada a nascer em mais de quatrocentos anos."

O silêncio que seguiu era cheio de eletricidade. Roxy encarava o chão, como se cada palavra reorganizasse tudo que ela achava saber sobre si mesma. Bloom ainda segurava a mão da irmã, como se a âncora dela agora fosse mais importante do que nunca.

Daphne respirou fundo, seus dedos ainda afagando as penas de Arabella. Ainda não era hora de contar que Morgana foi presa e klaus amaldiçoado. Sua menina merecia tempo para processar cada informação.

"E quanto a você, Bloom..." ela ia começar, mas sua voz quase vacilou, como se o que viesse a seguir fosse ainda mais delicado.

"Daph...?" Bloom perguntou, preocupada, apertando levemente a mão de Roxy sem nem perceber.

Daphne se obrigou a voltar a falar. A emoção ameaçava sufocá-la, mas ela respirou fundo, buscando equilíbrio na memória — e na verdade.

"Oritel e Marion...", começou, e um leve sorriso melancólico se formou em seus lábios, "amigos que encontraram um amor verdadeiro e viveram felizes com sua pequena família... até que não puderam mais."

As palavras flutuaram no ar como uma prece.

"Eles eram tudo que eu sempre quis para minha vida. Gentis. Corajosos. Inteligentes. Apaixonados. Felizes. Eles me ensinaram a lutar. Me ensinaram a cavalgar. Me ensinaram a usar um arco e flecha... e também a dançar, mesmo quando eu pisava nos pés deles."

Um riso fraco escapou da garganta de Daphne, breve e dolorido.

"Nossa mãe era a calma da casa. E nosso pai era o teimoso, não ela. Ele era um Fyre estereotipado: cabeça quente, coração enorme, teimoso até o último fio de cabelo. Mas nossa mãe..."

Ela olhou para Bloom, os olhos marejados.

"Bloom, nossa mãe... ela se parece com você mais velha, pelo menos na aparência. Eu admirei minha vida inteira o brilho no olhar dela, a força calma que ela sempre tinha, pelo menos até precisar lutar, então ela se tornava a pessoa mais feroz de todas. Ela era astuta, culta, amava pintar. E mais que isso... ela trouxe de volta uma magia perdida há séculos. Sozinha. Ela reconstruiu o impossível. E nunca — nunca — pediu desculpas por isso."

O silêncio na sala era absoluto. Até Arabella pareceu entender, recolhendo a cabeça sob a asa, como se respeitasse aquele instante sagrado.

Bloom ainda parecia digerir tudo quando olhou atentamente para Daphne, os olhos se estreitando com um reconhecimento súbito. Ela inclinou levemente a cabeça, os lábios se curvando em um pequeno sorriso.

"Eu posso parecer com ela... mas eu pelo que você fala, você parece mais, Daph" disse suavemente.

Roxy assentiu imediatamente, virando-se para Daphne com um olhar cúmplice. "É verdade. A força calma, o brilho nos olhos, astúcia e o jeito de mãe leoa defendendo os filhotes."

Daphne abriu a boca, surpresa, mas nenhuma palavra saiu. Em vez disso, soltou uma risada abafada.

"Vocês... vocês não fazem ideia do que isso significa pra mim," ela disse, a voz embargada.

As lágrimas começaram a cair antes que ela pudesse detê-las — não de tristeza, mas de alívio, de amor, de pertencimento. Eram anos de silêncio, de segredos e saudade transbordando.

"Ei..." Bloom sussurrou, se aproximando e envolvendo Daphne num abraço apertado.

Roxy veio logo em seguida, os três corpos se encontrando no centro da sala, como se fossem parte de um mesmo feitiço antigo que, finalmente, se completava.

Arabella piou indignada no meio delas, esmagada pelos abraços.

Bloom e Roxy piscaram, tentando segurar a risada, e Daphne olhou para o familiar com as sobrancelhas erguidas.

Ela soltou as meninas e seu familiar voou assim que pode para o outro lado da sala e ficou as encarando. Daphne não aguentou e riu daquilo.

Aquela manhã teve revelações demais.

"Eu vou lavar o rosto, lágrimas secas é uma sensação horrosoa", ela disse rindo e foi pra cozinha com as meninas logo atrás

Daphne jogou um pouco de água no rosto, respirando fundo. A pele ainda ardia com os vestígios das lágrimas, mas a corrente fresca ajudava a acalmar. Ela se encarou no reflexo por um momento, observando os próprios olhos — ainda brilhando com a transformação de antes — e sorriu, cansada, mas aliviada.

Secou o rosto com a toalha do canto da pia, abriu um dos armários e pegou o pote de biscoitos decorado por Vanessa com pequenas flores pintadas à mão. Tirou a tampa devagar, como se o simples gesto fosse uma âncora à realidade — à rotina — e levou o pote até a mesa da cozinha.

Sentou-se no banco comprido de madeira, ainda sentindo o coração acelerado, mas agora batendo em paz.

As meninas vieram em silêncio, como se soubessem exatamente o que fazer. Bloom sentou-se à sua direita, Roxy à esquerda. Era quase um ritual: quando as conversas eram sérias — de verdade — era à mesa, com biscoitos no meio.

Ninguém falou de imediato. Roxy pegou um biscoito em forma de estrela. Bloom mordeu o dela pelas bordas. Daphne observou as duas, absorvendo aquele pequeno instante de normalidade que ela tanto temera perder.

"Lembro quando Nessa começou essa tradição," Roxy murmurou, com a voz quase nostálgica.

"Era tipo... código," Bloom completou, sorrindo. "Se tinha biscoito na mesa fora de hora, era porque vinha conversa."

Daphne sorriu também, dessa vez com a expressão leve. "É uma ótima tradição."

Ela pegou um biscoito e o partiu ao meio, respirando fundo. "Tem mais que eu quero contar a vocês."

Bloom tentou descontrair, meio rindo: "Já somos fadas, o que pode ser pior?"

Roxy arqueou uma sobrancelha, mas não discordou.

Daphne olhou para elas, a expressão grave suavizada apenas pelo carinho que sentia. Por um momento, ficou em silêncio, tentando encontrar as palavras certas — as mais justas, as menos assustadoras. Mas não havia como dourar aquela verdade.

"A razão de eu não ter contado nada antes..." ela começou, a voz baixa, mas firme. "É porque é perigoso. Porque existem pessoas no mundo, bruxas e bruxos, entidades sombrias... que fariam qualquer coisa para encontrar vocês. Pra usar vocês. Desde que nasceram, vocês são caçadas. Eu não podia dar esse peso a vocês tão cedo."

O silêncio caiu como uma cortina pesada sobre a mesa. Roxy e Bloom a encaravam, os olhos arregalados, o biscoito esquecido entre os dedos.

Roxy foi a primeira a falar, a voz num sussurro: "É por isso que nossos pais não estão com a gente?"

Bloom virou o rosto para Daphne com a mesma pergunta nos olhos, mas sem conseguir verbalizar.

Daphne fechou os olhos por um instante, como se cada palavra que viria a seguir fosse uma agulha no peito. Quando falou, foi com toda a honestidade que elas mereciam:

"Sim."

Daphne passou os dedos lentamente pela lateral do pote, como se isso ajudasse a manter sua voz firme. Então, ela se voltou para Roxy, o olhar suave, mas dolorosamente sincero.

"Morgana me fez sua madrinha, minha borboleta, porque sabia que eu podia protegê-la," disse, a voz embargada, mas clara. "Há bruxos que querem acabar com todas as fadas da Terra. Você, Roxy, é a última livre."

O silêncio pesou mais uma vez sobre a mesa. Bloom olhou para a amiga, instintivamente aproximando a mão, como se quisesse proteger Roxy de algo invisível.

Daphne continuou, agora com os olhos vidrados em um ponto da madeira da mesa, como se revivesse cada detalhe.

"Sua mãe e as outras com ela... foram presas. Asas arrancadas. Magia drenada. Tornadas fracas... frágeis. Mas não quebradas." Ela fez questão de reforçar isso com convicção, mesmo que seus olhos começassem a marejar.

Roxy parecia petrificada. Seus lábios tremiam, mas ela não conseguia emitir som.

Então Daphne olhou para ela, com infinita ternura. "Seu pai não era assim antes. Ele costumava demonstrar amor, afeição, cuidado. Ele amava sua mãe. Amava você." Sua voz ficou ainda mais baixa, como se confessasse um segredo pesado. "Você era a menina dos olhos dele."

Daphne respirou fundo, lutando contra a própria dor antes de continuar.

"Mas ele foi amaldiçoado. No dia em que Morgana foi capturada. Ele não é mais o mesmo, Roxy, não sei se um dia será. E eu não posso tocar naquela maldição... Se eu tentar quebrá-la, isso atrai os bruxos. Isso acenderia um farol em meio à escuridão. E... isso o mataria"

O silêncio que se seguiu parecia conter o ar, denso e cortante. Roxy continuava imóvel, o rosto pálido, os olhos fixos em Daphne como se tentasse digerir tudo ao mesmo tempo — e não conseguisse.

Então ela inspirou, tremendo.

"Pelo menos..." sua voz saiu baixa, quase num sussurro rouco. "Pelo menos ele não me abandonou de propósito."

Daphne sentiu o coração se apertar. A dor na voz de Roxy era nítida, contida com tanto esforço que fazia sua garganta doer só de ouvir.

"Eu passei tanto tempo achando que ele só... me largou. Que não se importava." Ela mordeu o lábio, tentando conter o tremor no queixo. "Eu preferia mil vezes isso... isso que você contou... do que pensar que ele simplesmente não quis me criar."

Bloom colocou a mão no ombro da irmã, os olhos marejados também, mas sem saber o que dizer. Era dor demais para uma verdade só.

Daphne queria dizer algo, qualquer coisa que curasse aquilo, mas não existiam palavras. Só o olhar dela, firme e compassivo, prometendo a Roxy que ela não estaria nunca sozinha. Daphne sempre estaria lá para sua f.. sua menina.

Roxy limpou os olhos com as costas da mão, respirando fundo, ainda se recompondo. O biscoito na frente dela estava esquecido, partido em dois, como ela própria parecia naquele momento.

Então, levantou os olhos para Daphne, ainda embargada, mas com um foco novo — uma necessidade de saber, de preencher os espaços vazios que a dor deixava para trás.

"E os seus pais?" ela perguntou, a voz mais firme do que antes. "Os de vocês duas. Ainda tem mais... sobre eles?"

Daphne engoliu em seco, o coração batendo mais rápido. Bloom também virou o rosto para ela, as sobrancelhas unidas, atenta.

Daphne sabia que aquele momento chegaria. E agora que chegara, era como caminhar em um chão que podia se quebrar a qualquer palavra errada.

Ela olhou para as duas, sentindo o peso dos próprios ombros, e respondeu com a voz mansa, mas carregada de memória, "Sempre tem mais."

Daphne respirou fundo e levantou uma das mãos acima da mesa. Arabella piou baixinho, como se soubesse o que viria. Do centro de sua palma, uma luz suave começou a crescer, ganhando cores a medida que se expandia em um holograma mágico que pairava sobre a mesa: um mapa tridimensional, vivo, do cosmos.

Planetas giravam em silêncio, nebulosas pulsavam em tons de violeta e azul, e galáxias inteiras rodopiavam no vácuo brilhante. As duas garotas prenderam a respiração.

"O universo é muito maior do que o povo daqui imagina," começou Daphne, com voz suave, quase reverente. "Existem milhões de galáxias espalhadas e milhares de mundos habitados, cada um único à sua maneira."

Ela estendeu os dedos, e um dos pontos luminosos se aproximou, ampliando-se até mostrar um planeta azul e verde envolto em brilho mágico.

"A Terra costumava ter magia," disse ela, olhando para Roxy agora. "Abundante e forte. As fadas aqui eram poderosas, livres... mas com o tempo, os magos nativos decidiram que só eles deveriam ter acesso à magia. Começaram a caçar as fadas. Uma a uma, elas caíram, as asas arrancadas, os santuários destruídos."

Bloom apertou os lábios, o olhar fixo no holograma. Roxy manteve os olhos presos em Daphne.

"Levou séculos, mas eles quase conseguiram... quase," disse Daphne, fazendo questão de olhar direto para Roxy. "A magia na Terra ficou fraca, rarefeita. E em pouco tempo, teria se tornado instável, se apagado. Mas isso não aconteceu. Porque uma fada nasceu aqui, Roxy. A primeira em mais de quatrocentos anos."

Roxy piscou, surpresa, o ar escapando de seus pulmões.

"Isso é inacreditável..." murmurou. "Acho que... eu nem conseguiria inventar algo assim."

Daphne sorriu, com carinho, e estendeu a mão de novo. O mapa cósmico se moveu, navegando por entre estrelas e constelações até parar em uma galáxia onde um planeta brilhava com intensidade mágica.

"Essa é Magix. O coração da Dimensão Mágica. Qualquer ser mágico, de qualquer mundo, pode ir até lá. É onde as grandes escolas ficam. Onde os conselhos se reúnem. Onde tudo converge."

As órbitas giraram mais uma vez e Daphne guiou a imagem para outra galáxia, um pouco mais distante, onde um planeta brilhava em tons azuis e prateados.

"E aqui..." disse ela, com ternura. "Foi onde eu nasci. Onde você nasceu, Bloom. O planeta Dominó."

Bloom levou a mão aos lábios, os olhos arregalados e úmidos.

"É igual ao dos meus sonhos..." sussurrou Bloom, os olhos fixos naquele planeta prateado e sereno, como se finalmente tivesse encontrado algo que sempre buscara sem saber.

Daphne olhou para ela com ternura, seu rosto suavizado por um carinho silencioso.

"Os sonhos... são um talento herdado da nossa mãe," explicou, com a voz baixa, como se compartilhasse um segredo sagrado. "Ela também sonhava com lugares que nunca tinha visto, pessoas que nunca conheceu. Os sonhos mostravam fragmentos do passado... e possibilidades do futuro."

Ela fez uma pequena pausa, o olhar ficando um pouco distante.

"Mas eu não herdei esse dom. Nunca tive visões assim. Então... eu não sei como ajudar você com isso. Sinto muito."

Bloom sacudiu a cabeça devagar, os olhos ainda marejados, mas com um pequeno sorriso compreensivo no canto dos lábios.

"Está tudo bem, Daph," respondeu. "Eu já aceitei que tenho que viver com isso. De algum jeito... faz parte de mim agora."

Daphne assentiu, tocada pelas palavras da irmã. Ela girou levemente a imagem de Dominó, ampliando até que uma cidade luminosa surgiu sobre a superfície do planeta, envolta por torres cintilantes, jardins suspensos e rios de luz mágica que cortavam a paisagem como veias vivas.

"Essa é Sparks," disse ela. "A capital de Dominó."

Roxy franziu o cenho, curiosa.

"A capital do planeta inteiro?" perguntou.

Daphne riu suavemente, o som leve entre a emoção ainda pairando no ar.

"Sim. Quando cheguei na Terra, achei muito estranho existirem tantos países diferentes num mesmo planeta. Em Dominó — como na maioria dos reinos da Dimensão Mágica — tudo é mais... unificado. Muitos planetas têm menos de uma dezena de nações. Alguns, como o nosso, têm uma única capital que governa o mundo todo. Cada região tem suas peculiaridades, claro, mas todas respondem ao mesmo Conselho Real."

Roxy assobiou baixo, impressionada.

"Parece... mais organizado. Ou, sei lá, mais mágico."

Daphne sorriu com um toque de nostalgia. "É... era. Dominó era um lugar de equilíbrio e poder. O reino mais poderoso e rico de toda a Dimensão Mágica."

Ela parou por um momento, o olhar distante, quase como se pudesse sentir o vento gelado das montanhas de Dominó em sua pele outra vez.

"Até o dia em que tudo mudou."

Daphne respirou fundo e estendeu a mão, o holograma acima da mesa tremeluzindo antes de mudar. As galáxias encolheram, dando lugar a imagens mais sombrias: uma luz vermelha dominava o espaço, e formas escuras, distorcidas, marchavam sobre mundos em chamas.

As meninas recuaram um pouco, instintivamente, quando as silhuetas de três figuras pairaram no centro da projeção. Mesmo como sombras, sua presença era sufocante.

"As Três Bruxas Ancestrais," disse Daphne, a voz tensa. "As primeiras bruxas a existirem... e as mais perigosas."

No holograma, as três figuras erguiam os braços, e do céu caíam relâmpagos negros. Um planeta explodia em chamas e se partia ao meio como vidro sob pressão.

"Com seu exército, elas deram início a uma guerra em busca de cada fragmento da Chama do Dragão — a força primordial que originou todo o universo. Mas não pararam por aí. Começaram a destruir cada planeta que podiam tocar, cada fagulha de esperança, de magia, de equilíbrio."

Ela trocou a projeção mais uma vez. Agora mostrava Dominó — belo, próspero, cheio de vida.

"Dominó era o planeta mais forte de todos. Nossas defesas eram incomparáveis. Não podiam nos atacar de frente, então começaram a atacar pelas margens. Pelas sombras. Elas miraram nas ninfas," continuou Daphne. "Seres criados com uma fagulha da Chama do Dragão, responsáveis por manter o equilíbrio da Dimensão Mágica e especialmente, de proteger Dominó. Elas foram enfraquecendo as mais fortes, até que restaram poucas. E então... foram atrás da família real de Dominó, a parte que estava no trono pelo menos."

A projeção mudou de novo — agora para imagens de castelos, paisagens montanhosas, os lagos, rios e oceanos de Dominó. Toda paisagem que mostrava a vivacidade de Dominó.

"O Dragão confiou a maior parte de seu poder à nossa família... e isso fez de nós alvos."

Daphne então levou a mão ao próprio peito. Um leve brilho dourado brotou sob sua pele, e com um gesto suave, ela materializou algo diante de si — uma centelha dançante, viva, como uma chama líquida pairando no ar.

"Todos em nossa família nascem com uma centelha da Chama do Dragão," explicou. "Isso aqui é só a manifestação visível da parte que eu tenho"

O brilho aumentou um instante, depois desapareceu com delicadeza quando ela fechou a mão.

"As bruxas começaram a atacar os lugares onde nossa família vivia. Avós. Tias-avós. Primos distantes. Não importava a idade. Eles foram caçados como peças num tabuleiro que só elas enxergavam."

Daphne abaixou os olhos por um instante, respirando fundo, antes de continuar, a voz pesada.

"Não sabíamos disso na época. Só quando já era tarde. No último ano antes do ataque final... só restavam nossos pais, nossa tia e nossa prima."

Ela levantou o olhar, encontrando o de Bloom — e então o de Roxy. Seu silêncio dizia tanto quanto as palavras.

As imagens no holograma congelaram quando Dominó estava sob ataque, torres caindo, luzes mágicas se chocando contra escuridão, e as três bruxas no centro, implacáveis.

As imagens permaneceram suspensas sobre a mesa, o som do fogo mágico e das batalhas silenciado, como uma memória congelada. Daphne fitou o centro do holograma por um momento, antes de voltar-se para as duas meninas.

"Eu sou uma ninfa," disse, com a voz baixa, mas firme. "Uma das mais fortes da nossa geração."

Roxy e Bloom ficaram imóveis. Roxy arregalou os olhos, e Bloom piscou lentamente, como se tentasse absorver tudo aquilo.

"Passei minha vida protegendo os reinos, mantendo o equilíbrio. Quebrei maldições criadas por elas, impedi destruições, salvei planetas inteiros..." Ela hesitou, e seu olhar escureceu. "Mas no fim... fui amaldiçoada também."

O holograma apagou-se, a luz desaparecendo com um sopro sutil. Daphne ergueu a mão, olhando os próprios dedos por um instante, como se procurasse vestígios da dor antiga.

"Meu poder se voltou contra mim. Lentamente, como veneno em doses pequenas. Por sorte — ou destino — percebi a tempo. Ainda assim... eu estava fraca quando Dominó caiu. Fraca demais."

Ela respirou fundo. Bloom se aproximou um pouco mais, sem perceber, os olhos fixos em cada palavra.

"Quando elas atacaram... eu queria lutar. Teria lutado até o fim. Mas nossa mãe... me implorou. Mandou que eu te tirasse de lá, Bloom. Me fez prometer."

Bloom apertou os lábios, lutando contra as lágrimas.

"Eu ia cumprir. Eu juro. Mas antes... antes eu parei para tentar uma última coisa. Uma última chance de salvar nosso lar."

Daphne se levantou e estendeu os braços, como se revivesse aquele momento. "Eu canalizei quase toda a minha magia... para o núcleo planetário de Dominó. Era arriscado, mas... se desse certo, o planeta não seria completamente devastado. E deu certo."

Uma luz intensa brilhou brevemente ao redor dela, como uma lembrança mágica acesa por emoção.

"Quando fiz isso... algo mudou em mim. Eu ganhei uma nova transformação. Uma forma que só aqueles com a Centelha da Chama do Dragão podem alcançar. Bloomix."

Roxy arregalou os olhos. "Você teve Bloomix antes da Bloom?"

Daphne assentiu com um sorriso pequeno. "A energia dessa transformação foi o que salvou Dominó de ser apagado do universo. Com ela, eu consegui vencer um dos generais bruxos. E então... energizei as outras ninfas próximas. Usei tudo o que tinha para abrir um portal... e vim pra cá."

Ela pousou a mão no peito, onde a magia parecia ainda pulsar, discreta.

"Mike nos encontrou. Ele e Vanessa cuidaram de nós. E ficamos aqui. Esperando a hora de contar tudo. Isso foi antes mesmo de você nascer, meu bem"

Ela completou, olhando para Roxy, que assim como Bloom, estava imóvel, o rosto dividido entre admiração e espanto.

"Teve um dia..." começou ela, com a voz mais suave, "em que senti magia na Terra. Magia de fadas. Era fraca, mas real."

Bloom e Roxy a olharam com atenção renovada.

"Eu fui investigar. Não podia ignorar aquilo. Quando cheguei, vi um grupo de fadas enfrentando bruxos. Estavam sendo encurraladas, cansadas... e mesmo assim não recuavam. Eu entrei na luta. Ajudei como pude. Elas me reconheceram — ou pelo menos reconheceram minha aura."

Ela sorriu com carinho. "Depois disso, me levaram para conhecer as outras. Fadas da Terra... escondidas, resistindo."

Roxy endireitou-se na cadeira, como se aquela parte pertencesse diretamente a ela.

"Foi lá que eu conheci Morgana. A rainha das fadas da Terra."

O nome causou um arrepio em Roxy. Bloom olhou para a amiga com suavidade, esperando sua reação. Roxy permaneceu calada, mas seus olhos brilhavam.

"Morgana... era incrível. Forte, determinada e incrivelmente corajosa."

Daphne se aproximou da mesa e puxou uma cadeira, sentando-se entre elas.

"Ela me apresentou a filha. Contou sobre você, Roxy. Disse que havia esperança na sua geração. Que você era especial. A primeira fada da Terra nascida em mais de quatrocentos anos. Um milagre."

Ela estendeu a mão e tocou a de Roxy com carinho.

"Morgana me pediu algo. Ela me fez sua madrinha, minha borboleta. Porque sabia que, mesmo se tudo desmoronasse, você ainda teria alguém. E eu jurei protegê-la."

Seu olhar se voltou para Bloom por um instante, quente, mas firme.

"Assim como protegi minha irmã. Assim como protegeria qualquer parte da minha família."

Roxy mordeu o lábio inferior, o peito subindo e descendo devagar com a emoção contida.

"Mesmo sem me conhecer?" sussurrou ela.

"Mesmo sem ter te conhecido por mais de uma hora," respondeu Daphne. "Você sempre foi forte, mesmo quando bebê. Eu não podia deixar você sem mais nem menos, foi por isso que aceitei o pedido de Morgana. E não me arrependi disso nem por um único segundo desde então."

 

Chapter 33: Princesas, segredos e confissões

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Roxy respirou fundo, ainda processando tudo o que ouvira, e inclinou um pouco a cabeça, com um sorriso cansado, mas curioso.

"Tem mais?" perguntou ela, com uma mistura de receio e expectativa.

Daphne soltou um pequeno suspiro pelo nariz, balançando a cabeça. "Tem... Sempre tem."

Roxy deu um leve suspiro e encostou as costas na cadeira, cruzando os braços. "Então é melhor contar logo tudo agora. Vai, despeja. Antes que a gente tenha tempo de processar tudo."

Daphne riu, mas seus olhos tinham um brilho que dizia mais do que suas palavras.

"Vocês não fazem ideia de quanta coisa ainda há pra contar..." murmurou ela, meio para si. Mas então, olhando de volta para as duas, assentiu. "Certo. Vamos por partes."

Ela virou-se levemente para Roxy.

"Morgana não era só a mais forte fada nesse planeta. Ela é a rainha das fadas da Terra. A legítima soberana da linhagem que protegeu esse mundo por milênios."

Os olhos de Roxy se arregalaram. Sua mão foi automaticamente até a pulseira no pulso, como se ela pudesse ancorar-se nela.

"E como filha de sangue dela, Roxy..." Daphne pausou, com um pequeno sorriso. "Você é a princesa das fadas da Terra."

Roxy piscou. "O quê?"

Bloom colocou a mão sobre a boca e depois soltou uma risadinha, dando um leve empurrãozinho no ombro da amiga.

"Bem," disse ela, com um brilho brincalhão no olhar, "acho que vou começar a te chamar de vossa alteza."

"Não se atreva," murmurou Roxy, ruborizando, mas sem conter o sorriso que ameaçava escapar.

Daphne aproveitou o momento para voltar a olhar para Bloom, com ternura.

"Ah, mas não pense que você escapa, irmãzinha. Você também pode ser chamada assim. Sua Alteza Real, princesa Bloom de Dominó. Filha do rei Oritel e da rainha Marion."

Bloom parou de rir na hora, o sorriso morrendo nos lábios. Seus olhos brilharam, arregalados, absorvendo o peso daquela revelação.

"Eu... o quê?"

"Você é uma princesa também, Bloom," disse Daphne com firmeza e carinho. "Assim como eu, assim como Roxy. Essa mesa está cheia de realeza."

O silêncio se instalou por um instante, denso. Roxy encarou Bloom com surpresa renovada. Bloom apenas olhou para Daphne como se as peças do quebra-cabeça de sua vida finalmente estivessem começando a se encaixar.

Ela piscou, então inclinou-se um pouco para frente, com um sorrisinho intrigado nos lábios.

"Espera... Aquela história," começou ela, hesitante. "Aquela sobre um príncipe que se apaixonava por uma princesa... e nenhum dos dois sabia que eram da realeza..."

Ela olhou diretamente para Daphne, os olhos apertando levemente. "Era real, não era? Era a história deles. Dos nossos pais."

Daphne sorriu, e dessa vez, seus olhos brilharam sem contenção, umedecidos pela emoção. Ela assentiu, devagar.

"Sim," respondeu com a voz baixa, carregada de carinho. "Era sobre eles."

Roxy soltou um gritinho animado e bateu as mãos na mesa, os olhos arregalados de pura alegria.

"Eu sabia! Eu disse! Eu disse que a Daph se emocionava demais contando aquela história pra ser só uma invenção!"

Bloom riu, encostando-se na cadeira, surpresa e encantada ao mesmo tempo.

Daphne cobriu o rosto por um momento, balançando a cabeça e rindo baixinho. "Vocês eram tão pequenas... Eu só queria que tivessem algo de suas origens para guardar, mesmo sem saber."

Ela olhou de uma para a outra, e então disse com suavidade:

"Fico feliz que vocês não esqueceram."

Roxy então se inclina para frente e diz, "Certo, acho que essa história de princesas não é mais chocante do que a magia". Ela parecia estar decidida, era inspirador ver na verdade, Roxy ficava assim tão poucas vezes. Ela tinha um olhar determinado, ajeitava a postura sem perceber e mantinha aquele ar calmo e confiante de quem estava no controle da situação.

"Agora, eu quero saber porque você nos deu essas pulseiras que não devemos tirar e os colares, por favor."

Bloom olhou para Roxy, como se pedisse pra ela ir com calma, mas tanto Daphne quanto Bloom sabiam que era uma causa perdida. Roxy tinha o costume de se fixar numa coisa e ficar focada naquilo até resolver ou chegar em um ponto sem saída.

E nesse caso, Daphne tinha todas as saídas para todas as dúvidas dela.

"Os colares têm encantamentos protetores, contra-ataques diretos ou não. Eles reagem a vocês, então a menos que estejam em uma situação muito perigosa e sintam medo, eles não vão ativar sozinhos. Existe um jeito de ativar por vontade própria, eu vou ensinar a vocês depois. Além disso, ninguém além de vocês pode abrir os fechos, foi por isso que insisti para não tirarem"

Bloom arregalou os olhos, um sorrisão se formando no rosto.

"Uau. Isso é tão legal," disse ela, tocando o colar com os dedos. "Tipo... um colar mágico de proteção? Isso parece coisa de filme, mas melhor!"

Roxy cruzou os braços, pensativa, e lançou um olhar sério para Daphne.

"Certo, faz sentido," ela concordou, antes de erguer o pulso, onde a pulseira que Daphne lhe dera meses antes reluzia discretamente à luz suave da cozinha. "E sobre as pulseiras? Você nos deu elas bem antes do colar."

Daphne assentiu devagar, como se já soubesse que essa pergunta viria. Seu rosto ficou um pouco mais sério, mas não menos calmo.

"As pulseiras foram minha primeira tentativa de manter vocês seguras, eu precisava garantir que vocês estariam seguras. Mesmo que eu não pudesse estar por perto." explicou Daphne, a voz mais baixa, quase como se compartilhasse um segredo. "Fiz cada uma usando um tipo especial de magia que uma amiga me ensinou. Uma magia rara... e muito protegida."

Ela olhou para o próprio pulso por um segundo, a pulseira que Selene lhe dera na última vez que se viram. Ainda tinha a magia dela ali, guardada por mais de uma década.

O jeito de fazer aquelas pulseiras era algo que o povo do planeta de Selene guardava com unhas e dentes, não dava para fazer engenharia reversa e descobrir como funcionava, então ter alguém voluntariamente ensinando outra pessoa era um gesto de confiança e cuidado sem igual. Só que diferente da que ela usava, a das meninas tinha um feitiço a mais.

Ela sorriu de leve, com orgulho e afeto. "Elas armazenam a magia de vocês, o vestígio que se perde naturalmente, depois de um tempo, há magia o suficiente para ser utilizável, então em caso de necessidade, vocês podem puxar a magia das pulseiras, elas criam escudos ao redor de vocês se estiverem em perigo, mesmo que vocês não ativem isso conscientemente. Elas também, ao armazenar os vestígios de magia, escondem o rastro mágico de vocês. As pulseiras reagem a vocês, são vocês que as ativam ou desativam, mas elas também estão ligadas a mim."

Bloom franziu o cenho. "Ligadas como... rastreadores?"

"Não, não assim," disse Daphne. "Existe uma palavra de ativação. Se vocês disserem essa palavra, serão transportadas para onde quer que eu esteja. Não importa a galáxia, dimensão ou... linha do tempo. Eu sempre estarei ao alcance de vocês, se precisarem." Ela fez uma pausa e ergueu a sobrancelha. "Mas, pelo bem da minha sanidade, por favor, não usem isso sem necessidade. Pode levantar muitas perguntas."

"Por quê? Por causa da forma de teletransporte? Eu entendo não usar em público, mas... e as outras fadas? Elas não entenderiam?"

"Não. Essa magia é considerada obsoleta - ou extinta. A maioria nem sabe que isso ainda é possível. E os poucos artefatos que existem com esse tipo de feitiço são... incrivelmente raros."

Bloom arqueou uma sobrancelha e ergueu o pulso. "Daph... hum só por curiosidade... com quanto dinheiro a gente tem andado por aí? Os colares têm cara de coisa antiga. Essas pulseiras de pérolas também não são qualquer coisa. E agora você está dizendo que só a magia em nossas pulseiras já valeria uma fortuna?"

Daphne soltou uma risada baixa, quase carinhosa. "Inestimável, minha flor. Sinceramente? Só pela origem de cada peça, já seria quase impossível definir um preço. Mas considerando os encantamentos que carregam..." Ela fez uma pausa, lançando um olhar significativo para ambas. "Bem... vocês estão usando tesouros de valor mágico e histórico incalculável."

Se elas soubessem que Dominó tem uma sala cheia do piso ao teto com ouro e todo tipo de joias e objetos mágicos, antigos e inestimáveis.

Bloom olhou para a pulseira com uma expressão meio culpada.

"Eu... lavei a minha com detergente ontem," ela disse, baixinho.

Roxy caiu na gargalhada, jogando a cabeça para trás. "Você o quê?"

"o pote de tinta virou no meu braço!" defendeu-se Bloom, rindo também. "A culpa foi da gravidade!"

Daphne riu junto, o som claro e sincero preenchendo o ambiente por um instante.

Ela as observou por um momento, sorrindo de verdade agora, por dentro e por fora. Elas estavam lidando com tudo aquilo incrivelmente bem. Era muita coisa - revelações sobre reinos perdidos, linhagens reais, magia ancestral, responsabilidade e perdas -, mas ali estavam suas meninas: rindo, questionando, pensando com clareza.

Estou tão orgulhosa delas, pensou, sentindo o coração apertar de ternura. São centradas, inteligentes, astutas... conseguem raciocinar com calma mesmo quando tudo ao redor muda. E isso sem deixar de ser quem são - com toda a força, toda a coragem e aquela energia ardente que pulsa em cada uma. Tão fogosas e ao mesmo tempo tão sensatas. Elas são extraordinárias!

Bloom de repente deu um pulo na cadeira.

A pobre Arabella se assustou, batendo as asas rapidamente e soltando um pio alarmado, mas Bloom parecia completamente alheia ao caos que causara. Ela apontou com o dedo, indignada:

"Ei! Arthur mordeu a sua ontem, Roxy!"

Roxy ergueu uma sobrancelha, como quem já sabia do que Bloom estava falando.

"Foi um acidente," disse com um encolher de ombros. "E ele nem arranhou a pedra." Ela virou o pulso, mostrando a pulseira com a pequena pedra rosada que parecia ainda mais polida do que antes. "Aliás... o que é essa pedra, Daphne?"

Daphne virou-se calmamente, enxaguando as mãos na pia antes de responder. Com um leve sorriso, limpou-as num pano de linho e voltou os olhos para Roxy, a voz suave como sempre:

"É um cristal feito inteiramente com magia. Um cristal de memória."

Bloom se inclinou para a frente, interessada. "Por que tem esse nome?"

Daphne se aproximou um pouco, encostando-se no batente que dividia a cozinha da sala. Arabella pousou em seu ombro, como se também quisesse ouvir de novo a história.

"Porque ele guarda lembranças," explicou ela. "Memórias que eu coloquei ali. Se por algum motivo eu não estivesse com vocês quando descobrissem sobre quem são ou o que podem fazer... eu queria que tivessem algo que as ajudasse a entender. Algo que contasse uma parte da verdade, direto de mim."

Houve um instante de silêncio. Ambas as meninas entenderam a mensagem por trás. Aquilo era um recurso para o caso de Daphne morrer, para o caso de elas ficarem sozinhas.

Bem, elas não ficariam sozinhas, Mike e Vanessa estariam com elas, mas eles não poderiam ensinar nada sobre a dimensão mágica ou sobre a magia para elas.

Roxy olhou para a pedra como se fosse a primeira vez. Ela esfregou o polegar sobre a superfície, pensativa. Daphne sabia que ela estava se focando em outra coisa para não pensar na possibilidade de ela morrer, então deixou Roxy continuar a conversa.

"Então se Arthur tivesse mordido de verdade," disse Roxy, olhando para o cachorro agora com mais seriedade, "ele teria engolido um cristal mágico de memória com conteúdo confidencial."

Arthur, completamente alheio ao risco que quase representara, soltou um longo bocejo e se esticou no colo de Bloom, como se tudo estivesse perfeitamente sob controle.

Daphne apenas riu e se afastou um pouco do batente, sua voz agora mais suave, quase como se compartilhasse um segredo antigo. "Na verdade, é mais do que só uma lembrança guardada. Se ativados, eles mostram memórias muito específicas: minhas aulas, os treinos que tive quando jovem, lugares seguros espalhados por diferentes mundos, e pessoas em quem vocês podem confiar."

Ela fez uma pausa, como se relembrasse com carinho.

"Também há registros meus... conversando com o espelho. Falando tudo o que vocês precisariam saber caso eu não estivesse aqui. Como acabaram sob minha guarda, quem eu sou... quem vocês são de verdade."

Bloom e Roxy ficaram em silêncio, absorvendo o peso daquilo.

"Cada pingente foi costurado às pulseiras protetoras que vocês usam desde pequenas. Vocês têm um legado incrivelmente grande para carregar, e eu queria garantir que as últimas chamas de Dominó estivessem seguras"

Ela cruzou os braços, olhando com ternura para as duas.

"Vocês não sabiam, não podiam saber ainda. Mas desde que eram apenas crianças, carregam consigo não só proteção..., mas o legado de Dominó. Um legado vivo, que cresce com vocês."

Bloom passou os dedos devagar sobre sua pulseira, como se visse aquele pequeno cristal pela primeira vez de verdade. Roxy também não disse nada por alguns segundos, mas a expressão no rosto dela dizia tudo: admiração, respeito... e tristeza, uma sombra silenciosa que atravessou seus olhos como uma nuvem encobrindo o sol por um breve instante.

Daphne percebeu, e sua voz surgiu suave, porém firme, enquanto dava um passo adiante.

"Vocês carregam o legado de Dominó. Mesmo que ninguém saiba ainda... ele vive em vocês."

Roxy respirou fundo, seus dedos apertando levemente a pulseira. Ela não levantou a cabeça ao falar, mas sua voz saiu clara.

"Mas eu não sou de Dominó."

O silêncio que se seguiu foi denso. Bloom virou o rosto na direção da irmã, mas foi Daphne quem respondeu - com delicadeza, porém com a força de quem fala de algo profundamente verdadeiro.

"Você pode não ter nascido lá, Roxy..., mas foi criada por uma dominiana," disse ela, colocando a mão sobre o coração. "Aprendeu os costumes, ouviu as histórias, carregou os símbolos... Foi guiada pela minha magia, protegida pelos meus feitiços. Você cresceu entre nossas tradições, nossa história. E mais do que tudo, foi amada por mim como minha própria..."

Daphne parou, hesitando por um instante, a emoção embargando sua voz.

"Como meu próprio sangue. Você é minha afilhada, minha responsabilidade, minha menina, minha princesinha. Não há nada nesse mundo, ou em qualquer outro, que possa anular isso."

Roxy ergueu o olhar para ela, os olhos brilhando. O que viu ali - nos olhos de Daphne, na firmeza de sua postura, na suavidade com que falava - era inegável. Era amor. Profundo. Imenso. Verdadeiro.

Ela não respondeu com palavras. Só se levantou, atravessou a sala em dois passos e abraçou Daphne com força, o rosto enterrado em seu ombro.

Ali, entre aquele gesto apertado, aquele silêncio cheio de sentimento e a luz suave entrando pela janela... o legado de Dominó não era só memória. Era presente. Era futuro. Era amor.

Daphne sentiu lágrimas escorrerem pelo rosto e apertou Roxy com mais força. Roxy não gostava de falar sobre isso, mas isso esteve na mente dela desde o jardim de infância e Daphne nunca soube como abordar isso primeiro, então ela se dedicou a mostrar por gestos e ações o quanto amava Roxy.

Roxy voltou para a cadeira em silêncio, os passos leves, o olhar um pouco distante. Ela sempre fazia isso quando as emoções ameaçavam se acumular rápido demais, guardava tudo para pensar depois, quando estivesse sozinha, onde poderia processar no seu ritmo, sem ninguém olhando.

Sentou-se, ajeitou a postura e cruzou os braços por um segundo... mas então Arthur, veio até ela e colocou a cabeça na perna dela com aquele jeitinho reconfortante.

Roxy não resistiu - sua mão afagou o pelo do cachorro com movimentos calmos, quase automáticos, mas havia um carinho sincero neles. Ela manteve o olhar no chão por um instante, como se ordenasse os pensamentos, e então ergueu os olhos para Daphne.

"Podemos ver agora? As memórias. As que estão na pulseira."

Daphne sorriu de leve, sem surpresa. Ela sabia que, por trás daquele ar contido, Roxy estava pronta - ou pelo menos disposta - a enfrentar o que viesse.

"Podem," disse ela, com a voz calma. "Mas... talvez tenha um jeito melhor."

Bloom inclinou a cabeça, curiosa, enquanto Daphne se aproximava um pouco mais, secando as mãos com um pano de cozinha.

"Eu posso mostrar as memórias diretamente, uma por uma, como estão registradas nas pulseiras. Mas também posso lançar um feitiço... a magia que está na minha pulseira", ela sacudiu o pulso para enfatizar, era parecida com a das meninas, então elas entenderiam. "funciona para manipular a percepção de tempo, com isso eu posso fazer um feitiço de suspensão temporal."

"Suspensão?" Bloom repetiu, interessada.

"Atrasaria o tempo à nossa volta. Para o mundo lá fora, tudo pareceria continuar normalmente, mas aqui dentro, teríamos o tempo que precisarmos, um segundo seria igual a horas. Poderíamos ver cada memória com calma, conversar, reagir... sem pressa, sem interrupções."

Roxy parou de acariciar Arthur por um segundo. "E o almoço?"

Daphne riu, com um brilho no olhar. "A gente almoça primeiro, claro. O feitiço não afeta os sabores - e ver memórias com fome não é uma boa ideia."

Bloom soltou uma risadinha animada. "Definitivamente não."

Daphne se afastou um pouco, voltando ao fogão, mas não sem antes lançar um olhar carinhoso para as duas. "Depois que comermos, eu conjuro o feitiço. E aí... vocês verão tudo. Desde o começo."

Daphne deu um tapinha leve na perna de Arabella, que estava empoleirada confortavelmente em seu ombro. A pequena ave soltou um pio quase indignado, mas saltou no ar com graça e foi pousar na beirada da janela, onde a luz do sol iluminava suas penas com reflexos suaves.

Daphne então se levantou, esticando os braços como quem se preparava para dar uma notícia séria, mas boa.

