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The Second Chance

Summary:

Amar é deixar ir. Brienne aprendeu isso com muita dor no coração.

Ou…

Brienne e Jaime se reencontram em outra vida, e Jaime quer amá-la mais do que na última.

Chapter Text

Ele tinha morrido em paz, e Brienne sabia disso. Ele tinha morrido ao lado da mulher que amava, e não havia, de nenhuma forma, um jeito melhor de deixar esse mundo.

Ela nunca o culpou por tê-la deixado em Winterfell. Talvez apenas pelo breve momento em que viu seu cavalo sumindo atrás das paredes do Castelo. Mas ela não poderia culpá-lo por muito mais que isso. Jaime fez o que deveria fazer, e no fim pagou por isso.

Brienne ainda se perguntava, vez ou outra, se ele realmente gostou dela, pela pequena quantidade de tempo que passaram juntos, dividindo aquela cama fria durante o inverno. Ou se talvez Jaime tivesse se arrependido instantaneamente no momento em que ela puxou seu gibão por cima da cabeça e tirou o próprio. Exposta para ele, de novo. Para que ele a visse, a tocasse, a beijasse, a acariciasse, e talvez, só talvez, a amasse.

Já não importava mais. Jaime estava morto, soterrado por pedras, envolto pelos braços gentis e delicados de Cersei enquanto ambos morriam com seus ossos quebrados. Cersei era a mulher que Jaime tanto amava, e Brienne jamais poderia tomar esse lugar. Não, ela não podia culpá-lo; o que nós fazemos por amor, o que nós jamais podemos nos arrepender de fazer.

‘Ele morreu protegendo sua Rainha’, ela escreveu. A mulher que merecia sua carinho, seu amor, sua bondade, sua vida. Mas não Brienne. Ela não seria capaz de agradá-lo assim.

Mas Brienne o amou. Ela realmente o amou. E o desejou como nunca havia desejado nada antes. Ela estava aquecida em seu toque, envolta em seus braços, presa em sua boca, em sua língua, em seu olhar que, ela nunca fora capaz de acreditar de verdade, era carinhoso.

⋆⭒˚.⋆

Brienne morreu anos mais tarde, depois que um ferimento terrível no estômago infeccionou uma ou duas semanas depois de acontecer. Os meistres disseram que ela durou mais do que se poderia esperar. Brienne não tinha medo de morrer; sabia que os deuses não a puniram pela vida que teve. Foi honesta e sincera o máximo que pôde, lutou e sobreviveu a mortos-vivos e Vagantes Brancos, honrou as pessoas que sabia que deveria honrar.

Ela não tentou lutar contra o Estranho. Não havia chances de vencê-lo, é claro. Brienne apenas aceitou, porque toda sua vida já tinha sido concluída. Os Deuses eram bons, e não deixaram-na morrer com dores deploráveis.

Podrick foi o último a vê-la. O garoto — que agora já não era mais tão jovem — não se contentaria em deixá-la sozinha em seus últimos momentos. Contava a ela tudo o que acontecia enquanto não se recuperava, como novos recrutas aprendiam coisas diferentes todos os dias, como as pessoas falavam tão bem dela.

Mas Brienne nunca se recuperou para ver. Ela nunca deixou a ala de enfermagem de novo. Nunca mais segurou sua espada e lutou pelas pessoas que ela amava. Nunca mais se sentou à mesa no fim do dia e comemorou uma vitória com os rapazes.

Brienne apenas sorria para Podrick com suas forças restantes e dizia, rouca, que ele certamente tomaria o lugar dela e não havia ninguém melhor para isso.

Lady Sansa também a visitou algumas vezes. De vez em quando tinha novidades, mas a maioria das vezes ela apenas ficava ali, observando-a, segurando sua mão com os olhos marejados. Sansa sabia, assim como todas as pessoas, que Brienne não conseguiria sair dessa.

Ela realmente não conseguiu, mas não era surpreendente. Seu pai estava vivo, ainda que muito velho. O memorial foi realizado em King’s Landing com a presença dele. Foi simples e rápido, mas havia mais lágrimas do que Brienne poderia esperar.

