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Language:
Português brasileiro
Series:
Part 2 of ( Reencarnação & Transmigração )
Stats:
Published:
2024-02-25
Updated:
2024-05-16
Words:
12,856
Chapters:
5/?
Comments:
15
Kudos:
50
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8
Hits:
563

Presa em um Conto de Fadas

Summary:

Galadriella Eleanor Williams nunca quis acabar em um conto de fadas. Claro, como toda pessoa que cresceu assistindo aos filmes da Disney era óbvio que, em algum momento de sua vida, ela desejou ser uma princesa, esbarrar no seu príncipe encantado, e encontrar o seu final feliz. No entanto, esse desejo foi em sua infância. Hoje, como uma adulta com mais de vinte anos, recém-saída da segunda faculdade, sem muitas opções de emprego, ela havia aprendido que, no mundo real, finais felizes não existem. Ou príncipes perfeitos. Ou fadas e bruxas malvadas que te amaldiçoavam por conta da sua beleza surreal, ou para dormir por uns cem anos.

No mundo real, se você não deixa essa fantasia de lado, você é pisoteado e zombado pelos outros adultos e colegas da escola. Mas quando Eleanor acorda em um quarto chique, em todas as tonalidades possíveis da cor rosa, e começa a conversar com os pássaros e animais em geral, talvez Driella aceitasse que, no final, a magia fosse possível. Em algum nível.

O que não deveria ser possível, era ela acabar no corpo de Audrey Rose Beauty de todas as pessoas no universo da Disney, semanas antes de um filme infantil começar a acontecer.

Chapter 1: 🌷 | Sinopse Completa •

Notes:

Cara, isso vai me dar trabalho. Isso começou como uma brincadeira boba quando eu pensei "e se um pessoa fosse parar no corpo da Audrey?" (estou lendo muitas fics de reencarnação, meu senhor amado), e em menos de uma semana eu tinha mais ideias do que gostaria de ter, muitos ocs que a Audrey original fez MUITA merda, e um enredo que COM CERTEZA vai me proporcionar, e proporcionar a própria Galadriella (chamo mais ela de Driella, acho fofo; me processe), uma grande dor de cabeça.

De qualquer forma, eu estou bastante animado pra trabalhar nesta obra, apesar de só ter alguns diálogos escritos, dois capítulos e meios finalizados, e muitas ideias na cabeça, seja para a evolução das personagens, ou mudanças no enredo. Se preparem, porque isso vai ser diferente. Vamos ver como vou me sair nesta grande montanha russa.

Aliás, esqueça o cânon. Que se foda o cânon. Vamos deixar minha cabeça trabalhar até todos os meus neurônios queimarem, pessoal.

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

# 𝐃𝐄𝐒𝐂𝐄𝐍𝐃𝐄𝐍𝐓𝐄𝐒 𝐀𝐔 %?! REENCARNAÇÃO ( e inserção de personagem original ) !! 𝘔𝘺 𝘭𝘰𝘷𝘦, 𝘐 𝘥𝘰𝘯'𝘵 𝘸𝘢𝘯𝘵 𝘵𝘰 𝘣𝘦 𝘩𝘦𝘳. 𝘐 𝘸𝘢𝘯𝘵 𝘵𝘰 𝘣𝘦 𝘮𝘺𝘴𝘦𝘭𝘧 ; 𝘩𝘦𝘭𝘱𝘪𝘯𝘨 𝘱𝘦𝘰𝘱𝘭𝘦 𝘐 𝘭𝘪𝘬𝘦, 𝘥𝘳𝘦𝘴𝘴𝘪𝘯𝘨 𝘪𝘯 𝘵𝘩𝘪𝘯𝘨𝘴 𝘵𝘩𝘢𝘵 𝘮𝘢𝘬𝘦 𝘮𝘦 𝘧𝘦𝘦𝘭 𝘨𝘰𝘰𝘥, 𝘢𝘯𝘥 𝘦𝘢𝘵𝘪𝘯𝘨 𝘸𝘩𝘢𝘵𝘦𝘷𝘦𝘳 𝘐 𝘸𝘢𝘯𝘵. 𝘐'𝘮 𝘯𝘰𝘵 𝘩𝘦𝘳. 𝘐 𝘢𝘮 𝘮𝘺𝘴𝘦𝘭𝘧. ★ 𝘿 𝘼 𝙍 𝙇 𝙄 𝙉 𝙂 ˖ ꐑ ֢ ࣪ ♡ 𝘦𝘶 𝙨𝙤𝙣𝙝𝙤 𝘤𝘰𝘮 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝙩𝙤𝙙𝙖𝙨 𝙖𝙨 𝙣𝙤𝙞𝙩𝙚𝙨, 𝘣𝘶𝘴𝘤𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘶𝘮𝘢 𝘮𝘢𝘯𝘦𝘪𝘳𝘢 𝘥𝘦 𝘧𝘢𝘻𝘦𝘳 𝘢 𝘮𝘪𝘯𝘩𝘢 𝙖𝙡𝙢𝙖 𝘦𝘯𝘤𝘰𝘯𝘵𝘳𝘢𝘳-𝘴𝘦 𝘤𝘰𝘮 𝘢 𝙨𝙪𝙖 💭 