"Antes que vocês se dispersem de novo com mais perguntas aleatórias ou fiquem distraídas com a comida..." - ela lançou um olhar divertido, especialmente para Bloom, que já parecia tentada a provar alguma coisa nas panelas - "...é bom saberem que quando entrarmos na bolha temporal, eu vou querer ver o que descobriram por si mesmas até agora."

Bloom se endireitou na cadeira. "Você quer dizer... a magia que a gente falou antes?"

"Exato," respondeu Daphne com um sorriso orgulhoso. "Eu quero entender que feitiços vocês já conseguem usar de forma intuitiva, o que funciona melhor, o que parece travar..."

Roxy ergueu uma sobrancelha. "Então vai ser aula particular?"

"Algo assim," disse Daphne, indo para a sala e voltando com um livro grosso e de capa azul-violeta que estava no canto da estante. Ela o ergueu com cuidado, como se carregasse uma joia rara. "Este é meu grimório pessoal. Aqui tem quase todos os feitiços que conheço - alguns dos quais aprendi de fontes que já nem existem mais. Magia antiga, magia de campo, de proteção, cura, rastreamento... tudo anotado com explicações práticas."

Bloom arregalou os olhos, maravilhada. "Você vai... vai ensinar tudo isso?"

"Tudo que puder, sim." Daphne fez uma pausa e depois acrescentou com um tom firme, mas carinhoso: "E quero que vocês levem isso a sério. A magia de vocês é poderosa. Saber usá-la com sabedoria é o que diferencia uma habilidade útil de um desastre esperando para acontecer."

Roxy assentiu, silenciosa, mas atenta, e Arabella piou baixo, como se aprovasse as palavras.

"Quando estivermos na bolha, teremos tempo livre de distrações para treinar. Quero ver até onde conseguem ir, e então ajudar a expandir. E quem sabe..." - ela olhou com um sorriso misterioso para o grimório - "vocês não inventam alguns feitiços novos também."

Bloom trocou um olhar empolgado com Roxy, que tentou fingir desinteresse..., mas não conseguiu esconder o brilho curioso nos olhos.

"Vão, eu sei que vocês têm muito a pensar, eu vou preparar o almoço."

 

Chapter 34: Pensamentos, halo e bolha temporal

Chapter Text

Daphne passou os dedos suavemente pela borda da pia, o olhar perdido por um instante na luz que atravessava a janela da cozinha. Arabella havia voltado ao seu ombro, aninhada e em silêncio, como se também sentisse o momento de lembrança que passava entre as sombras da mente da ninfa.

Selene.

O nome surgiu como um sussurro dentro dela, e um calor suave envolveu seu peito. Selene havia sido uma das maiores ninfas que Daphne conhecera — forte, serena, e com uma conexão com a Chama do Dragão que poucos conseguiam compreender.

Das ninfas de sua geração, Selene era a mais devota à Chama. Vivia e respirava a energia primordial com reverência quase sagrada. Era ela quem estudava os fluxos antigos da energia, as vibrações escondidas nas raízes do universo, e encontrava formas de canalizá-las para o bem maior. Foi ela quem ensinou Daphne a fazer aquelas pulseiras — um segredo de seu povo, guardado com um fervor quase feroz. Mas Selene confiou nela. Confiou o suficiente para passar o conhecimento, para deixar que um pedaço da magia do seu mundo vivesse em outro lugar, em outras mãos.

Daphne apertou os olhos com carinho e sussurrou para si mesma, quase como uma promessa: "Você ficaria orgulhosa, Selene. De saber que a sua magia está protegendo a portadora da Chama."

Ela inspirou fundo, retomando o foco no presente, sentindo o peso leve e constante da responsabilidade que carregava, e o alívio de saber que, por mais que o tempo tivesse passado, as raízes de tudo que haviam construído ainda estavam ali — vivas em suas meninas. Mesmo que o inimaginável tenha acontecido e não houvesse outro dominiano respirando na dimensão mágica, suas meninas estavam. Elas podem ter sido criadas na Terra, mas Daphne passou todas as partes da cultura de Dominó que pode e logo passaria mais.

A magia de Dominó não morreria!

Ela desistiu de lavar a louça e guiou sua magia para fazer isso. Ela deu um tapinha na pata de Arabella, para que ela soubesse que Daphne se moveria, e foi até o sofá da sala.

As meninas estavam lá em cima, então Daphne tinha tempo para pensar.

Ela nunca esperou que algo assim acontecesse. Bloom e Roxy descobriram a magia por conta própria nunca esteve em seus planos.

Mas era bom, assim, o mais segredo de Daphne não teve tanto impacto. Além disso, elas estavam treinando juntas. Essa última parte a enchia de alegria, duas irmãs unidas. Dominó tem um terrível histórico de rivalidade entre irmãos, sua própria tia não passava um dia sem infernizar sua mãe, pelo menos não até ela ter sua própria filha e decidir que ela e Daphne deveriam ter um bom relacionamento.

Então, ter suas meninas tão unidas e confiantes uma na outra era bom, maravilho na verdade.

Elas também reagiram bem a descoberta sobre os pais delas, embora, provavelmente alguma delas explodiria em breve. Esse era o lado ruim de elas terem sido criadas como dominianas, não importa quando ou como, mas VAI haver uma explosão.

Também havia o detalhe de que Roxy já tinha notado que havia algo mais nas joias mágicas. Ah, sua borboletinha. Sempre com aquele espírito prático, aquele instinto aguçado de quem sente quando as peças não se encaixam. Daphne não conseguia evitar o orgulho que brotava quente e reconfortante em seu peito. Roxy podia ser impulsiva, podia ser cética às vezes, mas era também observadora, brilhante, e mais sensível do que deixava transparecer.

E Bloom... sua flor vermelha. Daphne sentia uma ternura diferente por ela — não maior, apenas... diferente. Era a primeira. Sua primeira responsabilidade. E hoje ela tinha visto com clareza o quanto Bloom cresceu. Ela ficou tão centrada. Esteve calma por Roxy quando a outra estava absorvendo a notícia sobre os pais. Bloom não fez drama. Ela respirou fundo, prestou atenção e apoiou.

Até mesmo ao grimório, elas tinham reagido bem. Nenhuma das duas recuou ou questionou a necessidade de um livro mágico — não como ela esperava. Na verdade, havia sido o contrário: Bloom ficou visivelmente animada, e Roxy, mesmo contida como sempre, demonstrou interesse genuíno, curiosidade.

Daphne sorriu, lembrando de como os olhos de Bloom brilharam quando ela mencionou que havia anotações, feitiços e registros de sua própria autoria no grimório. E Roxy... bom, Roxy já devia estar planejando estudar tudo sozinha no quarto à noite, com aquela mania dela de "eu entendo melhor sozinha primeiro". Daphne respeitava isso. Era até admirável.

Então seu olhar ficou distante de novo, e os pensamentos deslizaram suavemente para um novo território: que tipo de magia elas aprenderiam com mais facilidade?

Bloom, com sua conexão intuitiva com a vida, com as emoções, provavelmente se sairia bem com magia elemental, principalmente fogo e luz. Ela já demonstrava sensibilidade mágica, mesmo sem saber — era visível no jeito como ela reagia a ambientes, no instinto que guiava suas decisões. E, claro, ela era a portadora da Chama do Dragão. A afinidade com a magia vital, com o poder criativo e destrutivo da chama, estava impressa nela como parte da alma.

Roxy, por outro lado, parecia feita para encantamentos, manipulação de energia e ilusões. Algo nela gritava controle, análise, precisão. Magias mentais e defensivas também poderiam ser seu forte, pensou Daphne, lembrando de como a garota sempre percebia coisas que escapavam aos outros. Roxy teria facilidade com runas, feitiços de contenção, e — se treinada com cuidado — talvez até magia dimensional.

Ela fechou os olhos por um momento, imaginando: em quanto tempo alcançariam a primeira transformação?

Tudo dependeria do equilíbrio entre o corpo, a mente e a magia desperta. Algumas fadas conseguiam em semanas, outras levavam meses ou até anos. Mas as duas já tinham passado pelo despertar — a fagulha já estava acesa. Com treino certo, foco e intenção, Daphne estimava que... talvez um mês, talvez menos. Especialmente se elas tivessem uma razão forte o suficiente.

E o feitiço temporal também ajudaria, elas teriam literalmente mais tempo do que o normal.

Falando nisso, era melhor começar logo.

Ela se sentou e deu um grito chamando as meninas. Era um habito horroroso, mas incrivelmente satisfatório. Toda vez que ela dava um grito para chamar as meninas, ela se lembrava de sua governanta reclamando que princesas devem ser serenas e demonstrar sempre autocontrole. A mulher dizer isso para uma princesa com sangue real de Dominó, já deveria ter sido sinal que ela não fazia ideia do que estava fazendo. 

As meninas desceram. Bloom veio primeiro, rápida e animada. Roxy logo atrás, mais séria, mas atenta.

Daphne esperou que se acomodassem e falou:

"Pela natureza da magia, horas passarão aqui dentro enquanto segundos passam lá fora. Vocês terão tempo suficiente para ver as memórias e treinar. A bolha cobre só a casa, nada além, então o tempo, lá fora, continuará a fluir normalmente."

Daphne se concentrou. Um brilho percorreu seu corpo e, num instante, suas roupas mudaram. A máscara surgiu sobre seu rosto, as fitas nos braços se firmaram no ar.

"Isso é outra coisa sobre mim," disse com calma. "Eu sou uma ninfa."

Ela deixou a frase pairar no ar por alguns segundos. Quando viu que as meninas estavam prestes a perguntar, continuou:

"Não, isso não pode ser ensinado. Tem que ser conquistado. Ninguém nasce ninfa. Isso significa que eu sou uma fada que ultrapassou um limite. Ninfas deixam de apenas usar fontes mágicas — elas se tornam a fonte."

Então ela abriu o halo.

O círculo mágico brilhou ao redor de si, expandindo-se até cobrir todo o chão da sala. Os arcos flutuavam com firmeza e beleza ao redor da estrutura.

"Essa é a manifestação física da minha magia. É algo exclusivo das ninfas. Eu sou ninfa da Chama do Dragão, de Dominó, de Magix, de Sirenix... e a protetora da Terra. Além disso, sou a ninfa suprema. Por isso minha magia é mais forte. Meu halo é maior."

Ela viu os olhos das meninas se arregalarem, espantadas. O orgulho cresceu em seu peito — todos os anos de treino e sacrifício estavam ali, reconhecidos no olhar das duas.

Mas precisou se firmar emocionalmente para continuar.

"Eu sou amaldiçoada. Esse círculo escuro na borda do halo é a marca disso. Eu já era uma ninfa de Sirenix quando a maldição foi lançada. Usar esse poder agora destruiria meu corpo físico. Meu espírito continuaria, mas preso — como um eco. Uma amiga minha se transformou em um monstro irracional. As outras que tinham Sirenix morreram..., Mas eu consegui resistir. Por pouco. Só porque sou ninfa desse poder."

Ela respirou fundo e sentiu Arabella em sua mente, reconfortante, firme e consoladora. A pobre ave sempre ficava assim quando Daphne lembrava de sua maldição.

Daphne então puxou os nós de sua pulseira, desmanchando cada um até que a pulseira se soltou de seu braço e então ela segurou entre os dedos. Claro, fingindo não ver o olhar das meninas nela.

Mandou magia para o cristal no centro dela. Um brilho suave se acendeu ali.

"É assim que se ativa a magia contida nela", explicou, olhando para Bloom e Roxy. "Concentrem a energia no cristal. Ele responde ao toque da portadora."

No instante seguinte, sentiu uma corrente familiar envolver seus dedos. Era a magia de Selene. A energia da ninfa se manifestava de forma sutil, como um sussurro quente ao redor da pele, acolhedora e firme. Daphne fechou os olhos por um momento, permitindo-se sentir.

Então, a bolha começou a se formar.

Um círculo de energia lilás se expandiu ao redor do ponto de origem — a pulseira — e logo envolveu as paredes da casa inteira. Daphne acompanhou com o olhar até que estivesse tudo envolto naquela névoa lilás.

"A bolha temporal está ativada. Aqui dentro, teremos o tempo que precisarmos. Lá fora, ninguém vai notar nada."

Ela cruzou os braços e olhou pela janela. "Ainda bem que não há nenhuma fada por perto. Para fadas isso tudo estaria visível... uma bolha em torno da casa. Nada discreta."

Daphne ergueu uma das mãos e puxou um fio de magia do ambiente, exatamente como Gothel lhe ensinara. Um brilho tênue roxo-dourado escorreu de seus dedos como linha mágica. Ela puxou outro, e depois mais dois, tecendo lentamente os fios no ar.

"Isso é magia de fios", disse enquanto trabalhava. "Permite tecer feitiços com precisão. Exige controle e paciência. E muitas horas de treino, é um tipo raro de magia atualmente, eu mesma só desenvolvi a habilidade recentemente"

Os fios começaram a se entrelaçar, formando um padrão complexo — um círculo com runas, curvas e linhas entrelaçadas. Quando terminou, o padrão desceu suavemente até o chão, bem à frente do sofá.

 Quando terminou, o padrão desceu suavemente até o chão, bem à frente do sofá

"Esse é o feitiço para projeção de memórias. Vai criar uma ilusão realista, como se estivessem lá."

Ainda em sua forma de ninfa, Daphne ergueu os braços mais uma vez. Uma fina coluna de madeira surgiu ao lado do sofá, crescendo a partir do piso de madeira, moldando-se em um poleiro firme e confortável para Arabella. A ave agradeceu com um pio satisfeito e voou até lá, ajeitando as penas.

Com outro gesto, Daphne moveu as poltronas, deslizando-as suavemente com magia até que todas ficassem viradas para o centro da sala, onde o círculo de fios brilhava. Só então ela deixou sua transformação se desfazer. O brilho em seu corpo desapareceu, as fitas e a máscara sumiram, e ela voltou à sua forma comum, exalando uma calma firme.

"Prontas?" perguntou, olhando para Bloom e Roxy. "Podemos começar?"

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Oi, espero que tenha gostado da leitura até aqui.

Esse capítulo foi mais curto que o normal, mas não consegui escrever um maior essa semana. Estou na recuperação de uma cirurgia e ainda tenho que dar conta dos assuntos da faculdade, então tempo está em falta essa semana.

 Estou planejando escrever dois até a semana que vem, mas até lá me diz. 

Tem alguma ideia do quanto Daphne vai ensinar as meninas e do que elas já aprenderam sozinhas?

 

 

Chapter 35: Contando a história- parte 1

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"Bem, eu acho que o melhor lugar pra começar é desde o início," Daphne disse enquanto deixava sua máscara se desfazer e ajeitava sua postura no sofá, ainda com os trajes de ninfa. Suas mãos ainda estavam com os fios de magia, brilhantes e em movimento. Uma névoa se ergueu, prestes a tomar forma.

"No começo... não havia nada. Nenhuma vida. Nem mesmo a microscópica. O universo era vazio e silencioso."

Bloom fez uma careta, cruzando os braços. "Você vai voltar tanto assim? Precisa começar tão atrás?"

Daphne sorriu de canto. "Sim. Esse começo é importante. É o início da nossa história."

Ela inspirou fundo, e as imagens começaram a surgir lentamente na projeção: um vazio escuro e infinito, pontuado apenas por rastros tênues de luz.

"Antes de tudo o que conhecemos, existia apenas energia. E dessa energia surgiu o Grande Dragão — uma criatura de poder inimaginável, feita de pura magia primordial. Ele viajou pelas dimensões ainda não formadas, deixando em seu rastro as primeiras centelhas de vida."

As imagens ganharam cor e movimento: o Dragão, colossal e majestoso, voando por entre vácuos cósmicos e criando galáxias com o bater das asas.

"Foi o Grande Dragão quem criou as primeiras Fontes Mágicas Primordiais, seres etéreos de pura energia que, com o tempo, diversificaram-se e moldaram o universo que conhecemos. Algumas delas são bem familiares para nós..."

A névoa começou a desenhar formas distintas:

"Havia Arcadia, a primeira fada, a quem ele incumbiu a tarefa sagrada de proteger as Estrelas d'Água, uma magia que ajudou na criação do Oceano Infinito e que possui a capacidade de purificar e restaurar. Arcadia se tornou a guardiã do equilíbrio, a primeira das Ninfas."

A imagem etérea de Arcadia brilhou suavemente, antes de dar lugar a outras.

"Surgiu também objetos, como o cristal do equilíbrio, feito de pura harmonia que eu suspeito fortemente estar ligado à própria magia da Terra, garantindo que nenhum poder se sobreponha totalmente ao outro, mantendo a ordem natural. Infelizmente, a localização e modo de funcionamento foi perdido com o tempo."

Um cristal pulsante, com linhas de energia interligadas, apareceu e então se transformou em uma criatura marinha gigantesca.

"E o Leviatã, o guardião das profundezas, que criou os Três Pilares do Equilíbrio do Oceano Infinito, e mantém as correntes mágicas em ordem."

A imagem do Leviatã deu lugar a uma criatura mística que parecia ser feita de luz e folhas.

"Houve ainda o Primeiro Animal Mágico, responsável por proteger o tempo e a passagem das eras, garantindo que o fluxo da existência jamais fosse quebrado."

Daphne fez uma pausa, as imagens dessas criaturas primordiais flutuando na névoa.

"Essas primeiras fontes mágicas, e muitas outras, trabalharam em conjunto com o Grande Dragão, gerando mundos, estrelas, rios de magia e as primeiras civilizações. Eles moldaram Magix, Dominó, Solaria, Terra, o Oceano Infinito, o reino dourado... todas as terras mágicas conhecidas. Ele não criou só os planetas, mas também os princípios da magia, os elementos e o equilíbrio entre luz e sombra."

Daphne olhou para as duas. "Mas onde há luz, há sempre uma sombra que tenta devorá-la. Quase tão antiga quanto o Grande Dragão e essas fontes primordiais, surgiu a Fênix Negra. Uma entidade de pura antimatéria, cujo único desejo é consumir toda a criação, devolver o universo ao vazio do qual emergiu."

A névoa na sala se contorceu, mostrando uma sombra gigantesca com asas farpadas, pairando sobre mundos em chamas. Roxy estremeceu, abraçando-se.

"A Fênix Negra não pode agir diretamente. Ela é uma força destrutiva, mas não tem a capacidade de manipular o tecido da realidade como o Dragão. Então, para cumprir sua vontade de aniquilação, ela criou as Bruxas Ancestrais. Três desencarnações do seu próprio poder, para agir em seu nome e espalhar o caos."

A imagem mudou para três figuras sombrias, suas silhuetas retorcidas e ameaçadoras, conjurando magias destrutivas.

"Depois de um tempo inimaginável de criação e defesa, o Grande Dragão se recolheu. Ele adormeceu no coração do nosso mundo, Dominó. O Dragão Adormecido é a fonte da nossa magia, a própria essência de Dominó. E é o dever das Ninfas, assim como eu, protegê-lo e garantir que ele continue a dormir, mantendo o universo em equilíbrio."

A cena da projeção se tornou uma caverna vasta e brilhante, onde uma criatura gigantesca e luminosa repousava, como uma montanha de energia.

"O Dragão, antes de seu sono profundo, fez um último e grande presente ao povo de Dominó: a Bênção da Chama. Um fragmento de seu poder, a Chama do Dragão, que flui no sangue da Família Real. É nosso dever, nossa herança, proteger essa chama a todo custo. Cada um que nasce com nosso sangue carrega um pedaço inesgotável dessa força primordial."

Daphne gesticulou para a imagem de um brasão real de Dominó, brilhando com chamas douradas.

"Houve, claro, raras e únicas situações em que esse poder foi concedido a outros, a pessoas de fora da nossa linhagem, mas sempre em circunstâncias extremamente específicas e vitais para o destino da Dimensão Mágica." Ela olhou para Bloom, um brilho significativo em seus olhos.

"E de tempos em tempos, quando um período de grande mudança se aproxima, quando a Dimensão Mágica precisa de um novo rumo, nasce um portador." Daphne projetou a imagem de uma figura luminosa e poderosa, envolta em chamas. "Alguém com uma centelha maior do que qualquer outra, que consegue usar esse poder como ninguém mais pode, e que tem a capacidade de invocar um espírito guardião: o próprio Dragão de Dominó."

Daphne recolheu suas mãos, a névoa dissipando-se completamente e o brilho em suas palmas diminuindo. Ela olhou para Bloom e Roxy, seus olhos fixos em cada uma delas.

"Mais de quarenta anos atrás," ela continuou, a voz mais baixa, quase um sussurro, "o sangue real de Dominó começou a ser meticulosamente perseguido. Uma caçada silenciosa, orquestrada na tentativa de roubar um pedaço da Chama do Dragão e, o que é pior, corrompê-la."

As imagens na névoa voltaram, mas agora eram mais sombrias, mostrando figuras encapuzadas espreitando nas sombras.

"Tudo isso foi cuidadosamente mantido em segredo do resto da Dimensão Mágica. A Ordem da Chama, os protetores daqueles que têm esse poder, e até mesmo as Ninfas da Dimensão Mágica em geral... ninguém sabia. Eles não sabiam o que estava acontecendo, não na época."

Daphne apertou os lábios. "Eles não sabiam que essa Chama corrompida foi colocada em um corpo." A imagem mostrou uma figura em um altar, envolta em chamas escuras. "Quando isso foi feito, as Três Desencarnações da Fênix Negra... as Bruxas Ancestrais... elas começaram a matar. Matar a todos que tinham a Chama pura."

Os olhos de Daphne brilharam com lágrimas contidas, a voz embargada. Ela inspirou fundo, tentando afastar a memória. "Nossa tia... e nossa prima... foram alvos delas." Ela engoliu em seco, um nó na garganta. "E nós também."

Roxy e Bloom se entreolharam, apreensão evidente em seus rostos. Queriam fazer perguntas, mas sabiam que Daphne não gostava quando interrompiam uma história, então esperaram.

"Não havia como elas atacarem Dominó diretamente," Daphne forçou-se a continuar, a voz recuperando um pouco de sua firmeza, mas ainda tingida de tristeza. "Eram poderosas, mas Dominó era forte demais. Mas quanto mais alto se está, mais fundo se pode cair."

As imagens na névoa aceleraram: "As Bruxas Ancestrais atacaram a primeira linha de defesa, a linha até então imbatível: as Ninfas de Dominó, da Chama e da Dimensão Mágica no geral, neutralizando as mais fortes sutilmente, uma por uma, sem levantar suspeitas em larga escala."

A névoa mostrou Ninfas caindo, exaustas, ou presas em armadilhas invisíveis. Haya segurando o núcleo de Linphea sozinha, Eladne virando gelo, Aramita perdendo as assas e seu poder junto com Desmeria. Saera sendo empalada por uma lança com a magia das bruxas. Ela deixou as lágrimas caírem, era triste lembrar, ainda mais, criar imagens sobre isso, mas as meninas precisavam saber o que estava em jogo, elas não podiam entrar no mundo da magia na ignorância. Elas não seriam como as princesas das histórias, que só ficavam paradas esperando que tudo desse certo ou as que até tentavam, mas falhavam por falta de treinamento e conhecimento. Suas meninas seriam como as antigas rainhas de Dominó, como sua própria mãe foi.

"Então," a voz de Daphne ganhou um tom sombrio, embora rouca devido ao choro, ela percebeu as meninas a olhando preocupadas, "elas atacaram planetas. Destruíram reinos inteiros, povos inteiros, sugando os núcleos planetários de vários mundos e espalhando maldições por toda a Dimensão Mágica. Tentaram apagar tudo que o Dragão havia criado."

Cenas de mundos em ruínas e criaturas retorcidas por maldições passaram na projeção.

"Eu, junto com outras Ninfas, tentei impedir isso. Desfazíamos as maldições mais difíceis, as mais complexas, aquelas que as Bruxas Ancestrais usavam para corroer a magia dos próprios planetas. É como matemática, sabe? Quando você entende a base, é só seguir o fluxo e desfazer o nó." Um traço de orgulho profissional surgiu em sua voz, apesar da seriedade do momento. "Eu acabei virando a Ninfa Suprema, a líder das Ninfas, e consegui impedir o esgotamento da magia planetária de vários planetas."

A projeção mostrou Daphne, em sua forma de Ninfa, brilhando intensamente e desfazendo as maldições de Lyssils. Daphne não se sentia mais como aquela pessoa, fazia tempo demais desde a última vez que exerceu tanto poder.

"Então as Bruxas Ancestrais miraram em mim. Elas amaldiçoaram o Sirenix. O poder que nos dá acesso ao Oceano Infinito, o poder que eu guardava na entrada, protegendo o acesso aos Três Pilares do Equilíbrio. Elas fizeram com que usar esse poder me corrompesse. A cada vez que eu o ativasse, minha magia seria corrompida, até que eventualmente se voltasse completamente contra mim."

A imagem de Daphne com o halo aberto foi mostrada, com as bordas mais escuras se espalhando pela sua forma. Exatamente igual ao real, que ela mostrou as meninas mais cedo.

"Eu consegui perceber a tempo e usar minha própria magia para retardar a maldição." Daphne fechou os punhos, a dor evidente. "Mas uma amiga minha não teve tanta sorte. A maldição a transformou em uma fera incontrolável, sem memória de quem ela era."

Um rugido silencioso preencheu o ar enquanto uma figura sombria e bestial apareceu na projeção.

"Eu... eu tentei quebrar a maldição dela, mas eu já estava afetada. Não podia fazer isso sem ceder à maldição também."

Daphne desviou o olhar, as mãos tremendo levemente. A bolha temporal pareceu ficar mais fria.

Bloom e Roxy olharam para ela, os olhos arregalados, a preocupação em suas faces.

"Daphne, você está bem?" Bloom perguntou, a voz baixa e carregada de ansiedade, estendendo a mão para tocar o ombro da irmã.

Roxy, mais direta e visivelmente abalada, perguntou, a voz vacilante: "Isso... isso significa que se você usar sua magia de novo, a maldição vai se completar? Você está se arriscando agora?"

"Não, minha borboletinha. Antes de eu deixar Dominó e vir para a Terra com você, Bloom, eu alcancei um novo poder. Eu ganhei o Bloomix."

A névoa na sala se acendeu com uma luz dourada e flamejante, mostrando Daphne em sua forma Bloomix, poderosa e resplandecente, trajada como uma guerreira. Uma guerreira das Chamas de Dominó.

"Eu não sei como, mas aquilo... afastou a maldição do Sirenix. É como se eu nunca tivesse usado Sirenix, como se nunca tivesse sentido os efeitos da maldição." O círculo escuro em seu halo parecia ter diminuído, quase imperceptível. "Embora, provavelmente, se eu usar Sirenix de novo, a maldição vai recomeçar do zero. É um risco que não posso me dar ao luxo de correr."

"Então você nunca mais vai usar isso!" Roxy disse, a voz séria e preocupada ao mesmo tempo, um misto de alívio por Daphne e tristeza pela perda que ela havia sofrido.

Daphne deu um sorriso triste, seus olhos fitando o chão por um instante. Não, minha borboletinha, ela pensou, uma pontada de nostalgia apertando seu peito. Você não sabe o quanto eu sinto falta de Sirenix.

A verdade era que Sirenix a chamava. Era a primeira transformação que havia mostrado um lado diferente de sua magia, algo além da Chama do Dragão e dos quatro elementos que ela podia convocar. Era a conexão com os oceanos, com a vida aquática, com a própria fluidez da magia. Era uma parte dela que agora estava trancada, um sacrifício silencioso para a sua nova chance.

Daphne ergueu o olhar novamente para suas meninas, o sorriso triste se desfazendo e dando lugar a uma determinação renovada. "Mas eu estou aqui, não estou? E estou bem. É por isso que estamos aqui agora. Por isso que precisamos treinar vocês." Ela olhou para as duas, o olhar sério, mas esperançoso. "Essa é a nossa história. A história de onde viemos, do poder que carregamos e da responsabilidade que temos." Ela respirou fundo, e um sorriso sutil brincou em seus lábios. "Agora, minhas meninas, depois de tudo que eu contei, tenho uma pergunta para vocês. O que vocês já sabem sobre magia?"

Daphne fez uma pausa, o silêncio preenchendo o espaço enquanto ela esperava a resposta delas. Mas antes que Bloom ou Roxy pudessem formular algo, um pensamento a levou de volta a outro começo, um que as meninas conheciam bem.

"Cheguei na Terra por um portal," ela continuou, a voz suave, "perdi a consciência e fui encontrada por Mike. Ele me levou para um hospital, e foi lá que nossa história juntas começou."

"Nós já sabemos disso, Daphne," Bloom interveio, um sorriso sutil nos lábios, uma pequena ironia em sua voz por Daphne estar recapitulando o que elas já haviam vivido.

Daphne riu, um som leve e doce. "Sim, eu sei que vocês sabem. Mas o que vocês não sabem é que, depois de sair do hospital, eu fiquei na casa de Mike e Vanessa por alguns dias. Mas eles não moravam lá ainda. Eu dormia na sala, no sofá. Foi só depois, quando eu já estava mais estabilizada, que eu comprei esta casa. E Mike e Vanessa se mudaram para cá, e fizemos os quartos de vocês. E vivemos bem por um tempo."

Daphne sorriu nostalgicamente, aqueles primeiros anos foram estranhos, ela ficou mais tempo com medo de ter sido descoberta e de alguém perceber o quanto ela era diferente, que se focou mais nisso do que em viver. Bem, houve muitas coisas nesse tempo, como a maldita fase de tédio de anos atrás, mas até isso era permeado com seu medo de ser descoberta. Foi só depois de Morgana, só depois de Roxy, que ela conseguiu superar esses medos. Foi quando ela mais se sentiu parte da Terra.

"Vivemos bem, até que houve uma... explosão de magia." A voz de Daphne ficou séria novamente, e as imagens se tornaram caóticas: a rua cheia de vinhas retorcidas, a pista destruída, partes da cidade em ruínas. "Eu senti daqui de dentro de casa. E mais tarde, a prefeitura disse que foi um terremoto. Mas não foi."

Os olhos de Daphne brilharam com a lembrança. "Era uma luta mágica. Um grupo de bruxos, os responsáveis por prender as fadas da Terra, eles se chamam de Bruxos do Círculo Negro. Eles estavam lutando contra um grupo de fadas da Terra."

Ela moveu as mãos, fazendo a névoa projetar uma imagem dos bruxos e da luta que houve.

"Eu ajudei na luta. E depois, algumas das fadas vieram falar comigo. Azura, Izira e Ophelia." A projeção mostrou essas fadas, seus rostos cansados, mas determinados. "Elas me levaram para conhecer a Rainha das Fadas da Terra. A Rainha Morgana."

A imagem mudou para uma mulher majestosa, com asas deslumbrantes, que olhava para Daphne com um olhar de esperança. Os cabelos negros e o vestido verde, vividos como se ela estivesse ali. Ela tentou focar mais naquela imagem, era a primeira vez que Roxy via uma imagem da mãe. De Morgana.

Bloom percebeu aquilo também e as duas observaram Roxy prestar muito mais atenção naquela imagem, tentando memorizar cada detalhe. Só quando, Roxy olhou para Daphne e sorriu foi que ela continuou a história.

"Por muitos motivos que só compreendi com o tempo, Morgana me pediu para virar a fada-madrinha da filha dela. A primeira fada a nascer aqui na Terra há séculos... Você, Roxy."

Ela reviveu aquele dia, a bebezinha nos braços de Morgana, com as fadas guerreiras a olhando protetoramente enquanto Morgana a passava para seus braços e Daphne conjurava seus cristais elementares.

Daphne se inclinou para frente no sofá, estendendo a mão para a bochecha de Roxy, ainda mantendo a névoa com a outra mão. Seus dedos roçaram suavemente a pele da garota, antes de se inclinar e dar um beijo terno em sua testa. Um afeto profundo transbordava de seus olhos. Sua doce menina estava tão crescida, em breve seu núcleo mágico cresceria e ela mostraria a verdadeira capacidade de seu poder, assim como Bloom. Mas, por ora, ela era apenas sua menina, a doce, gentil e protetora Roxy.

"Uma decisão que não me arrependo até hoje, e nunca me arrependerei," ela murmurou, a voz carregada de amor e certeza.

Roxy sentiu o carinho e se encolheu ligeiramente com a emoção, os olhos marejados. Bloom observava a cena com um calor no coração, com um sorriso no rosto. Essa era uma característica que Daphne admirava na irmã, Bloom não tinha ciúmes nem de Roxy nem de Daphne, ela sabia que era amada e sabia quando era o momento de outra pessoa. Apesar de sua personalidade caótica, ela era paciente nessas horas. Ficava feliz apenas observando.

"Depois disso," Daphne continuou, seu tom voltando à narrativa, "eu comecei a ir visitar Roxy. Pus proteções na casa de vocês. E quando os Bruxos do Círculo Negro atacaram Morgana e a casa dela, Roxy estava lá dentro. Graças às proteções, eles não conseguiram chegar até ela."

A névoa mostrou uma imagem da casa protegida por uma barreira luminosa. Ela não mostraria a memória do que sobrou da luta de Morgana, não mostraria os restos das assas dela.

"Mas eles pegaram Morgana," Daphne disse, a voz endurecendo com a lembrança da injustiça. "Arrancaram suas asas. Isso deixa qualquer fada fraca, física e emocionalmente. É um trauma do qual muitas não se recuperam. As asas podem crescer com o tempo, mas o trauma... o trauma não desaparece. Eu procurei por Morgana, mas não a achei. E não podia continuar procurando." A mão de Daphne apertou a de Roxy. "Eu tinha você, Bloom, e agora Roxy, para proteger. Eu precisava manter o segredo, manter vocês escondidas de todos os nossos inimigos. Klaus estava amaldiçoado, e eu jurei proteger Roxy. Era o meu maior dever. A escolha foi fácil. E eu me alegrei ao ver minhas duas perfeitas princesinhas."

Bloom fez um pequeno "Ahh" de entendimento, uma ironia suave em seu rosto ao compreender o duplo sentido da palavra "princesinhas", agora que sabia a verdade sobre a linhagem de Domino e a conexão real de Roxy com Morgana.

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- Oi, o que acharam?

- Separei a conversa para postar logo esse capítulo, mas pretendo terminar o outro ainda essa semana. Pensei em separar esse, já que esse caítulo foi maior do que o normal, mas cortaria muito da conversa, bem, palestra.

- As coisas estão começando a ficar interessantes, logo nossa querida Stella chega!!!

- Aqui está uma foto de Bloom e Roxy, que eu peguei do pinterest. Só para lembrar como elas são nessa primeira parte (que seria antes da primeira temporada)

 Só para lembrar como elas são nessa primeira parte (que seria antes da primeira temporada)

 

Chapter 36: Contando a história- parte 2

Chapter Text

"É," ela disse, rindo. "Vocês são minhas princesinhas."

Ela se levantou e fez uma reverência teatral, rindo o tempo todo. As meninas riram junto, a tensão se dissipando no ar enquanto a bolha temporal se enchia de um calor familiar. De repente, Daphne se sentiu leve e alegre, profundamente grata por ter suas meninas ali, e pela vida que tinham construído juntas.

"E aí, o que aconteceu depois?" Bloom perguntou, a voz mais relaxada.

"Ah, depois disso, a vida na Terra se desenrolou de uma maneira fascinante," Daphne começou, um brilho de aventura em seus olhos. "Eu conheci uma cientista, a curei de seu coma – uma história curiosa, por sinal. Ela me ajudou a entender como a sociedade humana funcionava. Depois, apoiei a Ana a abrir a confeitaria dela, e conheci a família da Meredith..."

"Que abandonou todo mundo e nunca mais apareceu," Bloom resmungou, uma ponta de mágoa ainda presente pela saída abrupta de Meredith e da Zola, que eram amigas delas até sumirem sem explicação.

Daphne suspirou brevemente, reconhecendo a dor de Bloom, mas logo retomou o tom animado. "Terminei a faculdade, abri a sorveteria com a Emily, fiz aulas de artes marciais para me adaptar ao combate terrestre, aprendi vários idiomas... e cheguei a restaurar uma cidade perdida!", ela mostrou Paititi pela névoa, comparando a antes de ela limpar a cidade e depois.

"Pera, o quê?!" Roxy exclamou, os olhos arregalados, enquanto Bloom balançava a cabeça em uma mistura de descrença e orgulho.

"Sim, é uma longa história para outro dia," Daphne respondeu com um sorriso enigmático. "Mas o mais recente é que comecei a estudar magia egípcia antiga. E finalmente, depois de anos, consegui fazê-la funcionar! É absolutamente incrível." A névoa exibiu hieróglifos brilhantes e um dos feitiços que ela redescobriu. "Agora, estou pensando em investir na magia indiana. Sempre há algo novo para aprender."

"Ah, e conheci alguns seres mágicos. Gárgulas direto de Notre Dame," ela continuou, as imagens de criaturas de pedra ganhando vida na névoa, "conheci Dríades da floresta, e até uma comunidade indígena que ainda acredita na magia da natureza. Foi lá que eu conheci a Arabella."

O pássaro, que estava empoleirado no sofá atrás de Roxy, soltou um pio alegre ao ouvir seu nome, como se confirmasse a história.

"E, mais recentemente," Daphne acrescentou, o olhar brilhando com uma nova lembrança, "conheci uma sereia. Ela está me ajudando a voltar a nadar, a reconectar com a água de uma forma diferente."

"Ahh, então é por isso que você entrou no lago daquela vez!" Bloom comentou, a peça do quebra-cabeça se encaixando em sua mente.

Daphne assentiu, um pequeno sorriso satisfeito nos lábios. "Exatamente."

Ela se endireitou no sofá, o ar leve e familiar de antes começando a ser substituído por uma seriedade gentil, mas inegável. Seus olhos, antes cheios de memórias, agora estavam fixos em Bloom e Roxy, um brilho de expectativa neles.

"Eu lhes contei a minha história, minhas meninas. Minha jornada até agora, desde o início dos tempos até minha vida aqui na Terra com vocês." Daphne gesticulou entre as duas, um pequeno sorriso nos lábios. "Mas essa é apenas uma parte da nossa história. Antes de vocês me contarem a de vocês, há alguns pontos importantes que precisamos deixar muito claros. Coisas que complicam tudo muito, e que vocês precisam entender completamente."

Ela fez uma pausa dramática, o olhar fixo nas meninas, que agora a encaravam com total atenção.

"Primeiro, eu." Daphne apontou para si mesma, e a névoa ao seu redor brilhou com a força de sua magia. "Como eu disse, sou a Ninfa Suprema da Dimensão Mágica. Isso significa que tenho a capacidade de abrir portais, e minha magia é extremamente forte, incomumente forte para uma Ninfa. Mas há mais."

Um sorriso sutil surgiu em seus lábios. "Recentemente, as Dríades me concederam uma grande honra. Elas me tornaram Protectora deste planeta. Eu sou, de fato, uma guardiã da Terra agora. Por causa disso, minha magia está ainda mais forte, e eu estou intrinsecamente conectada à própria energia do planeta. É um vínculo profundo."

Ela olhou para Bloom, a expressão suave, mas o brilho em seus olhos era intenso. "Agora, você, Bloom. Você é a Portadora da Chama do Dragão. Você carrega uma quantidade imensa dessa chama, a essência do Grande Dragão. É você quem pode invocar o Dragão de Dominó e, atualmente, você é a fada mais poderosa da Dimensão Mágica."

Bloom se engasgou, os olhos arregalados de surpresa e um pouco de choque com a magnitude do que Daphne acabara de revelar. Roxy olhava de Bloom para Daphne, tentando processar a informação.

Daphne então se voltou para Roxy, o carinho evidente em seu toque ao acariciar o cabelo da mais nova. "E você, minha Roxy. Você é a Última Fada da Terra. A última a nascer neste planeta, e a única herdeira da Rainha Morgana." A névoa projetou uma coroa de flores e animais, representando o legado de Roxy. "Sua existência por si só ajuda a manter a magia equilibrada aqui. Você é a herdeira de uma linhagem vital para este mundo. E, até onde sabemos, você é a pessoa que pode usar o Círculo Branco em todo o seu potencial."

A imagem de um misterioso objeto circular, pulsando com energia pura, apareceu na névoa. "É um objeto mágico incrivelmente forte que amplifica a magia de quem o usa. E provavelmente, você tem a habilidade do Toque da Evolução — a capacidade de dar magia temporariamente a um animal e transformá-los em um animal mágico."

Roxy estava boquiaberta, seu olhar fixo na imagem do Círculo Branco.

Sua doce borboletinha provavelmente não chegaria a ver o círculo branco pessoalmente por um bom tempo, a menos que os bruxos decidissem se meter. A própria Daphne nunca havia visto o objeto, só conhecia pela imagem que Gothel havia lhe mostrado.

Daphne respirou fundo, a expressão séria voltando. "Há uma coisa crucial que vocês precisam entender sobre porque estamos aqui, e por que precisamos ser tão cuidadosas. Morgana, em um último ato de proteção, colocou uma camada de magia invisível sobre nós, sobre vocês. É uma proteção poderosa que impede que qualquer um nos rastreie."

Ela olhou de uma para a outra, a gravidade de suas palavras martelando no ar. "Eu não posso sair deste planeta. Se eu o fizer, essa proteção se rompe. As Três Desencarnações poderiam nos encontrar, e eu não quero correr esse risco. Não com vocês."

Daphne estendeu a mão e fez aparecer, sobre a mesinha de centro, um diário encadernado em couro antigo, ao lado de alguns tomos pesados.

"Eu fiz um diário com todos os acontecimentos de magia acidental de vocês, tudo o que notei ao longo dos anos. E estes," ela apontou para os grimórios, "são os nossos grimórios em dominiano Antigo. É a língua que eu ensinei a vocês como nossa 'língua secreta' quando eram pequenas. É uma língua desconhecida por todos fora da família real de Dominó."

Ela recolheu as mãos, a névoa finalmente se dissipando, e olhou para as suas princesinhas, seus olhos cheios de amor, responsabilidade e uma ponta de apreensão pelo que viria a seguir. "Agora, minhas meninas. Depois de tudo que eu contei sobre o universo, sobre nossa família, sobre mim, e sobre vocês... Eu quero saber. O que vocês já sabem sobre magia?"

