Work Text:
Na manhã de seu “aniversário”, Liam está resmungão e rabugento, de um mal humor terrível. Ele aperta a ponta do nariz.
"Não é nem a porra do meu aniversário!" Ele diz como se não tivesse repetido isso todos os anos desde que ele se tornou o rei. "É só o dia que é mais conveniente para os bancos."
Não só isso, mas ele tem que trabalhar em seu “aniversário”. Desfiles, homenagens, missas para sua saúde e vida longa, aparições na TV, tudo transmitido ao vivo para mostrar ao mundo que os seus líderes não tiram um dia de folga. Eles sempre estarão lá para salvar a todos, mesmo que isso não seja nada mais do que um lembrete doloroso de como suas vidas realmente são fabricadas.
Certo! Ele não precisa encontrar a filha, ir vê-la na sua peça de teatro, e não precisa passar um dia no parque com a esposa. Ele não merece um feriado, ele vive para apaziguar a merda da aristocracia caduca desse país que adora um rostinho ainda sem rugas para representá-los, mesmo que esse rosto esteja envelhecendo antes de seu tempo. Acene para as massas, não importa o quão dividido ele esteja entre amá-las e odiá-las. É o que ele faz, certo? Porque ele é um rei. Certo?
Ele não tem permissão para ser como todo mundo. Não pode chutar os pés para cima e relaxar. Não haveria nenhum dia gasto com Riley, nem dormindo, nem momentos preguiçosos ouvindo seus batimentos cardíacos antes de acordar.
Ele recebe pequenas amostras de uma boa vida ao longo do dia, no entanto.
Sua mulher, por mais que zombe do seu drama carente, ainda se organiza para acompanhá-lo em toda a agenda de seu aniversário. É a única razão pela qual ele sorriu quando cumprimenta os convidados a sua missa de graças cedo de manhã.
Foi a sua torcida que fez com que a alegria do monarca parecesse real. Ele a vê mandando um beijo por trás da câmera durante uma entrevista. Ele temia que sua performance acabasse fora de tom, o quanto ele sorriu mais. Ele a beija com fome depois, longe de olhares indiscretos, antes que os dois retornem aos seus respectivos deveres.
Riley passa durante uma de suas reuniões na sala de conferências, tendo pegado a bandeja de café e pilhas de papel de qualquer serviçal que estivesse indo originalmente para lá. Ela colocou uma caneca para ele e deixou que os outros pegassem as suas. O máximo que ela pode dar a ele é um tapinha amigável nas costas, mas isso significa o mundo para ele. Ela dá uma piscadela para ele antes de sair. É a única vez que ele realmente bebeu algo na sala de reuniões.
Quando tudo estiver dito e feito em seu grande dia, o sol se pôs. Liam encontra Riley na porta do palácio, esperando por ele nas pontas dos pés por debaixo da marquise. Ela montaria algum tipo de piquenique no jardim, tudo iluminado, sua filha já correndo por entre as rosas. Ele ouve uma música tocando fracamente no seu telefone, uma que ele se lembra de sua mulher dizendo que o lembra dele. Ele desce do carro com um sorrisinho sentimental.
Ela fez um bolo para ele. Com suas próprias mãos, ela garante, e sem nenhuma ajuda dos funcionários, mas ele supõe que a maioria das coisas que ela faz por ele são assim, por iniciativa própria. Como ela o ama, o acalma, o liberta, como seu sorriso tira o peso de seus ombros todas as vezes.
"Faça um desejo, papai!" Sua filha ri antes que ele apague as velas.
Liam leva um momento para admirar o glacê borrado e enrugado e o desajeitado Feliz Aniversário, Liam! cursivo que Riley escreveu em cima dele. Mais bonito do que isso, há também sua esposa, banhado pelo brilho quente das velas. Ela nunca envelhece, nunca o cansa, é sempre como se fosse a primeira vez.
Os dela são os únicos bolos de aniversário que ele realmente gosta.
Seus lábios se contorcem em um sorriso torto quando ela se inclina para beijar sua testa enquanto ele apaga as chamas. Ele não tinha certeza do que desejava, mas acha que deve ter sido isso. Ela diz a ele, bem baixinho em seu ouvido, que o presente dele vai ser entregue mais tarde, já que ela não queria que os outros vissem em um espaço tão aberto.
Liam não se importa com isso. Agora não. Não quando há uma partícula de glacê a ser esfregada em seu nariz e serenidade a ser conquistada.
A lua brilha forte e cheia, mas ele só tem olhos para Riley enquanto eles balançam juntos. A música já havia terminado há muito tempo, mas eles dançam mesmo assim. Sua mão repousa na dele, o braço dele envolve sua cintura e ele a toma em um giro lento. Ele agradece por se intrometer em seu dia o máximo que pôde.
"O que eu faço de melhor, meu amor. Me intrometer onde não fui chamada." Ela diz, pressionando um beijo em sua bochecha. "Eu te amo, Liam. Feliz falso aniversário."
Ele envolve o outro braço em volta de Riley, puxando-a infinitamente para mais perto, não mais girando. Ele prefere se concentrar em lhe abraçar. Aproveitando o momento, estando aqui, agora, com ela.
Liam está feliz. Contente. Pacífico. Amado. Completamente e totalmente tranquilo com o seu lugar na vida.
"Eu também te amo."