Brienne também disse a Podrick e Sansa que desejava que sua vida fosse comemorada ao invés de sua morte ser lamentada. Ela sabia que seu pai faria isso. Constaria histórias sobre ela, riria das coisas que ela fez, e riria mais e mais, porque era assim que as vidas deveriam ser comemoradas.

⋆⭒˚.⋆

Quando os Deuses lhe disseram que Brienne tinha milhões de vidas para viver ainda, ela não quis acreditar. “Veja só,” a Donzela lhe dizia. “Veja só, veja só!” O Guerreiro sorria, balançando a cabeça. “Ela está animada assim por causa da próxima vida que você terá.”

Brienne estava de pé, vestindo sua armadura e sua espada embainhada em sua mão. Os Sete a observavam de suas cadeiras majestosas. O Pai estava sentado no centro, a Mãe a sua direita e a Anciã a esquerda. O Estranho e o Guerreiro estavam em pontas opostas na mesa, o Ferreiro e a Donzela ao seus lados, respectivamente. Mas todos seus olhares eram respeitosos para ela. Brienne sentiu uma pontada de orgulho no peito.

“O que vai acontecer na minha próxima, então..?”

A Mãe sorriu, calma. Segurou a mão da jovem ao seu lado para pará-la antes que pudesse responder. Seus olhos tinham o brilho maternal que Brienne nunca presenciou. “Você irá descobrir.”

Brienne encarou o chão, chutando uma pequena pedrinha para o lado.

“Você o verá novamente, não se preocupe” a Anciã acrescentou rapidamente. “Verá Jaime aqui também assim que possível…”

“Mas antes, nós temos o dever de julgar sua vida,” o Estranho disse, cortando-a o mais rápido possível. Sete pares de olhos se voltaram para ele, um mais censurante que o anterior.

“Podemos começar, então” o Pai sugeriu, fazendo todos se voltarem para Brienne, pequena e indefesa na frente de todos os Deuses. “Coloque sua espada no chão.”

Ela o fez, deixando-a bem na frente dos seus pés. No entanto, ninguém mais disse uma palavra. Seus olhos coloridos a encaravam, e Brienne morria de medo do que estavam pensando. Mas se manteve firme, olhando para frente.

Ela o veria.

Veria Jaime naquele salão que mais se parecia com o céu estrelado do que qualquer outra coisa. Veria aquele homem desonrado que a fez passar noites em claro, pensando nele. Veria aqueles olhos verdes tão bonitos. Aquele seu sorriso desdenhoso. E ele a veria. E talvez pensasse nela como quando se conheceram.

Brienne não podia ter esperanças. Se ela tinha milhões de vidas para viver ainda, então muito provavelmente metade delas Jaime voltava para Cersei sem um resquício de hesitação. Talvez em algumas ela até tivesse que vê-los juntos e fingir que isso era normal. Fingir que não se importava e que nunca o amou.

Os Deuses seriam capazes de fazer isso.

“O que vocês acham?” a Donzela perguntou depois de um minuto em silêncio. Ela parecia animada, mas o olhar dos homens dava a Brienne outro tipo de sentimento — em grande parte, enjoo por esperar suas respostas. “Ela teve uma vida honrada, não teve?”

“Certamente,” o Deus Ferreiro assentiu.

“Fiel a suas promessas” o Pai concordou.

“Deixe-me perguntar,” a Anciã começou, a voz firme e indiferente. A Mãe suspirou, cobrindo parcialmente o rosto com uma das mãos. O Estranho sorriu, como se gostasse da ideia.

“Sim, minha senhora?” Brienne se remexeu sobre os pés, desconfortável.

“Por que não foi atrás de ser Jaime quando ele deixou Winterfell?”

Era essa a pergunta desconfortável? A resposta já não era óbvia para ninguém? Brienne suspirou, rangendo o maxilar. “Porque não achei necessário, minha senhora. Ele foi embora porque quis, e eu já não podia mais impedi-lo.”

“Mas você o amava.” O Estranho franziu o cenho.

“Amar é saber deixar ir.”