• • •

┊ ✧. ໒。 𝑺 𝑰 𝑵 𝑶 𝑷 𝑺 𝑬・。゚・

Galadriella Eleanor Williams nunca quis acabar em um conto de fadas. Claro, como toda pessoa que cresceu assistindo aos filmes da Walt Disney e contos fantasiosos, era óbvio que, em algum momento de sua vida, Eleanor desejou ser uma princesa como aquelas que assistia na sua televisão, esbarrar no seu príncipe encantado, e encontrar o seu final feliz.

Entretanto, esse desejo foi em sua infância, há muitos anos atrás. Hoje, como uma adulta com mais de vinte anos, recém-saída da segunda faculdade, e (infelizmente) sem muitas opções de emprego, Galadriella havia aprendido da pior forma que, no mundo real, finais felizes não existem. Ou príncipes perfeitos. Ou fadas e bruxas malvadas que te amaldiçoavam por conta da sua beleza surreal, ou para dormir por uns cem anos.

No mundo real, se você não deixa essa fantasia de lado, você é pisoteado e zombado pelos outros adultos e colegas de escola. No mundo real não há lugar para uma adolescente sonhadora. Mas quando Eleanor acorda em um quarto chique, em todas as tonalidades possíveis da cor rosa, e começa a literalmente conversar com os pássaros e animais em geral, talvez Driella aceitasse que, no final, a magia fosse possível. Em algum nível.

O que não deveria ser possível, era ela acabar no corpo de Audrey Rose Beauty de todas as pessoas no universo da Disney, semanas antes de um filme infantil começar a acontecer.

Afinal de contas, qual ser maquiavélico havia sido responsável por essa tortura?

Notes:

▬ 𝐅𝐀𝐈𝐑𝐘 𝐓𝐀𝐋𝐄 💬 ﹏ 𝑖 𝑛 𝑓 𝑜 ˒⠀

❥ ៹ ₊ ・୧ about the fic .̊ ๑*Antes de mais nada, quero já deixar avisado que as minhas atualizações são esporádicas. Isso significa que eu posso postar um capítulo a cada semana, a cada um mês, a cada seis meses, ou até um ano (sério, teve uma fanfiction que eu fiquei 1 ano sem atualizar ela, e depois postei mais de 10 capítulos em menos de um dois meses).

♡ °. ⊹ ● › › . Eu não forço minha criatividade. Eu não me forço a escrever. Se eu tiver que esperar um ano até ter a inspiração para que um capítulo seja escrito, de uma maneira que eu me sinto completamente satisfeito, que assim seja. Entretanto, eu entendo que algumas pessoas não gostam disso, então fique à vontade para sair da fanfiction aqui. Eu não vou julgá-lo por isso de maneira alguma. Afinal, eu também sou leitor, assim como você, que está lendo essa nota neste exato momento.