Bloom e Roxy se entreolharam, um silêncio carregado pairando no ar. A grandiosidade da história de Daphne e a revelação de seus próprios destinos e poderes as deixaram um pouco sem chão. Bloom respirou fundo, parecendo tomar coragem.

"Bem... começou com os sonhos, Daphne," Bloom disse, a voz hesitante no início, mas ganhando firmeza. "Eu via algumas coisas nos meus sonhos."

O olhar de Daphne se tornou preocupado. Sonhos nem sempre eram apenas sonhos, especialmente para uma portadora da Chama do Dragão.

"Eu desenhei todos eles," Bloom continuou rapidamente, notando a expressão de Daphne, "e eu... eu queria sua ajuda pra saber o que significam."

Daphne estendeu a mão e fez aparecer, sobre a mesinha de centro, um diário encadernado em couro antigo, ao lado de alguns tomos pesados.

"Eu fiz um diário com todos os acontecimentos de magia acidental de vocês, tudo o que notei ao longo dos anos. E estes," ela apontou para os grimórios, "são os nossos grimórios em Dominiano Antigo. É a língua que eu ensinei a vocês como nossa 'língua secreta' quando eram pequenas. É uma língua desconhecida por todos fora da família real de Dominó."

Ela recolheu as mãos, a névoa finalmente se dissipando, e olhou para as suas "princesinhas", seus olhos cheios de amor, responsabilidade e uma ponta de apreensão pelo que viria a seguir. "Agora, minhas meninas. Depois de tudo que eu contei sobre o universo, sobre nossa família, sobre mim, e sobre vocês... Eu quero saber. O que vocês já sabem sobre magia?"

Bloom e Roxy se entreolharam, um silêncio carregado pairando no ar. A grandiosidade da história de Daphne e a revelação de seus próprios destinos e poderes as deixaram um pouco sem chão. Bloom respirou fundo, parecendo tomar coragem.

"Bem... começou com os sonhos, Daphne," Bloom disse, a voz hesitante no início, mas ganhando firmeza. "Eu via algumas coisas nos meus sonhos."

O olhar de Daphne se tornou preocupado. Sonhos nem sempre eram apenas sonhos, especialmente para uma portadora da Chama do Dragão.

"Eu desenhei todos eles," Bloom continuou rapidamente, notando a expressão de Daphne, "e eu... eu queria sua ajuda pra saber o que significam."

Um pequeno sorriso surgiu no rosto de Daphne, a preocupação se suavizando. "Claro, minhas meninas, vou ajudar no que puder. Mas os sonhos são um pouco imprevisíveis, sabe? Eles podem ser coisas que ainda não aconteceram, ou apenas possíveis futuros, caminhos que a magia nos mostra."

Bloom assentiu, aliviada com a receptividade de Daphne. "Aí, a Roxy..." ela gesticulou para a irmã. "Ela começou a fazer os animais escutarem ela."

Roxy corou levemente, mas assentiu com a cabeça, confirmando a afirmação de Bloom.

"Depois disso," Bloom continuou, um entusiasmo crescente em sua voz, "nós fomos tentando e errando, sabe? Tipo, às vezes funcionava, às vezes não. Mas a gente conseguiu fazer um feitiço de espionagem – que faz a gente ver de longe, tipo um binóculo mágico."

Roxy sorriu, animada. "E um que ajeita o cabelo e faz parecer que a gente acabou de lavar, mesmo se não lavou!"

"Ah, e o feitiço de organização!" Bloom acrescentou, os olhos brilhando. "É ótimo para arrumar o quarto em segundos. E a Roxy descobriu um para lavar a louça!"

Roxy assentiu vigorosamente. "É só pensar 'limpo', e pronto!"

Daphne as encarou, uma sobrancelha elegantemente arqueada. "Entendi. Então, vocês estavam usando magia para facilitar as tarefas domésticas, é isso?" Ela tentou parecer séria, mas um leve brilho divertido em seus olhos a traía.

Bloom e Roxy riram, um pouco envergonhadas.

"Mas tem mais!" Roxy apressou-se em dizer. "A Bloom conseguiu um que muda a cor das nossas roupas! É super útil."

"E um que eu aprendi em um dos meus sonhos," Bloom completou, um pouco mais séria agora, "que não deixa ninguém ao redor ouvir o que a gente fala. É tipo uma bolha de som, para conversas secretas." Ela olhou para Daphne, um pouco apreensiva com a reação dela a um feitiço mais complexo.

Daphne piscou, surpresa. Aqueles eram feitiços mais avançados do que ela esperava que elas tivessem descoberto por conta própria. Especialmente o último, que mostrava um controle de energia considerável.

"Interessante," Daphne murmurou, uma faísca de fascínio em seus olhos. "Vocês foram mais criativas do que eu imaginava." Ela sorriu, um sorriso genuíno de orgulho. "Vocês são incrivéis. Eu agora sei exatamente por onde começar nosso treinamento."

Ela se levantou do sofá, seus trajes de ninfa esvoaçando levemente. Ela decidiu manter a forma de ninfa para acostumar as meninas a ela, seria mas fácil assim.

"A primeira coisa para alcançar a transformação de fada, o primeiro estágio, vamos começar com meditação." Daphne olhou para Bloom, depois para Roxy, uma de cada vez. "É essencial que vocês aprendam a sentir e controlar a magia que flui em suas veias, a compreendê-la como uma extensão de si mesmas. Preciso que façam isso com calma para que consigam alcançar uma verdadeira transformação de fada"

Daphne gesticulou para o centro da sala. "Vamos. Ajeitem-se no chão, em uma posição confortável. Fechem os olhos e respirem fundo, concentrando-se apenas na minha voz."

Ela sorriu, o brilho em seus olhos prometendo uma jornada mágica intensa. "O treinamento de vocês, o verdadeiro treinamento, começa agora, minhas princesinhas. Eu lhes ensinei técnicas de meditação quando estavam aprendendo a lutar, quero que repitam aqueles exercícios"

"Que são a parte mais chata de todas", Bloom murmura, bem baixo, mas Daphne a escuta.

"E uma das mais importantes", Daphne rebateu com um sorisso no rosto, segurando o riso junto com Roxy.

Chapter 37: Testando a magia

Chapter Text

Era aqui que a diferença da natureza de Bloom e Roxy se manifestaria. Bloom era uma fada do fogo, Roxy uma fada da natureza. Enquanto Bloom tinha um fogo avassalador e incontrolável, Roxy tinha um rio imprevisível, calmo em certos momentos e irrefreável em outros.

Havia também a diferença de idade. Enquanto Bloom já tinha o núcleo mágico quase todo desenvolvido, aos 16 anos. Roxy ainda estava amadurecendo, em seus 14 anos. Bloom era quem alcançaria a primeira transformação. Embora, com o gênio de Roxy, não demoraria muito pra ela alcançar a irmã. E, era aí que as pulseiras protetoras, junto com a bolha temporal, se tornariam úteis. O rastro mágico de Roxy não seria sentido pelos bruxos.

A voz de Daphne se tornou mais baixa, ela queria transmitir paz e segurança para as meninas. "Mesmo que suas magias venham de ramos diferentes, minhas queridas, o caminho para dominá-las começa no mesmo ponto: encontrando a quietude interior. Não importa se sua força é o fogo ou a natureza, vocês podem ter sucesso em abordagens distintas. Vamos passar por quantas forem necessárias até que vocês encontrem o que funciona melhor para vocês"

Especialmente considerando que ambas eram fogosas, temperamentais, filhas de Dominó por completo.

"Deixem que qualquer pensamento intruso se dissipe como fumaça. Pensem em seu poder não como algo a ser forçado, mas como um rio que corre dentro de vocês. Relaxem, sintam seu coração batendo. Sintam cada batida, sintam a magia fluindo em cada artéria, passando por cada parte de seu corpo. Sintam a magia querendo sair de seus dedos, querendo fluir até que não dê mais."

Ela tentava transmitir importância de sentir a magia em vez de apenas invocá-la, de reconhecer seu pulsar em cada fibra do ser, era algo que a maioria das fadas não fazia, algo que ela só aprendeu como ninfa, algo que deixava qualquer fada com mais acesso a magia.

"Imaginem um ponto de luz no centro do seu ser, o seu núcleo mágico. Observem-no. Permitam que ele se expanda, mas de forma controlada, como ondas suaves na água. Não busquem explodir, mas sim fluir com essa energia, aceitando sua presença e reconhecendo sua força latente."

De repente, um arrepio diferente percorreu Daphne. Não era o seu próprio poder, mas a magia de Roxy, que se manifestava de uma forma que ela nunca havia sentido antes. Era um fluxo, como um rio encontrando seu caminho, calmo e decidido. Roxy, imersa na meditação, havia conseguido. A conexão com sua magia não era mais acidental; era uma dança consciente.

No mesmo instante, uma ressonância profunda vibrou em Daphne, como se a magia de Roxy estivesse cantando em uníssono com a sua. O brilho da magia veio logo em seguida, mas Daphne estava focada na sensação que sentiu antes disso.

Era algo inédito, algo que nem mesmo as explosões mágicas acidentais de Roxy haviam provocado, ou a proteção inata que Daphne mantinha sobre ela. Era uma sintonia tão profunda que Daphne sentiu um choque.

Talvez fosse porque agora ela era um protectora, mas aquela conexão parecia ir além, quase como se o próprio poder de Roxy a estivesse acolhendo, um eco familiar e inexplicável em sua própria essência. Seus olhos se abriram ligeiramente, fixos na sua doce menina, uma nova compreensão florescendo em seu olhar.

Roxy abriu os olhos, um pequeno sorriso satisfeito brincando nos lábios. "Eu senti, Daph! É incrivel" Sua voz estava cheia de uma admiração infantil e pura.

Daphne sorriu calorosamente para ela, seu coração inchado de orgulho. "Eu sei que sentiu, minha pequena fada. Eu senti também. Parabéns, borboletinha!"

Ela voltou seu olhar para Bloom, que ainda mantinha os olhos fechados, a testa levemente franzida em concentração.

Embora a magia de Bloom fosse poderosa, sua natureza ardente e impaciente às vezes dificultava o encontro da calma necessária para esse tipo de exercício, era o mesmo quando estava aprendendo uma nova técnica de meditação. Daphne sabia que a Chama do Dragão exigia uma paciência diferente, um controle mais sutil para dominar sua força avassaladora, mas por experiência própria, sabia que cada experiência era única e que não adiantava pressionar muito Bloom, seu poder viria um dia.

Ela deu mais alguns minutos a Bloom, permitindo que a irmã explorasse a conexão com sua própria essência. O silêncio voltou a pairar, preenchido apenas pelo canto distante dos pássaros, que soava estranho de dentro da bolha temporal.

No entanto, a quietude parecia estar começando a incomodar Bloom. Um leve tremor percorreu seus ombros, e ela parecia lutar contra a frustração que Daphne reconhecia tão bem. Era o fogo interior querendo se libertar, não se conter. Tinha alguma coisa a bloqueando, ela disse que já conseguia usar magia, mas agora estava com dificuldades. 

Ela precisava de uma conversa depois, precisava tentar fazer Bloom usar magia do jeito que sabia, para então fazê-la aprender do jeito mais tradicional.

"Isso é tudo por hoje", Daphne disse suavemente, sua voz rompendo o silêncio com gentileza. " Encontrar essa calma interior é um processo, e cada uma de vocês tem seu próprio ritmo. Tentaremos outra coisa agora."

Bloom abriu os olhos, um pouco desapontada, mas assentiu. Ela sabia que precisava trabalhar sua impaciência, um traço que a conectava ainda mais à Chama do Dragão.

Ela debateu consigo mesma sobre o que fazer a seguir, como fazer Bloom relaxar para se abrir a magia. Ela começou a duvidar se entrar na bolha temporal foi a melhor ideia. Mas, a ideia de entrar numa bolha temporal era esconder quaisquer possíveis rastros mágicos, destruir qualquer possibilidade de os bruxos do círculo negro rastrearem Roxy, especialmente se elas decidissem tirar as pulseiras ou mexer nelas.

E então. BINGO!

As pulseiras.

"Minhas queridas," Daphne anunciou, seu olhar pousando nas pulseiras que adornavam os pulsos de Bloom e Roxy. "Agora, vãos treinar vocês a usarem as pulseiras."

Roxy tocou a sua pulseira, curiosa. "Então, vamos aprender o teletransporte?", Roxy então deu uns pulinhos de alegria e disse: "Eu me sinto uma super-heroína"

"Não exatamente, Roxy," Daphne discordou. Ela pegou a própria pulseira, que se destacava em seu pulso. "Tirem as pulseiras de pérolas, vamos focar só nas outras por enquanto. A verdadeira eficácia dessas pulseiras não está apenas na magia infundida nelas, mas na conexão que vocês criam com elas. Elas são uma extensão de sua vontade protetora. Vamos aprender a ativá-las, a sentir a energia que elas irradiam e a usá-las para reforçar sua própria barreira mágica."

Daphne instruiu-as a fecharem os olhos novamente, mas desta vez, a concentração não era na calma interior, mas na sensação física das pulseiras em seus pulsos. "Sintam o metal em sua pele. Imaginem uma luz suave emanando delas, uma luz que se expande, envolvendo todo o corpo de vocês como um escudo invisível."

Ela fez uma demonstração sutil. Sem qualquer palavra, apenas com um pensamento, a pulseira de Daphne brilhou por um instante, e as meninas sentiram uma leve onda de energia protetora se expandir, como um campo de força.

Muito da magia de fada era a base de emoções, isso não era uma exceção a regra, o jeito como imaginavam era a forma de fazer as coisas darem certo. Se isso desse certo, ela poderia fazer Bloom repetir a mesma técnica para alcançar seu núcleo mágico.

"Tentem sentir essa energia fluindo da pulseira, através de vocês," Daphne encorajou. "Como se o metal se fundisse com sua própria pele, com sua própria aura."

Dessa vez, Bloom conseguiu, quase na mesma hora. Era incrível a diferença entre esse exercício e o anterior.

Quando era sobre ela, ela tinha dificuldades, agora quando era com outra coisa, ela fazia de primeira. Isso não era um bom sinal para uma fada do fogo e especialmente para uma fada com a Chama do Dragão. Mas era a primeira vez que Bloom tinha uma guia na magia, ela teria tempo para aprender.

Um escudo branco translúcido envolveu Bloom, que estava sorrindo de orelha a orelha, e passando as mãos pelo escudo, profundamente maravilhada.

"Muito bem, minha flor. Isso foi incrível.", Bloom sorriu ainda mais com o elogio.

Enquanto isso, o de Roxy tremeluzia, falhando várias vezes e ficando estável por cerca de 5 segundos.

Assim como Bloom, Roxy começou a ficar frustrada. Começando a ficar com raiva e a olhar com raiva para a pulseira. Então Daphne interveio.

"Calma, pare de forçar tanto. Como você faz quando usa magia com Bloom?"

"Eu só... faço", Roxy disse tentando formular a frase enquanto lembrava da sensação da magia. "Eu penso no que eu quero que seja feito ou... ou vejo Bloom fazendo e tento repetir." Aí a voz dela começou a ficar mais animada. "É como tocar, a partitura está lá e eu só preciso olhar uma ou duas vezes e aí eu tento e faço dar certo. Cada nota tem seu lugar e tempo certo. Tudo se encaixa."

Daphne não compartilhava do mesmo amor por números e ordem que Roxy tinha, mas entendia o sentimento. O piano, o instrumento favorito de Roxy, era lindo, era maravilhoso tocar aquele instrumento. Especialmente quando suas meninas se juntavam para cantar algo ou para tocar algo junto.

Ela nunca se arrependeria das horas gastas ensinando as meninas a tocarem o piano e o violão. Nem do tempo para ela mesma aprender.

"Muito bem", ela sorriu enquanto dizia, "Então, tente assim, veja como eu faço e tente repetir, se concentre na magia girando ao redor da pulseira"

Daphne estendeu o pulso e, com uma concentração focada, permitiu que sua própria pulseira, a pulseira de Selene, brilhasse intensamente. Ela não a forçava; em vez disso, Daphne sentia a energia se acumular ao redor dela, pulsando em um ritmo suave e constante. Uma aura iridescente envolveu o pulso de Daphne, dançando em tons suaves antes de se estabilizar em um brilho firme e translúcido.

"Imagine uma melodia, a sequência de notas perfeitas que se encaixam para formar uma música. Guie a magia, do jeito que você guia uma música. Você não pode compor a melodia sem formar os acordes primeiro"

Roxy então fechou os olhos e tentou novamente.

Um leve calor começou a se espalhar do pulso de Roxy, e o brilho fraco que antes tremeluzia, agora começou a se intensificar. Em poucos segundos, um escudo verde azulado translúcido envolveu Roxy completamente.

"Consegui!", Roxy exclamou, abrindo os olhos e maravilhada com o escudo que a envolvia. Ela tocou a barreira invisível, sentindo a solidez da sua própria magia manifestada. Durou mais de 30 segundos e então começou a enfraquecer, mas para uma fada sem o núcleo formado isso já era incrivél.

Daphne sorriu, radiante. "Excelente, minhas fadas! Vocês duas conseguiram. Viram? Cada uma à sua maneira. É assim que vocês vão se fortalecer, entendendo o próprio ritmo e a própria melodia de seus poderes." 

Ela sabia que Bloom ainda tinha um longo caminho para dominar a quietude de sua própria Chama, mas ver Roxy alcançar essa compreensão com base em sua paixão musical, e Bloom com a admiração genuína, era um começo promissor. O treinamento estava apenas começando, e as princesas de Dominó estavam começando a desvendar os segredos de seu próprio poder.

Daphne deixou que as meninas aproveitassem o momento de descoberta por alguns instantes antes de se aproximar e abaixar um pouco o tom da voz.

"Agora que vocês entenderam a essência da proteção, vamos avançar mais um passo."

Ela estendeu uma das mãos acima da própria pulseira, canalizando uma magia suave e precisa. Uma pequena corrente de luz escapou de seus dedos e tocou o cristal preso ao bracelete. Instantaneamente, o brilho se intensificou — e então, expandiu-se por toda a sala em forma de um anel mágico.

"O que vocês sentiram foi o escudo pessoal. Mas há mais nelas do que só isso."

Roxy e Bloom observaram atentamente. Daphne então continuou:

"Cada uma dessas pulseiras guarda um encantamento ancestral, como já disse. Mas ainda usa a magia de vocês. O que vocês fizeram agora foi um jeito indireto de usar seu núlceo mágico."

Bloom franziu a testa, pensativa, os olhos fixos na pulseira. Daphne aproveitou o momento de foco.

"Agora tentem o feitiço de espionagem. Quero ver como fazem."

As duas se entreolharam, sorrisos sutis nos lábios, como se compartilhassem um segredo antigo. Em perfeita sincronia, começaram a mover as mãos, espelhando os gestos uma da outra com precisão impressionante. O padrão que formavam com os dedos e a direção da energia mágica era fluido, elegante e certeiro.

Daphne cruzou os braços, observando em silêncio — mas por dentro, uma onda de admiração crescia.

A maneira como se posicionavam, com os ombros relaxados e os pés firmes, a respiração cadenciada e ritmada como uma dança bem ensaiada... era como assistir a duas veteranas, não apenas duas adolescentes. Elas puxaram magia do espaço entre as mãos, canalizando parte dela para rodear o ambiente em um campo sutil, enquanto outra parte ia direto aos ouvidos — sintonizando os sons ao redor como uma escuta mágica.

A ironia daquilo tudo não passou despercebida. Um feitiço que normalmente só era ensinado a fadas com domínio pleno de sua magia... e elas não apenas recriaram sozinhas, como o executaram com perfeição. Fosse talento nato, poder bruto, prática intuitiva — ou tudo isso junto —, era claro: Bloom e Roxy estavam muito além do esperado. Elas eram excepcionais.

Arthur estava deitado no tapete, com a cabeça encostada na pata de Roxy, calmo como sempre. Kiko, empoleirado no encosto do sofá, assistia com olhos atentos, mas sem qualquer sinal de alarde. Como se presenciar aquilo fosse... natural.

Daphne respirou fundo, ainda impressionada. Elas realmente estavam prontas para mais.

"Façam de novo", disse com voz firme, mas suave. "Só que agora, não apenas o movimento. Quero que se abram para a magia. Deixem-na fluir. Sintam em cada artéria, cada vaso sanguíneo. Não pensem. Sintam."

Roxy fechou os olhos e, depois de alguns segundos, murmurou: "É a mesma sensação de quando meditamos. Aquela coisa... a calma por dentro, mesmo com tudo se movendo."

Daphne assentiu, com um brilho orgulhoso no olhar. "Exatamente, minha borboletinha. É isso."

Bloom ainda estava com os olhos fechados, e a respiração dela começou a mudar. Era mais profunda agora. Uma ruga entre as sobrancelhas mostrava concentração intensa.

"É como se eu estivesse na frente de uma fogueira", disse Bloom baixinho, quase sem se dar conta de que falava. "Eu sinto o calor... a euforia. Mas também uma estranha paz. Como se... tudo fizesse sentido. O fogo está crescendo... e tudo ao meu redor se aquece."

Daphne sorriu, os olhos marejando com orgulho silencioso.

"Essa... é a sua magia, Bloom. Você encontrou o seu núcleo mágico."

Ela foi abraçar suas meninas, que no primeiro dia de treino, já conseguiram acessar seus núcleos mágicos.

Arabella, Kiko e Artu se juntaram ao abraço e logo todos estavam no chão, completamente emaranhados. Ela deixou sua transformação de ninfa cair, voltando a roupa de antes, sem o cocar da cabeça ou as fitas nos braços.

Ela podia sentir o descontentamento de Arabella por sua cauda estar toda bagunçada e riu, fazendo as outras duas meninas a seguirem. Artu lambeu a orelha de Roxy e ela riu ainda mais.

A vida era boa ali em Gardênia. 

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-Então, gostaram?

- Eu percebi que não sou muito boa em descrever cenas, então o próximo capítulo será mais narrativo.

- Eu quero deixar bem claro que Bloom e Roxy não são as mesmas do desenho. Elas tiveram uma criação completamente diferente aqui, mas ainda tem muito de suas personalidades originais. 

- Vocês lembram que os cristais das pulseiras tem mais do que Dpahne contnaod a história dela? Bem, no próximo capítulo Roxy e Bloom vão começar a usar esses cristais direito

- Mike e Vanessa vão ser informados do status mágico das três em breve, e nossa Stella logo logo aparece

 

Chapter 38: Memórias, Magia e Confissões

Chapter Text

A pequena bagunça de risos e membros emaranhados finalmente se desfez no chão da sala. Daphne observou suas meninas se ajeitarem: Roxy, com Artu imediatamente deitando a cabeça em seus pés, o grande cão suspirando contente; Bloom se espreguiçando no sofá como um gato que encontrou o melhor raio de sol da casa. Kiko, que estava aninhado no abraço, saltitou e se acomodou confortavelmente nas costas de Artu, que nem se mexeu, acostumado com a estranha amizade.

Daphne sorriu, um sorriso genuíno e cansado, Arabella voou de suas pernas para o braço do sofá. Ela se levantou. O movimento foi fluido, mas com um propósito que cortou o ar e capturou a atenção delas. A lição não tinha acabado. Nem de longe. O brilho suave dos cristais nos pulsos das meninas era um lembrete pulsante disso.

"O que vocês fizeram hoje foi extraordinário", começou ela. Havia uma seriedade ali que fez as duas jovens fadas se endireitarem, a postura subitamente alerta. 

"Acessar o núcleo mágico no primeiro dia de treino... é algo raro. Mesmo para fadas que cresceram em Magix, imersas na magia desde o berço. Isso prova o poder incrível que corre em suas veias. Mas o poder, minhas princesinhas," ela se sentou na mesinha de centro, nivelando seu olhar com o delas, o olhar passando de uma para outra, "vem com a responsabilidade de compreendê-lo."

Seu olhar se fixou nos cristais, duros e frios contra a pulso delas. "Quero que toquem neles. Agora." A ordem era gentil, mas inquestionável, o tipo de pedido que não se podia recusar porque era feito com amor. "A intenção é outra desta vez. Não busquem um escudo. Busquem a verdade. É assustador, eu sei, mas estou aqui com vocês. Abram-se para eles. Deixem que eles mostrem a vocês."

As meninas obedeceram. A hesitação de Bloom era uma corrente elétrica sob sua pele; seu lado protetor queria dizer não, queria evitar reviver o que quer que estivesse ali, mas a necessidade de saber era mais forte.

A curiosidade de Roxy era quase clínica, uma sede por dados, por informação. Como funciona a transferência de memória? É um feitiço de projeção psíquica? O cristal age como um condutor ou ele é o depósito? sua mente analítica disparava enquanto tocava a gema com uma precisão focada.

E então, o mundo se dissolveu.

Não foi como um filme. Foi um dilúvio. Um oceano de uma vida inteira despejado diretamente em suas consciências sem aviso ou consentimento. A frágil linha que separava o "eu" do "ela" se desfez em pó, e elas se viram afogadas na torrente avassaladora que era a existência de Daphne.

Imagem. Som. Dor. Cheiro. Uma cacofonia de momentos cruciais, uma agressão sensorial que as bombardeava sem trégua.

Elas sentiram o chão frio de um pátio de mármore branco sob os pés de uma Daphne criança. Sentiram a intimidação de guerreiros imponentes em armaduras dourado-rubras – Guardiões da Chama, a compreensão surgiu instintivamente. Sentiram a dor aguda nos músculos enquanto Daphne se obrigava a se torcer e girar. 

Roxy analisou os movimentos, uma arte letal projetada para desviar de ataques, não parecia em nada com judô, karatê ou nenhuma arte marcial que ela já tivesse visto. 

Bloom sentiu a fúria da luta, a adrenalina, determinação, teimosia. A ardência de um feitiço de treino que a atingiu de raspão na costela, roubando-lhe o ar, foi tão real que Roxy ofegou, a mão indo para o próprio lado. 

E então, ambas sentiram a satisfação crua e triunfante de quando ela, Daphne, finalmente, conseguiu desviar um raio de energia, o zumbido do poder passando a centímetros de seu rosto, foi uma onda de adrenalina que fez o coração de Bloom disparar em seu peito. Isso aí, Daph! Mostra pra eles!

O fluxo mudou. Uma Daphne adolescente, sendo instruída a manifestar uma única chama e mantê-la estável por uma hora e depois por duas e três e quatro e assim por diante. Elas sentiram a frustração, o tédio, a disciplina de ferro. Bloom arregalou os olhos em sua mente. 

Uma hora? Eu teria colocado fogo na cortina em cinco minutos. A magia de Daphne foi ensinada a crescer como uma árvore, não como a explosão ou a enchente que ela ou Roxy conheciam.

A cena se dissolveu para os corredores, que elas sabiam ser Alfea. Viram através dos olhos de Daphne, maravilhadas com criaturas fantásticas que eram familiares das fadas de Alfea. E sentiram a pontada aguda e solitária da tristeza dela quando, ano após ano, nenhum animal mágico a escolheu. Um desejo profundo e não realizado, uma solidão silenciosa que fez o coração protetor de Bloom doer por sua irmã. 

Fez Roxy pensar em Artu, e sentir uma onda de gratidão tão intensa que quase a tirou da visão.

A imagem de Arabella, a elegante e agora brincalhona águia, apareceu em suas mentes, e elas entenderam que essa conexão não foi um presente da juventude, mas um bálsamo para uma ferida muito antiga.

Salas de aula, salões de baile. O peso de vestidos, a exaustão de aprender as linhagens de dezenas de planetas. Depois, o Conselho Mágico. Tornando-se Ninfa Suprema após a morte de uma de suas mentoras. Marabella de Magix. 

Isso explicava por que Daphne ficou emocionada quando chamou seu familiar de Arabella, o nome era similar demais para não perceber.

E então, a escuridão. O silêncio. E o primeiro grito.

O céu de Dominó escurecendo. Explosões. O frio antinatural de uma nevasca mágica.

Elas sentiram o pânico de Daphne, mas por baixo dele, uma força de vontade de aço, algo presente ao longo de toda sua vida. Correndo por corredores que ruíam, o eco das mortes ressoando, a angústia de sentir as ninfas dela morrerem e não ter poder para ajudar por causa da maldição. Três figuras sombrias, rindo maleficamente. Uma luta breve contra um homem loiro de sorriso arrogante – Valtor

Bloom sentiu um ódio primordial por aquele rosto. E então, o foco absoluto, a única coisa que importava: um bebê envolto em chamas. Elas sentiram o amor avassalador de Daphne, uma força da natureza, enquanto ela abria um portal, fugindo com a pequena Bloom nos braços, deixando tudo para trás.

Terra. Cheiro de hospital. O choque da tecnologia. A gentileza de um bombeiro, Mike. O início de uma vida nova, tingida pela dor constante. Mas não havia paz. Elas viram Daphne lutando nas sombras contra os Bruxos do Círculo Negro. Conhecendo Morgana. Conhecendo um bebê de cabelos rosa. Roxy. Elas sentiram a urgência de Daphne ao proteger a casa delas, o desespero de resgatar Roxy, sua afilhada.

E então, o fluxo se acalmou, mostrando anos de uma normalidade forjada, os anos que elas conheceram, mas agora com detalhes ocultos: a magia sutil que Daphne usava, a vigilância constante, a magia que ela percebeu que as próprias meninas faziam.

O turbilhão continuou. Alianças secretas. Dríades. Uma sereia que a ajudou a superar seu medo do mar. Uma cidade perdida, Paititi.

E então a percepção final as atingiu como um raio. As memórias eram recentes. Daphne vinha atualizando os cristais. Sempre pronta para o pior. A consciência de que sua Daph, seu pilar, seu mundo, sempre esteve se preparando para deixá-las, era uma agonia.

Elas abriram os olhos, ofegantes, lágrimas escorrendo. Roxy tremeu e se jogou nos braços de Daphne sem uma palavra, o corpo convulsionando. Daphne a envolveu com uma força protetora, sussurrando palavras de conforto em seu cabelo. Bloom recuou na poltrona, os olhos arregalados, a mão na boca. O choque em seu rosto não era apenas pela dor, mas pelo reconhecimento.

"Os sonhos...", ela sussurrou, a voz rouca. "Daph... eu já vi. O castelo, a neve... os Guardiões..."

O coração de Daphne parou. Ela estendeu a mão livre, o toque gentil em sua bochecha. "Bloom, o que você quer dizer? Você vê tudo isso nas suas visões?" Não poderia ser, as implicações disso eram horríveis. Ela teve o cuidado de não mostrar as partes mais devastadoras da guerra, de não mostrar as vezes que quase morreu, que foi ferida, os resultados de um ataque do exercício das três miseráveis. 

Mas se Bloom conseguia ver o passado, ela poderia ter visto tudo isso e muito mais. A Chama do Dragão deve ter amplificado os dons de Bloom, essa Chama não deveria fazer algo que machucasse Bloom, mas ela não sabia se isso se aplicava para dano psicológico resultante de visões de guerras passadas.

Bloom fungou, a avalanche de pensamentos tornando difícil formar uma frase. "Pedaços. Desde sempre. O calor, os sussurros... Achava que eram pesadelos. Foi assim que eu... aprendi", a confissão saiu. "Eu via os movimentos nos sonhos e tentava repetir. Acender as velas do bolo, fazer as flores da tia Nessa crescerem..."

"Oh, minha flor...", Daphne a puxou para o abraço coletivo, sua própria voz embargada. "Não são só sonhos. São visões. Você herdou o dom de nossa mãe. É a Chama do Dragão intensificando seu poder."

Ela então olhou para Roxy, ainda aninhada em seu peito, se tudo desse certo Roxy não deveria ter sido tão afetada pelas memórias. "E você, minha borboletinha? Como foi?"

Roxy engoliu em seco. "Eu senti... seu medo. E o quanto você amava a Bloom. E cada sacrifício, eu senti o que você sentiu naqueles momentos. A despedida de seus pais. A maldição de Politea. O gelo sobre seu planeta. A chegada a Terra, o que ainda me parece estranho, sabe? Pensar que você é de outro planeta. Eu senti até sua solidão e tristeza antes, antes de você se adaptar aqui. Foi... foi tão forte." Ela olhou para Daphne, uma nova profundidade nos olhos. "Você passou por tudo isso sozinha."

Deve ser uma coisa estranha para Roxy. Por toda sua vida, Daphne se esforçou para estar ao lado dela em cada etapa, para verdadeiramente entender o que ela passava, o mesmo com Bloom e depois as duas fizeram esse papel uma para a outra. 

Daphne sempre teve os pais, mas eles eram monarcas, não tinham 24 horas disponíveis para ela e Daphne passou muito tempo aprendendo a não dar trabalho para eles. Depois vieram suas amigas, mas a guerra veio logo depois e cada uma estava lutando em uma batalha diferente.

Antes que Daphne pudesse responder, Bloom se afastou, os olhos ardendo com uma intensidade que parecia prestes a incendiar o ar. "As bruxas. As que eu vi. Foram elas." Não foi uma pergunta, foi uma sentença de morte.

Daphne assentiu, o rosto uma máscara sombria. "As Bruxas Ancestrais. As três desencarnações. Elas cobiçavam a Chama e começaram tudo. Eu jurei pôr fim a elas, elas são perigosas, poderosas, cruéis e mesquinhas. Nunca, e eu falo sério, nunca procurem uma briga com elas. Eu não sei o que aconteceu com elas, mas a pior possibilidade é que elas ainda estejam atrás da Chama e de mim."

Um silêncio pesado. A determinação nos olhos de Bloom se tornou uma chama visível. Sua protetora irmãzinha, tão proativa em proteger sua família.

Roxy se levantou, secando as lágrimas. Seu olhar, antes saltitante, tornou-se focado, analítico. Ela foi até a janela. "Você disse que minha magia é a da natureza", disse ela. "Eu quero entender como."

Daphne viu a deixa. Era hora de canalizar aquelas emoções. "Uma ótima ideia. O poder de uma fada responde à emoção e à vontade."

Elas foram para o quintal. Arabella desceu de uma árvore próxima, pousando graciosamente perto de Daphne, dando-lhe uma bicadinha brincalhona na mão antes de se empoleirar em um poste da cerca, observando com interesse.

"Roxy, concentre-se", instruiu Daphne, a voz gentil. "Lembre-se daquela sensação do rio, sua melodia interior. Sinta a vida. Sinta a rede que conecta tudo."

Roxy fechou os olhos. Ela estendeu as mãos, fluindo com o vento. Ela não puxou o poder; ela o convidou. Lembrou-se da partitura. Um brilho verde-esmeralda envolveu suas mãos. Artu, deitado perto, levantou a cabeça e soltou um ganido baixo.

"Eu posso... ouvi-lo", ela sussurrou, maravilhada. "A composição de seus sentimentos. Ele está feliz."

"Isso é o começo", disse Daphne, orgulhosa.

Roxy, encorajada, voltou seu foco para um canteiro de rosas. Com um gesto delicado, ela empurrou sua magia. Os botões tremeram e se abriram. Roxy deu uma gargalhada de pura alegria.

"Eu sinto as flores, as joaninhas, as formigas", Ela disse eufórica. "Sinto Arabella e Artu e Kiko. Sinto suas intenções, seus sentimentos. Eu sinto sua força e suas fraquezas."

"Isso é apenas a superfície, minha borboletinha", disse Daphne. "Seu poder pode avançar muito mais e vai com o tempo." Ela se aproximou de Artu. "Tente isto. Ofereça sua magia a ele."

Roxy hesitou, mas confiou em Daphne. Canalizou a energia verde para o cachorro. Uma aura envolveu Artu; suas orelhas se ergueram em alerta, mas seus olhos ganharam nova inteligência. O Toque de Evolução.

Um toque que Gothel disse que era uma das habilidades de Roxy, uma que frequentemente aparecia na linhagem dela.

Roxy então, puxou mais magia e Daphne percebeu isso. A ressonância entre elas pareceu mais nítida nesse tempo. Roxy então atraiu o vento, e Daphne imaginou o que ela estava sentindo. Sabia, por seus próprios poderes, o quando magia de vento era bom, sabia da eufórica que o sentimento de liberdade dessa magia trazia.

Era incrível, no entanto, sua pequena borboleta era verdadeiramente poderosa. Ela só poderia imaginar como ela seria com o treinamento certo e o poder crescente que vem com a idade.

 Ela só poderia imaginar como ela seria com o treinamento certo e o poder crescente que vem com a idade

Roxy puxou mais e Daphne ficou em alerta, pronta para intervir se Roxy estivesse perto de seu limite. Mas não precisou, Roxy parou por conta própria, diminuindo a magia gradualmente e sorrindo enquanto isso.

"É... é incrível. Eu me sinto parte da natureza, me sinto conectada a cada pequena vida, a cada animal ao meu redor. Eu não tenho como descrever isso", ela jogou a cabeça pra trás e olhou pro céu, o sorriso ainda no rosto.

"Tente também, irmã." Roxy acenou na direção de Bloom, embora ainda não tivesse se movido. "Eu quero saber como é pra você, Bloom"

Enquanto Roxy se maravilhava, Daphne aproveitou a deixa e se virou para Bloom com uma pergunta nos olhos. Quer tentar?

Bloom então assumiu aquele olhar determinado, pronta para tudo que viesse.

"Vamos então, minha flor", disse Daphne. "Sinta a Chama do Dragão. Sem temor. Abrace-a."

Bloom respirou fundo. "Quando vi as memórias... não havia quietude. Havia fúria, dor, amor... Era barulhento."

"Exatamente!", exclamou Daphne, era uma coisa que outros não entendiam, a magia da Chama não era calma, sempre havia algo por trás. A metáfora que mais lhe parecia certa era a de uma fogueira, incontrolável em certo aspecto, perigosa para alguns e acolhedora para outros. "Sua paz não está no silêncio. Está no centro da tempestade. Você é a fogueira. Encontre uma âncora em meio a isso e se agarre nela."

A magia de Bloom era diferente da de qualquer um em sua família. Bloom não era uma fada com talento para algo e que carregava a Chama como uma magia extra. A magia dela era a Chama do Dragão.

Daphne era fada dos elementos, com a sorte de ter um pedaço da Chama do Dragão. Roxy provavelmente era uma fada dos animais, com magia que Daphne ainda não entendia completamente, magia que só Morgana entendia plenamente. Bloom não era assim. Ela era portadora. Ela era a fada da Chama do Dragão.

Bloom fechou os olhos e acolheu o calor. Pensou na destruição, na fúria de sua irmã. Sentiu um propósito. Uma faísca se acendeu em suas mãos.

"Bom", incentivou Daphne. "Agora, libere. Com controle. Veja aquele velho balde de metal?"

Bloom abriu os olhos, chamas dançando neles. "Adeus, balde", ela murmurou com um sorrisinho sarcástico. Com um gesto das mãos, um jato de fogo disparou, atingindo o balde em cheio. O metal brilhou em vermelho vivo e derreteu.

"Eu consegui!", o riso chocado e triunfante de Bloom quebrou o silêncio.

"Você fez mais", disse Daphne. "Olhe para mim. O que você vê?"

Bloom relaxou o foco e ofegou. "Daph... É como a minha magia, mas... é como se você tivesse uma parte disso. Um pedacinho."

"O que você vê é minha parte da Chama. Quanto mais você se acostumar com sua magia, mais você ficará ciente da magia da Chama ao seu redor. E em Roxy?"

Bloom apertou os olhos, focando em Roxy como se visse algo novo. Roxy pareceu alarmada por um segundo, mas depois voltou a ficar curiosa, esperando descobrir o que Bloom via. "Eu vejo tudo vermelho, acho que é calor, vejo Roxy brilhando em verde, mas vejo calor também, tenho certeza de que é calor.", ela girou, olhando para os animais. "É a mesma coisa com eles. Será que é como os répteis veem?"

"Eu não tenho ideia", Daphne disse incrédula. Só faltava sua irmãzinha desenvolver visão de auras.

"Temos que testar com um animal de sangue frio e talvez com um peixe.", Roxy disse, já pensando nas possibilidade. "E com alguém sem magia. Há, também seria bom comparar calor de climas diferentes.", ela se virou para Daphne, sorrindo esperançosa. "Podemos ir para o Canadá quando saírmos da bolha temporal?"

Daphne riu com a espontaneidade daquilo, se perguntasse, Roxy lhe daria pelo menos cinco motivos sobre o porquê de o Canadá ser perfeito para o que ela tinha em mente. "Acho que sim, só precisamos combinar com Mike e Vanessa, eles gostarão de ir também."

"Aí ótimo!", Roxy deu um pulinho de alegria.

"E eu virei uma cobaia", Bloom resmungou baixinho.

"Vocês foram incríveis", disse Daphne, quando parou de rir do sarcasmo de Bloom. "Mas em uma luta, seus inimigos não ficarão parados e vocês devem estar preparadas para qualquer inimigo." Ela para o centro do centro do gramado, acenando para Bloom se juntar a ela. Roxy ainda estava lá. "Em Dominó, fui treinada para redirecionar ataques. Exige controle e calma, o risco é imenso. Mas quando funciona... é devastador."

Ela se virou para Bloom. "Atire em mim. Com intenção."

Bloom hesitou. "O quê? Não! Eu posso te machucar."

"Minha flor, você viu minhas memórias. Sabe que não vai me machucar. Confie em mim.", disse Daphne, sua postura mudando.

Com relutância, Bloom lançou uma bola de fogo menor. Daphne se moveu. Com um giro fluido, sua mão envolta em energia dourada tocou a borda do ataque, guiando-o, e o redirecionou para o céu.

Bloom e Roxy ficaram de queixo caído.

"Como...?", perguntou Roxy, a mente analítica já trabalhando. "Você não neutralizou a energia, você mudou seu vetor."

Daphne sorriu, imaginou o que Vanessa diria se estivesse lá, ela diria que Roxy era uma pessoa de exatas.

"Exatamente. Não lutei contra a força, eu a guiei", explicou Daphne. "Vou ensinar a vocês isso, mostrei agora, porque quero que saibam que não vão me machucar e que seu eu pedir para treinarem em mim, vocês devem fazer sem hesitação. Melhor eu redirecionar do que que vocês destruírem o quintal. Vanessa teria um ataque se visse o jardim destruído"

O resto da tarde foi de risadas e grunhidos de esforço.