❥ ៹ ₊ ・୧ about the fic .̊ ๑*Dito isso, quero avisar que isso é uma au. Isso significa que é um universo mais distinto do original de Descendentes. Ou seja, irá ter fatos mudados, personagens novos sendo adicionados (eles sendo da ilha ou não), e relacionamentos/casais novos. Se você não gosta, basta não ler. Se for rude, pode esperar um belo de um block por minha parte. Eu não preciso ler coisas rudes sobre o meu trabalho, e não irei.

❥ ៹ ₊ ・୧ about the fic .̊ ๑*Eu tenho consciência de que Audrey não é a pior pessoa do mundo dos filmes. Sim, ela é irritante no primeiro filme, mas tirando isso, não vejo motivos para odiar sua existência. No entanto, como uma boa AU criada por mim, também me senti confortável em mexer na personagem da Audrey. Estou falando da personagem Audrey Rose, e não da minha, que chamei de Audrey Rose Beauty. Isso já diz muito vindo de alguém como eu, mas vou explicar mesmo assim: Audrey desconta a sua dor e a sua frustração em muitas pessoas antes da minha personagem "dominar" o seu corpo, seja essa pessoa da sua família ou não. Isso significa que Driella terá um longo caminho para percorrer, especialmente com as atitudes passadas de Audrey.

♡°. ⊹ ● › › . Alguns podem dizer que isso não distoa muito da personagem no filmes e nas animações, mas ah, meu querido alecrim dourado, não para só por aí. Eu não vou falar muito, que pode contar como spoiler do que vocês vão ler mais pra frente, mas uma pequena pauta é: Audrey Rose Beauty tem pensamentos bastante homofóbicos, e acreditaria em coisas esdrúxulas.

♡ °. ⊹ ● › › . Dito isso, saibam que eu não odeio a personagem de Audrey nos filmes, até entendo algumas ações, mas para os fins da minha obra, a fiz uma pessoa bem insuportável e rude. Então, segure as pontas, que teremos uma longa estrada para percorrer.

❥ ៹ ₊ ・୧ about the fic .̊ ๑*Quero também avisar que está obra é uma bela de uma montanha russa. Minha obra tem seus momentos bastante sério, como o próprio primeiro/segundo capítulo, que possuem um um assunto delicado como a homofobia, mas eu não pretendo fazer dessa obra um poço de tristeza e angústia. Além disso, a própria Driella não é capaz disso em muitos pontos, mas ela tem seus momentos. Então esperem uma personagem com boca suja, e que com certeza destoa e muito da personagem Audrey na minha fanfiction. Montanha russa, meus caros leitores e amigos. Montanha russa!

♡°. ⊹ ● › › . E antes que alguém pergunte, sim, o apelido da Galadriella é inspirado em uma das irmãs da Cinderella, a Drizella. Eu ainda vou fazer a Driella tirar sarro de tal coisa, pode ter certeza disso. Se tem algo que essa mulher é, é sarcástica. Aliás, esperem ela tirando muito sarro do universo de Descendentes, porque isso é a energia completa da minha personagem. E esse é outro ponto que uso de referência interna para ter noção de que essa fanfiction não vai agradar muitas pessoas, mas veremos como irei me sair. Apenas não sejam rudes ou diminuam o meu trabalho. Isso é uma fanfiction de Descendentes, pelo amor dos deuses.

❥ ៹ ₊ ・୧ about the fic .̊ ๑*De resto, espero que gostem da obra! Estou trabalhando nela tem quase 2 meses e, por mais que minha atualizações seja inconstantes, não pretendo desistir dessa obra. Ela pode dar trabalho, mas só com o pouco que eu criei e estou modificando sei que ela tem um espaço no meu coração. ♡

Chapter 2: Prólogo: Olhe no espelho.

Summary:

Entre todas as coisas que poderiam acontecer com Driella, tinha que ser justo a porra da transmigração. Ou reencarnação? Ou isekai? De qualquer forma, a vida não é justa.

Notes:

Driella xinga muito neste. E com certeza continuará fazendo ao decorrer dos capítulos. Nossa garota tem uma boca suja. E eu a amo por isso.

Chapter Text

˚ * ⊹ ·  ✵ ˚ . ˚ * ⊹ ·

𝐏 𝐎 𝐑  𝐉 𝐔 𝐒 𝐒 𝐓 𝐘 𝐀
────────⠀·⠀·⠀· ✦


# 𝐃𝐄𝐒𝐂𝐄𝐍𝐃𝐄𝐍𝐓𝐄𝐒 𝐀𝐔 %?! REENCARNAÇÃO ( e inserção de personagem original ) !! 𝘔𝘺 𝘭𝘰𝘷𝘦, 𝘐 𝘥𝘰𝘯'𝘵 𝘸𝘢𝘯𝘵 𝘵𝘰 𝘣𝘦 𝘩𝘦𝘳. 𝘐 𝘸𝘢𝘯𝘵 𝘵𝘰 𝘣𝘦 𝘮𝘺𝘴𝘦𝘭𝘧 ; 𝘩𝘦𝘭𝘱𝘪𝘯𝘨 𝘱𝘦𝘰𝘱𝘭𝘦 𝘐 𝘭𝘪𝘬𝘦, 𝘥𝘳𝘦𝘴𝘴𝘪𝘯𝘨 𝘪𝘯 𝘵𝘩𝘪𝘯𝘨𝘴 𝘵𝘩𝘢𝘵 𝘮𝘢𝘬𝘦 𝘮𝘦 𝘧𝘦𝘦𝘭 𝘨𝘰𝘰𝘥, 𝘢𝘯𝘥 𝘦𝘢𝘵𝘪𝘯𝘨 𝘸𝘩𝘢𝘵𝘦𝘷𝘦𝘳 𝘐 𝘸𝘢𝘯𝘵. 𝘐'𝘮 𝘯𝘰𝘵 𝘩𝘦𝘳. 𝘐 𝘢𝘮 𝘮𝘺𝘴𝘦𝘭𝘧. ★ 𝘿 𝘼 𝙍 𝙇 𝙄 𝙉 𝙂 ˖ ꐑ ֢ ࣪ ♡ 💭

 

ヾ ₍ ⸙ᰰ۪۪  PRÓLOGO ──̇─̇─̇─❒͡  um começo estranho ; em uma escala de um a dez, o quanto essa situação poderia ser considerada ruim? ah, com certeza onze . . .᭢⠀

 

Isso não poderia estar acontecendo. Essa merda não deveria ser possível. Ou melhor, usando de palavras um pouco egoístas: isso não deveria acontecer justo com a minha pessoa!

Quem era o responsável por isso? Por essa… tortura? Porra. Por que isso estava acontecendo comigo? Justo comigo? Eu tinha acabado de ganhar meu segundo diploma, pelo amor de todos os deuses! Eu estava confiante de que desta vez iria conseguir arrumar a zona que eu chamava de minha vida! Merda! Porra!

As perguntas rodavam em minha mente, enquanto meus olhos permaneceram pousados no reflexo no espelho do banheiro, desviando o olhar para observar o pijama de seda, com pequenas rosas desenhadas no tecido de alta qualidade, parecendo extremamente bem feito para ser uma invenção da minha cabeça.

Isso não era um sonho. Isso era real. Real em um nível muito assustador.

Aliás, que espelho irritantemente grande! Quem precisava de um espelho tão grande? Esse troço está ocupando toda uma parede do banheiro! Tenho certeza que eu conseguiria tomar banho enquanto olho para o “meu” reflexo — isso não era mais eu, mas o que mais eu poderia dizer? O corpo que eu habitava por um período temporário? Isso parecia ridículo só de pensar —. O que, sejamos honestos, era um tamanho extremamente inútil. Quem em sã consciência adora tanto a própria aparência?