Naquela noite, Daphne encontrou Bloom na janela do quarto, olhando as estrelas. Roxy estava lá embaixo escovando Kiko. Daphne falaria com ela mais tarde.

"É por sua causa que estou viva", Daphne disse baixinho. A voz dela estava carregada de uma emoção crua que fez Bloom se virar.

"Naquele dia...", continuou Daphne, "se não fosse por você, eu teria deixado a maldição me consumir. Ter você lá... me impediu." Lágrimas silenciosas rolaram. "Eu senti a maldição do Sirenix chegando ao meu núcleo, e então ganhei o Bloomix. Uma transformação nascida de meu desejo de te proteger. Se eu tivesse lutado, eu não estaria aqui."

Ela se virou e segurou o rosto de Bloom entre as mãos, os polegares enxugando as lágrimas da irmã mais nova. "Cada respiração sua, cada feitiço, cada risada sarcástica...", um pequeno sorriso brotou nos lábios de Daphne, "significa que meu sacrifício foi justo. Que eu ter deixado meu planeta, minhas responsabilidades e minhas irmãs ninfas para trás foi pela causa certa. Significa que as Bruxas Ancestrais perderam para uma única fada que elas subestimaram."

Ela a puxou para um abraço apertado, um abraço que continha anos de medo, amor e proteção silenciosa. "Não há nada neste universo que me impediria de lutar por você. Você sempre, sempre terá a mim, irmãzinha."

Bloom chorou, não apenas com tristeza pela perda, mas com o peso avassalador daquele amor. Ela se agarrou a Daphne como se fosse sua única âncora em um oceano de revelações.

"E Roxy?"

Daphne se afastou um pouco, um sorriso suave em seu rosto. "Ah, Roxy..." Ela suspirou. "Roxy é o motivo de eu ter aprendido a ficar aqui. Ter ela em nossas vidas foi o que transformou o exílio em lar. Se eu tivesse escolhido qualquer outro planeta, qualquer outro esconderijo, não a teríamos encontrado. Ela não é a âncora que me prende a este mundo, Bloom. Ela é o jardim que me fez querer criar raízes."

Ela se levantou e apoiou as costas na parede, o gesto criando uma pequena distância, como se se preparasse para uma última confissão. Jogou a cabeça para trás e olhou para o teto. "Isso... isso não estava nas memórias que vocês viram. É uma coisa nova. Eu me tornei uma protetora deste planeta. Estou conectada à magia da Terra. Isso sempre será parte de mim agora."

Ela olhou para Bloom, que a encarava com uma nova onda de choque. "Fiz isso por ela. Para me conectar com ela de uma forma que fosse só nossa." Bloom, entendendo, agarrou a mão dela, um gesto de apoio silencioso, e Daphne baixou a cabeça para olhá-la, apertando seus dedos. "Você e eu temos a Chama, o mesmo fogo que queima em nosso sangue. Roxy tem a magia da Terra. Eu não queria que ela se sentisse excluída, nunca. Eu esperava que, dessa forma, eu pudesse entender a magia dela em sua totalidade. Para que eu sempre pudesse ajudá-la."

"Você já ajuda", a voz de Roxy, suave e clara, preencheu o silêncio do quarto.

Daphne se virou alarmada para a porta, onde Roxy estava. Kiko estava em seus braços, todo fofo depois de ser escovado.

Roxy o pôs na cama e então foi até elas, na janela.

"Você nunca me excluiu, Daph. Nem por um segundo." Ela olhou para Bloom, que ainda segurava a mão de Daphne. "Nem você. Ninguém da nossa família me exclui." Ela parou por um momento, organizando os pensamentos. "Eu posso não ter nascido na mesma família que vocês, no mesmo mundo, e você sempre foi honesta sobre isso. Mas eu cresci com vocês-"

"Você é da nossa família", Bloom e Daphne disseram em uníssono. A sincronia era tão perfeita que arrancou uma risada genuína de Roxy, quebrando a tensão.

"É disso que estou falando", Roxy disse, o sorriso iluminando seu rosto. Ela se sentou no parapeito da janela, de frente para elas, completando o pequeno círculo. "Antes, quando eu era menor, eu achava que era diferente. Mas vocês duas, e o Mike e a Vanessa... vocês sempre garantiram que essa diferença não importasse. Família não é sobre de onde você veio. É sobre para quem você corre quando está com medo. E eu sempre corri para vocês."

Ela olhou para as duas, uma de cada vez, seu olhar gentil e incrivelmente perceptivo. "Eu não tenho a Chama do Dragão, é verdade. Mas isso não importa, não é só a magia que nos une."

Roxy então colocou a mão sobre o próprio coração. "Eu não preciso do fogo. Eu sou a terra que permite que a fogueira de vocês queime sem incendiar o mundo inteiro."

Um novo tipo de silêncio caiu sobre o quarto. Um silêncio de compreensão, de laços reforçados não pelo sangue ou pelo poder, mas por uma escolha mútua e inabalável.

Daphne estendeu a outra mão, e Roxy a pegou. Ali, na luz suave da lua, as três se deram as mãos. Três tipos de magia, três corações, uma única e inquebrável constelação.

O passado havia sido revelado, e o futuro ainda era incerto, mas pela primeira vez, todas as cartas estavam na mesa, e elas o enfrentariam juntas. Como uma família.

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- E aí, o que acharam?

- Eu quis mostrar mais da personalidades das meninas, já disse que não são iguais ao desenho. Nem Daphne é igual ao desenho. Consegui mostrar isso?

- O que acharam sobre o desenvolvimento da magia? Eu estou aceitando sugestões.

- O próximo capítulo é o último antes de Stella aparecer.

- é assim que eu imaginei os guardiões da Chama: ( a imagem é de "almost magical", da autora Chocolatesmoothie, é no webttoon)

- é assim que eu imaginei os guardiões da Chama: ( a imagem é de "almost magical", da autora Chocolatesmoothie, é no webttoon)

-  Ahh! Eu começei um tiktok!

- O que acharam da Kara ( Melissa Benoist) como Daphne? O lance de mundo perdido e mulher super poderosa, me pareceu muito semelhante a história de Daphne

- O que acharam da Kara ( Melissa Benoist) como
Daphne? O lance de mundo perdido e mulher super poderosa, me pareceu muito semelhante a história de Daphne.

 

Chapter 39: Interlúdio de Bloom e a conversa de Daphne com Mike e Vanessa

Chapter Text

APERTEM A MALDITA ESTRELINHA E DEIXEM KUDOS   NESSA HISTÓRIA!!!

Muito obrigada! Espero que gostem da leitura.

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Ponto de vista de Bloom:

Ela jogou o cabelo pra cima, sem sair da cama. Foi um despertar raro, um que ela não acordou agitada por causa de um sonho ou visão. Kiko veio para seu lado e ela ficou fazendo carinho nele.

A casa estava quieta.

Roxy estava em seu quarto, e Bloom podia imaginá-la conversando com Artu sobre um novo projeto ou sobre qualquer outra coisa que sua mente brilhante e curiosa inventava para processar o impossível.

Daphne estava no andar de baixo; sua presença era como um farol para ela. Bloom sempre teve um instinto sobre Daph, ela sempre achava Daph no shopping, não importando se ela sabia para onde Daph tinha ido ou não. Agora ela sabia que era seu poder em comum, a Chama do Dragão. Bloom era a portadora disso. Provavelmente era a fada mais poderosa da Dimensão Mágica.

E ela estava ali, em seu quarto, numa casa em um bairro de uma cidade pequena. Cabelo vermelho-fogo, com as estranhas mechas de tons mais claros, íris completamente azuis, o azul que ela sabia que as meninas da escola diziam que pareciam o azul dos Windsor. A mesma garota de sempre.

Só que tudo havia mudado. A garota no espelho não era só a Bloom Callaway. Era a Princesa Bloom de Dominó, Guardiã da Chama do Dragão. A situação toda parecia um roteiro de filme infantojuvenil. Era como 'O Diário da Princesa'; Bloom e Roxy eram a Mia, e Daphne, com toda sua elegância e lições secretas, era a avó rainha.

Ela sempre soube que havia algo mais. Desde que se entendia por gente. Começou com os sonhos.

Nunca foram sonhos de verdade. Não aqueles em que se voa ou os dentes caem. Os dela eram... como aulas. Fragmentos de lições caóticas. No começo, achava que eram pesadelos. Mas então, a curiosidade venceu o medo.

Começou a tentar. Escondida em seu quarto, tentava recriar os movimentos, sentir a energia como nos sonhos. As primeiras mil tentativas foram um fracasso. Mas aí, um dia, a chama da vela em seu criado-mudo dançou. Foi o primeiro segredo dela.

Logo depois, contou para Roxy. Se Bloom era o instinto, Roxy era a lógica. Era isso que Nessa sempre dizia sobre as duas. Bloom mostrava a Roxy o que sentia para fazer aquilo funcionar, e Roxy a ajudava a encontrar o padrão, o mais próximo que conseguiam chegar de um padrão. Elas se auto treinaram assim. Achavam que eram especiais, talvez mutantes, ou só duas garotas estranhas com sorte. Que talvez qualquer um pudesse fazer aquilo se sonhasse os sonhos certos.

Elas desconfiavam da Daphne, claro. Como não desconfiar?

Amavam-na mais que tudo, ela era seu pilar, sua rocha. Mas ela era... diferente. Sempre havia uma camada de mistério nela, uma porta trancada que as duas sabiam que existia. Conversavam sobre isso à noite, em sussurros. "Ela sabe mais do que diz", Roxy afirmava. "Ela nunca se assusta de verdade", Bloom completava. "E por que ela nos fez ter aulas de tudo?"

Isso era o mais estranho. Não era comum uma criança de seis anos saber tocar piano, violão e flauta maravilhosamente bem. E não eram só os instrumentos. Eram aulas de "boas maneiras" que elas provavelmente nunca precisariam morando em Gardênia, lições sobre história, arte e política mundial que pareciam exageradas para duas crianças em Gardênia. Agora tudo fazia sentido. Não eram hobbies. Era treinamento. O treinamento de uma princesa.

E o dinheiro, isso era importante. Bloom se lembrava de uma vez, quando tinham uns treze anos, e Mitzi apareceu em um carro novo, um conversível chamativo. Todas as garotas do colégio olhavam com uma inveja palpável. Bloom sentiu uma pontada daquilo também, tinha que confessar.

Naquele fim de semana, Daphne a levou às compras, ela nem sabia sobre o carro dos pais de Mitzi. Passou por vitrines de lojas famosas com um olhar nem um pouco impressionada, e comprou para ela um casaco de uma marca desconhecida, de corte impecável e tecido absurdamente macio. "É elegante e vai te manter aquecida", foi tudo que disse.

Um mês depois, uma atriz famosa usou um casaco da mesma marca no tapete vermelho. A peça virou a maior febre, e Bloom viu Mitzi na loja, praticamente implorando para pagar o triplo do valor por um parecido.

Bloom também se lembrava de Ju, a amiga de faculdade de Daph, que ficava incrédula. "Daph, você foi para Milão e voltou com três peças e um lenço?", ela dizia, chocada. "Eu não preciso de muito", Daphne respondia com um sorriso calmo. Mas com aquelas poucas peças, ela montava looks que pareciam saídos de uma capa de revista. Ela não seguia a moda; tinha um estilo inato, uma elegância que vinha de dentro. A elegância de uma princesa, agora ela sabia.

Elas tinham suas teorias, Roxy e ela. Agente secreta de alguma organização obscura era a favorita de Bloom. Herdeira de uma família mafiosa europeia era a de Roxy. Elas esperavam que Daphne estivesse escondendo alguma coisa.

Mas Bloom nunca, em um milhão de anos, teria esperado que fosse ISSO.

Daphne não se mudou de país. Ela mudou de dimensão. De galáxia. Ela não deixou uma cidade para trás. Deixou um planeta em chamas. Um reino. Ela não era só a irmã mais velha que cuidava delas. Era a Ninfa Suprema de Magix, a Princesa Herdeira de Dominó. A líder de criaturas mágicas extremamente poderosas, a herdeira da ninfa mais poderosa que já existiu.

As fitas nos braços dela quando se transformava naquela forma que parecia com uma deusa na terra, as fitas não eram acessórias. Eram um símbolo de sua posição. A autoridade em sua voz... não era apenas firmeza. Era o comando de uma futura rainha.

Tudo era mais do que parecia.

As pulseiras. A que Daphne lhes dera quando eram crianças, com o cristal. Bloom achava que era um presente sentimental. Era uma caixa de memórias, uma apólice de seguro para o caso de o passado a encontrar. A nova, de pérolas... era seu escudo, com tanta magia protetora que poucos conseguiriam passar por elas. Eram artefatos mágicos, extremamente poderosos e valiosos. E os colares... os colares que nunca tiravam, com os pequenos símbolos cravados nas costas. Sigilos da realeza de Dominó. Mais coisas extremamente valiosas e poderosas.

E a magia delas... Elas não eram só sortudas. Eram de famílias mágicas. Famílias muito mágicas.

Bloom era portadora da fonte de poder que criou o universo. Roxy era a herdeira de uma linhagem milenar, a primeira a nascer em séculos. E Daphne... ela não vai pensar nisso de novo. Daph, sempre seria isso, só Daph.

Bloom encarou o próprio reflexo no espelho. Seu cabelo, vermelho com mechas mais claras — sempre elogiado por ser único — agora carregava um peso: era a marca de Marion, rainha de Dominó.

E seus olhos, aqueles que tantos já haviam chamado de belos e incomuns por não ter contornos escuros nem tons mesclados, também pareciam diferentes para ela. Eram os mesmos olhos de sua bisavó — uma mulher que ela nunca conheceu de verdade, mas que vivia nos fragmentos de memória que Daphne compartilhara.

Ela não era mais só a Bloom de Gardênia, que se preocupava com provas de matemática e com o que vestir para a festa de sexta à noite. Era uma das herdeiras de um legado de fogo e cinzas.

O nome parecia pesado em sua língua. Bloom de Dominó

O silêncio do quarto não parecia mais tão opressor. Pelo contrário, agora ela podia ouvir outra coisa por baixo dele. Um zumbido baixo e constante, quase imperceptível. O som de sua própria magia, da fogueira que ardia dentro dela, esperando.

E a fogueira, ela percebeu com um arrepio, não parecia mais tão calma.

Havia muito em que pensar.

Ainda de pijama, ela saiu do quarto, pegando Kiko e o ajeitando no braço. O coelho se aninhou em seu ombro, soltando um pequeno suspiro. Descer as escadas com ele nos braços era um pedaço de normalidade bem-vindo.

Daphne já estava na cozinha. As cortinas e janelas abertas e o girassol de Roxy já virado para o sol. O cheiro de café fresco já se espalhava pela casa. Do lado de fora, no quintal, Arabella estava comendo alguma coisa, que Bloom não estava interessada em saber.

Sobre a mesa, uma tigela de morangos frescos esperava. Bloom sorriu. Sabia que, assim que Roxy ouvisse o som do liquidificador, desceria correndo em busca de sua vitamina.

"Bom dia, minha flor", a voz de Daphne eram suave como a luz da manhã.

"Bom dia, Daph", respondeu Bloom, indo dar um beijo estalado na bochecha da irmã antes de colocar Kiko no chão. "Arabella já está comendo?"

Daphne riu, um som cristalino. "Tente dizer a uma águia-real quando é hora de comer. Ela come quando quer."

"Bem, o Kiko não tem esse problema", disse Bloom, vendo o coelho correr para sua tigela de água.

"Não, ele realmente não tem", concordou Daphne, com um sorriso divertido.

"Falando nisso...", Bloom começou abrindo a geladeira e pegando uma cenoura e algumas folhas de couve.

"Hum?"

"Ele é meu familiar? Como a Arabella é para você?"

Daphne parou de fatiar os morangos e se virou para ela, o olhar curioso. "Você o sente? Consegue saber em que direção ele está, mesmo que não o veja? Sabe se ele está machucado, assustado ou muito feliz? Você sente... um pedacinho da sua magia ancorado nele?"

Bloom parou com o ralador na mão, pensativa. "Sim para tudo. Menos para a parte da magia."

"Então vamos treinar isso, irmãzinha", Daphne afirmou, e seu sorriso se alargou, daquele jeito que enrugava os cantinhos de seus olhos de um jeito divertido e genuinamente alegre. Bloom sempre a achou linda quando sorria assim. "Mas, sim, se você sente tudo isso, ele é seu familiar. Meus parabéns."

Enquanto raspava a cenoura sobre a tigela de Kiko, Bloom ponderou

Enquanto raspava a cenoura sobre a tigela de Kiko, Bloom ponderou. "Roxy sentiria a mesma coisa pelo Artu?"

"Você diz por ela ter nascido em outro planeta ou por ser uma Fada dos Animais?"

"Ambos... eu acho. Não tinha pensado no fato de ela ser uma Fada dos Animais."

"Fadas são fadas, não importa o planeta de origem. Certas coisas são peculiares a cada planeta ou galáxia, mas familiares são universais para nós", explicou Daphne. Por um instante, ela pareceu uma verdadeira estudiosa, o tipo de pessoa que vai atrás de cada pequena conexão para desvendar um mistério. "Mas, sobre ela ser uma Fada dos Animais... Eu não sei, para ser sincera. Acredito que a conexão dela seja ainda mais profunda. Ela deve sentir afinidade com todos os animais, o que pode tornar o laço com um familiar específico diferente. Teremos que perguntar a ela."

"É bom saber que ela vai virar cobaia do seu próprio projeto de pesquisa", brincou Bloom.

"E você vai adorar isso. Ontem mesmo, estava calculando quantos tipos de peixes precisaria para testar sua visão de calor.."

Bloom se jogou em uma cadeira, resmungando sobre virar cobaia de novo, enquanto Daphne voltava a preparar o café. Ela pegou uma frigideira, quebrou alguns ovos e os jogou lá dentro com uma habilidade praticada. Depois de usar a tábua e a faca, ela simplesmente as empurrou para o lado da pia.

Ela fez um gesto sutil com a mão livre, um movimento quase displicente, enquanto se concentrava nos ovos. Uma suave luz dourada envolveu a tábua e a faca sujas. Bloom, que estava prestes a dizer algo, emudeceu.

A louça flutuou por um instante no ar, e com um som de água correndo, elas se esfregaram sozinhas, a sujeira desaparecendo em segundos. Com um tilintar suave, aterrissaram perfeitamente limpas e secas no escorredor.

Bloom ficou boquiaberta, o queixo caído. O ralador de cenoura parado em sua mão. Uma coisa era ver magia em sonhos ou vê-la em fragmentos de memórias de uma guerra antiga. Outra, completamente diferente, era vê-la sendo usada para lavar a louça como se fosse a coisa mais normal do mundo. Tornava tudo... real. Assustadoramente real e incrivelmente útil.

"Você não tem isso também? A visão de calor?"

"Querendo arrumar outra cobaia, querida Bloom?", ela disse com um sorriso sarcástico "Não, esse é mais um dom exclusivamente seu. Nem sei de qual ancestral você puxou."

"Não diga isso pra Roxy.", ela disse brincando. "Tem mais algum tipo de magia que eu possa ter, além da visão?"

"Bem, eu tenho visão de auras. Você pode ter também, nosso pai tinha."

"Achei que ele não tivesse magia.", pelo menos era por isso que Daphne tinha mostrado nas memórias.

"Ele não conseguia usar, mas ele tinha. A chama também habitava nele, afinal."

"Isso é tão estranho."

"O que?"

"Nós temos a magia que criou o universo em nós. Nós temos magia que vai além de nós, a magia original."

Daphne olhou para ela, e a compreensão suavizou suas feições. Ela desligou o fogo e se encostou no balcão, de frente para Bloom. "Eu nunca pensei nisso dessa forma. Para mim, sempre foi parte de quem eu sou. Nunca pareceu estranho."

Ela olhou para as próprias mãos, e seu sorriso desapareceu, substituído por uma sombra de culpa. Seu corpo, antes relaxado, pareceu ficar tenso. "Eu sinto muito por ter mentido, Bloom. Sinto muito que você e Roxy tiveram que crescer sem conhecer essa parte de si mesmas." A voz dela era baixa, cheia de um arrependimento genuíno. Embora, ela não tenha pedido desculpas ou dito que faria de forma diferente.

Bloom se levantou e foi até ela, pegando em sua mão. "Não sinta. Eu entendo. Não posso responder pela Roxy, mas tenho certeza de que ela entende também. Você estava em uma posição impossível." Ela olhou nos olhos da irmã, com uma seriedade que espelhava a de Daphne. "Eu acho que faria a mesma coisa no seu lugar."

Daphne apertou a mão dela, um "obrigada" silencioso passando entre elas.

Ela então foi para a geladeira, pegar pimentões e vagens para misturar na tigela de Kiko. Isso já era rotina. Levantar-se, preparar a comida de Kiko, enquanto Daphne preparava o café da manhã das três, com Roxy se juntando se tivesse acordado cedo.

Nesses dias, Roxy geralmente preparava cenoura, aipo e qualquer coisa que ela soubesse que os cães e gatos do abrigo pudessem comer. Claro, Artu ficava com a primeira porção todas as vezes.

O abrigo fez bem a Roxy, ela focou mais de sua criatividade no centro. Ela pode ter 14 anos, mas era tão esperta, tão perspicaz. Ela sempre tirava notas altas na escola, ela era o tipo de pessoa que saia procurando a resposta para suas perguntas em 10 livros diferentes, até conseguir dominar aquele assunto.

Bloom frequentemente via Roxy inventando um novo circuito para os gatos ou ajeitando uma máquina de lançar bolinhas para os cachorros, ela estava falando sobre construir um cercado para animais pequenos, como hamsters e coelhos, mas ela ainda não tinha convencido a organizadora do abrigo sobre isso e Daphne tinha dito que não ia se meter.

Bloom dava menos de um mês para Roxy começar a construção do cercado para os pequenos. Era uma coisa que Roxy tinha puxado de Daph, ela sempre conseguia o que queria, de um jeito ou de outro.

Bloom conseguia achar isso engraçado, quando não era direcionado para ela, é claro.

Ela pôs a tigela de Kiko no tapete onde ele estava e lavou as mãos para comer, na mesma hora que Daph ligou o liquidificador.

Fiel a seus hábitos, Roxy apareceu na escada na hora. Artu seguindo logo atrás.

"Bom dia! É vitamina de morango?", perguntou ela, já se servindo de um copo que Daphne lhe estendia.

"Sempre", respondeu Daphne, sorrindo.

Roxy tomou um gole, pegou uma torrada e se sentou na cadeira, feliz da vida. Artu foi se deitar perto do sofá, na caminha dele. Como era costume, ele esperava Roxy comer, para ela pegar uma das marmitas dele prontas na geladeira, uma mistura de carne, arroz e legumes. Uma influência de Daphne, que detestava a ideia de ração, o que agora elas sabiam que era porque em Magix não existia ração. Havia comida conservada, mas não comida tão adulterada quanto as da Terra.

"Do que estavam falando?", Roxy perguntou enquanto pegava outra torrada.

"Estávamos falando sobre familiares", começou Bloom. "Eu consigo sentir o Kiko, mas é... focado. É uma linha direta só pra ele. Sei onde ele está e se está bem, Daph disse que ele talvez tenha uma parte da minha magia. Como é pra você com o Artu?"

Roxy piscou, a mente trabalhando. Ela inclinou a cabeça, como se estivesse ouvindo algo distante. "É como... uma rede", disse ela, finalmente. "Artu é a luz mais forte e mais próxima. Mas..." Seus olhos perderam o foco por um segundo. "...eu sinto as outras. Sinto Arabella lá no quintal, o zumbido da abelha perto do girassol de novo, Kiko aí atrás..." Ela fez uma pausa e uma careta. "Até as formigas marchando na calçada e a aranha tecendo a teia no canto da varanda."

Bloom sentiu um arrepio. "Uau. Ainda bem que eu não sou fada dos animais"

"Eu aprendi a diminuir o volume da maioria", Roxy deu de ombros, como se fosse a coisa mais normal do mundo. "Mas elas estão sempre lá. É só eu querer ouvi-los."

Bloom olhou para Daphne, que sorria com orgulho. A irmã estava certa. A conexão de Roxy era algo totalmente diferente. Bloom estava contente em ignorar as aranhas pelo resto da vida.

"Acha que uma parte da minha magia foi pra Artu, Daph?"

"Acho que sim, acho que ele é seu familiar. Se não, é quase um", disse Daphne. "Eu disse a Bloom que poderíamos focar em tentar sentir o elo de um familiar, se quiserem. Até agora, o que eu fiz foi ensinar um nível aceitável de controle para seus núcleos em amadurecimento, para que vocês não se machuquem ou percam o controle muito facilmente. Mas também estamos dando os primeiros passos em magias menos básicas. Quero armá-las com conhecimento prático, não sei o que o futuro nos reserva, vocês são excepcionais e esse tipo de pessoa geralmente atrai muita confusão.", ela terminou rindo.

E foi assim, Bloom pensou, que os quinze dias seguintes se passaram. A bolha temporal de Daphne transformou a casa delas em um universo particular, como um acampamento de verão mágico, o mais intenso e estranho da história.

Elas treinavam magia. Com Daphne fazendo demonstrações e as acostumando a sua forma de fada. Houve até a descoberta da origem de seu nome.

Elas estavam conversando sobre as transformações de uma fada e que o Enchantix era a que era alcançada quando um núcleo mágico chegava ao auge de poder, mas que havia transformações que concediam habilidades especiais e forças em um tipo de magia específico.

Foi aí que aconteceu:

Roxy, que perguntou. "Daph, você disse que ganhou uma transformação quando a maldição do Sirenix estava chegando. Uma que te permitiu proteger a Bloom." Ela finalmente olhou para cima, a curiosidade brilhando em seus olhos. "Pode falar mais sobre ela?"

Daphne tinha sorrido na hora, um sorriso melancólico e cheio de segredos. Ela cantarolou baixinho, um som suave que fez Bloom abrir os olhos. "Chama-se 'Bloomix' — é específico para Fadas com uma conexão direta com a Chama do Dragão. Um segredo de família bem guardado."

A palavra pairou no ar quente do verão. Bloomix.

Bloom se sentou de supetão, o coração dando um salto. O som ecoou em sua mente. Bloom...ix. Não podia ser.

"Espera aí...", disse ela, a voz um pouco mais alta do que pretendia, fazendo Roxy e Daphne olharem para ela. "Você está me dizendo que... meu nome foi dado em homenagem a uma transformação mágica?"

Era bom saber que seu nome tinha um significado, além de florescer. Mas ela definitivamente não esperava por isso.

Daphne riu com aquilo e disse: "Sim, minha flor. É preciso um ato de grande coragem para conquistá-lo. Mamãe teve um pressentimento sobre você, no dia em que você nasceu." O olhar de Daphne se perdeu no horizonte, como se estivesse vendo uma cena de muito tempo atrás. "Ela te segurou nos braços e disse que você era uma lutadora. Disse que sabia que você se provaria digna da homenagem."

Ela fez uma pausa, um sorriso irônico tocando seus lábios. "E o papai começou a rezar para o Grande Dragão para que não fosse esse o caso. Para que a intuição da mamãe estivesse errada pela primeira vez na vida."

A imagem de um rei, um guerreiro, rezando para que sua filha não fosse destinada à grandeza porque o caminho era perigoso demais, atingiu Bloom com uma força inesperada.

Depois de um minuto, Daphne acrescentou, o tom agora de uma filha se lembrando de um pai superprotetor: "Ele tinha me feito jurar que eu não me colocaria em situações que exigiriam isso de mim, que eu não seria," e aqui ela imitou uma voz mais grave e dramática, "'ridiculamente abnegada a ponto de me causar uma parada cardíaca'. Claro, ele disse isso só depois que eu tinha virado uma ninfa e aí já era tarde. demais"

As manhãs eram preenchidas com o zumbido de feitiços, o cheiro de ozônio e a frustração de errar um movimento. As tardes eram de risadas, com Roxy tentando, para o horror de Bloom, ensinar Kiko e Artu a falar. A normalidade e o impossível dançando juntos.

Então, chegou a hora. O ar pareceu ondular, e os sons abafados de Gardênia – um carro passando, um cachorro latindo longe – voltaram com força total. A bolha havia se desfeito.

De repente, Bloom podia sentir a presença de fontes de calor fora da casa e ela ouviu Roxy suspirar, provavelmente sentindo a presença de outro animais. O mundo não parecia mais abafado.

"É como se nada tivesse acontecido", disse Roxy, olhando ao redor, maravilhada. "Daph, podemos fazer isso de novo semana que vem?"

Daphne olhou para ela, o sorriso terno, mas com uma ponta de melancolia. "Eu gostaria, minha pequena fada. Mas não teríamos o mesmo tempo" Ela tocou a pulseira de pérolas em seu próprio pulso, a que Selene lhe dera. "A magia para um feitiço temporal dessa magnitude não era minha. Estava armazenada aqui. Um presente de uma amiga muito poderosa. E agora, não deve ter sobrado muito."

O peso daquelas palavras pousou sobre Bloom. Elas estavam operando com poder emprestado. O santuário, o campo de treinamento seguro, tinha um limite. E elas o haviam alcançado. A partir de agora, o treinamento seria no mundo real, com riscos reais. A brincadeira de verão tinha acabado.

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Ponto de vista de Daphne:

A desvantagem de passar tanto tempo em uma bolha temporal é que seu corpo fica extremamente cansado e você sente que pode dormir por 30 horas seguidas.

Ela nunca tinha passado por isso, mas Selene tinha contado sobre a vez que ela ficou um mês inteiro numa bolha temporal, então Daphne sabia mais ou menos o que esperar.

Foi na manhã seguinte, em um sábado, que Daphne se preparou para outra conversa exaustiva, uma que ela vinha temendo a anos.

Vanessa não devia sair, com sua funcionária na floricultura e Mike folgava aos sábados, então nada atrapalharia.

Ela tentou passar o café da manhã como o de qualquer outro dia, mas sabia que as outras quatro pessoas perceberiam que havia algo errado, com Bloom e Roxy sendo as únicas a entender o motivo.

Ela olhou para a porta da casa.

Por anos, aquela casa, a casa de Mike e Vanessa, foi o único lugar no universo onde as portas podiam verdadeiramente se fechar para ela. No palácio de Dominó, as portas estavam sempre abertas. Uma princesa era propriedade pública. Criados, cortesãs, médicos, conselheiros... todos entravam e saíam, e uma parte de você sempre pertencia a eles, ao título, ao reino. Ali, pela primeira vez em sua vida, ela teve o privilégio de entrar em um quarto com uma porta que só se abria se ela quisesse.

Até mesmo em sua casa, Bloom e Roxy entravam quando quisessem, nos primeiros anos. E ela sabia que tinha que agradecer a Mike e Vanessa pelas meninas terem aprendido a bater numa porta, ela sabia que não teria encontrado forças para ensinar isso as meninas, não dava pra ensinar algo que você não sabia.

E naquele dia, aquele vínculo precioso seria abalado. Por ela. Porque eles mereciam mais do que as meias-verdades que ela havia construído para protegê-los.

"Tudo bem, querida?", perguntou Vanessa, a voz suave enquanto se sentava à mesa. Roxy estava lavando a louça enquanto Bloom recolhia à mesa. "Você mal tocou na comida. E as meninas... parecem estar andando sobre cascas de ovo desde que chegaram."

Mike se encostou no balcão, os braços cruzados. Ele não disse nada, mas seu olhar era o mesmo que ele lhe dava no centro de adoção ou à beira do lago: um apoio calmo e inabalável que dizia "estou aqui, não importa o que seja".

Era agora ou nunca.

"Eu preciso contar a vocês uma coisa", disse Daphne, a voz mais firme do que se sentia. "Uma coisa que eu deveria ter contado há muito tempo."

"Vanessa... Mike... eu escondi algumas coisas sobre de onde eu vim. As palavras são difíceis, e a história é... longa." Ela olhou nos olhos deles, um apelo silencioso. "Por favor, confiem em mim. Apenas me escutem."

Houve um instante de hesitação. Vanessa olhou para Mike, que deu um leve aceno de cabeça. Juntos, eles estenderam as mãos e tocaram o pequeno cristal.

Ela se aproximou de Vanessa e tirou a pulseira que tinha dado pra ela, tantos anos atrás, diferente das que as meninas usavam. Esta era mais simples, com um único cristal azul-pálido que parecia absorver a luz da cozinha. Era a que ela passara uma noite imbuindo com a memória dela explicando tudo em frente a um espelho, tantos anos atrás.

Ela bateu o cristal contra a mesa, usando sua magia no cristal para ativá-lo. O gatilho seria que a memória fosse mostrada se Vanessa dissesse que algo havia acontecido com Daphne, algo como 'Daphne desapareceu', 'Daphne morreu', 'Daphne foi levada'.

Era mórbido? Sim, mas era eficaz.

Uma espécie de holograma apareceu do cristal e Daphne prendeu a respiração enquanto observava seus rostos. Foi como assistir a um filme mudo da sua própria vida. Bem, não deixava de ser. Sua voz surgiu em meio as imagens, narrando algumas coisas. Ela viu a confusão inicial dar lugar ao choque, os olhos de Vanessa se arregalando ao ver o céu de fogo de Dominó.

Viu a mandíbula de Mike se apertar com uma raiva protetora ao vislumbrar as figuras sombrias das Bruxas. Viu o horror em seus rostos quando a neve antinatural cobriu o reino e quando as bruxas chegaram até ela e seus pais.

Viu a empatia inundá-los quando a viram, tão jovem, fugindo com um bebê em chamas nos braços e choque ao verem Mike chegar até ela e Bloom, as duas em meio ao fogo e Daphne ainda vestida com um vestido chique. E, finalmente, viu a compreensão dolorosa quando as memórias mostraram sua luta na Terra, Morgana, os bruxos e, finalmente, o resgate de uma pequena Roxy.

Então, a memória dela olhando para o espelho veio, com ela contando tudo que aconteceu e explicando como e porquê chegou a Terra, que ela era uma fada e que sua irmã e sua afilhada também eram. Que ambas corriam perigo, que ela não sabia o que havia aocntecido com seus inimigos. E finalmente, ela contando sobre cada medida protetora que fez, como ela pôs barreiras mágicas ao redor da casa deles e da dela, como as pulseiras das meninas escondiam seus rastros mágicos, sobreos grimórios, os diários com toda magia acidental que Dpahne via as meninas fazerem e que ela suspeitava que kiko e Artu eram familiares das meninas e o que isso acarretava.

Quando a versão dela no holograma disse que entenderia se eles a odiassem por isso e que esperava que eles estivessem seguros, o cristal parecia mais opaco, como se tivesse se esgotado. O silêncio na cozinha era pesado, denso de um jeito que ela sempre detestou. As meninas olhavam de trás, também esperando a reação dos dois.

Vanessa tinha lágrimas silenciosas escorrendo pelo rosto. Mike parecia ter envelhecido dez anos, o olhar fixo na mesa, processando. Ela entrou em sua forma Bloomix, ali no meio da cozinha, só para provar que aquilo que viram era real.

E então, Daphne quebrou o silêncio, a voz baixa. "Eu não contei para proteger vocês quatro. Uma coisa é ser uma fada e não saber, como as meninas. Outra, completamente diferente, é saber da verdade. É um risco muito grande. Eu não queria tornar nenhum de vocês um alvo para os meus inimigos."

Mike finalmente levantou a cabeça, os olhos encontrando os dela. Não havia julgamento ali, apenas uma pergunta prática, a pergunta de um pai. "Quem mais sabe?"

"Eu contei para as meninas ontem. E para vocês, agora", respondeu ela. "A única outra pessoa que sabe é outra fada, mas ela está presa. Morgana, a mãe de Roxy. E duas outras criaturas mágicas que conheci aqui na Terra, uma sereia e uma dríade, que também se escondem muito bem e são praticamente irrastreáveis."

Vanessa soltou uma risada trêmula, quase um soluço, enquanto enxugava o rosto. "Então...", disse ela, a voz rouca. "Isso explica aquela águia que vive no seu quintal e parece entender tudo o que você diz."

Daphne sentiu um alívio imenso com aquele vislumbre de normalidade. "Arabella. Ela é minha familiar. É um laço mágico. Não importa para onde eu vá, ela sempre voltaria para mim."

Mike se aproximou e colocou uma mão firme no ombro de Daphne, exatamente como fazia quando sentia que ela precisava de um lembrete de que não estava sozinha. "Daphne. Nós sempre soubemos que havia mais em sua história. Nunca, em nossos sonhos mais loucos, imaginaríamos... isso. Mas não muda quem você é para nós."

"Esta casa...", começou Vanessa, a voz mais forte agora. "Sempre foi sua. Você, vocês três são nossa família. Não importa o que, eu acho que entendo por que você fez isso, queria que você tivesse nos contado antes, mas é compreensível você não ter falado nada."

As meninas se jogaram nos dois, mostrando que ela não era a única ansiosa com a reação deles e o peito de Daphne, apertado pela ansiedade por horas, finalmente se aqueceu. Eles eram sua família. A família que ela escolheu, que a escolheu de volta.

Às vezes, ela sonhava em voltar para Dominó, com seu planeta seguro e suas meninas lá, com Mike e Vanessa ao seu lado, vivendo como uma grande e estranha família interplanetária. Era o otimismo inerente de uma fada.

Mas então a realidade a atingia, e ela não conseguia pensar em Dominó sem lembrar da onda de gelo que cobria sua casa e do vazio assustador onde antes estava o elo com seus pais.

Talvez Dominó nunca mais fosse o que era antes, talvez seu poder nunca fosse suficiente para restaurar seu planeta. Mas ali, naquela cozinha em Gardênia, com a aceitação incondicional nos olhos de um bombeiro e uma florista, ela se sentia em casa.

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- E aí, gostou? Valeu a pena a espera?

- A imagem lá de cima é uma águia-real, a Arabella

- Eu juntei todos os meus planos sobre o que Daphne poderia fazer antes de Bloom ir para Alphea nesse capítulo.

- Nunca falei o sobrenome que Daphne escolheu para elas, então coloquei aqui. Então, apesar de elas não constarem legalemente como família de Mike e Vanessa, lembre-se que eles moram perto e que eles participaram ativamente da criação das meninas. Eu só não sou boa em escrever várias perspectivas de uma vez, então mantive o foco em Daphne. O capítulo 31 foi meu jeito de mostrar que o Mike e Vanessa estão lá sim. 

- Falei da pulseira de Vanessa no caítulo 17. Novamente, mostrando que eles sempre estiveram lá.

- O que acharam da reação do Mike e da Vanessa?

-  Quando falo dos olhos de Bloom me refiro a isso:

-Alguma ideia do que vai acontecer no próximo capítulo?

-Alguma ideia do que vai acontecer no próximo capítulo?

 

Chapter 40: Stella

Chapter Text

Três dias se passaram desde a noite em que a verdade fora derramada sobre a mesa da cozinha junto com o chá de camomila. Três dias de uma nova e frágil normalidade.

Para a surpresa de Daphne — uma surpresa imensa e aliviada —, Mike e Vanessa estavam lidando com a avalanche com uma graça que ela jamais ousaria esperar. Aproveitando as férias escolares das meninas, Daphne passava os dias na casa deles, supervisionando o que ela chamava, em sua própria mente, de "período de aclimatação".

Ela passou a integrar a magia na rotina deles. Começou de forma sutil, é claro. A louça na pia se lavava sozinha, empilhando-se de forma ordenada no escorredor. A vassoura, encostada em um canto, ganhava vida e varria migalhas do chão sem que ninguém a segurasse. Legumes para o jantar eram fatiados no ar por uma faca flutuante, e a comida era aquecida sem a necessidade de um forno, irradiando um calor perfeito.

Mike assistia a tudo com uma sobrancelha perpetuamente arqueada e um novo hábito de resmungar "Certo, por que não?". Vanessa, por sua vez, ainda dava um pequeno pulo quando a vassoura passava por seus pés, mas logo em seguida balançava a cabeça com um sorriso de quem já não se surpreendia com mais nada. Eles estavam se adaptando.

No dia anterior, Daphne decidira testar os limites dessa nova aceitação. Ela trouxe Arabella. A presença da águia-real, no entanto, pareceu ser o limite da estranheza que eles podiam suportar. A forma como os olhos inteligentes de Arabella seguiam cada movimento, o tamanho imponente de suas asas quando ela se espreguiçava ao sol...os perturbava.

Em meio a essa aclimatação, ela manteve as aulas das meninas, mas por enquanto, apenas na segurança de sua própria casa, protegida por barreiras de sangue e outras testadas e aprovadas pela família real de Dominó.

Em breve, Daphne teceria novas proteções para abafar o rastro mágico delas na casa de Mike e Vanessa também. As pulseiras das meninas eram funcionais quando se tratava de esconder o rastro mágico delas, mas Daphne era, por natureza e por trauma, cautelosa. Confiar em um único feitiço, por mais forte que fosse, era um luxo que sua história a ensinara a não ter.

Ela não arriscaria que algo desse errado. Não depois de tantos anos de um silêncio bem-sucedido.

Daphne também tinha seguindo os caprichos de Roxy, para a consternação de Bloom, e levou todos uma viagem ao Canadá. Claro, agora que todos sabiam da magia, ela tinha aberto um portal para lá ao invés de ir de avião. Bem, tinha levado o carro com um portal até a fronteira, cruzado a divisa e de lá feito outro portal para a cidade onde ficariam.

Ter o governo de dois países fuçando em suas vidas por conta de cruzamentos de fronteiras não era sua intenção, e pequenas pausas entre os portais eram um inconveniente mínimo pela segurança que proporcionavam.

A proteção de Morgana ainda estava ativada e Daphne estava camuflada na própria magia do planeta, nada que ela fizesse seria sentido por nenhum de seus inimigos. Ela gostaria que as meninas tivessem essa mesma proteção, mas eram novas demais quando Morgana foi capturada. E Roxy, provavelmente a única que conseguiria fazer o mesmo, era completamente inexperiente nisso, além de ainda não ter amadurecido completamente.

Daphne voltou sua atenção para a tela do laptop, terminando de reservar um chalé aconchegante na Itália, seu próximo destino de férias. Estava prestes a confirmar o pagamento quando ouviu a voz das meninas na rua. Elas pareciam estar discutindo e Daphne foi ver do que se tratava.

Uma moto estava na calçada, terrivelmente estacionada por sinal e Mitzi, a colega que foi provocar Bloom na inauguração do centro de animais, estava olhando para suas meninas zombeiramente. Duas outras meninas estavam lá também, com roupas semelhantes à de Mitzi, elas segurando bicicletas, cercando suas meninas.

A postura de Mitzi era um estudo em arrogância; o queixo erguido, um sorriso que não alcançava os olhos. Arrogância descabida é claro, mesmo para uma adolescente, aquilo era demais. As outras duas, pareciam que só estavam seguindo Mitzi, eram arrogantes também, mas não tanto quanto Mitzi era.

Daphne suspirou, mas não se moveu. Mike estava certo. Suas meninas sabiam se virar. Tinham que criar suas próprias asas.

"Ora, ora, se não é a dupla dinâmica de Gardênia", disse Mitzi, a voz pingando uma falsa doçura que faria o mel azedar. Ela olhou para Bloom de cima a baixo, o sangue de Daphne ferveu com aquilo. "Ouvi dizer que você ganhou um presente de 'fim de ano letivo'. Uma bicicleta. Que... fofo." As amigas dela deram risadinhas ensaiadas, apesar delas próprias estarem com bicicletas. "Eu ganhei uma moto. Uma Ducati novinha."

Daphne, da janela, sentiu um sorriso divertido se formar em seu rosto. Mitzi não fazia ideia da belíssima moto italiana, um modelo de corrida customizado, que estava coberta por uma lona na garagem delas — um presente de dezesseis anos para Bloom que aparentemente Mitzi ainda não tinha visto.

Bloom, para seu crédito, apenas sorriu de volta para Mitzi, um sorriso calmo e ligeiramente entediado. "Motos são legais. Mas bicicletas são ótimas para a saúde, Mitzi. Evitam o sedentarismo, sabe."

A resposta polida pareceu desarmar Mitzi por um segundo. Frustrada por não ter conseguido a reação que esperava, ela mudou de tática, o veneno em sua voz se tornando mais evidente. Para alguém tão mesquinha quanto ela parecia, a garota não era tão afiada. "Falando em coisas baratas... vão viajar esse ano, Bloom? Deixa eu adivinhar, a mesma praia de sempre, só você e sua pequena irmãzinha?" O jeito que ela disse "pequena irmãzinha" foi um insulto direto a Roxy.

Sinceramente, era bom ver outras pessoas as chamando de irmãs, pois isso que elas eram. Ela continuou sem dizer nada, queria ver até onde esse garota estava disposta a ir.

Bloom nem piscou. Ela deixou o silêncio se estender por um momento, antes de responder com uma calma glacial, o olhar passando por Mitzi da cabeça aos pés e se demorando nos sapatos caros, mas sem gosto.

"Na verdade, vamos para o Canadá. E honestamente? Melhor eu e minha irmãzinha sozinhas no Canadá, do que..." ela olhou Mitzi de cima a baixo enquanto dizia. "com que com má companhia;"

O golpe foi certeiro. A cor subiu pelo pescoço de Mitzi. Antes que ela pudesse formular uma resposta, Roxy, que até então observava a cena, deu um passo à frente. Ela não olhou para Mitzi. Em vez disso, focou nas duas amigas dela, que pareciam subitamente desconfortáveis.

Roxy lhes deu um sorriso pequeno e genuinamente simpático. "Aproveitem suas férias, e boa sorte, meninas." Ela fez uma pausa, o tom se tornando quase confidencial. "Vão precisar."

Foi um movimento de mestre. Não foi um ataque direto, foi um ato de compaixão fingida que expôs a verdade: ser amiga de Mitzi era um trabalho árduo e ingrato. As duas garotas olharam para o chão.

Mitzi ficou boquiaberta, sem palavras. Ela foi superada não com gritos ou insultos, mas com uma elegância fria que ela não sabia como combater. Bloom e Roxy, em uma sincronia perfeita, se viraram e continuaram seu caminho em direção a casa, sem olhar para trás.

Da janela, Daphne sentiu uma onda de orgulho tão forte que quase a fez rir. A lição mais importante que ela poderia ensinar — a de que a verdadeira força não está em como você ataca, mas em como você se mantém firme — tinha sido aprendida.

Roxy entrou primeiro, indo direto para a cozinha em busca de um copo de água. Bloom parou na sala, olhando para Daphne com um brilho travesso nos olhos.

"O que foi?", perguntou Roxy, tentando manter o rosto sério.

"Ela não sabe da moto na garagem, não é?", perguntou Daphne com um sorriso ainda no rosto.

"Não.", Bloom respondeu, piscando pra ela, com um sorriso malicioso no rosto. "Mas talvez, eu precise passar pela rua dela esta tarde, faz tempo que não vou lá, não acha?"

Roxy foi a primeira delas a cair na gargalhada.

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Bloom girou a chave da moto entre os dedos, ainda rindo da cena de mais cedo e desceu as escadas. Daph e Roxy estavam lá, preparando um bolo. De morango provavelmente, já que Roxy estava ajudando.

"Ahh, minha flor, você não perde tempo hein?" disse Daph com um sorriso malicioso, apoiando o queixo na palma da mão enquanto a observava.

Bloom fez a expressão mais inocente que conseguia, sorrindo lindamente e inclinando a cabeça enquanto arqueava as sobrancelhas.

"Nem tenta, Bloom," disse Roxy. "Você parece culpada desde o primeiro degrau."

"Olha quem fala," retrucou Bloom, pegando a toalha dobrada no encosto do sofá e a cesta de vime. "Você faz essa mesma cara toda vez que inventa desculpa pro tio Mike."

"Mentira! Eu jamais faria isso."

"Você sempre fica suspeitamente sorridente," acrescentou Daphne, jogando mais farinha na tigela e apontando a colher para Roxy.

Roxy apenas deu de ombros, nem um pouco arrependida. Bloom já ia saindo quando Daphne a chamou;

"Leva a toalha e a cesta pro parque, minha flor? Está tudo pronto. E passa no mercado, por favor — estamos sem laranjas."

"Também pega morangos!" disse Roxy, surgindo ao lado com uma colher de massa crua que ela claramente não pretendia dividir.

"Você tem um vício," respondeu Bloom, arqueando a sobrancelha com um sorrisinho.

"E compra chocolate também," Roxy completou, ignorando o que Bloom falou. "Só por precaução."

Bloom suspirou dramaticamente, mas o sorriso no rosto a denunciava. "Vocês sabem que se eu passar pelo mercado, o chocolate já está garantido, né?"

"Sabemos," disseram Daphne e Roxy em uníssono.

"Vai demorar muito o bolo? Volto pra cá ou encontro vocês direto no parque?"

"Tá quase pronto, só o tempo de assar," respondeu Daphne, limpando as mãos no avental. "Pode ir na frente, se quiser. A gente só vai passar pra pegar o Mike e a Nessa."

"Fechado," assentiu Bloom.

Ela foi até a moto estacionada na garagem, Kiko já estava sentado do lado da moto. Bloom o pegou no colo com cuidado, depositando-o na cestinha frontal da moto.

"Pronto, seu pequeno mimado," disse ela, alisando suas orelhas.

A parada no mercado foi rápida, menos de 15 minutos e pronto. Já com a sacola pendurada amarrada no banco de trás da moto, Bloom foi direto para a rua de Mitzi, com o cabelo ruivo característico solto nas costas. Passou devagar, mas a calçada em frente à casa da megera estava deserta.

"Nada como um pouco de expectativa frustrada pra manter a reputação," murmurou Bloom para si mesma, dando um pequeno sorriso antes de seguir em frente, girando a moto por uma das ruas paralelas do bairro.

E então ela ouviu.

Um grito. Agudo e alongado. E completamente furioso.

Bloom reconheceria aquele som em qualquer lugar.

Ela freou levemente, girou a cabeça para trás com um sorriso largo e triunfante. E lá estava Mitzi, parada no meio da rua, boquiaberta, olhando diretamente para ela com olhos esbugalhados de incredulidade e indignação.

Bloom ergueu a mão com naturalidade e acenou. Em seguida, pisou no acelerador e saiu rindo alto, o som de sua gargalhada se misturando ao ronco da moto enquanto ela seguia em direção ao parque.

Ela estendeu a toalha xadrez, alisando as pontas. A cesta de piquenique estava num dos cantos, e então se virou pra Kiko, que estava esperando.

"Vai, mas não se mete em confusão, tá?" disse com um sorriso.

Kiko saltitou alguns metros, farejando o ar como se o mundo fosse novo toda vez que ele saía. Bloom se sentou com as pernas cruzadas, os olhos acompanhando os movimentos do coelhinho. A brisa trazia o cheiro bom de uma floresta, e ela fechou os olhos por um instante, concentrando-se.

Daphne tinha sido clara sobre não usar muita magia fora das proteções de casa, mas aquilo era seguro. Era só ela e Kiko. Só um teste.

Não seria mais do que ela e Roxy vinham fazendo na casa da tia Nessa e Daph tinha deixado elas fazerem aquilo.

Bloom inspirou fundo, esvaziando a mente e procurando pela presença de Kiko. O elo os conectou por um breve instante: sensações misturadas, como se ela pudesse sentir o vento contra os bigodes de Kiko, o calor da terra sob suas patas. E então... pavor.

Kiko congelou, e no instante seguinte disparou em direção às árvores com um guincho agudo. Bloom se levantou num salto, o coração disparado e correu atrás dele.

Um estrondo ecoou pela mata próxima. Um segundo depois, um rugido grave cortou o ar, e Bloom acelerou.

Kiko estava em uma parte com poucas árvores e correu em sua direção na hora. Um bicho marrom estava atrás dele e Bloom o chutou com toda força.

Um grito revoltado veio e Bloom olhou na direção. Uma menina loira, com um cetro brilhando na mão, chutava e batia em outros daqueles bichos marrons. E a menina tinha assas.

Muito menores que as de Daphne, mas ainda assas. Era uma fada.

A menina, a fada, usou sua magia e bateu o cetro no chão, fazendo uma explosão de energia amarela. Incrível

Um dos bichos marrons foi jogado na direção de Kiko, que se jogou no toco de madeira aterrizado.

Ela já tinha visto suficiente. A fada era boa, forte, mas ajuda era sempre bem-vinda.

Antes que ela pudesse se juntar a luta uma criatura amarela saiu do meio das árvores.

Um troll, pensou Bloom, embora nunca tivesse visto um antes. Ela congelou ao ver aquilo.

A criatura rugiu e avançou, com vários monstrinhos marrons aparecendo e segurando os braços e pernas da fada e pelo grito um deles tinha mordido ela. Um deles pegou o cetro da fada e Bloom olhou ao redor, desesperada. Nenhuma arma. Ela sabia lutar, mas aquilo... não era algo com que ela já tenha sonhado em lutar.

E então, ela fez a única coisa que podia.

"Desculpa, Daph", sussurrou.

Ela esticou a mão, sentindo o calor de sua magia se acumular dentro do peito. A magia respondeu ao chamado, e uma onda de fogo irrompeu de sua palma, derrubando o troll e os monstrinhos.

Bloom respirou fundo, sentindo o mundo girar por um segundo. Os olhos da criatura giraram em sua direção, confusos. A garota no chão levantou o olhar, surpresa.

A fada loira se levantou e pegou seu cetro de volta do chão.

O troll veio em sua direção, os braços enormes tentando agarrá-la. Como se ela fosse deixar. Ela se esquivou com agilidade, mas ele, frustrado, se virou na direção de Kiko. Sem hesitar, Bloom lançou um dos feitiços que vira nos sonhos.

Faixas de energia crepitante envolveram os pés do troll o prendendo ao chão. Quase no mesmo instante, um tiro de energia amarela veio da direita de Bloom, e a outra fada explodiu as criaturas menores em uma chuva de luz.

"Obrigada!", gritou Bloom, mas um arrepio de pânico vindo do elo com Kiko a fez virar. Um dos bichos restantes corria na direção de seu coelho. Ela reagiu por instinto, disparando um feixe de magia que desintegrou a criatura.

Um segundo depois, um escudo translúcido se formou ao redor dela. Bloom se virou a tempo de ver outro monstrinho recuando, as mandíbulas escancaradas onde sua perna estivera um instante antes. Um calor suave em seu peito a fez olhar para baixo. Seu colar brilhava levemente. Obrigada, Daph, ela pensou, nunca imaginando que um colar pudesse ser tão útil.

"Você não me assusta mais", Bloom ouviu a fada dizer. Ela estava brilhando com uma aura dourada e intensa, e com um grito, lançou um raio de energia no troll imobilizado.

O troll, ainda preso no feitiço de Bloom e agora sofrendo com o novo ataque, disse: "Nós veremos de novo, fadinha". Uma energia roxa começou a cercá-lo, envolvendo também os monstrinhos restantes, e todos desapareceram em um teletransporte distorcido que deixou para trás um cheiro de ozônio queimado.

"Até que enfim eles foram embora", disse a fada, a voz exausta. E, como se essa fosse a deixa, a aura dourada ao seu redor piscou e se apagou. Seus joelhos cederam, o cetro desapareceu em um brilho de luz e ela desabou no chão, a transformação se desfazendo.

Daph vai me matar! O pensamento gritou na mente de Bloom, abafando todo o resto.

Sem tempo para pânico, ela correu até a garota desmaiada e checou seu pulso. Estava viva. Ok. Ela decidiu ser, no mínimo, eficiente.

"Kiko, fica com ela, eu já volto!", Ela disse e correu de volta até o local do piquenique, agarrou a cesta, a toalha e a sacola do supermercado com uma velocidade desesperada e voltou para junto dos dois.

Com o coração martelando contra as costelas, ela pegou a mão da fada desacordada enquanto Kiko subia rapidamente por seu braço, se aninhando em seu ombro. Ela respirou fundo e disse as palavras de ativação da pulseira, a voz firme apesar do tremor em suas mãos.

"Varðveittu mig!"

E o mundo se dissolveu em luz.

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Daphne estava enrolando o bolo em um pano para levar pro piquenique quando tudo que ela menos esperava aconteceu.

Um clarão apareceu bem na sua frente e ali estavam Bloom, agarrada ao material do piquenique, com Kiko tremendo em seu braço, e uma garota loira desacordada, sendo segurada por ela.

A pulseira de Bloom ainda emitia um brilho fraco. A desconhecida estava vestida como uma solariana. O coração de Daphne parou. O medo — gelado e paralisante — a atingiu em ondas: o medo de Bloom ter se exposto, de ter sido atacada, das Três Desencarnações a terem encontrado. O medo de que sua casa, seu santuário, não fosse mais seguro.

Foi apenas o olhar desesperado no rosto de Bloom que a arrancou do pânico

Foi apenas o olhar desesperado no rosto de Bloom que a arrancou do pânico. Sua mente, treinada para crises, graças ao treinamento de princesa de Dominó, assumiu o controle.

"Você está ferida?", ela perguntou, essa era sua prioridade máxima no momento.

"Eu tô bem, só cansada", respondeu Bloom, ofegante. "Mas acho que ela não está." Ela apontou para o braço da garota, de onde o sangue escorria, manchando o tecido laranja e dourado.

"O que aconteceu?"

"Ela estava lutando contra um troll e um bando de monstrinhos no parque.", Bloom disse e então olhou diretamente para Daphne "Ela é uma fada, Daph"

"Tem certeza?"

"Ela tinha assas e eu a vi ela voando"

"Certo, então." Daphne assentiu, já em movimento. "Me dê essas coisas." Ela pegou a cesta e a toalha das mãos de Bloom, largando-as no chão ao seu lado. "Solte-a com cuidado."

Enquanto Bloom ajeitava a garota no tapete, Daphne se ajoelhou, as mãos brilhando com uma luz suave. Ela fez um feitiço diagnóstico, seus dedos pairando sobre o corpo da fada. Mover alguém com ferimentos internos era perigoso.

"E aí?", perguntou Bloom, a ansiedade evidente.

"Ela está bem. Só o ferimento no braço e alguns arranhões", disse Daphne, aliviada, até que sua magia sondou o corte mais a fundo. Sua expressão se tornou sombria. "Esse ferimento é amaldiçoado."

Ela viu o terror nos olhos de Bloom, um reflexo do medo que a própria Bloom sentia por sua maldição, e Daphne percebeu o problema.

"Não é nada como a minha maldição, Bloom", ela a tranquilizou a voz suave apesar do aperto em seu próprio peito. "É tratável. Pó de fada resolveria, mas eu posso dissolver isso como se nunca tivesse existido."

O suspiro aliviado de Bloom fez o coração de Daphne doer. Ela quase se arrependia de ter contado sobre sua própria maldição, mas era o tipo de verdade que não podia ser escondida.

"Tire as almofadas do sofá, Bloom."

Sua irmãzinha se levantou rapidamente e jogou as almofadas no chão. Daphne então, envolveu a fada com sua magia para levitá-la até o sofá.

"O que está acontecendo?", a voz de Roxy veio da escada, horrorizada.

"Bloom a encontrou no parque. Ela foi atacada por um troll", explicou Daphne.

"E ela é uma fada", completou Bloom.

"Espera aí, sério?!" Roxy correu até o sofá, os olhos curiosos analisando a garota desmaiada. "Bem, com essas roupas, ela definitivamente não pode ser deste planeta."

Agora que Roxy mencionou, Daphne parou para analisar a garota. Devia ter a idade de Bloom. Pelas roupas, era uma solariana, e uma rica. Agora esse halo no cabelo... "Bloom, ela disse o nome dela?"

"Não, ela desmaiou assim que os monstros foram embora."

"Entendo", disse Daphne. "Vou esperar ela acordar para curar o ferimento. Uma maldição é instável, é melhor ela estar consciente." Ela se virou para Bloom, cruzando os braços. "Quer me explicar exatamente o que aconteceu?", perguntou, o tom deixando claro que não era um pedido, era uma exigência.

Bloom respirou fundo. "Bem... eu estava no parque com Kiko, testando o elo com ele. Aí ele ficou com medo de repente e eu ouvi uma explosão. Tinha um bicho, marrom e feio, indo pra cima dele e eu..."

"Deixa eu adivinhar. Você o chutou", Roxy bufou, da poltrona.

"Sim, eu o chutei. Com força. Continuando...", disse Bloom, lançando um olhar feio para Roxy. "Aí a garota, a fada, se levantou e pegou o cetro dela de volta, parecia que pó objetivo era o cetro na verdade. O troll tentou agarrá-la, mas ela desviou, e ele se virou de novo para o Kiko. Não tinha outro jeito, Daph. Ele ia me atacar e eu não tinha nenhuma arma no momento. Usei um daqueles feitiços dos sonhos. Funcionou."

Ela fez uma pausa, os olhos buscando a aprovação de Daphne, e então continuou.

"Aí ela me ajudou. Lançou uma magia amarela e explodiu os outros bichos enquanto eu protegia o Kiko. Foi quando uma das criaturas veio pra cima de mim por trás. O colar... uhum...ele brilhou e formou um escudo." A admiração em sua voz era palpável. "A fada loira ficou... furiosa, agora eu acho que deve ter sido por causa da mordida. Ela brilhou inteira e atacou o troll de novo. Aí ele usou uma magia roxa estranha e... sumiu. Com todos os outros."

Ela finalmente parou para respirar. "Ela só disse 'até que enfim eles foram embora' e... desmaiou. A transformação dela sumiu, tudo. Eu entrei em pânico e ativei a pulseira pra vim até você."

Seus olhos encontraram os de Daphne, e pela primeira vez, havia uma vulnerabilidade ali, um reconhecimento de que ela estava sobrecarregada. "Eu não sabia mais o que fazer. Então... eu só pensei em trazer ela para cá. Carregar ela até a moto ia ser difícil, ainda mais que todo mundo ia estranhar uma garota desmaiada e vestida desse jeito."

O medo de Daphne, um nó gelado em seu estômago, ameaçou subir e sufocá-la. Um troll. Em Gardênia! Uma fada inconsciente em sua sala de estar. Cada palavra de Bloom era um prego no caixão da vida segura que ela tentara construir. Sua mente disparou, calculando as implicações, as ameaças, as dezenas de formas como aquilo poderia dar terrivelmente errado.

Mas então ela olhou para Bloom. Viu a adrenalina da batalha finalmente dando lugar à exaustão, a incerteza em seus olhos. Viu sua irmã mais nova, que acabara de enfrentar monstros e magia sombria, procurando por sua aprovação, por um sinal de que não tinha estragado tudo.

Naquele instante, o pânico recuou, e a irmã mais velha assumiu o controle. Ela não deixaria Bloom se preocupar com isso. O fardo era dela para carregar.

Daphne deu um passo à frente, fechando a distância entre elas, e colocou uma mão suave no ombro de Bloom.

"Tudo bem, minha flor", disse ela, a voz calmo e firme. "Você fez a coisa certa."

Ela apertou o ombro de Bloom gentilmente, forçando-a a encontrar seu olhar. "Você protegeu Kiko. Você defendeu uma fada em perigo de um inimigo que não conhecia. Isso não é só a coisa certa a se fazer, Bloom. É coragem."

O alívio que inundou o rosto de Bloom foi quase palpável. Daphne sentiu os ombros da irmã relaxarem sob seu toque.

"Eu...", começou Bloom, mas Daphne a interrompeu, oferecendo a absolvição final.

"Eu teria feito exatamente a mesma coisa no seu lugar", disse ela, e era a mais pura verdade. Proteger, lutar, e quando sobrecarregada, procurar por família. Foi isso que Daphne incutiu nas duas desde crianças.

Ela deu a Bloom um sorriso, um que dizia 'estamos juntas nisso'. "Agora, descanse, minha flor. Você merece. Eu vou pegar um pedaço de bolo para você e para nossa convidada."

"Tá bom, obrigada, Daph", murmurou Bloom, se aconchegando nas almofadas que jogara no chão, o corpo finalmente cedendo à exaustão da adrenalina.

Daphne se retirou para a quietude da cozinha e se apoiou na parede fria, fechando os olhos por um instante. Um suspiro que carregava o peso de dezessete anos de exílio escapou de seus lábios. O destino, ela pensou com uma ironia amarga, tinha um senso de humor perverso. O Livro do Destino, com todas as suas profecias e caminhos traçados, nunca havia dito nada sobre ela ir para a Terra. Nunca, em seus sonhos mais loucos, ela teria imaginado estar ali.

Suas meninas eram a bênção inesperada em sua vida. Foram elas que mantiveram sua sanidade intacta, que a ancoraram em meio à destruição de tudo que ela conhecia. Seu planeta provavelmente ainda era uma bola de gelo inóspita e silenciosa.

Ela e Bloom, com o poder combinado de suas chamas, talvez pudessem um dia derreter aquele gelo. Mas quem habitaria o planeta vazio? Ela esperava que houvesse outros sobreviventes, mas temia que não. Se Lídia, uma ninfa experiente e imensamente poderosa, tivera dificuldades na batalha por Dominó, que esperança o povo comum tivera?

Ver aquela garota solariana era como cutucar uma ferida antiga que nunca cicatrizou de verdade. Daphne tentava não pensar nisso com frequência, mas a lembrança estava sempre lá. Ela só podia agradecer por não ser uma fada do tempo. Se tivesse esse poder, com certeza o teria usado para tentar evitar o ataque a Dominó e, no processo, teria trazido caos infinito a toda a dimensão. Ela não invejava o poder de Selene nem um pouco.

Provavelmente, esse era o fim da vida escondida na Terra. Logo, suas meninas iriam sair do planeta e ficar expostas a todo tipo de criatura. E com a sorte que pareciam ter, se meteriam em todo tipo de problema.

Não era hora para isso. A hora para se preocupar seria mais tarde, à noite, em sua cama, com Arabella lhe confortando.

Ela se afastou da parede e, com mãos firmes, cortou fatias generosas do bolo recém-casado. O piquenique estava cancelado, mas um pouco de açúcar não faria mal.

Ela levou os pratos para as meninas, deixando um extra na mesinha de centro para quando a fada adormecida despertasse. Então, se sentou na poltrona, a postura relaxada, mas os olhos atentos, compostos. Uma rainha em sua corte improvisada.

O silêncio na sala foi quebrado alguns minutos depois. Primeiro, por um gemido baixo e dolorido vindo das almofadas.

Três pares de olhos se viraram instantaneamente para a figura loira. As pálpebras da garota tremeram e se abriram lentamente. Seus olhos, cor de âmbar e terrivelmente familiares, piscaram, confusos, enquanto tentavam focar no teto desconhecido. Ela tentou se sentar, mas uma pontada de dor em seu braço a fez recuar com um chiado.

Bloom se levantou e se ajoelhou ao lado dela, movendo-se com uma calma que esperava ser contagiante. "Calma. Você está segura."

Os olhos da garota focaram em Bloom, a confusão ainda ali. "Onde... onde eu estou?", sua voz era rouca. "O troll...?"

"Ele se foi", assegurou Bloom.

A garota olhou além de Bloom, vendo Daphne e Roxy. Ela pareceu processar a informação e, com uma determinação que impressionou Daphne, empurrou-se para uma posição sentada, a expressão de dor controlada pela disciplina. Seu olhar, agora mais claro, varreu o ambiente antes de se fixar novamente em Bloom.

"Você!", disse ela, o reconhecimento faiscando em seus olhos. "A garota do parque! Você luta muito bem. Eu não esperava encontrar ninguém com magia na Terra." Ela franziu a testa, o olhar se tornando inquisitivo. "Você me parece familiar. Nós já nos conhecemos?"

"Não, nunca nos vimos", Bloom respondeu honestamente, mas não disse mais nada. Ela estava sendo cautelosa, na época da bolha temporal, Daphne fez questão de martelar a importância do segredo de sua família. "Me chamo Bloom, essas são Roxy e Daphne. Daph pode curar seu braço se você quiser"

"Bloom... e Daphne?", Stella repetiu os nomes, e seu olhar alternou entre as duas irmãs. Havia um brilho de algo, uma tentativa de conectar peças de um quebra-cabeça antigo. Como se precisasse de mais tempo para pensar, ela se virou para Daphne e disse, "Ah, claro. Se puder", estendendo o braço ferido. "Eu me chamo Stella."

"Como conseguiu usar magia aqui na Terra, Stella?", Daphne perguntou enquanto fazia um feitiço de cura combinado com um quebrador de maldições. "A maioria das transformações são instáveis aqui."

"Era o meu anel", Stella disse mostrando a mão e Daphne se amaldiçoou por não ter visto antes.

O Anel de Solaria.

Claro.

"Posso ver?", perguntou Daphne.

Stella, hesitante, tirou o anel e o entregou. Com uma mão ainda curando o braço da princesa, Daphne canalizou uma gota de sua própria magia na joia. Com um flash de luz, o anel se expandiu, transformando-se em um cajado.

"O que é isso?" perguntou Roxy.

"É uma herança que está na minha família desde sempre", explicou Stella. "Me ajuda com meus poderes. Mas não sei por que funcionou com outra pessoa tão bem."

Porque ele foi forjado com um pequeno fragmento da Chama do Dragão, pensou Daphne, sentindo o poder familiar zumbindo no cajado. A família real de Solaria tinha poderes de luz, mas, mais importante, a avó de Oritel, sua própria bisavó, fora uma princesa de Solaria. "Nossas energias mágicas são semelhantes", disse Daphne.

Um arrepio gelado percorreu sua espinha. Ela se lembrou de um relatório de Griffin, anos atrás. Valtor sabia do anel. Ele só não o pegou durante a guerra porque, segundo a bruxa, ele se recusou a buscar o anel em favor de ir atrás do "grande prêmio": a Chama do Dragão em si.

Alguém atacou Stella na Terra, usando um troll e magia sombria. Será que...?

Não. Daphne forçou a calma. A verdadeira origem do anel não era de conhecimento público. Se as Bruxas Ancestrais soubessem, já o teriam buscado há muito tempo. Quem quer que tenha atacado Stella, provavelmente não era um servo delas. Pelo menos, Daphne esperava que sim.

Stella a olhava de forma estranha, sentindo a mudança na atmosfera. Finalmente, ela perguntou de novo, a voz mais firme. "Vocês duas", disse ela, apontando para Daphne e Bloom. "Tenho quase certeza de que já as vi."

Roxy e Bloom olharam para Daphne, esperando sua deixa.

Daphne não disse nada. Com uma calma deliberada, ela reverteu o cajado para sua forma de anel e o devolveu à mão de Stella. Com um último brilho suave, a ferida no braço da princesa se fechou, deixando apenas pele lisa. "Pronto. Vai ficar um pouco sensível por algumas horas, mas a maldição se foi."

Ela então se recostou em sua poltrona com a postura perfeitamente alinhada e encontrou o olhar da jovem.

"Você deve ter visto um retrato parecido com o meu no hall dos ancestrais da casa de sua mãe, Princesa Stella", disse Daphne, a voz tranquila.

Stella congelou, os olhos dourados se arregalando em choque e descrença. "Você..., mas a Ninfa... a princesa... ela está... você não pode ser."

"Eu entendo o choque, posso imaginar o que inventaram sobre mim. Sou Daphne, filha primogênita de Oritel e Marion de Dominó." Ela fez um gesto suave na direção das meninas. "E estas são minhas protegidas, Bloom e Roxy. É um imenso prazer revê-la, Princesa Stella. Da última vez que a vi, você ainda nem andava."

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- O que achou?

- Quiz fazer essas cenas delas pra mostrar mais da dinâmica familiar.

- Varðveittu mig significa proteja-me em islandês. Uso o islandês para representar a língua antiga de Dominó. Mencionei a função de teleporte da pulseira no capítulo 33.

- Lídia é uma ninfa mencionada no capítulo 2

- Mencionei a avó solariana de Daphne no capítulo 30

- E aí, como acha que a Stella vai reagir a isso???

- Imagine a Roxy se contendo para não fazer muitas perguntas por enquanto.

- Como já disse muitas vezes, a personalidade de Bloom e Roxy são diferentes e esse trecho entre a Bloom e a Mitzi é mais um jeito de mostrar isso. Além disso, aqui a Daphne é uma pessoa que fez bons investimentos e tem muito dinheiro.

-Vou falar mais sobre isso no próximo capítulo, mas aqui está meu grupo de primas de segundo grau:

 

-FIZ UMA DESCOBERTA!!! A Daphne originalmente tinha olhos azuis, inclusive a primeira boneca dela tinha olhos azuis

-FIZ UMA DESCOBERTA!!! A Daphne originalmente tinha olhos azuis, inclusive a primeira boneca dela tinha olhos azuis. Sabia disso?

Por causa disso, vou desistir da minha ideia de dedicará as fotos da Melissa Benoist (supergirl) para ter olhos castanhos, vamos ficar com os azuis mesmo.

- Achei uma artista que fez desenhos sobre como era se a Daphne tivesse criado a Bloom e eles são PERFEITOS, aqui o link pros desenhos:

https://www.reddit.com/r/winxclub/comments/1m8lozl/au_where_daphne_doesnt_die_and_goes_to_earth_with/

 

Chapter 41: Conversas e lamentações

Chapter Text

"Pelo grande dragão! É você mesmo", Stella pareceu atordoada. Não que alguém pudesse tirar a razão dela.

Daphne observou a cascata de emoções no rosto de Stella: o choque, a descrença e, finalmente, a aceitação. Aquilo deve ter sido um golpe imenso para a jovem fada. Pelo comportamento dela, pela inocência com que falava da viagem a Alfea, a grande guerra havia de fato terminado. Restava saber o custo exato, mas a paz, por si só, era um bom sinal.

Havia também o parentesco. Stella definitivamente não se lembrava dos dias que passava brincando nos jardins de Dominó ou das visitas protocolares que a família de Daphne fazia a Solaria. Os reinos não eram apenas aliados; eram família.

A rainha Luna de Solaria era prima de primeiro grau do rei Oritel, e Luna e Marion eram amigas íntimas, confidentes. A proximidade era tanta que o primeiro pensamento de Daphne ao fugir de Dominó foi ir para Solaria. Ela só não o fez porque as bruxas a teriam seguido, e ela se recusava a levar a destruição para o lar de sua tia.

Stella abriu e fechou a boca algumas vezes, a mente claramente em turbilhão. Então, com uma disciplina que Daphne reconheceu imediatamente, ela organizou a postura, o rosto se fechando em uma máscara de neutralidade régia para esconder suas emoções. Uma princesa sendo uma princesa.

"É uma honra encontrá-la, Ninfa Suprema." A voz era formal, reverente.

Então, a princesa fora treinada. Bom.

Daphne ofereceu um sorriso genuíno e desarmante. "Pode relaxar, meu bem. Aqui não usamos esse tipo de formalidade." Ela apontou para o prato de bolo na mesa de centro. "Por favor, sirva-se. Você deve estar exausta. Espero que goste, nós que fizemos", terminou, acenando com a cabeça para Roxy, que observava Stella com uma curiosidade analítica.

"Tá ótimo", confirmou Bloom, com a boca meio cheia, fazendo Roxy revirar os olhos. Kiko, sentindo a tensão na sala diminuir, pulou do ombro de Bloom para o tapete fofo.

Daphne se recostou, o tom agora gentil, mas direto. "Stella, pode me contar o que a trouxe a este planeta?"

"Eu... claro", disse Stella. "Eu estava indo para Magix, para Alfea. O troll e aquelas criaturas me atacaram e meu portal foi interrompido, eu acabei errando o caminho e vindo parar aqui."

"Isso não é perigoso?", perguntou Roxy, a mente prática já calculando as variáveis. "Pelo que eu sei, isso poderia ter matado você. Se acabasse presa no limbo entre os portais ou se caísse em outro lugar... você poderia ter parado no meio do vácuo do espaço." Artu, sentindo a preocupação na voz dela, soltou um ganido baixo.

"É sim, tudo isso poderia ter acontecido", concordou Daphne, com um arrepio interno. Havia também o detalhe de que Stella viajava sozinha. Daphne não era o exemplo de liberdade durante a adolescência, mas seus pais nunca a teriam deixado viajar entre planetas sem uma escolta. Foi só depois de se tornar Ninfa que ela começou a sair sem ninguém.

"Bem, eu não ia cair para um simples troll", disse Stella, a voz desafiadora, o queixo erguido. Daphne viu Bloom sorrindo de lado, reconhecendo o orgulho na outra garota. "Embora," Stella acrescentou, o olhar se suavizando ao se virar para Bloom, "eu agradeça a ajuda."

Daphne, então, decidiu que aquele era o momento. Ela respirou fundo, preparando-se para as respostas que temia há dezessete anos. "Stella, eu espero que você possa me dizer. Você sabe o que houve depois que as três bruxas ancestrais atacaram Dominó?"

Stella assentiu, o ar de princesa confiante sendo substituído por uma hesitação respeitosa.

A próxima pergunta saiu quase como um sussurro. "Você sabe quantas pessoas... sobreviveram?"

Stella baixou a voz, os olhos cheios de uma tristeza que parecia aprendida nos livros de história. "Desculpe, mas... os registros dizem que ninguém sobreviveu. O planeta está morto."

Daphne mordeu o interior da bochecha com força, o gosto metálico de sangue a ancorando no presente, impedindo-a de desmoronar ali mesmo. "Pode só me responder mais algumas perguntas?"

Stella acenou com a cabeça, parecendo profundamente desconfortável por ser a portadora de tais notícias.

"Dominó... foi congelado?"

Outro aceno.

"As bruxas foram derrotadas?"

"Foram. A Companhia da Luz conseguiu", disse ela, encarando-a com hesitação, e Daphne soube o que viria a seguir.

"Eles sobreviveram?" A pergunta era sobre a Companhia da Luz, mas seu coração gritava por uma resposta diferente.

"Eles... uhm... seus..." Stella se debateu sobre como dizer. Mas Daphne já sabia. Sabia desde o momento em que o elo com seus pais se tornara frio e silencioso. Antes mesmo de ela sair de Dominó. Sabia quando ouviu sua mãe sussurrar em seu ouvido: 'Megum við hittast aftur'. Que possamos nos encontrar de novo.

"Os livros de história dizem que a Companhia da Luz derrotou as Bruxas Ancestrais, encerrando a guerra", recitou Stella, como se lesse um texto. "Mas ao custo de Oritel e Marion de Dominó. Tudo que eu sei é que eles desapareceram sem deixar vestígios."

"E a Companhia... se fragmentou?", perguntou Daphne, a mente se agarrando à estratégia, à política, a qualquer coisa que não fosse a imagem de seus pais mortos. Se pensasse nisso, não pensaria na possibilidade de eles estarem vivos e presos pelas bruxas. Bloom, sentindo o tremor na voz da irmã, estendeu a mão e a apertou discretamente.

"Sim. Viraram diretores das três escolas de Magix."

"Faragonda é agora a diretora de Alfea, então?", perguntou Daphne, incrédula. Faragonda, que sempre falava sobre como não gostava de seus tempos em Alfea como aluna, que detestava a ideia de ter passado anos sem encontrar um familiar...

"Sim, sim! A diretora Faragonda é bem rígida, mas compreensiva", disse Stella, claramente aliviada por mudar de assunto. "Ela nos incentiva a sermos criativas. Por exemplo, no semestre passado, houve o incidente no pântano."

Roxy, que estava quieta até então, ergueu o olhar de seu caderno. "No pântano? Não está na lista de áreas proibidas de Alfea por causa dos animais selvagens e das plantas mágicas?"

"Exatamente!", disse Stella, com um brilho de orgulho nos olhos. "É um desafio clássico e não oficial para as alunas. Todo mundo tem que ir atrás de alguma coisa escolhida pelo professor Palladium para provar que consegue manter a cabeça fria sob pressão mágica e se adequar a natureza. Embora, o cabelo cheio de frizz e os sapatos sujos."

Bloom franziu a testa. "Isso parece perigoso."

"Não é tanto. Há os azarados é claro", explicou Stella com uma naturalidade alarmante. "Uma garota no ano passado ficou presa lá por seis horas, chorando em um canto, até que a equipe de resgate a encontrou. Foi bem intenso."

Daphne sentiu um frio percorrer sua espinha. Ela olhou para Stella, incrédula. "E a Diretora Faragonda permite que isso aconteça?"

"Bem, não oficialmente", disse Stella, fazendo aspas no ar. "Mas acidentes acontecem, é a natureza da magia, de acordo com a diretora Faragonda."

Daphne sorriu e disse, "Que... sábio da parte dela",

Aquilo não era um teste. Era uma roleta russa.

A Faragonda que ela conheceu, a guerreira que viu amigos caírem em batalha, nunca, jamais, permitiria que alunas entrassem conscientemente em uma área perigosa e ainda mais vagando sozinhas.

Como aquilo foi permitido? Como o conselho aprovava aquilo? Que porra tinha acontecido com o bom senso das pessoas.

"Eu posso fazer mais uma pergunta, Stella?" O tom dela fez Stella parar. "O que aconteceu com as ninfas?"

As ninfas tinham uma posição no conselho escolar das três escolas de Magix e nenhuma delas teria concordado com aquilo de boa vontade.

"Oh, uhum, algumas nunca saíram de Dominó, desapareceram junto com o planeta. Outras conseguiram escapar... Minha mãe disse que elas tentaram restaurar o equilíbrio na Dimensão Mágica, mas... estavam fracas sem sua líder. A maioria se aposentou, outras só ficam em seus planetas natais, e algumas ainda estão no Conselho de Magix. Elas não escolheram outra líder, então..."

Daphne não precisava que ela terminasse. Ela conseguia ler nas entrelinhas. Sem uma Suprema, as ninfas não podiam se organizar. A lei era clara. Nunca tinha sido um problema, uma Suprema sempre seguia a outra. Mas Daphne estava ali, viva e escondida. Não seria possível escolher outra enquanto ela vivesse.

E os votos das ninfas seriam reduzidos pela metade sem uma suprema. Bastariam metade dos conselheiros para aprovar qualquer coisa descabida como aquele teste que Stella falara.

A ironia era esmagadora. Ao se esconder para proteger o futuro de Dominó, ela havia, sem querer, paralisado a ordem mágica mais poderosa da dimensão.

Daphne se sentia encurralada. Ela precisava de uma pausa, o mais rápido possível.

Ela pediu licença, pegou suco para as meninas e levou o bolo para a mesa e disse que ia ligar para Mike e Vanessa. Suas meninas acenaram, mas pareciam preocupadas. Stella, por outro lado, parecia gostar de não ter mais que falar mais nada que fosse obviamente angustiante para Daphne.

Ela subiu as escadas, os movimentos robóticos, como se seu corpo agisse por um instinto que sua mente, atordoada, não conseguia mais comandar. Entrou em seu quarto e ligou para o telefone de Vanessa. O coração batia no peito, uma batida acelerada e surda em seus ouvidos, mas ela mal percebia.

"Nessa? Sou eu", sua voz soou surpreendentemente calma, um testamento de anos de prática e treinamento em mascarar suas emoções. "Preciso que você e o Mike venham para cá. Agora, se puderem. Não é nada urgente, mas precisamos conversar."

Não houve perguntas, apenas a confiança inabalável de uma amiga. "Estamos a caminho."

Daphne desligou e o telefone escorregou de sua mão trêmula, caindo sem som no tapete. Ela aproveitou os poucos minutos que teria sozinha.

Era a hora. Tudo mudaria agora. A farsa da vida tranquila em Gardênia estava terminada.

As lágrimas, que ela segurara com uma disciplina de ferro na frente das meninas, começaram a escorrer, quentes e amargas. Daphne se apoiou na parede de seu quarto, as pernas subitamente fracas. Ela não tinha tempo para aquilo, mas o corpo e a alma não conseguiam mais segurar.

Era pior. Era infinitamente pior do que ela imaginava em seus pesadelos mais sombrios. A esperança tola à qual ela se agarrara por dezessete anos, a de que alguns haviam escapado, que um pequeno enclave de seu povo existia em algum lugar... essa esperança foi pulverizada.

Ninguém.