Quer saber? Que se foda essa merda toda. Eu não preciso da resposta para essa pergunta, e não é porque eu demorei anos até me sentir confortável com meu corpo, que nunca parecia ser o suficiente para a minha querida mãe. Eu nunca estava magra o suficiente para ela. Minha coluna sempre estava errada aos olhos dela. Eu também nunca tinha a cor de cabelo certa, era sempre a errada, a vergonha, a filha imprestável.

Balançando a cabeça, eu espantei aqueles pensamentos, me forçando a me concentrar no que estava à frente. Primeiro, eu tinha que resolver o problema, depois eu estava autorizada a deixar a minha autopiedade me dar uma crise ou duas.

Preciso me concentrar em coisas mais importantes do que as atitudes de merda da mulher que eu chamei de mãe uma época da minha vida (e que época péssima, devo acrescentar). Como por exemplo: como eu tinha ido parar no corpo de uma personagem de uma franquia de filmes infantis? Filmes que ainda por cima eram da Disney!

Ok, decerto isso era melhor do que acabar em uma franquia de filmes de terror ou de sobrevivência. Porra, eu preferia isso à um filme… ughr, pornográfico, por exemplo. Mas ainda era uma merda completa. Tenho quase certeza de que eu preferia acabar em algum filme de faroeste a isso. O fato de que meu corpo não era mais meu também contribuía para esse sentimento aumentar, quase dominando tudo.

Por que uma princesa? Existiam os filhos de vilões, os quais poderiam ser bem mais divertidos do que estar no corpo de um dos “mocinhos” — vamos usar essa palavra por enquanto, mesmo que eu não seja a maior fã dela. 

Por que uma garota como Audrey? Era uma punição divina destinada à ela, mas que eu tinha me dado mal de tabela? Foi algo que eu tinha feito? Que eu tinha dito sobre detestar contos de fadas? E, caso não fosse algo do tipo, por que eu, entre todas as pessoas do meu universo?

Seja lá quem foi o responsável por essa situação, ele bem que poderia ter escolhido alguém que pelo menos gostasse desses filmes, seria mais interessante; tanto para o fã dessa franquia estúpida, quanto para eu mesma, que já me encontrava querendo pular dentro da boca do primeiro dragão que eu encontrasse (acredite em mim quando digo que eu faria isso). Ou que não havia assistido aos filmes apenas para agradar sua prima mais nova, que era apaixonada pela Evie e pela Uma — não estou julgando minha prima; pelo contrário, achava muito fofo vê-la animada quando alguma delas aparecia na tela —, e consequentemente só era capaz de encontrar defeitos e mais defeitos com relação ao enredo.

Sabe, se fosse um fã no meu lugar, essa tortura psicológica poderia ser um pouco mais suportável.

Mas não! Ele — ou ela, ou eles? Que se dane, eu me recuso a perder tempo pensando em seus pronomes — tinha que me escolher entre todas as pessoas do Planeta Terra. Que sorte eu tenho, não é mesmo? Nossa. Estou pulando de alegria aqui.

Bom, de qualquer forma, acredito que seja melhor do que se eu não conhecesse o universo em que estou agora. Só de imaginar essa possibilidade, poderia sentir um arrepio involuntário subir pela minha espinha; não saber nada sobre a escola, as pessoas, sobre as suas histórias de fundo, ou os próximos eventos (confesso que isso em específico pode ser até que divertido de observar), pensar que eu havia sido teletransportada para um local chique aleatório… tudo bem, estou começando a entender porque o ser encantado me escolheu. 

Isso não significa que estou menos brava ou chateada com toda essa situação. Ainda é uma droga. Quem ia querer pular de um universo para o outro? Era tão ridículo que-

— Senhorita Audrey, o café da manhã está pronto. Está na mesa. — Uma voz fez-se presente, interrompendo meu surto interno, do outro lado da porta do quarto (um quarto que era irritantemente rosa, pelo amor dos deuses!). Eu tinha certeza que, se não estivesse em completo silêncio naquele momento, não teria ouvido a voz da empregada.