Nenhum dominiano sobreviveu. Ela não era apenas uma sobrevivente. Era o resquício de um genocídio. A última de sua espécie. Exatamente como acontecia em seus pesadelos.

Um barulho suave veio da janela, e Arabella pousou em seu ombro, o peso reconfortante, a cabeça emplumada se inclinando contra seu rosto. A imagem de Paititi, silenciosa e forte, fluiu de sua familiar para ela através do elo, uma oferta silenciosa de santuário.

"Você pode ficar aqui, minha querida?", sussurrou Daphne, a voz quebrada. "Não quero deixar as meninas sozinhas. Eu... eu só preciso de alguns minutos."

Com um gesto trêmulo, ela abriu um portal. Não era um círculo perfeito e dourado, mas um rasgo instável no tecido da realidade. Ela o atravessou, deixando Arabella para trás como uma sentinela.

Ao pisar nas pedras antigas de Paititi, a compostura finalmente se desfez.

Ela soluça. Só uma vez. Um que ela vem segurando desde que Bloom apareceu em casa com a roupa rasgada e uma fada a tiracolo.

Ela sentiu o coração acelerado, um frio de gelo correndo em suas veias, os pelos de seus braços se arrepiando e uma amargura que subia pela garganta como veneno.

A angústia deu lugar ao pesar e a raiva. Ela se deixou levar. Não aguentava mais segurar. Paititi aguentaria. A cidade perdida e vazia poderia suportar sua magia.

As lágrimas chegaram rápido, cegando-a, e um grito começou a se formar em seu peito — um grito de raiva pela injustiça, de tristeza por seus pais, de amargura por seu destino, de auto aversão por ter sobrevivido e de culpa, uma culpa esmagadora por não ter podido salvá-los.

O grito rasgou sua garganta, ela mal percebeu os pássaros voando assustados dali.

E sua magia explodiu.

Não foi fogo nem luz, nada remotamente controlado.

Foi uma onda de pura e caótica energia, uma tempestade manifestada. O ar ao redor dela se partiu com o som de um trovão seco. Um vento violento emanou de seu corpo, e uma luz branca e ofuscante pulsou para fora em um domo de poder devastador.

As rochas mais próximas não explodiram; elas foram desintegradas, pulverizadas em uma poeira fina que se ergueu para o céu, desfeitas no nível molecular por uma dor que tinha o poder de desfazer a própria criação.

Quando a onda de energia se dissipou, Daphne caiu de joelhos no centro de um círculo de destruição silenciosa. O grito havia acabado. Restavam apenas os soluços quebrados de uma princesa sem seu povo, sozinha em uma cidade morta.

Tão morta quanto Dominó estava.

Ela soluçou de novo.

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Depois que Daphne saiu, a sala mergulhou em um silêncio neutro. Bloom estava preocupada com Daphne, ela nunca tinha visto ela daquele jeito. Ela tinha aquela expressão imponente que fazia seus colegas da escolar dizerem que ela era assustadora.

E Bloom não era boba, ela sabia que Daphne estava reprimindo suas emoções, deixando para colapsar longe da vista de estranhos, foi por isso que ela sabia que deveria manter Stella ocupada, não seria difícil é claro.

Stella parecia ter se recuperado do choque inicial. Ela examinava o ambiente com uma curiosidade que não era invasiva, mas sim avaliadora. Era a postura de alguém acostumado a entrar em lugares novos e entender rapidamente a dinâmica do poder. Daphne e Roxy faziam o mesmo as vezes. Finalmente, seus olhos pousaram em Bloom.

Foi Bloom quem quebrou o silêncio, a frase saindo mais como uma constatação maravilhada do que como uma pergunta.

"Então... você é uma princesa."

Stella piscou, e um pequeno sorriso, tocou seus lábios. "Sim", disse ela, com uma naturalidade que Bloom achou desconcertante. "Assim como você."

As palavras atingiram Bloom de uma forma diferente. Ouvir de Daphne era ouvir uma história, um fato de um passado distante. Ouvir de Stella, uma garota da sua idade que usava o título com a mesma facilidade com que usava suas roupas caras, tornava tudo assustadoramente real. Princesa Bloom. O nome ecoou em sua cabeça, ainda parecendo pertencer a outra pessoa.

"Mas...", começou Stella, inclinando-se para frente com um interesse súbito. "Vocês conseguem se transformar? Sua irmã... Daphne... disse que a magia na Terra é instável para fadas de fora."

O rosto de Bloom esquentou um pouco. Era uma admissão que feria seu orgulho, mesmo que fosse a verdade. "Ainda não", disse ela, a voz mais baixa do que gostaria. "Estamos treinando, mas..."

"Eu sou muito nova, meu núcleo mágico ainda está amadurecendo", interrompeu Roxy, de forma rápida e protetora, defendendo a honra da amiga. "E a Bloom só começou a treinar a sério há algumas semanas. É um processo."

Stella olhou de Roxy para Bloom, a boca se abrindo em um "O" de pura surpresa. A presunção em seu rosto foi substituída por um espanto genuíno. Ela soltou uma risada curta e incrédula.

"Vocês estão brincando?", disse ela, os olhos dourados arregalados. Ela apontou para Bloom. "Você me ajudou a lutar contra um troll e a imobilizá-lo... e você nem estava transformada?"

Bloom apenas deu de ombros, sem saber o que dizer.

Stella balançou a cabeça, um novo nível de respeito em seu olhar. "Garota", disse ela, com uma admiração que não tinha nada de falso. "Você é de outro nível, mesmo hein?"

Elas ficaram conversando por um tempo, o suficiente para Bloom ficar relaxada na presença da outra fada e Roxy começar a fazer perguntas sobre Solaria e a magia de Stella.

Era bom poder falar sobre magia com outra pessoa. Poder fazer perguntas e ouvir histórias sem ser chamada de louca delirante. 

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- E aí, gostou?

- Capítulo mais curto do que o normal, mas eu queria postar logo. Fiquei doente, por isso o atraso. 

- O que acharam da Stella? E da Daphne?

- E da minha ideia louca da Luna e do Oritel serem primos? Eu sincermaente, sempre achei muito estranho que Dpahne parece ter cabelo loiro do nada e vi uma comparação que a Dpahne parecia mais irmã da Stella, então tive ess ideia anos atrás. Também usei isso como modo de fazer a Daphne ter família de sangue fora os dominianos que ela não sabe se estão vivos (tia e prima que mencionei no capítulo 2)

- Aqui estão fotos da Stella, da Luna e da Daphne para comparação. O cabelo loiro da Daphne e os olhos azuis de Bloom vem de Solaria.

 O cabelo loiro da Daphne e os olhos azuis de Bloom vem de Solaria

 

Chapter Text

Depois de Stella se acalmar e comer um pedaço de bolo que, segundo ela, era "divinamente terrestre", uma estranha normalidade adolescente se instalou na sala. Foi Roxy quem sugeriu: "Bloom, por que a gente não mostra a casa para a Stella?"

E agora, as três estavam ali, em seu quarto. Roxy, completamente à vontade, tinha se jogado na cama de Bloom de barriga para baixo, os pés balançando no ar enquanto lia os títulos dos livros na estante distraidamente. Stella, por outro lado, se movia pelo quarto como uma turista em um museu exótico. Ela tocava nas coisas com uma fascinação que Bloom achava, ao mesmo tempo, engraçada e estranha.

"O que é isso?", perguntou Stella, apontando para o laptop de Bloom.

"É um computador", explicou Roxy, da cama.

Stella inclinou a cabeça, os olhos dourados brilhando. "Um computador? O que ele faz?"

Bloom riu. "Conecta a internet, dá para pesquisar coisas ou assistir filmes."

A princesa de Solaria parecia genuinamente intrigada e murmurou algo sobre 'telefones grandes sem hologramas'. Ela passou os dedos pelos pôsteres de bandas nas paredes, examinou um globo de neve com a Torre Eiffel dentro e ficou hipnotizada pelo movimento lento da lâmpada de lava de Bloom. Para Stella, o quarto de uma adolescente comum de Gardênia era um gabinete de curiosidades.

A fascinação dela fez Bloom se lembrar das memórias de Daphne. Nas visões de Dominó e Alfea, os objetos eram radicalmente diferentes. Lâmpadas que flutuavam como medusas luminosas, livros cujas imagens se moviam, caixas de música que criavam bailarinas holográficas no ar. Comparado àquilo seu quarto parecia tão... simples. Tão sem magia.

"Seu quarto é muito interessante", disse Stella, finalmente, com uma sinceridade que pegou Bloom de surpresa. "Me faz pensar em Alfea. Eu queria tanto que vocês pudessem ver pessoalmente."

Ela enfiou a mão no bolso de sua roupa elegante e tirou o que parecia ser uma fotografia comum. Roxy, cuja curiosidade superava qualquer preguiça, saltou da cama em um instante, aproximando-se para ver.

"Uau, que bonita!", disse Roxy, os olhos fixos na imagem do castelo rosa e majestoso. "A resolução é incrível. É algum tipo de tecnologia de tela flexível?"

Stella sorriu, um sorriso cheio de segredos. "Algo assim."

Com um movimento casual, ela jogou a foto no chão, no meio do quarto. Bloom deu um passo para trás por instinto. A fotografia brilhou intensamente e começou a se expandir. As bordas se esticaram com um som suave, como tecido sendo desenrolado, até que a imagem do castelo de Alfea cobriu todo o tapete, não como uma projeção, mas como uma cena real e vibrante que parecia ter profundidade.

Stella então, com a maior naturalidade do mundo, pisou na beirada da imagem e disse uma única palavra, clara e ressonante: "Magix."

Instantaneamente, seus pés começaram a desaparecer. Não foi um piscar de luz, mas algo mais estranho, mais orgânico. Era como se o tapete fosse feito de areia luminosa, e ela estivesse afundando lentamente nele, suas pernas se desfazendo em partículas de luz.

Roxy ofegou, não de medo, mas de pura e irrefreável admiração. "Incrível!", ela sussurrou e, sem um pingo de hesitação, correu para a frente. Curiosa como uma mariposa em direção às chamas, ela pulou no meio da imagem, o sorriso mais largo que Bloom já vira em seu rosto.

"Roxy, espera!", gritou Bloom, mas era tarde demais. Ela já estava afundando, rindo enquanto a luz a envolvia.

Bloom ficou parada por um segundo, o coração martelando. Sozinha em seu quarto, com um portal dimensional aberto em seu tapete e suas duas amigas desaparecendo dentro dele. Um pensamento claro e aterrorizante passou por sua mente.

Daphne vai me matar.

DE NOVO!!!

Com um suspiro que era parte exasperação e parte adrenalina, ela correu e saltou atrás delas, mergulhando de cabeça na luz.

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Daphne desceu as escadas, a mão deslizando pelo corrimão, a mente ainda tentando processar a torrente de informações e o novo perigo que agora dormia em sua sala. A campainha tocou, um som mundano e agudo que a arrancou de seus pensamentos. Ela sabia que eram eles.

Ao abrir a porta, o rosto preocupado de Mike e Vanessa a saudou. Ela forçou um sorriso, esperando que parecesse mais convincente do que se sentia.

"Entre, por favor."

Eles entraram, os olhos de Vanessa varrendo a sala agora estranhamente vazia. "Onde estão as meninas?", ela perguntou.

"Devem ter levado nossa convidada para um dos quartos", respondeu Daphne.

"Convidada?", perguntou Mike, curioso e mais preocupado ainda.

Daphne os guiou até o sofá, sentando-se na poltrona que se tornara seu lugar. "É uma longa história, mas a versão curta é que uma fada foi atacada em outra dimensão. Seu portal de fuga deu errado e a trouxe para a Terra, direto para o parque de Gardênia. Ela estava sendo atacada por trolls quando Bloom a encontrou, a ajudou e, bem... a trouxe para casa."

Ela contou a história de forma concisa, omitindo os detalhes mais aterrorizantes.

Mike coçou a cabeça, processando a palavra "trolls" como se fosse uma nova marca de pneu que ele não conhecia. "Certo. E... onde está essa fada agora?"

"Como eu disse, provavelmente no andar de cima com as meninas", repetiu Daphne.

Foi Vanessa quem se inclinou para frente, os olhos gentis, mas incrivelmente perceptivos, focados não na história, mas em Daphne. "E você, querida? Você está bem?"

A pergunta simples a atingiu com mais força do que qualquer ataque de troll. Do canto da sala, Arabella, que estivera empoleirada em silêncio, soltou um pio baixo e inquieto, agitando as asas.

"Estou bem", mentiu Daphne, mas sua voz saiu um pouco rouca, e ela sabia que seus olhos ainda estavam inchados de seu choro em Paititi. "É só... que não estava preparada para isso. Para tudo isso." Ela gesticulou vagamente. "Eu sempre soube que um dia teríamos que voltar para Magix, que meu tempo de paz aqui acabaria. Mas eu tinha a esperança de que seria em meus próprios termos. E eu certamente não achei que teria que me preocupar com trolls atacando minhas meninas no parque local."

Será que aquele era o fim da Daphne de Gardênia?

Ela não queria aceitar aquela possibilidade, não podia aceitar!

Vanessa a observou por um longo momento, a mulher a conhecia bem o suficiente para saber quando um livro estava sendo julgado pela capa.

"E...?", perguntou ela, a única palavra carregada de anos de amizade e confiança.

Aquele simples "e" quebrou a última barreira da compostura de Daphne. Ela não tinha mais lágrimas para chorar; sentia-se vazia, uma casca polida pela dor. Sua voz, quando saiu, era quase um sussurro, desprovida de qualquer emoção.

"Stella... a fada... ela confirmou." Sua voz soou frágil até para ela. "Dominó está congelado. Não há mais ninguém. Os habitantes desapareceram, e meus pais... provavelmente estão mortos." Ela recitou os fatos como se lesse um relatório, a única forma de evitar que as palavras a despedaçassem. "Minhas ninfas estão espalhadas, fracas, sem liderança. E eu não sei o que aconteceu com o resto da dimensão mágica."

Ela finalmente levantou o olhar para encontrar o de Vanessa, e a verdade final, a mais pesada de todas, veio à tona. "Eu fracassei. O único pilar que me sustentou por todos esses anos foi saber que eu fiz a escolha certa ao salvar minha irmã. Que, apesar de tudo, eu a mantive segura. Bloom e Roxy estavam seguras, pelo menos eu achava."

Sua voz falhou, um tremor de pura agonia. "Mas agora... nem isso eu consigo fazer. O perigo a encontrou de qualquer maneira. A salvo? Ela lutou com um troll hoje, Vanessa. Eu não a mantive segura, eu só a mantive ignorante."

As palavras de Daphne pairaram na sala, carregadas com o peso de dezessete anos de sacrifício e um sentimento avassalador de fracasso. Ela baixou o olhar para as próprias mãos, incapaz de encarar a pena que imaginava ver nos rostos deles. O silêncio que se seguiu não foi de julgamento, mas de profunda assimilação.

Foi Vanessa quem se moveu primeiro. Ela se levantou, contornou a mesinha de centro e se sentou na beirada da poltrona de Daphne, pegando uma de suas mãos frias entre as suas, quentes e firmes.

"Ignorante? Daphne, não", disse Vanessa, a voz cheia de uma convicção feroz que fez Daphne erguer o olhar. "Nunca. Você não as manteve ignorantes."

Vanessa respirou fundo, como se estivesse escolhendo as palavras com o maior cuidado. "Elas estavam em perigo... aqui na... Terra..." Ela hesitou na frase, a ideia de múltiplos mundos ainda estranha em sua boca, mas continuou, determinada. "...com ou sem o conhecimento da magia. Os bruxos de quem você falou, eles as teriam caçado de qualquer jeito. O que você fez não foi mantê-las na ignorância. Você as protegeu até que elas estivessem fortes o suficiente para se proteger. Você lhes deu uma infância. E quando o perigo se tornou inevitável, você lhes deu todas as informações que tinha."

Mike, que estivera em silêncio até então, se desencostou do balcão e se aproximou, parando atrás da poltrona.

"Ela está certa", disse ele, a voz grave e calma um contraponto à paixão de Vanessa. "E dizer que elas não estão preparadas? Daphne, eu sou bombeiro. Vejo pessoas despreparadas e em pânico todos os dias. As meninas sabem mais sobre autodefesa do que qualquer recruta que eu já treinei na academia."

Ele continuou construindo seu caso com uma lógica inabalável. Provavelmente foi com ele que Roxy aprendeu a ser tão racional. "Elas sabem usar magia, porque você as ensinou. Elas têm aquelas pulseiras mágicas, porque você as deu. Bloom está bem, não está?"

Daphne assentiu, um movimento quase imperceptível.

"Então, isso que aconteceu hoje não é a prova de que você falhou", afirmou Mike, sua voz tão firme que era impossível duvidar. "É a prova de que seu treinamento funcionou. Bloom foi confrontada com o perigo, ela estava preparada, e agiu exatamente como você a ensinou. Ela salvou a si mesma e ainda salvou outra pessoa."

Ele se inclinou um pouco, para que ela pudesse vê-lo. "Isso não é um fracasso, Daph. Pelo nosso padrão, isso é o que chamamos de uma vitória."

As palavras deles, a lógica de Mike e a compaixão de Vanessa, foram como um bálsamo na ferida aberta da auto aversão de Daphne. Ela olhou de um para o outro, vendo não pena, mas um respeito e um carinho inabaláveis. Uma única lágrima, a última que lhe restava, escapou e deslizou por sua bochecha. Não era de dor, mas de uma gratidão tão profunda que doía.

"Obrigada", sussurrou ela, a voz embargada.

Eles não precisavam entender de ninfas ou da Chama do Dragão para entender de família. E, naquele momento, era tudo o que ela precisava.

Ela se encolheu no colo da amiga, finalmente se permitindo ser a pessoa que precisava de consolo, e não a que o oferecia. Vanessa a segurou com força, afagando seus cabelos, sem dizer nada, oferecendo um conforto silencioso que valia mais que qualquer palavra.

Mike, vendo que a situação exigia uma praticidade reconfortante, foi para a cozinha. Ele voltou minutos depois com um copo de água para Daphne e um prato com fatias do bolo de laranja, colocando-os na mesinha de centro. Um gesto simples de um pai cuidando de sua família.

Foi então que um som quebrou a quietude do momento. O som de patas pesadas no piso de madeira do andar de cima, descendo as escadas.

Daphne ergueu a cabeça do ombro de Vanessa, o rosto manchado de lágrimas. Artu parou no último degrau, olhando para a sala com as orelhas inclinadas pra trás. Ele soltou um ganido baixo e choroso, o rabo baixo, e olhou de um para o outro como se perguntasse onde estava todo mundo.

E ele estava sozinho.

O coração de Daphne gelou, a dor sendo instantaneamente substituída por um alarme agudo e cortante. Artu era a sombra de Roxy. Onde um estava, o outro estava. Sempre. Ele nunca a deixava, especialmente quando ela ia para o quarto.

Com uma nova urgência, ela se levantou, a exaustão esquecida. Arabella, que observava tudo de seu poleiro, voou até o ombro de Daphne e soltou um pio suave, um protesto simbólico, como se dissesse "Você precisa descansar".

"Eu sei, minha querida", sussurrou Daphne, afagando a cabeça de sua familiar. "Mas algo não está certo."

Ela se virou para seus amigos, sua família escolhida. "Vou ver as meninas."

Sua mudança de postura foi tão abrupta que Mike e Vanessa se levantaram imediatamente, a preocupação estampada em seus rostos. Vendo que a conversa havia acabado e uma nova crise, silenciosa e desconhecida, havia começado, Mike deixou o restante da comida na mesa da sala e, sem uma palavra, seguiu Daphne escada acima, com Vanessa logo atrás.

A casa estava silenciosa demais. Daphne passou pelo quarto de Roxy — vazio e arrumado. Seu coração batia mais forte a cada passo. Ela parou na porta do quarto de Bloom, que estava entreaberta. O quarto também estava vazio, exceto por Kiko.

E então, ela viu.

No meio do tapete, onde não deveria haver nada, repousava um pedaço de papel fotográfico. Mas não era uma foto comum. A imagem do castelo de Alfea parecia vibrar, a luz da luminária de Bloom se refratando em sua superfície com um brilho antinatural. Uma ondulação residual de magia de portal, fraca, mas inconfundível.

Daphne não precisou se aproximar para entender. Stella, a princesa impulsiva, e Roxy, curiosa como uma mariposa atraída pela chama. Bloom provavelemnte as seguiu pensando que levaria uma bronca qunado voltasse.

Um suspiro escapou de seus lábios. Não foi um suspiro de raiva, nem de surpresa. Foi um som de puro e profundo sofrimento. O som de uma guardiã que passou dezessete anos construindo um muro ao redor de suas protegidas, apenas para vê-las, sorrindo, abrirem um portão e dançarem para o perigo que ela mais temia.

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- Oiiii, o que achou do capítulo?

- Não consegui escrever o capítulo da semana passado por uns problemas pessoais, vou tentar postar dois semana que vem mas não prometo nada.

- No próximo já vai ter o ataque dos trolls, só que vai ter algumas surpresinhas ainda kkkkk

- O que acharam do Mike e da Vanessa? E da Daphne conhecendo as meninas o suficiente para adivinhar o que aconteceu?

- Espero que tenha gostado do capítulo.

 

Chapter 43: Os Trolls que chegaram na casa errada

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

O suspiro de sofrimento de Daphne foi um som oco na quietude do quarto. Suas pernas fraquejaram, e ela se sentou pesadamente na beirada da cama de Bloom, o olhar fixo na imagem vibrante de Alfea no chão. Arabella, sentindo a angústia de sua fada, voou e pousou suavemente em seu colo, um peso quente e reconfortante.

Daphne afagou as penas de seu familiar distraidamente. Ela viu Vanessa dar um passo incerto em sua direção, mas hesitou, o olhar dividido entre a preocupação de Daphne e o recebimento instintivo da grande ave de rapina. Um pequeno e cansado sorriso ao tocar os lábios de Daphne.

"Ela não morde", murmurou ela, a voz rouca. "A menos que você tente roubar o peixe dela."

O humor fraco pareceu quebrar o feitiço. Vanessa se mudou e se sentou ao lado dela na cama.

Daphne gesticulou com o queixo em direção à imagem no chão. "Aquilo... é um tipo de meio de transporte. Uma passagem. Você pisa na foto, diz o destino, e ele te leva diretamente para o lugar."

Mike se mudou, agachando-se para olhar a foto mais de perto, sem tocá-la. "Então elas... foram para esse castelo?", perguntou ele, a voz cheia de uma descrição atordoada.

"Sim", confirmou Daphne. "Isso é Alfea. A principal escola para fadas na Dimensão Mágica. Elas foram para lá."

Mike se falou, passando a mão pelo cabelo, completamente desnorteado. Ele resmungou, mais para si mesmo do que para os outros, as palavras saindo com o peso de uma revelação absurda. "Então... as meninas... elas saíram do planeta."

Daphne soltou uma risada curta, sem humor. Um som de pura exaustão diante do ridículo de sua vida. "Tecnicamente, da galáxia inteira também. Mas sim, Mike. Elas saíram do planeta."

Foi Vanessa, sempre a mais focada no que realmente importava, quem fez a pergunta que pairava no ar. "Daphne. Eles vão ficar bem?"

Daphne olhou para ela, o breve momento de humor se esvaindo, a seriedade de uma guardiã retornando ao seu rosto. "Eu acho que sim", disse ela, e era a verdade mais honesta que poderia oferecer. "A floresta ao redor de Alfea é geralmente segura, e as meninas têm as pulseiras, que são escudos poderosos. Elas devem ficar bem."

Ela respirava fundo, o ar parecia pesado em seus pulmões. Com um movimento fluido, ela se expressou, segurando Arabella em seus braços como se fosse um gato de colo. "Vamos para a cozinha. Ficar aqui parados não vai adiantar nada."

Enquanto Daphne saía do quarto, a postura novamente de um líder assumindo o controle, Mike e Vanessa trocaram um olhar por suas costas. Era um olhar que continha uma década de perguntas não feitas e uma vida inteira de preocupação. Sem dizer uma palavra, eles a seguiram.

No corredor, Kiko e Artu, que ficaram para trás, se juntaram à pequena procissão, guiando os humanos na direção à cozinha.

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Mike e Vanessa estavam sentados à mesa da cozinha, uma presença silenciosa e solidária. Eles não fizeram perguntas, não ofereceram conselhos vazios. Apenas conseguim ali, lendo revistas sem ver as palavras, tomando xícaras de chá que já tinham esfriado, compartilhando a vigília com ela.

Ela já estava na quinta fornada de biscoitos, que provavelmente seria o jantar, considerando que já tinha anoitecido. O ritmo metódico de amassar, enrolar e cortar a massa era a única coisa que mantinha a mente de Daphne ancorada, impedindo-a de se afogar nos mil cenários sombrios que se desenrolavam em sua imaginação.

Foi então que eles ouviram.

Não foi um clarão ou uma explosão, mas um som agudo e inconfundivelmente humano vindo do andar de cima. Um gritinho animado, cheio de uma alegria tão pura e contagiante que só pode pertencer a uma pessoa.

Roxy.

Daphne parou com o cortador de biscoitos no ar. Uma onda de intervalo tão avassaladora passou por ela que seus ombros, tensos por tanto tempo, finalmente relaxaram. Ela fechou os olhos e soltou uma respiração que nem sabia que estava segurando. Eles estavam de volta. Estavam seguros.

Os passos de Artu, que estava deitado a seus pés, soaram primeiro, e então o próprio Roxy desceu as escadas correndo, pulando os últimos dois degraus com uma empolgação que fazia o chão tremer.

"Oi, tia! Oi, tio!", disse ela, ofegante e radiante, dando um beijo na bochecha de cada um, antes de se lançar sobre Daphne, envolvendo-a em um abraço esmagador.

"Daph, você não vai acreditar! Quer dizer, você já foi lá, então acredita, mas tudo bem", ela começou a falar, as palavras saídas em um atropelo liberado, sem nem parar para respirar. "Alphea é incrível! É um castelo rosa, de verdade, e é imenso, e tudo...  tudo  lá transborda magia. É meio avassalador no início, Bloom sentiu a mesma coisa, mas a Stella acha que a Terra é meio sem vida, dá para acreditar?"

Ela se afastou, os olhos brilhando com mil ideias. "Até a grama tinha magia! Eu fiquei com tanta vontade de bombardear uma delas com a minha magia só para ver o que aconteceria!"

Ela pediu as mãos antes mesmo que Daphne pudesse abrir a boca para repreendê-la, o sorriso travesso em seu rosto. "E eu sei, eu sei!", disse ela, em um só fôlego. "Eu não posso fazer isso a menos que eu já tenha conseguido uma forma de fada, e eu não vou por causa dos bruxos e sem você deixar. Mas eu queria. Mesmo assim."

Uma risada suave escapou dos lábios de Daphne, um som de puro calor que aqueceu a cozinha. Ela afagou o cabelo de Roxy, que agora se ajoelhava no chão para acariciar a cabeça de Artu, o cão choramingando de felicidade por ter sua humana de volta.

"Olá, minha borboletinha. Bem-vinda de volta."

Nesse momento, as outras duas figuras apareceram no topo da escada. Bloom parecia exausta, mas com um brilho de admiração nos olhos. Ao seu lado, Stella descia com a elegância de quem estava habituada às escadas de palácios, e não de uma casa suburbana, observando tudo com um interesse renovador.

"Venham, meninas. Sentem-se", chamou Daphne, a voz soando mais leve do que estavaa o dia todo. "Acho que nosso almoço virou um jantar de biscoitos."

Com um gesto de sua mão, a magia fluiu pela cozinha, suave e sem esforço. A fornada de biscoitos, ainda morna, voou da assadeira para uma travessa no centro da mesa. Copos se encheram com leite e com a vitamina de morango que sobrou, e o restante do bolo de laranja se fatiou sozinho, deslizando para pratos limpos. A mesa de jantar se arrumou para seis pessoas em movimentos que fizeram os adolescentes sorrirem e os outros adultos parecerem espantados, ainda não acostumados à magia.

Enquanto as meninas se sentavam, foi Vanessa quem cortejou o silêncio, o sorriso caloroso de uma mãe curiosa. "Então? Além de castelos cor-de-rosa e magia por toda parte, viram mais alguma coisa interessante? E você, Bloom, o que achou do passeio?"

Bloom, que se sentou rigidamente, lançou um olhar cauteloso para Daphne. Ela parecia ansiosa, esperando a bronca que ainda perdeu que estava por vir. Mas ao ver que Daphne agora se sentava na cabeceira da mesa com uma expressão de contentamento genuíno e cansado, algo em sua postura mudou. Os ombros de Bloom, que estavam tensos perto de suas orelhas, finalmente baixaram, e ela relaxou na cadeira à medida que a própria Daphne relaxava.

A conversa começou a fluir, impulsionada pela curiosidade de Mike e Vanessa e pela exuberância de Stella, que herdou o papel de guia turístico interdimensional. Ela respondeu a todas as perguntas, descrevendo as lojas em Magix que vendiam feitiços engarrafados e tecidos que mudavam de cor com o humor. Fez comparações divertidas entre a tecnologia da Terra, a magia de Magix e a cultura obcecada pelo sol de Solaria.

E Daphne, pela primeira vez naquele dia longo e exaustivo, se permitiu recuar. Ela se recostou na cadeira, um biscoito enfiado no seu prato, e apenas pegou. A tensão em seus ombros se dissipou, a dor pela confirmação do destino de Dominó foi momentaneamente guardada em um lugar profundo, e o medo pelo futuro deu lugar a uma apreciação silenciosa do presente.

Ela sentiu o brilho nos olhos de Roxy ao ouvir sobre animais fantásticos, o sorriso genuíno de Bloom ao ouvir uma das piadas de Stella, a forma como Mike balançava a cabeça, maravilhado, e como Vanessa ria, completamente encantada. A aquela conversa animada, a mistura de vozes e risadas enchendo sua cozinha, era a única coisa que importava. Por um momento, ela não era uma Ninfa, uma princesa exilada ou uma guardiã. Era apenas Daph, cercada por sua estranha e barulhenta família. E aquilo era mais do que suficiente. 

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Daphne começou a preparar um chá para todos. Desta vez, manualmente. O ritual de ferver a água, de escolher as ervas, o som da colher contra a porcelana, era um ato de aterramento. Um lembrete de que, apesar de tudo, ela ainda podia controlar as pequenas coisas.

Ela havia questionado se Stella gostaria de passar a noite ali, uma vez que voltou para Solaria ou Alfea no meio da noite, sozinha, estava fora de questão. A princesa aceitou com um comentário genuíno. Agora, ela estava sentada à mesa da cozinha, vestindo uma calça de moletom confortável de Daphne e um moletom de Bloom que ficava um pouco grande nela, parecendo, pela primeira vez, uma adolescente normal e não uma herdeira real. Daphne soube em primeira mão o quanto era bom 'desativar' o modo princesa e relaxar.

Stella estava cantando uma melodia solariana suave enquanto observava Daphne trabalhar, um som tranquilo que se misturava ao zumbido da geladeira. Na sala, as vozes de Mike, Vanessa, Bloom e Roxy fluíam em uma conversa baixa. Por um instante, tudo pareceu quase perfeito.

Foi então que aconteceu. Porque, claro, algo tinha que acontecer.

Daphne estava prestes a despejar o chá quente nas xícaras quando se sentia. Não foi um som ou uma visão, mas uma sensação visceral, como um dedo de gelo pressionado contra sua espinha. Suas proteções mágicas, as barreiras de ocultação que ela tecia e reforçaram ao redor da casa por quase duas décadas, foram tocadas.

E não foi um toque gentil. Foi uma cutucada deliberada, brutal e impaciente, como alguém testando a força de uma fechadura antes de arrombá-la.

A bule de chá tremeu em sua mão. O calor aconchegante da cozinha pareceu evaporar, sugado por um copo gelado. O terror que ela havia lutado tanto para engolir durante todo o dia, o medo que ela havia sufocado com lógica e biscoitos de chocolate, voltou com a força de um maremoto, afogando-a instantaneamente.

Eles nos ensinaram.

O zumbido da geladeira pareceu ensurdecedor. A melodia de Stella parou no meio de uma nota. A princesa a olhou, a expressão mudando de contentamento para confusão e depois para alarmar ao ver a mudança no rosto de Daphne.

Daphne não é via. Seus olhos, largos e fixos, não enxergavam a cozinha, mas sim a escuridão lá fora. Seus sentidos, antes relaxados, agora estavam esticados ao máximo, ouvindo não com os ouvidos, mas com a alma, esperando pelo próximo toque, pelo som de seu santuário se estilhaçando para sempre.

Uma onda de magia foi sentida em casa, fazendo Bloom e Roxy perceberem o problema também.

O silêncio tenso foi quebrado, não por Daphne, mas por Roxy, o rosto sério e concentrado. Artu estava ao seu lado, rosnando baixo, o pelo da nuca eriçado.

"Tio Mike, tia Nessa", disse Roxy, uma voz surpreendentemente calma e analítica. "Tem alguma coisa tentando invadir a casa. E é mágico."

O aviso pairou no ar. No mesmo instante, a expressão de Stella desmoronou em pura culpa. "Ah, não. Eles me seguiram. É minha culpa", sugeriu ela, o rosto pálido de pavor.

Mas Daphne já não estava ouvindo. A fase do terror havia passado. Agora era a hora da ação.

Ela espalmou a mão sobre a mesa da cozinha, fechando os olhos. Uma onda de poder dourado, visível até para os olhos não mágicos de Mike e Vanessa, emanou dela, preenchendo cada canto da casa em um instante. Era como se a própria estrutura da residência tivesse tornado uma extensão de sua magia. Ela podia sentir cada parede da casa, cada móvel e, mais importante, os limites de suas proteções, a barreira invisível que ela mantinha ao redor da propriedade.

Ela mal viu o olhar arregalado de Stella, que nunca tinha sentido uma magia tão abrangente e controlada. Mal notou o medo evidente nos rostos de Mike e Vanessa ao saberem de um ataque, ou a ansiedade tensa de Bloom e Roxy, que sentiam o poder da irmã como uma pressão reconfortante e assustadora.

Com um farfalhar de asas, Arabella voou da sala e pousou na cadeira ao lado de Daphne, os olhos fixos na escuridão lá fora.

Daphne abriu os olhos. O medo havia sumido, substituído por uma fúria fria e calculista.

"Dois trolls", disse ela, a voz baixa e perigosa. "Estão batendo nos limites das proteções, rodando a casa em direção ao quintal." Ela fez uma pausa, os lábios se curvaram em uma mancha de desdém. "Estão acompanhados. Criaturas menores, como goblins. Provavelmente os monstrinhos de que você falou, Bloom."

Um silêncio silencioso se balança à sua avaliação. Trolls. Goblins. Não mais em um parque distante, mas em seu gramado, tentando derrubar a porta deles.

"O que a gente vai fazer?", disse Bloom, com voz firme, a mão já se fechando em um punho, pronta para a luta.

Daphne se declarou, a luz dourada de sua magia ainda pulsando suavemente ao seu redor. Ela olhou para suas meninas, para a princesa de Solaria e para os terráqueos que fizeram se tornado sua família, todos olhando para ela em busca de uma ordem.

Um sorriso predatório tocou seus lábios.

"Nós vamos lá fora", disse ela. "E vamos mostrar a eles exatamente com quem está lidando."

Antes que qualquer um pudesse reagir, ela começou a se mover com uma eficiência mortal. Ela tirou o cardigã que usava, jogando-o sobre o encosto de uma cadeira. Com um movimento rápido, pegou um elástico do pulso e prendeu o cabelo longo e loiro em um coque firme na nuca.

"Eu vou", disse ela, a voz não deixando espaço para argumentos. "E você sozinha."

“De jeito nenhum!”, começou Bloom, dando um passo à frente, mas parou quando Daphne colocou uma mão.

"Para lutar, preciso encolher as barreiras. Criar um perímetro menor e seguro para vocês, e um campo de batalha para mim lá fora. Ninguém, sob nenhuma circunstância, sai do novo perímetro. Entendido?"

Ela olhou para cada um deles, o olhar passando por Mike, que parecia pronto para procurar a ferramenta mais pesada que tinha na garagem, e por Bloom, cuja expressão era de pura teimosia.

"Eu consigo lidar com dois trolls e seus... bichinhos", disse ela, a voz cortante com uma autoridade que eles nunca ouviram antes. "Já lidei com muito pior." Ela suavizou o Tom, mas a firmeza insistiu. "Vou imobilizá-los e interrogá-los. Preciso saber quem os invejosos e como nos resgatamos."

Ao ouvir a palavra "interrogá-los", Stella, que estava a encolhada perto de Roxy, soltou um pequeno gincho assustado.

O olhar de Daphne se fixou na princesa de Solaria instantaneamente. A fúria em seus olhos deu lugar a uma compreensão suave. A culpa no rosto de Stella foi misturada com um terror genuíno. Era óbvio. Esta foi, provavelmente, a primeira vez que algo assim acontecia com ela.

Daphne se mudou dela, a voz agora gentil. "Stella, olhe para mim. Isso não é sua culpa."

Stella abriu a boca para protestar, mas Daphne continuou. "Uma Ninfa escondida na Terra... eu sou um alvo grande demais para ser ignorado para sempre. Se não fosse agora, seria em alguns anos. Você não os trouxe até aqui; você foi atacado, não é sua culpa."

Um sorriso fino e perigoso ao tocar seus lábios. "E eu não cheguei aonde cheguei, não sobrevivi ao que sobrevivi, para ser derrotado por dois trolls e seus lacaios."

Com isso, ela se virou e se mudou de suas meninas. Colocou as mãos nos ombros de Bloom e Roxy, apertando-os com firmeza. Seus olhos voltaram aos de ambos, transmitindo uma vida inteira de amor e uma promessa silenciosa.

"Vai ficar tudo bem."

Ela então lançou um último olhar para Mike e Vanessa, um olhar que dizia "confiem em mim" e "cuidem deles". Sem mais uma palavra, ela se virou e caminhou com passos determinados em direção à porta dos fundos, com todos a seguir um passo atrás, em direção à porta que dava para o quintal escuro onde os monstros esperavam.

O ar estava frio, carregado com cheiro de ozônio e terra remexida.

Seu olhar se moveu primeiro para o lado da casa. Estava destruído. A cerca de madeira que separava a sua propriedade do vizinho fora reduzida a farpas, e o chão estava revirado. Eles não tinham sido sutis.

Daphne estendeu as mãos, as palmas viradas para cima. A luz dourada de sua magia fluiu delas, uma teia de energia que se conectou às proteções invisíveis que envolviam toda a propriedade. Ela está se sentindo, uma cúpula de poder antigo. Era uma maravilha, aquela proteção. Um legado de seus ancestrais, tecida com feitiços tão intrincados que resistiram a séculos de esquecimento.

Com uma inspiração profunda, ela começou a puxar os fios daquela teia mágica. Ela sentiu uma resistência familiar, uma magia ancestral relutando em ser alterada, como se hesitasse em deixar uma de suas guardas em perigo. Era como tentar dobrar madeira com as mãos, mas ela persistiu, guiando as proteções, encolhendo-as, até que a barreira cobrisse apenas a estrutura da casa, deixando o quintal inteiro exposto. Um campo de batalha.

No instante em que a barreira recuperou, os goblins, que antes se espremiam contra a energia invisível, aproveitaram a oportunidade. Com grunhidos de triunfo, eles invadiram o gramado, destruindo seu quintal com um prazer maligno, rasgando as roseiras de Roxy e chutando os gnomos de jardim.

Atrás deles, os trolls se aproximavam, silhuetas enormes contra a luz da lua. Um deles, empunhando um porrete, batido com toda a força no chão. O impacto produziu um som ressonante, mas ela se manteve firme.

O segundo troll, sem arma, ficou parado, encarando-a e aos outros. Daphne os inspiradores, parada no centro do gramado, a brisa da noite agitando seu cabelo solto. A raiva pelas flores destruídas foi superada por uma calma fria de guerreira. Eles eram fortes, brutos, mas lentos. E estavam em seu território.

Com a casa e sua família segura às suas costas, Daphne deu um passo deliberado para fora do perímetro. O lado de fora era mais frio, denso com uma hostilidade palpável e um fedor de carne estragada e pântano — cortesia dos goblins, ela presumiu.

No instante em que cruzou a barreira, ela começou a lançar feitiços. A análise da situação foi instantânea: os goblins, rápidos, avançaram pela direita. Os dois trolls, lentos, vinham pela esquerda. Um ataque em pinça clássico e bruto.

Ela não comeria uma chance.

Enquanto o canto de seu olho captava o movimento do troll azul erguendo seu porrete, Daphne batia o pé com força no chão. A grama sob sua bota brilhou com uma luz verde-doentia e, onde os goblins corriam, o solo amoleceu, transformando-se em um gosma espesso e borbulhante que se agarrou a suas pernas e pés, prendendo-os com uma aspiração faminta.

Tudo isso aconteceu no segundo em que ela se moveu com uma fluidez que desmentia a urgência, inclinando o corpo para trás. O porrete do troll azul esmagou a terra onde ela estava um instante antes, lançando torrões de grama para o ar.

Endireitando-se, com os goblins agora presos, Daphne focou sua atenção nos dois gigantes. Sua voz era fria e calma.

"O que você quer aqui?"

Foi o troll amarelo que respondeu, a voz gutural e estúpida. "O cetro! A fada loira! Entregue o cetro!"

Daphne arqueou uma sobrancelha. Então Stella era o mesmo alvo. O que, ela ponderou, era bom e ruim. “Receio que terá que rever seus termos”, respondeu ela, a voz cortante. Com um movimento rápido da mão, ela lançou um jato de energia prateada e pungente na direção do troll azul.

O feitiço o atingiu no rosto. O troll urrou, mais de surpresa e dor do que por dano real, e cambaleou para trás, uma visão momentaneamente ofuscada, tropeçando nos próprios pés.

Com a ameaça imediata do porrete neutralizado, o troll amarelo, vendo seu companheiro cambalear, soltou um urro de fúria e avançou, a cabeça baixa como um touro.

Daphne manteve-se firme, o cérebro calculando ângulos e o tempo certo. Ela não podia usar sua força total; se aqueles trolls algum dia se reportassem a quem os mandaram e falassem da fada terráquea que os derrotaram, bem, complicaria as coisas. O anonimato era sua defesa principal. Portanto, ela teria que ser mais inteligente.

No último segundo, quando o monstro estava prestes a atingi-la, ela girou para o lado, o corpo se moveu com uma graça sobrenatural. Enquanto o troll passava por ela, desequilibrado, a mão de Daphne roçou o chão do canteiro de flores destruídas de Roxy.

"Levantem-se", ela sussurrou, um comando imbuído de magia.

As raízes das roseiras, grossas e espinhosas, irromperam do solo como serpentes de madeira. Elas se enrolaram nas pernas do troll amarelo com uma velocidade impressionante. Ele tropeçou, rugindo de surpresa, e caiu de cara no chão com um tremor que sacudiu o quintal. As vinhas se apertaram, os espinhos insistiram na pele grossa e fazendo um sangue escuro e oleoso brotar em peças de pequenos pontos.

O troll azul, já recuperando a visão, viu seu parceiro cair e se enfureceu ainda mais. Ele brandiu o porrete em um arco horizontal e selvagem. Em vez de recuar, ela avançou. Deslizando sobre a grama, ela passou por baixo do golpe associado. Ao se reerguer do outro lado, ela bateu a palma da mão no chão.

A terra respondeu ao seu comando, e uma coluna de pedra e raízes surgiram abruptamente sob os pés do troll, desequilibrando a montanha de músculos. No instante em que ele vacilou, a magia de Daphne envolveu o porrete com um pulso telecinético, focado e brutal. A madeira gemeu e estalou quando a arma foi arrancada da mão do gigante. O porrete voou pelo ar e se cravou na cerca já destruído com um baque surdo e o som de madeira se partindo.

Agora, os dois trolls foram neutralizados — um preso no chão por vinhas, outro desarmado e desnorteado. Um movimento súbito atrás dela chamou sua atenção. O silvo de algo cortando o ar à sua esquerda a fez virar a cabeça a tempo de ver uma pedra do tamanho de um punho atingir em cheio a cabeça de um dos goblins, que conseguira se soltar da gosma e se preparava para atacá-la. A criatura caiu com um grunhido de dor.

O olhar de Daphne voltou para a porta dos fundos da casa, onde a silhueta de Mike se destacava contra a luz.

"Obrigada!", ela específica por cima do ombro, um misto de surpresa e gratidão, antes de se voltar para a ameaça restante. Chega de sutilezas. Ela poderia ser uma fada da natureza para os trolls, mas não seria uma briga.

Ela examina os braços, as mãos abertas, e as enterrou no ar em direção ao chão. Em resposta, variedades de raízes grossas e escuras irromperam do solo, passando-se como serpentes lenhosas e famintas. Elas se enrolaram nos goblins restantes, que gritaram de terror. Houve o som horrível e agudo do estalar de ossos enquanto as raízes os constringiam, imobilizando-os em casulos de madeira e dor.

Não era uma cena bonita, nem de longe, mas era eficaz. Um pingo de arrependimento a baixado. Como ela gostaria de poder simplesmente lançá-los ao ar e desintegrá-los com uma explosão contida, ou fatiá-los com lâminas de pura luz. Seria mais limpo, mais rápido. Mas tudo isso chamaria uma atenção mágica indesejada. Essa magia da terra, primitiva e brutal, era mais silenciosa. Era a magia de uma sobrevivente, não de uma princesa treinada para lutar.

Com os goblins incapacitados, ela se virou para os Trolls. As mesmas raízes, agora mais grossas e fortes que os braços de um homem, avançaram e fortaleceram os laços em ambos os gigantes, segurando-os com uma força irrefreável. Por fim, com um último gesto, sua magia se manifesta como orbes de luz em suas mãos. Uma cúpula dourada cobriu os trolls, mergulhando-os em um silêncio e uma escuridão que vinham de dentro para fora, deixando-os incapazes de ouvir ou ver o que acontecia ao seu redor, prontos para o interrogatório e para não escutar informações importantes.

 

Notes:

- E aí gostou?

- Sinceramente, sinto que esse não foi um capítulo muito bom. Cheguei na parte boa da história e estou recebendo sobre ocmo continuar e atingir todas as minhas expectativas, por isso a demora. Demorei três dias só para escrever a parte da luta.

- Então, ponto importante. Daphne está 'camuflada' pela magia da Terra e por ser uma Protetora, as meninas não e é por isso que Daphne usa magia tão descuidadamente enquanto Bloom não fez o mesmo antes.

-Alguma ideia de quem jogou aquela frigideria?

- Mande um emoji de coração nos comentários se gostou do capítulo

Chapter 44

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Com a batalha terminada e as ameaças contidas até segunda ordem, a adrenalina começou a recuar, deixando sua inquietação e fúria protetora. Ousaram atacar sua casa!

Daphne respirou fundo, o ar frio da noite limpando seus pulmões, e se virou para a casa. Para sua família. Para o que importava.

No instante em que ela cruzou o limiar das proteções Bloom e Roxy se lançaram sobre ela, agarrando-a em um abraço desesperado e aliviado. Daphne cambaleou um passo para trás com o impacto, envolvendo os braços ao redor de suas meninas, sentindo-as tremendo contra ela. Aquele contato era a única coisa que a ancorava, que a lembrava pelo que estava lutando.

"Daph!", disse Bloom, com a voz abafada em seu ombro. "A Stella disse que pode chamar ajuda. Para... para tirar eles daqui." Ela gesticulou com a cabeça na direção do quintal escuro. Ela parecia irritada com a mera menção dos invasores, Daphne não podia julgar que ela estava igualmente irritada.

Mesmo assim, o alívio inundou Daphne, tão potente que quase a deixou tonta. Isso me compra tempo, ela pensou. A ajuda da solariana significava que ela podia adiar a decisão de abandonar a Terra por mais algumas horas. Pelo menos.

Ela olhou para os outros e viu Mike encostado na parede, o rosto pálido, o olhar fixo no troll imobilizado visível através da barreira. Ele parecia um homem que tinha visto o impossível e ainda não sabia como proceder. Vanessa, no entanto, ignorou tudo isso. Seu foco estava em Daphne. Ela se aproximou, segurando os braços de Daphne, com as meninas ainda a agarrando firmemente, os olhos examinando-a em busca de qualquer ferimento.

"Você está bem? Eles te machucaram?"

"Estou inteira, Nessa. Não se preocupe", respondeu Daphne, a voz mais suave agora.

Ela se afastou gentilmente do abraço das meninas, a autoridade retornando ao seu semblante. "Todos para trás, por favor, tem mais uma coisa que eu preciso fazer."

Daphne se ajoelhou no limiar da porta dos fundos, as palmas das mãos pressionadas contra o chão, era mais fácil daquele jeito, exigia menos energia dela. A luz dourada da barreira, igual a cor de sua magia natural, voltou a brilhar visivelmente. Com uma concentração intensa, ela sentiu sua magia tocar novamente na teia de proteção, não para encolhê-la, mas para reconfigurá-la.

Ela não expandiu a barreira inteira de volta aos seus limites originais. Em vez disso, ela a remodelou. A camada mais interna, o primeiro setor que cobria a casa e impedia a entrada de invasores, permaneceu com força total.

Então, ela estendeu o segundo setor, uma camada um pouco menos intensa, para cobrir a varanda e alguns metros de grama, criando um espaço seguro, uma antecâmara entre a casa e o perigo. O resto do quintal, com os trolls imobilizados, permaneceu do lado de fora, contido, mas não mais uma ameaça imediata. Era um ato de controle mágico preciso, estabelecendo uma nova e temporária paz.

Assim, as meninas poderiam usar magia na área total da casa novamente e ainda estariam seguras. Era sempre melhor prevenir do que remediar.

Assim que terminou de reconfigurar as proteções, Daphne se levantou, limpando a poeira invisível de suas mãos. No mesmo instante, Arabella voou de seu poleiro improvisado e pousou em seu ombro com um farfalhar de asas, soltando um pio agudo e indignado, bicando suavemente a orelha de Daphne.

A mensagem era clara, mesmo sem palavras. Daphne havia fechado a barreira com ela do lado de dentro. Sendo a sentinela orgulhosa que era, Arabella considerou um insulto pessoal não ter sido autorizada a ajudar na luta.

Um pequeno sorriso cansado tocou os lábios de Daphne enquanto ela afagava as penas do pescoço de sua familiar. "Eu sei, minha querida. Da próxima vez."

Seu olhar então se voltou para o interior da casa, passando por sua família aliviada e focando em Stella, que a observava com uma mistura de admiração, medo e receio. A princesa de Solaria estava começando a entender o nível de poder e perigo em que havia tropeçado.

E a conclusão que ela deveria ter tomado, levando em conta o medo em seu rosto, era que ela era a responsável pelo ataque.

Daphne caminhou em sua direção, a expressão séria, mas não tanto quanto antes, os olhos fixos no rosto de Stella.

"Stella", disse ela, a voz baixa, mas carregada de um peso que fez todos prestarem atenção. "Está bem? Eu imagino o que você deve estar pensando. Eu quero garantir que você entenda que não é sua culpa. A culpa é dos chefes daqueles idiotas, que também são idiotas, considerando que agora estão na minha lista de inimigos."

A loira soltou um suspiro aliviado e sorriu sem graça para Daphne, o que ela interpretou como 'eu ainda me acho culpada' e 'eu não sei o que fazer'.

Daphne pegou a mão de Stella na sua e apertou em um gesto reconfortante. "Esse anel é poderoso, você sabe disso. Esse tipo de poder tende a atrair inveja e ganância, são poucos os que arriscam se tornar inimigo de uma família real, nós somos treinados e moldados para ser fortes e poderosos, mas há tolos demais espalhados pela dimensão. "

Ela pensou em seu planeta, congelado e inóspito.

"Esse anel é um privilégio, é um teste de responsabilidade, é uma arma e é um símbolo. Eu entendo tudo isso, realmente entendo."

Os colares das meninas eram a mesma coisa, só que a maioria das pessoas desconhecia. O anel de solaria era tão bom quanto uma grande coroa no quesito simbolismo.

Ela parou na frente da jovem princesa. "Você precisa ter muito cuidado com ele. É seu para usar livremente, mas seja sábia ao exibi-lo, nem todos precisam vê-lo. Há alguém atrás dele e portanto atrás de você.", ela hesitou antes de continuar, não queria passar a ideia errada. "Se você quiser, eu tenho um jeito de aplicar um encanto de disfarce, assim você escolhe se ele é visto ou não. Claro, eu não ficarei chateada se você preferir recusar, mas é uma possibilidade. Eu tenho o mesmo em meu colar"

Daphne suspendeu o encanto no colar para deixar mais claro. Aquele era o colar das ninfas, o que todas elas ganhavam ao ascender ao posto, uma coisa tão gritante no simbolismo quanto o anel de Stella.

"Que legal!", a exclamação de Bloom a faz olhar para ela, o que também faz Daphne ver Roxy.

"Roxy?", questionou Daphne suavemente, sem soltar a mão de Stella, como se estivesse ancorando ela.

Os olhos de Roxy focaram, mas não nela, e sim no anel. "Você acha que um objeto como esse saberia procurar pelo ponto seguro mais próximo?"

Daphne franziu a testa. "Bem, tecnicamente, sim. A magia inerente buscaria se preservar. Mas um artefato não é consciente nem intuitivo."

"Mas passou séculos sendo imbuído com magia", contrapôs Roxy, a mente a toda velocidade. "Com a magia da mesma família, aliás." Ela nem percebeu que todos na sala a encaravam com a mesma expressão de Mike: completamente perdidos. "Ele pode rejeitar o portador, não pode? A avó Celeste não era filha de um rei solariano?"

"Então não é totalmente errado teorizar que ele tentaria proteger seu portador com as habilidades que tinha", concluiu Roxy, a empolgação crescendo em sua voz. "Como... levar seu portador para o único lugar onde poderia obter ajuda? Uma ajuda que, por acaso, também é família?"

"Espera aí", interrompeu Bloom, com os olhos arregalados. "Você está dizendo que o anel escolheu trazer a Stella para cá? Para o nosso parque, ao invés de para qualquer outro lugar do planeta, ou mesmo desta galáxia? Isso parece muito suspeito."

"Eu acho que sim. Além disso...", Roxy olhou para Daphne, uma pergunta silenciosa em seus olhos, procurando permissão para revelar o segredo mais profundo.

Daphne deu um leve aceno de cabeça e completou o raciocínio. "Além disso, ele trouxe Stella para o lugar onde a fada da Chama do Dragão estava. Onde um objeto forjado com um fragmento da Chama estaria mais seguro do que na presença de outro pedaço dela?"

Stella ofegou, a mão voando para a boca em choque. "Espera, calma, não... isso não pode... eu..."

"Então, deixa eu ver se eu entendi tudo", disse Bloom, levantando-se e começando a andar de um lado para o outro, a voz pingando sarcasmo para esconder o pânico. "Alguém está atrás desse anel, possivelmente porque tem um pedaço da Chama do Dragão, uma coisa que, aliás, eu também tenho. Ao ser atacada, o anel, que agora é estranhamente consciente, trouxe a Stella para perto de nós. E aquelas... criaturas... são os capangas de quem quer que esteja atrás do anel, da Chama, ou de ambos." Ela parou e olhou para todos. "Ah, e só para colocar a cereja no bolo: eles agora sabem onde moramos!"

"Quer dizer, eu espero que não por muito tempo", disse Roxy, virando-se para Daphne. "Isso parece o momento perfeito para usar um feitiço de adulterar memórias, não é?"

Daphne balançou a cabeça. "Não posso. A patrulha de Solaria que virá buscá-los saberá que magia foi usada. Apagar a memória deles de forma tão bruta seria como deixar um cartão de visitas mágico, e eu não quero que ninguém saiba que há fadas poderosas operando nesta área."

Ela olhou para os trolls imobilizados do lado de fora. "Mas você está certa. Não podemos deixá-los com a localização." Sua expressão se tornou focada, e sua magia começou a brilhar suavemente em suas mãos. "Não vou apagar a memória deles. Vou apenas velar o caminho."

"Como assim?", perguntou Bloom.

"É um feitiço mais sutil", explicou Daphne. "Eles se lembrarão da luta, do ataque, da fada loira e da ruiva que a ajudou e da casa que invadiram. Mas o 'onde' se tornará uma névoa, um borrão impossível de localizar. O caminho até aqui, para eles, simplesmente deixará de existir."

Mas ninguém prestava atenção em Stella. Se tivessem olhado, teriam visto o terror silencioso e a incredulidade estampados em seu rosto. 

A incredulidade era exacerbada pelo contraste gritante entre as duas Daphnes que ela via à sua frente: a que ainda segurava sua mão, os dedos traçando círculos suaves e reconfortantes sobre sua pele, e a que acabara de discutir, com a mesma casualidade com que se comenta o tempo, a alteração de memórias em um nível que a maioria dos magos de Solaria consideraria impossível. 

No entanto, as outras fadas estavam focadas na estratégia da situação, enquanto os dois humanos estavam, mais uma vez, ocupados tentando se adaptar com outro soco em sua visão de mundo.

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"Alguém quer comer alguma coisa antes de entrarmos nisso? Eu quero interroga-los antes de tomar qualquer decisão."

Vanessa, que segurava a mão de Mike, balançou a cabeça firmemente. "Querida, eu não acho que conseguiria engolir nada agora."

"Eu também não", concordou Bloom, o sarcasmo usual substituído por uma seriedade sombria. "É melhor acabarmos logo com isso."

Daphne assentiu, o olhar passando por cada pessoa na sala, avaliando o estado emocional de sua estranha e improvisada equipe. Mike estava pálido, mas resoluto. Roxy, analítica como sempre, observava tudo com uma intensidade silenciosa. Stella ainda parecia abalada, mas a curiosidade começava a superar o medo.

"Certo", disse Daphne. "O quintal é um ponto seguro novamente." Ela viu a expressão confusa no rosto de Stella e percebeu que a princesa de Solaria não tinha o contexto completo. Faltava uma peça crucial do quebra-cabeça que era a vida delas na Terra. "Stella, há uma razão pela qual eu mantive barreiras tão fortes ao redor desta casa por tanto tempo. Não era por causa de trolls."

Ela fez uma pausa, a gravidade em sua voz capturando a atenção de todos. "Existem caçadores de fadas neste planeta. Um grupo chamado Magos do Círculo Negro. Eles são a razão pela qual a magia da Terra quase foi extinta."

O horror se espalhou pelo rosto de Stella, substituindo qualquer resquício de choque anterior. "Caçadores de fadas? Aqui? E... e eles estão atrás de mim agora?", a voz dela subiu uma oitava, o pânico evidente.

A onda de medo de Stella foi contagiante. Bloom, que estivera se mantendo firme, sentiu uma ansiedade gelada subir por sua espinha. A ideia de seus inimigos, inimigos que caçavam Roxy, chegarem até elas porque ela usou magia fora de casa era pertubadora. Ela se encolheu instintivamente, o olhar buscando o de Daphne.

"Acho que não", disse Daphne, a voz calma e tranquilizadora cortando a tensão crescente. Ela olhou diretamente para Stella. "Eles caçam fadas da Terra. Você não é daqui, e a assinatura de sua chegada foi de um portal, não de uma fada nativa se revelando. O ataque que você sofreu não tem o estilo deles." Ela se virou para Bloom, vendo o medo nos olhos da irmã. "E você, minha flor, estava resguardada. A magia deles não a teria detectado."

O alívio na sala foi palpável, embora a nova informação sobre os Magos do Círculo Negro tenha adicionado outra camada sombria à já complicada situação.

"Certo, se ninguém precisa de uma pausa", disse Daphne, a voz novamente a de uma líder. "Vamos descobrir quem está enviando trolls para atacar princesas."

Ela andou, com Arabella em seu ombro dessa vez, até a bolha que cercava os trolls. 

Daphne parou diante das criaturas. Com um gesto, a magia que os mantinha cegos e surdos se dissolveu. Os olhos do troll azul, pequenos e cruéis, focaram nela com ódio. Em vez de perguntar, Daphne desenhou uma runa dourada e complexa no ar. Ela flutuou e se pressionou contra a testa do troll amarelo e do azul. Os olhos deles perderam o foco, tornando-se vítreos.

"Fale", comandou Daphne, a voz imbuída de poder. "Quem enviou vocês?"

O troll azul se debateu. Um rosnado baixo e gutural rasgou sua garganta, a mandíbula se apertando com um estalo. O amarelo, no entanto, piscou os olhos repetidamente, lutando entre a obediência forçada da runa e uma lealdade aterrorizada a outra força. Ele estava resistindo.

Daphne franziu a testa, surpresa e impressionada. A runa da verdade era uma magia de Ninfa, antiga e poderosa, mas não foi projetada para a mente brutal e singular de um Troll; era como usar uma chave mestra em uma fechadura enferrujada. Ela intensificou o poder, a runa brilhando mais intensamente. "Fale!"

"As... Senhoras...", o troll finalmente forçou as palavras, a voz um rangido de pedra. Seu corpo tremia com o esforço. "Fomos... enviados... pelas Senhoras."

"Os nomes delas", exigiu Daphne.

O troll gritou, um som de pura agonia mental enquanto lutava contra a compulsão. "Não posso!" Um fio de fumaça escura saiu de suas narinas, um sinal de que a magia protetora de suas mestras estava retaliando.

Daphne percebeu que forçá-lo não levaria a lugar nenhum. Um troll era notalvemente resistente a magia e aquilo era um ataque mágico direto ao invés das plantas que ela usou antes.

 Se ele foi forte o suficiente para chegar àquele ponto, então não havia como arrancar aquela informação específica. Ele resistiria igualmente se ela invadisse sua mente. Seu pai tinha a mesma teimosia, a mesma resistência. Não adiantava bater na parede.

Ela recuou a intensidade de seu feitiço, um brilho de respeito relutante em seus olhos. Até mesmo monstros podiam ter lealdade. Uma lealdade forjada em magia e medo, mas ainda assim, uma barreira formidável.

"Por que elas querem a Princesa de Solaria?", perguntou ela, mudando de tática.

Isso, aparentemente, não era importante para ele. "O Anel", respondeu a criatura, a voz ainda tensa. "As Senhoras querem o Anel. Disseram que ele as levaria ao prêmio maior."

"Qual o prêmio maior?"

"Eu não sei", o troll grunhiu.

Então seus inimigos eram inteligentes, uma pena. Compartimentavam a informação. Seu trabalho seria mais fácil se soubesse o motivo. "O que elas buscam com esse prêmio?"

"Poder", a resposta foi simples e previsível. "Para se tornarem as mais poderosas de todas."

"Suas senhoras são bruxas?"

"Sim."

"Que idade elas têm? Onde moram? Como elas se parecem?"

O troll fechou a boca firmemente, os lábios se transformando em uma linha fina e teimosa. A resistência voltou com força total. Daphne sentiu seu dragão interior, a centelha da Chama que habitava nela, rugir de fúria. A criatura que atacara seus filhotes, que ameaçara sua casa, agora ousava proteger os invasores. Ela suprimiu a raiva, mantendo a voz fria.

"Como elas fizeram os goblins trabalharem para elas?"

"Os goblins viram a força delas. Assim como nós."

Um brilho de compreensão passou pelos olhos de Daphne. "Então eles também ficaram com medo", disse ela, mais uma afirmação do que uma pergunta. O leve vacilar nos olhos do troll foi toda a confirmação que ela precisava.

"Onde você as encontra?"

"Em Magix", a resposta saiu antes que a lealdade do troll pudesse impedi-la.

O ar pareceu ficar mais frio. Em Magix. Sob o nariz do Conselho, de Faragonda.

"Em que lugar de Magix?", pressionou Daphne.

Mas o troll se fechou completamente, balançando a cabeça maciça, um rosnado baixo vibrando em seu peito. Ele não diria mais nada.

Com a recusa teimosa do troll em revelar a localização exata em Magix, Daphne mudou de tática pela última vez, buscando entender a escala da ameaça. Sua voz permaneceu fria e nivelada, sem trair a urgência que sentia.

"Além da princesa, vocês têm outros alvos?"

O troll, ainda sob o efeito da runa, hesitou apenas por um segundo antes de grunhir, "Não."

"Quantas Senhoras são?", ela pressionou, a pergunta afiada como uma lâmina.

Novamente, o muro se ergueu. O troll apertou os olhos, a mandíbula travada, e permaneceu em silêncio, a fumaça escura voltando a escapar sutilmente de suas narinas. O número delas era, aparentemente, uma informação tão protegida quanto seus nomes.

Daphne sentiu uma pontada de frustração, mas a controlou. Ela tentou uma última pergunta, abordando o problema por outro ângulo. "Na busca por esse 'prêmio maior', elas já atacaram mais alguém? Outras fadas, outros reinos?"

"Não", a resposta foi rápida e definitiva.

Daphne assentiu lentamente, processando as informações. O alvo era específico: Stella e o Anel. A operação parecia ser o primeiro grande movimento desse coven. Eram focadas, poderosas e extremamente secretas. Era tudo o que ela conseguiria arrancar daquela criatura. Forçar mais seria inútil e perigoso.

Ela olhou para o troll, uma ferramenta quebrada de um poder maior e mais sinistro. Com um gesto final, ela desfez a runa da verdade e reaplicou o sigilo que o mergulhou de volta na escuridão e no silêncio, juntando-se a seu companheiro. A interrogação estava terminada.

Ela agora tinha suas respostas, ou pelo menos, o suficiente delas. Não era um bruxo solitário. Era um coven. Um coven poderoso o suficiente para encantar rastreadores, empregar trolls e selar a lealdade de seus servos, mas não a ponto de criar um feitiço de lealdade ou usar capangas mais discretos.

Mas, o mais importante, não era um coven experiente ou muito velho. Não eram as três malditas.

Com um suspiro, Daphne ergueu as mãos e puxou fios de magia ao seu redor. 

A magia que Gothel lhe ensinara era útil nessas horas, fios elementares eram uma arte perdida mas útil, especialmente para algo tão delicado quanto uma mente.

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Com o quintal novamente silencioso, embora em ruínas, Daphne se virou para o grupo tenso na varanda. A adrenalina da batalha deu lugar a uma exaustão pesada, mas sua mente permaneceu afiada, já focada no próximo problema: a limpeza.

Seu olhar se fixou em Stella. "Você mencionou ajuda", disse Daphne, a voz calma e controlada. "Para remover nossos... convidados indesejados do quintal."

Stella endireitou a postura, parecendo aliviada por ter uma solução para oferecer. "Ah, sim! Eu conheço uma equipe. São especialistas em lidar com criaturas mágicas e situações... complicadas."

Daphne arqueou uma sobrancelha. "Eles são da guarda real de Solaria?"

"Não exatamente", disse Stella, e pela primeira vez, um leve rubor de constrangimento apareceu em suas bochechas. "Eles são especialistas. De Fonte rubra."

Um silêncio se instalou enquanto Daphne processava a informação. Então, para a surpresa de todos, um sorriso genuíno e aliviado se espalhou por seu rosto. Estudantes. Não um esquadrão de guardas reais experientes que poderiam reconhecer o rosto de uma Ninfa/ princesa perdida de retratos históricos. Apenas... adolescentes. Aquela era uma situação infinitamente melhor.

"Entendo", disse Daphne, o sorriso ainda em seus lábios. "Nesse caso, eu agradeço se você os chamar."

"Sim, claro!", disse Stella, o alívio evidente em sua voz. Ela já pegava um pequeno comunicador de seu bolso quando hesitou. Seus dedos começaram a girar nervosamente o Anel de Solaria em seu dedo. "E... uhm... sobre o anel", começou ela, olhando para Daphne com uma vulnerabilidade recém-descoberta. "Aquele encantamento que você mencionou antes... Você poderia...?"

Daphne assentiu, a expressão se suavizando com empatia. "Claro, Stella. Com todo o prazer, qualquer coisa pela família."

E era isso que Stella era, para todos os efeitos ela e a mãe eram os únicos outros elos de sangue que Daphne tinha. Seus pais... ela não queria pensar em como estavam. Sua tia estava morta, sua prima desaparecida, seus avós e avôs levados pelo tempo. Se ela pudesse evitar outro funeral ela o faria.

Uma conversa com Bloom e Roxy era necessária. Daphne as criou para serem leais a família e ela sabia que suas meninas estariam incertas sobre como agir com Stella, ainda mais com todos os segredos que Stella agora sabia.

Na verdade, ela teria que falar com Stella também, sua prima precisava entender a importância dos segredos que sabia.

E ainda tinha Mike e Nessa, que devem estar surtando mentalmente. 

Uma bicada na ponta da orelha a distraiu e ela percebeu que Arabella tinha pousado em seu ombro novamente, ela levnatou a mão e passou pelas penas de sua amiga.

"Eles devem chegar em breve", disse Stella, guardando o comunicador. Ela lançou um olhar nervoso para a porta dos fundos, como se esperasse que os trolls se reanimassem a qualquer momento.

"Bom", disse Daphne, a voz calma, mas com um tom que fez todos na sala ficarem em silêncio. Ela se virou para Stella, o olhar direto e sério. "Enquanto esperamos, Stella, nós precisamos conversar."

A mudança na atmosfera foi instantânea. Stella, que começara a relaxar, enrijeceu-se, a postura se tornando defensiva. Seus olhos dourados se arregalaram, e por um instante, ela pareceu um cervo encurralado, procurando uma rota de fuga que não existia.

Vendo o pânico florescer no rosto da jovem princesa, Daphne contornou a situação com a graça de uma diplomata experiente. Ela suavizou a voz, mas não a intensidade de seu olhar.

"Não se trata de culpa ou repreensão", disse ela, gentilmente. "Mas há alguns assuntos delicados aqui que precisma ser discutidos." 

Ela andou até a sala, com todos a seguindo. Nessa foi para a cozinha, provavelemnte para pensar sozinha por alguns minutos e ela viu Mike encostado na parede oposta, de olho tnato em Nessa quanto nelas.

Roxy se sentou ao seu lado e Bloom arrastou Stella para o outro sofá. Só então, Dpahne continuou a falar.

"O que você viu nesta casa esta noite... a minha presença, a de Bloom... é um segredo que guardamos há quase duas décadas. Um segredo que nos manteve vivas. Um segredo que, se revelado, traria inimigos muito piores do que trolls à nossa porta."

Os ombros de Stella começaram a relaxar, o medo em seu rosto sendo lentamente substituído por uma compreensão séria. Daphne reconheceu a mudança imediatamente: o modo princesa entrando em ação. Ela não era mais uma adolescente assustada; era uma herdeira real processando informações de segurança de estado.

"Você entende o peso dos segredos, eu sei que sim", continuou Daphne, a voz agora um pacto entre as duas. "A necessidade de proteger sua casa e seu povo. Estou pedindo que estenda essa mesma proteção à minha casa. À minha família."

A transformação de Stella estava completa. Sua postura se endireitou, o queixo se ergueu. "O que aconteceu nesta casa", concluiu Daphne, "fica nesta casa. Combinado?"

Stella a encontrou nos olhos, a admiração e o respeito agora superando o medo. "Combinado, Princesa Daphne. Você tem a minha palavra. Como Princesa de Solaria."

"Obrigada", respondeu Daphne, genuinamente. "E por isso, sinto que você merece algumas explicações. Quando o exército das sombras atacou, eles miraram diretamente em nós. As lendas se provam reais se você sabe onde olhar; dizem que os dominianos são fogosos, que se alimentam do fogo da Chama do Dragão. Não estão muito longe da verdade, e isso é um segredo de família, Stella. Eu e Bloom nascemos com a Chama tão ligada a nós que faz parte da nossa própria alma. As bruxas queriam esse poder. E seu anel foi forjado usando um fragmento da Chama e a magia dos sóis de Solaria, por isso que eu consegui usá-lo tão facilmente."

Ela fez uma pausa, deixando a informação assentar. "Eu acredito que as tais 'Senhoras' estejam, no fim das contas, atrás da Chama. Seu anel não seria de uso algum para elas, mas elas só perceberiam isso se o tivessem em mãos."

"E então, o que acha que elas fariam?", a voz de Mike soou, a primeira vez que ele falava desde que Daphne saíra para lutar.

"Então elas procurariam outro rastro, outra conexão, até chegarem aonde querem. Até chegarem a nós." Daphne terminou a frase, a mente já a mil por hora, desenhando círculos na mão de Roxy sem perceber, concentrada em estabelecer planos de contingência. Só porque essas Senhoras ainda não as acharam, não significava que não o fariam, especialmente se Bloom realmente decidisse ir para Alfea.

E por mais que lhe doesse ter sua florzinha longe e em perigo potencial, ela sabia que se mantivesse Bloom a seu lado à força, a garota só se ressentiria dela, do mesmo jeito que a própria Daphne se ressentiu de seus pais e suas regras superprotetoras.

"Você vai investigar isso?", perguntou Bloom, olhando para ela significativamente. Você vai sair do planeta? Vai deixar a proteção de Morgana?, era o que a pergunta realmente significava.

"Eu prefiro ter mais informações do que ser pega de surpresa novamente."

"Então, você vai embora?", a voz de Vanessa veio de onde estava, na entrada da cozinha. Parecia devastada com a ideia. Daphne também se sentia devastada, mas o dever para com sua família era mais importante.

"Eu não quero ir. Quero ficar aqui com vocês para sempre, mas não posso mais ignorar o que está lá fora."

"Então, para onde nós vamos?", perguntou Roxy, a voz firme e clara. Daphne quis sorrir diante da resiliência de sua menina, mas não era a hora.

"Nós não vamos a lugar nenhum", disse ela, fazendo Roxy ficar indignada. Daphne continuou antes que ela pudesse protestar. "Você tem escola, meu bem. Eu vou ter que ir para Magix, mas isso não significa que eu tenha que morar lá. Eu faço portais, lembra? Ainda estarei aqui pela manhã e à noite. Nada precisa mudar."

Ela pensou ter visto o suspiro aliviado de Vanessa, mas sua atenção foi completamente roubada por Roxy, cuja indignação dava lugar a uma raiva crescente.

"Mas tudo vai mudar! Tudo já mudou! Fomos atacadas na nossa própria casa! A Bloom vai para Alfea!" Roxy lançou um olhar acusador para a ruiva. "Não me olhe assim, você sabe que vai, Bloom. E você vai deixar o planeta, Daph, e nós sabemos o que isso implica. Teremos que ser mais cuidadosas a partir de agora, especialmente com a cabeça-quente aí esbanjando magia em Magix!"

"Ei! Eu sei ser cuidadosa!", retrucou Bloom, levantando-se.

"Sabe, o problema é que você escolhe não ser!", acusou Roxy, levantando-se também. Sua aura refletindo sua procupação, medo e ansiedade.

"Eu prefiro ser impulsiva e resolver o problema do que permitir que ele volte para me morder depois!"

"E nesse meio tempo corre o risco de ser devorada inteira!", Artu puxou a bçusa de Roxy, como se estivesse tentando chamar a atenção dela, a fada passou a mão na cabeça dele mas continuou encarando Bloom.

"Meninas. Vocês estão gritando", interrompeu Daphne, a voz severa, mas não raivosa. A pobre Stella parecia aterrorizada com a briga, e a própria Daphne não estava em condições de adicionar "terapeuta de adolescentes" à sua já longa lista de tarefas. "Vamos dar nomes aos problemas, pode ser?"

Ambas acenaram com a cabeça, ainda com os rostos zangados.

"Roxy", começou Daphne, o tom suave. "Você está com medo de Bloom ser atacada em Magix e você não estar lá para ajudar. Eu entendo esse medo, também o tenho. Mas, do mesmo jeito que não posso impedir você de sair de casa para ir à escola, não posso manter a Bloom trancada aqui." Ela olhou nos olhos da afilhada. "Se fosse você, ficaria feliz se eu te impedisse de seguir seu caminho?"

Sua borboletinha mordeu o lábio e balançou a cabeça negativamente.

"Pois é, eu sei que não. Sei que você só está irritada porque está com medo. Mas você não está sozinha. Você tem a mim, tem o Mike, a Vanessa, o Artu, a Arabella, e tem a Bloom e o Kiko, não importa o quão longe eles estejam."

Ela então se virou para Bloom, cuja aura mostrava todo o medo, estresse e culpa que sentia. "E você, minha flor. Sua raiva vem da proteção e do medo. Você quer ir porque quer aprender a ser forte para defender sua família, não é? Eu te conheço, minha querida, conheço esse sentimento. Mas você já é o suficiente do jeito que é. Se decidir ficar, eu continuarei seu treinamento. Se decidir ir, eu acompanharei seus estudos. Você não é responsável por essa luta. Você não está sozinha. E nada disso é culpa sua."

O olhar de Daphne se tornou duro como aço. "Sabe de quem é a culpa? Das três malditas Bruxas Ancestrais. Nelas você pode descontar todo o seu ódio, medo e raiva. E quando isso não for o suficiente, eu conheço um bom lugar para explodir algumas coisas."

As meninas ainda não conheceram Paititi, Daphne inda não teve tmepo para leva-las lá. E não teve coragem para leva-las até Gothel.

Ela suavizou a expressão, olhando para os rostos agora mais calmos de suas meninas. "Então, estamos bem?"

 Um silêncio exausto, mas compreensivo, preencheu a sala. Bloom e Roxy, os ombros caídos, voltaram para o sofá, sentando-se onde estavam antes, mas significativamente mais relaxadas, uma trégua silenciosa entre elas. Kiko tinha pulado no colo de Bloom, como se quisesse garantir que ela ficaria ali.

Daphne observou-as, o coração apertado de amor e preocupação. Ela se aproximou, a voz suave, mas firme, falando para todos na sala.

"As coisas vão mudar", disse ela, e todos os olhares se voltaram para ela. "É inevitável. Mas isso não significa que perdemos o controle."

Por mais que pareça que sim.

Ela olhou para suas meninas, depois para Mike e Vanessa. "As coisas vão mudar, mas não mais do que o necessário. Nós escolhemos o que muda e o que permanece. O que é importante para nós, nós protegemos. E lembrem-se", ela acrescentou, um pequeno sorriso tocando seus lábios, "nem toda mudança é ruim."

Suas palavras pairaram no ar, uma promessa de estabilidade em um mundo que acabara de virar de cabeça para baixo.

Foi nesse momento de calma frágil que ouviram. Uma batida clara e firme na porta da frente.

Instantaneamente, todos congelaram lembrando dos trolls no quintal. Mike se levantou um pouco da cadeira, o corpo tenso. Bloom e Roxy se entreolharam, a briga esquecida, a ansiedade retornando. O som, tão normal e mundano, parecia sinistro depois do ataque que haviam sofrido.

Daphne, no entanto, permaneceu calma. Seu olhar não foi para a porta, mas diretamente para Stella, erguendo uma sobrancelha inquisitiva.

Stella, entendendo a pergunta silenciosa, deu um aceno de cabeça rápido e confiante. "São eles. Meus amigos."

Daphne assentiu uma vez. Ela gesticulou com a cabeça em direção à porta. "Venha comigo."

Era um convite, não uma ordem. Um gesto de confiança que não passou despercebido por Stella. A jovem princesa se levantou, a postura novamente régia, e caminhou até o lado de Daphne. As duas loiras, uma uma Ninfa antiga cuja idade estava escondida em seus olhos sábios, e a outra uma princesa jovem e vibrante, foram juntas atender à porta, apresentando uma frente unida e formidável.

Daphne abriu a porta.

Parados na varanda, havia um grupo de jovens, todos mais ou menos da idade das meninas. Eram cinco rapazes, quatro deles vestidos com uniformes azuis e elegantes que claramente não eram deste planeta. Eles exalavam uma aura de confiança e treinamento.

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Os rapazes tiraram os trolls rapidamente. Daphne tinha suspendido as proteções ao redor deles, deixando eles presos apenas pelas videiras.

A casa cheia de palntas só corroborava com a ideia de que ela era uma fada da natureza. Todos os anos ao lado de Haya, a própria ninfa de Lynphea, só ajudava ela a saber como uma fada da natureza age.

Na verdade, o único contratempo foi a desconfiança dos especialitas em treinamento, mais especificamente, a desconfiança de dois deles. Eles a encaravam e depois se encaravam e Daphne sabia que teria problemas no futuro.

Como ninfa seu rosto era mascarado, como princesa seu rosto era embelezado. Mas ela era muito conhecida antes, como não ser? Ela era a princesa do planeta mais poderoso da Dimensão Mágica, ninfa de Magix e ninfa suprema.

Mas os jovens não comentaram nada, nem pareçeram mais desconfiados quando ela disse o nome dela. 

Afinal, a Daphne de Dominó era uma usuária de fogo não era? Como toda a fmaília dela? E essa Daphne usava plantas e não fogo.

Eles foram embora rapidamente, e logo as seis pessoas restantes estavam se encarando, todos em silêncio. 

 

 

 

Notes:

- Oii, então a essa altura, você já deve ter percebido que está sendo difícil manter as atualizações contantes, então eu quero uma opção. Prefere atualizações com os capítulos amis longos, como este, ou atualizações mais frequentes com os capítulos curtos?

- Comecei a entender os escritores de séries. Tem que ter uma enrolação no meio senão fica chato. Eu percebi que podia ter feito a Daphne descobrir sobre as Trix logo agora, mas isso tiraria todas as aventuras da Bloom da primeira temporada e ficaria muito chato.

- É isso gente, pra que especialista se temos a Daphne? Eu queria muito fazer eles ajudando na luta e vendo que a Daphne dá conta, mas a Daphne não é um tipo de personagem que pronlongaria uma luta mais do que o necessário e os especialistas precisam de algum tempo para chegar na casa delas.

 

- Eu deixei a Stella mais séria nesses últimos capítulos e isso foi proposital. Vamos lá, tempos uma princesa que também é a única herdeira do trono, criada sozinha, com os pais divorciados, sem amigos, com o que eu tenho quase certeza que se classifica como bullying, com base em um flashback da Stella mais nova. Então, essa menina começa a performar, se mostrando confiante e intocavél para não se machucar, só que ela acaba em uma casa com uma familia feliz, comunicativa, simpática, poderosa e só para por a cereja no bolo essa família ainda é parente dela. Essa família acolheu ela depois de poucas horas, a aceitou, até então, e parece que se importa com ela. Ela se culpa por ter levado os trolls para lá, por não poder ajudar, teme ser expulsa de lá ao mesmo tempo em que deseja poder ficar lá para sempre. Posso estar modificando muito em pouco tempo, mas pensem na Stella de Fate Winx (no modo princesa, em como ela assume uma fachada), eu imagino uma mistura entre as duas.

- Eu juro que tentei fazer esse o último capítulo antes de Alphea, mas estou presa nele a semana inteira e ainda não coloquei tudo que eu queria. Então, ao incés de segurar por mais uma semana, aqui vai a parte 1.

Chapter 45: Interrogatórios, planos e partidas- parte 2

Chapter Text

Daphne não conseguia dormir, estava ansiosa demais para conseguir pegar no sono.

Planos e contraplanos se desenrolavam em sua cabeça enquanto ela encarava o teto, e só conseguia imaginar o quanto mais havia mudado. Stella respondera a todas as suas perguntas, mas a solariana era uma jovem protegida, que havia sido deliberadamente afastada da política. Prova disso era que o Conselho de Magix, os líderes principais da Dimensão Mágica, parecia estar fingindo que nada de grande acontecera há dezessete anos. 

Senão, qual era o sentido de deixar uma princesa, uma pessoa que literalmente nasceu em meio aos grandes e poderosos, tão inocente a ponto de nem saber os membros atuais do conselho?

E como se isso não ativasse sinais de alerta suficientes, ainda havia o detalhe de que Stella falava da queda de Dominó como se fosse algo que acontecera há séculos, não como uma tragédia recente. Quando o planeta Diamond caiu, o medo se espalhou pela Dimensão. O Conselho de Magix recebia mensagens atrás de mensagens, desde líderes planetários até cidadãos comuns preocupados.

Então, o único jeito de Dominó — o planeta que era o mais rico, poderoso e antigo da Dimensão Mágica — ter sido praticamente varrido das mentes da nova geração era que isso fora intencional. A própria Stella havia dito que só sabia de algumas coisas por causa da mãe dela que era parente da família de Daphne.

Os antigos amigos de seus pais eram reis dos planetas mais poderosos, como Solaria e Andros. Mas havia mais. 

Eraklyon. 

A lógica fria a levava a uma única e terrível conclusão: Erendor os havia traído. As bruxas só poderiam ter invadido com a ajuda dele. Daphne não queria acreditar, mas não havia outra explicação. Ela só precisava confirmar. Precisava ir para Magix.

Seu disfarce estava pronto. Ela e Bloom eram um quarto solarianas; era isso que diriam para qualquer um que perguntasse. Sua irmã seria Bloom Callaway de Solária, uma conhecida de Stella que também iria para Alfea.

E aí estava outro problema: Alfea e Faragonda. A Companhia da Luz havia assumido a liderança das escolas de Magix e, consequentemente, seus respectivos lugares no conselho. Se Dominó estava sendo varrido para debaixo do tapete, era porque eles apoiaram a decisão ou simplesmente não se importaram. 

Stella já havia cursado um ano em Alfea e, segundo ela, ninguém lá falou sobre a queda de Dominó ou sobre as três Bruxas Ancestrais. Isso só fazia Daphne desconfiar ainda mais de Faragonda. Por inércia ou por maldade, a diretora estava ajudando a encobrir um genocídio.

Sinceramente, ela não queria que Bloom fosse para Alfea. Mas era um direito dela. Sua irmã precisava aprender a caminhar com os próprios pés, precisava sair do ninho, por mais que o instinto protetor de Daphne gritasse contra isso. Era um ninho que ela queria proteger para sempre, mas sabia que, se o fizesse, ele se tornaria uma gaiola.

Bloom iria para Alfea, mas iria nos termos de Daphne. Com as proteções, as salvaguardas e a exigência de comunicação frequente.

Estava na hora. 

Infelizmente!

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Na manhã seguinte, depois de dormir apenas 4 horas, Daphne se levantou e foi para a cozinha. Se preparando para o último dia antes de tudo mudar.

Bloom iria para Alfea. Daphne deixaria o planeta, mesmo que por breves momentos, anulando as proteções de Morgana que a escondiam. E só o Grande Dragão sabia o tipo de coisas que ela encontraria em Magix. Dezessete anos não era tempo suficiente para uma mudança cultural drástica, mas dezessete anos de uma política coletiva de ignorância fingida eram mais do que suficientes para apagar a história.

Se todos, principalmente a geração de Bloom, fingissem que nada aconteceu, então não haveria mal na Dimensão Mágica, não haveria feridas a serem curadas, não haveria mundos a serem restaurados.

Não haveria memória de Dominó a ser preservada.

E Dominó não foi o único planeta a cair, apesar de seus esforços para impedir. Se estavam ignorando Dominó, o que estavam fazendo com os outros? O que aconteceu com os civis que suas ninfas salvaram? O que aconteceria com ela agora?

Sua querida Arabella veio consolá-la, pousando em seu ombro e esfregando a cabeça em sua bochecha, mas até mesmo isso parecia supérfluo. Ela se sentia em transe desde que Stella havia chegado, movendo-se através de uma névoa de dever e dor.

O desabafo em Paititi havia ajudado, mas a verdade era que ela não tinha escolha. Naquela situação, era seguir em frente ou seguir em frente.

Ela se movia pela cozinha com uma eficiência praticada, quebrando ovos em uma tigela, o gesto automático, enquanto sua mente estava a galáxias de distância.

Ela pensou, com uma pontada de ironia, o quão diferente sua vida era ali. Em Dominó, ela raramente entrava nas cozinhas do palácio, a não ser para roubar uma fruta ou conversar com os cozinheiros. A preparação de alimentos era um serviço, não um ato de amor diário. Ali, naquela pequena cozinha em Gardenia, era um de seus rituais mais preciosos, uma forma de cuidar de suas meninas que nenhuma ordem real poderia replicar.

Ela ouviu passos suaves na escada, leves demais para serem de Mike ou das meninas. Sabia que era Vanessa.

Sua amiga entrou na cozinha, já vestida para o dia, e não disse nada. Apenas pegou um avental do gancho e começou a fatiar tomates e queijo para acompanhar os ovos. O silêncio entre elas não era pesado ou constrangedor; era confortável, o tipo de silêncio que só anos de convivência e uma compreensão profunda poderiam criar. Cada uma se movia pelo espaço da outra sem esbarrar, uma dança matinal perfeitamente coreografada.

Daphne sabia que Vanessa e Mike estavam aterrorizados. Ela podia ver nas pequenas tensões ao redor dos olhos deles, na forma como Mike verificava as fechaduras duas vezes antes de dormir na noite anterior, na maneira como Vanessa a observava quando achava que ela não estava olhando. Sabia que eles estavam evitando surtar na frente dela e das meninas, seus queridos, engolindo o próprio medo para oferecer um semblante de normalidade.

E ela os amava imensamente por isso.

Mas ela não tinha forças para tocar no grande elefante branco na sala. Não ainda. Não tinha a capacidade de tranquilizar os medos deles sobre um universo de perigos que ela mal conseguia enfrentar em sua própria mente.

Depois que deixasse Bloom em Alfea, talvez. Quando o primeiro e mais difícil passo em direção àquele novo futuro fosse dado, ela se sentaria com eles e lhes daria a honestidade e a segurança que eles mereciam. Mas não naquela manhã. Naquela manhã, ela precisava apenas da força para passar pelo café da manhã.

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O café da manhã passou facilmente. Stella falava sobre como era Alphea, suas meninas falavam do que sabiam pelas memórias que Daphne lhes mostrara, Mike e Nessa faziam perguntas de vez em quando, mas permaneciam principalmente apenas ouvindo. 

A atmosfera era carregada de expectativa, mas alegre e vibrante. Stella tinha se encaixado como um peixe na água, só que era como um peixe de aquário em um rio, ela parecia leve, não a energia forçada de antes, apenas feliz e energética, como uma criança recebendo seu doce favorito.

Daphne, infelizmente, tinha uma ideia de qual era esse doce. E não queria pensar nisso.

Quando todos terminaram, todos subiram para os quartos de novo. Era uma coisa que Stella estava claramente estranhando e Dpahne entendia, qunado se mora em um palácio, o café é servido no minimo em outro comodo e há guardas ou funcionários no caminho até lá. Você não anda de pijama. 

Mike e Vanessa, que haviam dormido nos quartos de hóspedes, subiram para trocar de roupa, usando as peças reservas que sempre deixavam ali para emergências ou noites de filme que se estendiam demais. As meninas subiram logo atrás.

Daphne se trocou em seu próprio quarto, optando por calças de linho confortáveis e uma blusa de seda — prático, mas elegante. No entanto, quando terminou, ela não desceu. Seu destino era o quarto de Bloom.

Ela conhecia a irmã bem o suficiente para saber exatamente o que encontraria. Daphne bateu levemente na porta antes de entrar. O quarto de Bloom era um caos organizado, com roupas espalhadas pela cadeira e uma mala aberta sobre a cama. Stella e Roxy, junto com Kiko e Artu, estavam ou em pé em meio a bagunça ou meio cobertos por roupas.

"Como está a arrumação, minha flor?", perguntou Daphne, a voz suave.

"Claro! Quase tudo pronto", respondeu Bloom, que estava dobrando o que parecia ser sua terceira jaqueta de couro.

Daphne se aproximou da mala com um sorriso que era parte carinho, parte exasperação. "Vamos ver o que a futura aluna de Alfea considera essencial."

Ela começou a remexer na mala. Tirou uma calça jeans. "Muito importante." Tirou uma segunda calça jeans. "Essencial." Tirou uma terceira. "Bloom, você você sabe que não precisa de todos os seus jeans, né?"

Ela continuou, encontrando cadernos de desenho, fones de ouvido e uma coleção de tops coloridos, mas nenhum sinal de um kit de higiene pessoal, roupas de baixo suficientes para uma semana ou qualquer coisa que pudesse ser vagamente descrita como "prática".

Bloom teve a decência de corar. "Eu... ia chegar nessa parte."

Daphne riu, um som baixo e afetuoso. Ela se sentou na beirada da cama, ao lado da mala. "Certo. Sente-se. Vamos fazer isso direito."

"Era o que eu estava dizendo", Roxy resmungou, mas começou a dobrar as roupas.

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Passar pelo cartão postal portal foi uma das coisas mais difíceis que ela já teve que fazer.

Não fisicamente ou magicamente, mas ainda assim.

Ela preferiria mil vezes restaurar um núcleo planetário do que enfrentar aquele antro de incerteza.

Arabella, a doce e incrivelmente inteligente Arabella, bicou sua orelha para distraí-la. Mas ambas sabiam que havia pouco que pudesse acalmá-la naquele momento, com o ar de Magix já preenchendo seus pulmões.

Ela foi a última a passar, observou, com o coração apertado, as meninas ajudarem Mike e Vanessa a atravessar o limiar trêmulo, e então puxarem a mala de Bloom. Com uma última olhada para o quarto de sua irmã em Gardenia, ela deu o passo final.

Era estranho voltar. O mundo era diferente ali. O ar zumbia, saturado de magia, uma sinfonia que ela não ouvia há quase duas décadas. E, no entanto, parecia frio. Desolador. Como se faltasse alguma coisa.

E faltava. A magia da Terra a cercando, as proteções de Morgana. Ela sabia que ao voltar perceberia a diferença mais gritante.

Daphne estendeu seus sentidos, ampliando sua própria magia em fios sutis e invisíveis para sondar o ambiente. Uma familiaridade dolorosa a atingiu – a leveza do ar, a ressonância do poder bruto. Era como voltar para a casa de sua infância depois que todos já foram embora.

E casa, ela percebeu com uma pontada no peito, agora era Gardenia. Era Mike, Vanessa, suas meninas e seus familiares.

Sua própria magia, como um animal de estimação retornando a um território conhecido, tentou vagar, ansiosa por se reconectar com a fonte distante de Sirenix, com as pedras-mãe de Magix que eram o coração do planeta. Ela a conteve com um esforço de vontade. Não era a hora. Um pulso de poder como o dela, aparecendo do nada após dezessete anos, chamaria uma atenção indesejada. Ela precisava ser discreta, tanto por si mesma quanto pelo disfarce de Bloom.

Ela puxou sua atenção de volta do mundo e a focou no que realmente importava. Em sua família.

Viu Bloom, não para o novo mundo, mas para cima, um pouco acima da cabeça de Daphne. Ela provavelmente estava vendo sua aura, um turbilhão de emoções conflitantes que Daphne nem se esforçava para esconder. E Roxy... sua borboletinha alternava o olhar entre ela, verificando seu estado, e observar — analisar — cada detalhe do ambiente, desde a grama até os pássaros ao redor.

"Tá bom", disse ela, a voz baixa e decidida, cortando a tensão. "Vamos fazer isso."

O sorriso de Stella foi instantâneo e brilhante, um misto de alívio e propósito. Ela estendeu seu telefone de cristal sem hesitar, feliz por finalmente poder contribuir de forma concreta.

Enquanto pegava o aparelho, Daphne olhou para os outros, que observavam a cena em silêncio. Todos ali já sabiam do plano geral — matricular Bloom — mas o motivo de terem esperado até pisar em Magix para executá-lo pairava no ar.

"Eu não podia arriscar preencher isso na Terra", disse ela, a voz séria, respondendo à pergunta não feita. "Um formulário de Alfea, mesmo digital, deixa um rastro. O sistema registraria a origem da inscrição." Ela olhou para Mike e Vanessa, para que entendessem a gravidade da situação. "Uma aluna de última hora se inscrevendo de um planeta supostamente sem magia? Seria uma bandeira vermelha. Uma pista que não podemos nos dar ao luxo de deixar."

Ela voltou o olhar para o telefone em suas mãos. "Aqui... somos apenas mais um pingo no oceano de magia. É mais seguro."

Ela sabia que o sistema só abria uma vaga se outra fosse oficialmente fechada. A fila de espera para Alphea era enorme, mas uma vaga poderia ser 'dada a alguém' — uma brecha obscura que ela descobrira anos atrás, quando era uma aluna curiosa demais para o bem da diretora. 

Com a carta de Varanda em uma mão e o telefone na outra, Daphne se concentrou. Ela fechou os olhos. Era a primeira vez que usaria sua própria magia em Magix em dezessete anos. 

Um pequeno portal, não maior que a carta, rasgou o ar acima de sua mão com um zumbido quase inaudível. O ar da sala de correspondência de Alfea — cheiro de papel velho e selos mágicos — flutuou por um instante. Ela soltou a carta, que desapareceu no vórtice. Com um estalo, o portal se fechou.

O formulário de Bloom tinha uma pequena parte extra, que era o pulo do gato. 'Subistitua da matrícula referente a Varanda de Calisto'. Só isso e pronto.

Bloom já constaria na lista de alunas matriculadas. 

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- O próximo capítulo vai ter um interlúdio de Bloom ou Roxy, ainda estou na dúvida.

- Amores, esse mês eu estou lotada de coisas para fazer e infelizmente, meu ritmo de escrita sofre por isso. Junto a isso, minha faculdade está testando minha resistência mental (ou seja, semana de provas), o que também atrapalha. Vou tentar manter as atualizações, com capítulos menores, mas se eu atrasar vocês já sabem o motivo. Pelo lado positivo, minhas férias vão da última quinzena de dezembro até o fim de fevereiro, então é o tempo em que compensarei esse mês.

- Decidi pular os diálogos que planejei e arrancar logo esse maldito band-aid, então FINALMENTE chegamos em Alphea. Alguma ideia do que a Dpahne vai encontrar?

- Essa parte para a matrícula de Bloom é COMPLETAMENTE inventada, eu só precisava de um jogo no roteiro para meus planos. Sim, a Dpahne poderia simpolesmente ir conversar com a Faragonda, mas ela quer ser discreta e Faragonda avisaria pelo menos ao resto da Companhia da Luz. E ela não brinca com o segredo dela. 

 

 

Chapter 46: Daphne & Cia em Magix

Chapter Text

Com a inscrição de Bloom confirmada e brilhando no telefone de Stella, a adrenalina do plano bem-sucedido desapareceu, dando lugar à próxima e mais difícil parte.

"Certo!", disse Stella, batendo as mãos, animada. "Agora só precisamos ir atrás dos dormitórios  fazer check-in com a Griselda. Ela é exigente, mas não tão ruim, eu prometo."

O grupo olhou para ela, mas o entusiasmo não foi compartilhado. 

"Nós não vamos com você, Stella", disse Daphne, a voz suave, mas firme. Ela se virou para seus pais adotivos. "Alfea é protegida por barreiras mágicas. Não-mágicos não podem entrar." Ela então colocou a mão no ombro de Roxy, que parecia prestes a protestar. "E nós duas não podemos arriscar sermos vistas. Não ainda. Não até termos garantia de que estamos seguras."

"E se usarmos algum deitiço pra mudar a aparencia?", Roxy perguntou, como se tivesse a ideia do século e Daphne se sentiu mal com aquilo, por que ela realmente queria que algo assim funcionasse.

"As barreiras de Alfea suspendem feitiços assim, só coisas para melhorar a aparÊncia funciona, mas se houver a intenção de esconder a identidade, o feitiço é desfeito e a diretora é chamada na hora"

"Não tem problema", disse Bloom. Sua voz saiu surpreendentemente firme. Ela ajeitou a alça da mala no ombro, evitando o olhar de todos. "Sem problemas. Nos vemos... depois... eu acho."

Ela se ocupou em verificar um zíper em sua mala, o queixo erguido em um ângulo que Daphne conhecia muito bem.

Daphne sorriu, uma pontada de tristeza em seu peito. Ela conhecia aquela postura. Era a mesma fachada de bravata que Bloom usava quando tirava uma nota ruim ou quando Mitzi a provocava na frente de todo mundo. Ela não estava sendo corajosa; estava buscando segurança, tentando agir como se não se importasse, para que ninguém visse o quão apavorada ela realmente estava.

A própria Daphne já esteve ali.

Ela se lembrava vividamente de seu primeiro dia em Alfea, que pareciam séculos atrás, observando seus pais acenarem antes dela desaparer em um portal de volta para Alphea. Ela se lembrava de se sentir triunfante e, ao mesmo tempo, completamente sozinha. A sensação de estar na beira de algo que sempre quis, mas só perceber o lado ruim naquele exato momento. Morar longe. Viver longe. 

A sensação de perceber que perderia as piadas internas que só ela, Bloom e Roxy entendiam. Perderia as noites de sexta com filmes ruins e Vanessa fazendo pipoca salgada demais. Perderia a rotina familiar, os resmungos de Roxy pela manhã, até mesmo as discussões sobre quem ia lavar a louça mágica. Tudo o que ela nem achou que sentiria falta, até o momento de realmente perder.

Mike e Vanessa foram os primeiros a se mover.

"Se cuida, minha garota", disse Mike, a voz grossa, puxando-a para um abraço de urso que a levantou do chão.

Vanessa a abraçou em seguida, as lágrimas correndo livremente. "Prometa que vai comer direito", ela sussurrou, apertando-a. "E não deixe sua amiga te meter em mais encrenca do que você já se mete sozinha."

"Vou tentar", riu Bloom, a voz embargada.

Roxy foi a próxima. Ela não disse nada, apenas a abraçou com uma força que quase quebrou suas costelas. "Tenta não explodir nada no primeiro dia", Roxy murmurou contra seu ombro.

"Sem promessas", respondeu Bloom, a voz igualmente trêmula. Kiko, sentindo a emoção, pulou dos braços de Bloom para os de Roxy, e Artu deu uma lambida de despedida na mão de Bloom.

Por último, Daphne. Ela se aproximou, Arabella ainda em seu ombro, e segurou o rosto de Bloom entre as mãos, forçando a irmã a encontrar seu olhar.

"Você está pronta para isso, minha flor."

"E se eu não estiver?", sussurrou Bloom, a fachada finalmente se quebrando, o medo cru em seus olhos.

"Você vai ficar bem, o mais difícil você já fez, já deu o primeiro passo, até o terceiro na verdade. Você literalmente saiu de sua zona de conforto, meu bem. Agora é só seguir o caminho", disse Daphne, com uma certeza inabalável. "E não se preocupe. Não vamos ficar incomunicáveis."

Um brilho de interesse surgiu nos olhos de Bloom.

"Eu vou dar uma voltinha em Magix, comprar telefones para nós." Ela sorri. "Vou deixar na loja para você pegar e mandar que avisem a você onde é. Você nunca estará sozinha."

O alívio que inundou o rosto de Bloom foi imediato, como o sol rompendo as nuvens. A ideia de poder ligar, de ainda fazer parte das piadas noturnas, de ter aquela linha direta com seu lar, era a âncora que ela precisava.

"Obrigada, Daph."

"Nós sempre nos encontraremos", disse Daphne, puxando-a para um último abraço apertado e dando um peteleco na pulseira de BLoom para lembra-lá. "Agora vá, minha flor. E, pelo amor do Grande Dragão, tente não acabar na sala da diretora. Pelo menos, não na primeira semana."

Bloom riu, uma risada molhada de lágrimas. Ela pegou sua mala, olhou para Stella, que observava a cena com uma emoção estranha nos olhos.

"Vamos?"

Stella assentiu. As duas fadas, uma do fogo e outra do sol, se viraram e caminharam juntas em direção à praça principal de Magix, deixando sua família para trás, na beira do novo mundo.

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Daphne ficou ali, parada, observando o lugar onde Bloom e Stella haviam desaparecido com pesar. Um suspiro, pesado com dezessete anos de proteção e um novo medo paralisante, escapou de seus lábios. Ela sentiu seu peito apertar com a sensação de vazio.

Uma pequena mão, quente e firme, deslizou para a sua. Daphne olhou para baixo e encontrou os olhos sérios de Roxy, que a observava com aquela intensidade analítica que agora estava tingida de pura preocupação.

"Você está bem, Daph?", perguntou Roxy, a voz baixa.

Daphne apertou a mão dela, um sorriso triste e cansado em seus lábios. "Eu estaria melhor se pudesse manter todos vocês em Gardenia. Seguros e escondidos."

Ao lado dela, ela ouviu Mike resmungar baixinho para si mesmo, mais um pensamento em voz alta do que uma conversa. "Dragões e seus tesouros... sempre relutantes em deixar o ouro sair da toca."

Daphne ouviu cada palavra, perto como estava dele. Ela escolheu fingir que não.

Foi Vanessa quem quebrou o silêncio melancólico, seus olhos brilhando não com medo, mas com uma empolgação vibrante. Ela olhava maravilhada para os edifícios flutuantes e as criaturas mágicas que passavam. "Bom... já que estamos aqui", disse ela, virando-se para Daphne com um sorriso animado. "Que tal irmos conhecer a cidade? Eu nunca estive... em outra dimensão!"

O entusiasmo genuíno de Vanessa foi contagiante, arrancando Daphne de sua própria ansiedade. Um sorriso verdadeiro tocou seus lábios. "É uma ótima ideia, Nessa. Mas, antes de tudo..." Ela soltou a mão de Roxy. "Eu preciso me camuflar."

Antes que pudessem perguntar o que ela queria dizer, Daphne passou a mão lentamente sobre o próprio cabelo. Enquanto seus dedos deslizavam pelos fios, a cor loiro-mel de seu cabelo escureceu, fluindo como tinta em aquarela, até se transformar em um castanho escuro. Ela piscou, e seus olhos, que antes eram de um verde-mar profundo, mudaram para um azul-celeste brilhante.

Roxy franziu o rosto, inclinando a cabeça como se tentasse reconhecer a pessoa à sua frente. Mike, ao seu lado, deu um passo para trás, visivelmente assustado com a transformação repentina.

Daphne deu uma pequena voltinha, a postura agora mais relaxada. "O que acham? Discreta o suficiente para um passeio? E não me olhe assim, Roxy, você também precisa se disfarçar."

Eles andaram até a esquina de Alfea, onde o onibus até a cidade parava. Sua família encarava maravilhada o ônibus sem rodas e ela tentou não pensar em como tanto havia mudado, em como o tempo que passou longe era visível na estética da cidade.

Infelizmente, não havia como, quanto mais perto eles ficavam, mas ela percebia isso. 

Durante a guerra, a cidade foi destruída, sim, muito havia sido reconstruído, mas claramente havia partes que foram reinventadas completamente.

Mais visivelmente ainda era a ausência de animais mágicos ali. Havia pessoas caminhando com cachorros, assim como Roxy, mas era isso. Nenhum outro animal mágico, nenhum animal visivelmente mágico.

Stella havia dito isso, mas a realidade ainda atingiu Daphne em cheio.

Sua própria Arabella havia ficado na floresta; ela era única demais, reconhecível demais, e Daphne não queria expô-la. Ainda mais quando sua familiar poderia ser uma espiã útil daqui a algum tempo.

Mike e Nessa olhavam as coisas como se tivessem entrado em um filme e não acreditassem que era real; até Roxy parecia assim.

Daphne entendia, de verdade, mas ainda era engraçado. Foi esse mesmo sentimento que ela teve quando foi para a Terra.

Ela seguiu o ritmo deles, passando por todo tipo de loja, usando a desculpa de ser de Linphea (o planeta que menos usava tecnologia, o que não quer dizer que não sabiam como era a tecnologia, só que as cidades lá não são tão estéreis) toda vez que alguém olhava estranho.

Quando Roxy, inevitavelmente, os arrastou a uma loja de eletrônicos, Daphne parou para comprar os telefones e as bugigangas que ela queria.

Ouro era ouro em qualquer planeta, e bastava que Daphne formasse as moedas da mesma forma que era cunhada em Magix para que seu dinheiro fosse aceito.

Claro, isso era levemente ilegal, mas Daphne era A Ninfa Suprema de Magix; ela tinha alguns privilégios. Além da habilidade mágica necessária para fazer aquilo perfeitamente.

Daphne pediu que enviassem um aviso a Bloom em Alfea com o endereço da loja e arrastou sua família para um restaurante numa rua mais afastada para configurar os novos aparelhos.

Depois ela fez todos andarem até um ponto mais afastado da cidade, onde Arabella os esperava, e abriu um portal.

De volta pra casa, para onde sua magia provavelemnte estaria diferente, sem as proteções de Morgana.

No geral, o dia não foi tão horrível como ela esperava.

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- Oi, o que achou do capítulo?

- Infelizmente, virei aquelas pessoas ansiosas que surtam com algo e não conseguem fazer mais nada, por isso está complicado escrever ultimamente. Sinceramente, eu peço desculpas, no entanto, é isso ou parar de escrever e eu não quero isso. Estou tentando me motivar a escrever mais, porém é complicado, então não posso fazer promessas.

- Finalemnte, as coisas estão sneod riscadas da minha agenda kssksk, então estou com mais tempo para escrever.

- Sim gente, a Daphne falsificou dinheiro, mas vamos lá né, era isso ou roubar. Depois ela cria uma conta num banco ou algo assim. 

- Deixei o interlúdio das meninas para o próximo capítulo

- Alguém já parou para pensar em como a Bloom tinha dinheiro na primeira temporada? PRa mim não faz sentido o dinheiro da Terra ser igual ao de MAgix, então dei meu próprio jeito nesse furo de roteiro.

- Alguém assitiu a nova série de Winx? Tem alguma coisa boa ou é tudo ruim? EStou com medo de assitir e passar raiva.

- Outra coisa, se vocês perceberem que eu escrevi o nome da Dpahne errado me avisem, por favor.

 

 

Chapter 47: 47. Bloom e Roxy- parte 1

Chapter Text

Bloom sentia como se cada par de olhos no pátio de Alfea estivesse cravado nela. Embora a lógica dissesse que as outras fadas estavam ocupadas demais com suas próprias vidas, ela não conseguia se livrar da sensação incômoda de estar sendo avaliada. 

Ao seu lado, Stella parecia fazer o oposto, brilhadno com a atenção sob ela.

Como Bloom ansiava por aquela confiança.

Projetar autoconfiança era algo praticado com Dpahne desde pequena, a repetição tornava o ato mecanicamente fácil, mas o instinto de ajeitar a roupa ou conferir o cabelo ainda gritava em seu peito. Em vez de ceder ao tique nervoso, ela apertou Kiko com um pouco mais de força contra o peito, usando o calor de seu familiar como âncora. 

Quando a vice-diretora conferiu os documentos, Bloom sustentou um sorriso sereno e diplomático — exatamente o que Daphne faria.

Bloom Callaway de Solaria

Aquelas palavras ecoaram de forma estranha. Agora, ela era Bloom de Solaria. 

Por quase toda a vida, era apenas Bloom Callaway, de Gardenia;

Depois, em segredo, ela passou a ser Bloom de Dominó. Ela sentiu um aperto melancólico na garganta, esperando silenciosamente que aquela fosse a última vez que precisaria mentir sobre sua identidade.

Ela se posicionou ao lado de Stella enquanto a diretora começava o discurso de boas-vindas. 

A diretora Faragonda. 

Daph a descrevera como uma antiga integrante da Companhia da Luz, uma guerreira excepcional. No entanto, a figura à sua frente não condizia com a imagem mental que Bloom construíra.

A aparência de "avó bondosa" nunca esteve em sua imaginação. Pelo que Daph explicara, Faragonda deveria ser apenas um pouco mais velha que seus pais, e fadas tinham um envelhecimento lento. Dezessete anos não deveriam ter sido suficientes para torná-la tão grisalha, tão... envelhecida. Era como se o tempo tivesse passado de forma diferente para a diretora, ou como se o peso de algo a estivesse desgastando por dentro.

De repente, Faragonda fixou o olhar nela. Bloom fingiu não notar, manteve a mesma expressão e continuou passando a mão nos pelos de Kiko, embora sentisse olhar fixo sobre ela.

Mas então, tão rápido quanto começou, o contato visual se quebrou. Faragonda continuou falando como se nada tivesse acontecido, e Bloom relaxou de novo, embora o coração ainda estivesse acelerado. 

Daph tinha sido bem clara sobre manter sua verdadeira origem em segredo, principalmente de Faragonda e de qualquer pessoa importante. 

Bloom de Dominó deveria estar morta e continuaria assim até que Daphne conseguisse garantir a segurança delas ou até que alguém a descobrisse. Nesse último caso, ela devia chamar Daphne na hora e fazer o controle de danos.

Ela bateu palmas junto com todas as outras fadas, mas não prestou atenção em nda do que Faragonda disse. Ela seguiu Stella pelos corredores, enquanto procuravam seus quartos.

Alphea era linda, assim como nas memórias de Dpahne, exceto que parecia sem vida. Na epóca de Daph haviam animais encantados juntos com as fadas e eles circulavam livremente pelos corredores. Agora os corredores eram estáticos, sem plantas ou animais. Só quadros e janelas enfeitavam os corredores.

Linda, mas sem vida, como um museu ou uma exposição arquitetônica.

"Achei!", a voz vibrante de Stella cortou o silêncio do corredor. Ela parou diante de uma porta de madeira entalhada.

Bloom sorriu com aquilo, ter sua nova amiga por perto seria ótimo. Ainda mais quando ela estava fingindo ser de Solária e quando Stella já sabia da existência de Daphne e da história verdadeira.

O quarto era lindo. A sala de estar era espaçosa, decorada em tons pasteis que combinavam coma estética do castelo. No centro, uma grande mesa parecia o lugar perfeito para estudar ou para noites de jogos, como as que ela tinha em casa. Mas o que realmente roubou seu fôlego foi a janela panorâmica que ocupava quase uma parede inteira.

Por falta de palavra melhor, era mágico. 

A Roxy adoraria este lugar, Bloom pensou, sentindo uma pontada de saudade. Sua irmãzinha passaria horas naquela janela tentando identificar cada espécie de pássaro ou criatura que cruzasse o céu.

Stella entrou no quarto com o nome dela e Bloom foi para o seu. Ao contrário de Stella, ela teria uma colega de quarto. A ideia de dividir o quarto não a incomodava tanto quanto o silêncio daquele castelo. 

Ao atravessar a porta do quarto que dividiria, Bloom não teve tempo de admirar a decoração. Antes mesmo de dar o segundo passo, sentiu algo sob sua bota e um grito estridente cortou o ar.

"AIIIIIII!", a planta, a PLANTA, gritou, as folhas vibrando em um tom de indignação.

Bloom deu um pulo para trás, o coração disparado. Ela nunca tinha ouvido uma planta falante.

"Oh, meu Deus! Me desculpa! Eu não vi você aí, sério, perdão!", ela disparou, gesticulando freneticamente para o vaso no chão.

Ela não pôde deixar de pensar que a Tia Nessa adoraria aquilo.

"Eu que peço desculpas, mal cheguei e já espalhei minhas coisas pelo quarto", uma voz suave e melodiosa veio do canto do quarto.

Uma garota de longos cabelos castanhos e olhos amendoados surgiu de trás de uma pequena selva de vasos que já começava a ocupar metade do dormitório. Ela sorria de forma doce, embora parecesse um pouco sobrecarregada com tantas mudas.

"Essa é uma planta falante, uma de minhas criações. Eu sou a Flora, aliás... ops!"

Ao tentar gesticular, Flora esbarrou em uma prateleira baixa e o vaso da planta escandalosa tombou, rolando pelo tapete.

"Isso... quer dizer, ele está bem?" Bloom perguntou rapidamente, agachando-se para ajudar.

"Estou ótimo, mas adoraria não cair de novo, se não for pedir muito!" resmungou a planta no chão.

Flora riu, resgatando a criatura.

"Ele vai sobreviver. Prazer em te conhecer."

"O prazer é meu. Eu sou a Bloom", ela disse, "E este aqui é o Kiko, meu familiar."

O coelho azul saltou ao redor de Bloom, cheirando curiosamente uma das flores de Flora, que se mexeu em resposta. Antes que pudessem continuar, uma garota de cabelos roxos curtos e um visual extremamente moderno e tecnológico entrou.

"Um familiar? Eu nunca vi um desses."

"Esse é Kiko, e eu sou Bloom", ela disse, acenando para a recém-chegada enquanto juntava os cacos do vaso de FLora. "Você deve ser nossa outra colega de quarto."

"Exatamente, me chamo Tecna", respondeu ela, com uma voz clara e direta. 

"Ei, Tecna! Eu sou a Stella. Prazer em te conhecer", disse ela, com um sorriso que iluminava o ambiente.

Tecna inclinou levemente a cabeça, seus olhos parecendo escanear Stella.

"Prazer em conhecer você. Ja ouvi falar de você", comentou Tecna, sem rodeios.

Antes que Stella pudesse processar o comentário, a porta da suíte se abriu mais uma vez, revelando uma garota de cabelos pretos presos em dois rabos de cavalo curtos, usando fones de ouvido no pescoço e uma expressão de quem sabia de todas as fofocas antes mesmo delas acontecerem.

"É o assunto do momento" disse a recém-chegada, encostada no batente da porta com um sorriso de canto. "Se você planeja explodir mais alguma coisa, avise a gente antes para podermos dar no pé."

Todas riram, exceto Stella, que inflou as bochechas em um protesto fingido. 

"Foi em nome da moda!", defendeu-se Stella, cruzando os braços com orgulho. "Eu não me arrependo."

"Estou curiosa" interveio Tecna, ajustando o dispositivo em seu pulso. "Você realmente conseguiu criar aquele novo tom de rosa?"

"Não" admitiu Stella, o olhar brilhando com uma determinação renovada "mas quando eu conseguir, vai ser a cor oficial de Solaria."

O clima descontraído foi interrompido por um som agudo de protesto vindo do chão. BLoom sentiu um frio na espinha e sabia quem era o culpado.

"Eeeeee!"

Bloom olhou para baixo e viu Kiko sendo erguido no ar por uma das vinhas de uma planta.

"Planta malvada!", repreendeu Flora, correndo para intervir. "Solte ele agora mesmo!"

A planta soltou o coelho com um ruído de desdém. Bloom se abaixou rapidamente para pegar Kiko, mas antes de brigar com o vegetal, ela notou algo curioso: pequenas marcas de dentes na ponta da vinha.

"Tudo bem, Flora. Não é culpa da planta", disse Bloom, acariciando as orelhas de Kiko. "Aposto que o Kiko tentou comê-la primeiro."

Flora suavizou a expressão, achando a observação de Bloom perspicaz.

"Você está com fome, coelhinho?" perguntou Flora, ajoelhando-se. Ela tocou um vaso vazio e, com um brilho verde em suas mãos, sementes brotaram instantaneamente, transformando-se em cenouras laranjas e suculentas em questão de segundos. "Aqui, são orgânicas."

Kiko pulou de alegria, agarrando a cenoura com as patas dianteiras. Bloom observou a magia de Flora com fascínio; era tão fluida e natural, diferente do controle rigoroso que Daphne exercia.

"Falando em comida... eu estou faminta!", exclamou Stella, colocando a mão na cintura.

"É, eu também", concordou Flora, levantando-se.

Stella estalou os dedos, visivelmente empolgada.

"Tive uma ideia brilhante! O que vocês acham de sairmos daqui e irmos até o centro para comer uma pizza?"

"Ótima ideia", disse Flora, animada. "O centro de Magix é muito divertido."

Bloom sorriu, feliz pois agora tinha mais companhia para ir à MAgix pegar o telefone que Dpahne comprou.

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O silêncio era estranho para Roxy. 

A essa hora do dia, Kiko e Artu estariam brincando e Bloom estaria desenhando no quintal. Mas hoje, era só ela e Artu. 

 Kiko não estava ali para fazer barulho, as canetas de desenho não estavam espalhadas pela mesa e ela não tinha ninguém para comentar sobre o livro que estava lendo.

Era estranho. Doía de um jeito que Roxy não esperava, ela suspirou e foi para a cozinha, encontrando Daphne lá. Ela parecia calma, os movimentos eram fluidos, mas Roxy não se deixava enganar. Ela conhecia Daphne.

Mais cedo, enquanto Daphne se camuflava em Magix, a tia Nessa tinham trocado um olhar com ela.

"Ela vai surtar em algum momento," Nessa tinha sussurrado enquanto Mike estava distraído com uma vitrine de tecnologia.

"Com certeza," Roxy respondera. "Ela está sustentando aquela fachada de que tem tudo sob controle, mas por dentro ela deve estar recalculando cada átomo de oxigênio que a Bloom respira em Alfea."

Daph era um paradoxo ambulante. Roxy nunca conheceu ninguém tão contraditório, bem talvez ela e Bloom também fossem, mas isso não vinha ao ponto. 

Por um lado, Daph era a criatura mais protetora que já pisou na Terra; se pudesse, provavelmente envolveria a casa em uma redoma de cristal indestrutível com tudo que pudessem querer dentro. Mas, por outro lado, ela era absurdamente liberal. Daphne nunca disse "não" para uma aventura. Ela as deixava explorar, desde que permanecessem seguras.

Sinceramente, quando Stella apareceu com aquele convite para Alfea, Roxy tinha certeza de que Daphne não deixaria Bloom ir. Ela esperava um "é perigoso demais" ou "você ainda não está pronta". Mas Daphne a surpreendera. Ela não apenas permitira, como movera céus e terra para garantir que Bloom entrasse nos seus próprios termos.

Não era tão estranho, se considerar a história de Daphne. Tendo sido criada no meio de uma corte real, com sua vida controlada aos minímos detalhes e tudo mais.

"Você está pensando demais, borboletinha," a voz de Daphne a tirou de seus pensamentos.

Daphne se virou, com uma sombra de melancolia que ela não conseguia esconder de Roxy.

"É difícil não pensar," Roxy cruzou os braços, encostando-se no batente da porta. "Você deixou ela ir, Daph. Eu realmente achei que você ia trancar a porta e esconder a chave em outra dimensão."

Daphne deu um sorriso triste, deixando o pote de orégano de lado.

"Eu quis. Cada fibra do meu ser gritou para fazer exatamente isso. Mas eu me lembro de como é ter a idade dela. O ressentimento é uma chama que queima mais forte que a do Dragão, Roxy. Eu prefiro vê-la longe e feliz do que perto e amargurada. É melhor que ela esteja lá nos meus termos do que ir por conta própria sem nenhum preparo"

Daphne suspirou e caminhou até a mesa, pegando o novo telefone interdimensional que compraram em Magix.

"Além disso," acrescentou Daphne, recuperando um pouco daquele brilho estratégico nos olhos, "eu não disse que ela estaria sozinha. Eu disse que ela estaria em Alfea. É bem diferente."

Roxy sorriu ao notar aquele tom específico. Ela sempre se divertia com o que vinha depois. "O que você está planejando, exatamente?"

Daphne imitou o sorriso dela, mas o seu tinha um contorno mais afiado, quase predatório, uma faísca de malícia que raramente mostrava, mas que Roxy adorava reconhecer. "Já parou para pensar, borboletinha, em como utilizar os elos familiares a nosso favor?"

"Bem, na verdade não," Roxy admitiu, inclinando-se para frente, contagiada pela energia conspiratória.

"Muralhas, sentinelas e escudos de contenção são projetados para barrar intrusos físicos e frequências mágicas conhecidas," Daphne explicou, a voz baixando para um tom aveludado e cheio de segundas intenções. "Mas eles são inúteis contra o que já está conectado pela alma. Poderíamos entrar nos sonhos uma das outras, sabe? Manter contato de um jeito que ninguém — absolutamente ninguém na dimensão — conseguiria detectar."

Roxy sentiu um calafrio de empolgação. "Você quer invadir o subconsciente de Bloom?"

"Não é invasão se ela deixar. Além disso, eu prefiro dizer que vamos 'pegar um atalho', já que é inviavél ir até ALphea" Daphne piscou, a malícia brilhando intensamente em seus olhos azuis. "Poderemos nos encontrar em um jardim onírico, conversar, trocar informações e planejar o que for necessário, enquanto para o resto do mundo, estaremos apenas dormindo profundamente."

Ela fez uma pausa, os dedos traçando uma runa invisível no ar. "Nos sonhos, o tempo e o espaço são meras sugestões. Eu posso te ensinar a moldar esses encontros. Se Bloom estiver em perigo ou apenas com saudades, ela não precisará de um telefone. Ela só precisará fechar os olhos."

Roxy soltou uma risada curta, maravilhada com a audácia. "Você é brilhante e assustadora ao mesmo tempo, Daph. Mal posso esperar para começar."

Daphne riu baixinho ao observar o brilho quase febril nos olhos de Roxy. Ela estendeu a mão e bagunçou de leve o cabelo da mais nova, um gesto carregado de um carinho maternal que raramente falhava em desarmar a garota.

"Você sempre se empolga quando o assunto é aprender algo novo", Daphne comentou, a voz transbordando diversão. "Especialmente se o aprendizado envolver uma pitada de subversão contra as regras."

Roxy sustentou o olhar, rindo junto, mas por um breve segundo sua mente divagou. 

Ah, Daph... se você soubesse de tudo, pensou Roxy, sentindo o peso dos próprios segredos e dos planos que tinha.

"Chega de conspirações por enquanto, Ninfa Suprema," Roxy brincou, batendo as palmas e começando a tirar ingredientes dos armários. "Temos uma missão diplomática muito mais urgente agora."

"E qual seria essa missão?" Daphne perguntou rindo de sua empolgação.

"Biscoitos. De chocolate. Com ênfase no chocolate," Roxy declarou, já alcançando o pote de farinha. "O tio Mike e a tia Nessa estão esperando a gente para o jantar e eu prometi que levaríamos a sobremesa. Eles estão tristes, Daph. A gente também está. E nada cura a saudade de uma irmã barulhenta melhor do que chocolate."

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- E aí, oque acharam? 

- Boas notícias!!! Estou finalmente de FÉRIAS!!! ou seja, mais atualizações

- O que acharam da Roxy e da Bloom? E da Daphne no final? Eu queria mostrar o lado mais parecido com a Roxy. Tipo, as meninas aprenderam tudo que sabem com Mike, Vanessa e Dpahne, então eles tem que ter traços em comum, apesar de serem mais tranquilos no geral e as meninas não. Além disso, queria mostrar o quanto ter a Daphne por perto mudou a Bloom, ela ainda é esquentada, mas sabe se segurar quando precisa. 

- E sobre a Stella? estão gostando dela até agora? Eu estou tentando escrever ela como na série, só com algumas mudanças mais adiante.