Engoli em seco, pensando em alguma coisa, qualquer coisa que pudesse usar para me dar mais tempo. Eu precisava de mais tempo para pensar! Ainda estou tentando me acostumar — leia-se aceitar até que eu tivesse a chance de pular na boca de um dragão — com o fato de que isso poderia ser real, ou eu ia bater a minha testa na parede até acordar desse sonho realista. 

Entretanto, a única coisa que eu pude dizer foi:

— Eu agradeço, mas eu não estou com fome neste momento. Não acordei com o estômago bom esta manhã. — Eu não tinha certeza se isso soava como Audrey, no entanto, foi o máximo que consegui fazer. Seria o suficiente para eu ser deixada em paz? Torcia internamente para que sim.

Infelizmente para mim, eu não estava com sorte.

— Quer que eu traga uma pequena porção para a senhorita? Eu também poderia preparar um pouco de chá, se você desejar. — Antes que eu pudesse responder, a mulher foi mais rápida em completar: — Se isso é sobre seus pais, eu devo alertá-la de que eles saíram pela manhã, horas atrás. Eles não irão retornar até amanhã de noite, pelo o que eu ouvi do cocheiro.

O que isso deveria significar, afinal de contas? Era pra isso deixar Rose tranquila? O que havia acontecido entre Audrey e seus pais? Eles haviam discutido? Era por isso que ela estava sendo punida? Ela se desviou do destino ou algo assim? Que merda! Maldita curiosidade!

— Além disso, a sua irmã já se levantou, e tenho certeza de que ela gostaria de vê-la, senhorita.

Audrey tinha uma irmã? Desde quando? Isso foi mostrado nos filmes? Eu não conseguia me lembrar de ser mencionado a existência de nenhuma irmã. Até onde eu tinha conhecimento, Audrey era filha única. A única filha de Aurora e Phillip, a herdeira do trono do reino de dois reinos poderosos, como ela adorava se gabar sobre seu sangue real.

Por todos os deuses existentes. Quanto mais eu pensava nas coisas que essa garota havia dito e feito, menos eu queria tentar fingir ser ela- mas espera, eu preciso tentar me encaixar como uma Audrey? Viver tudo o que ela viveu? Exatamente igual? Tomar as mesmas atitudes grosseiras e egoístas que ela o fez?

A única resposta que tive para isso foi: não. Eu não precisava fingir ser Audrey Rose Beauty. Eu poderia ser melhor do que ela foi! É claro! Por que eu não pensei nisso antes? Essa era a minha vida agora. E eu faria o que estivesse ao meu alcance para ser melhor do que ela foi.

Olhando no espelho por um longo minuto, observei a aparência da bela adolescente de cabelos castanhos escuros, e finalmente decidi o que fazer.

Esboçando um sorriso no canto dos lábios, percebi rapidamente que aquilo não parecia em nada do que Audrey já havia feito em todos os filmes.

Aquela era minha alma, sobrepondo o que a dela deixou para eu trabalhar.

Puxando o ar para dentro dos meus pulmões, ergui o queixo, coletando qualquer resquício de confiança que havia dentro de mim. Apertando as pálpebras por um momento, pensei no meu próximo movimento. Eu irei conhecer a irmã de Audrey. Isso. Esse era um bom começo.

— Guarde um lugar para mim na mesa. — eu disse em um volume alto, esticando meu pescoço na direção onde sabia ficar a porta, torcendo para que a mulher não ainda estivesse ali, e não tivesse se retirado. — Eu já vou descer.

— Claro, senhorita Rose. Aguardamos a sua presença.

Chapter 3: A irmã de Audrey e uma tentativa de descobrir mais.

Summary:

Driella tem muitas perguntas para serem respondidas (e um mordomo para segui-la). No entanto, como uma princesa, ela precisa pensar no que as pessoas podem imaginar ao ver Audrey ser um pouquinho diferente da original. Mas... será mesmo que Driella será capaz de fingir ser algo que não é?

Notes:

Eu não esperava que este capítulo ia ficar neste tamanho. Confesso que me surpreendeu, principalmente se eu comparar com o rascunho. Geralmente os meus primeiros capítulos não passam de 2 mil palavras, então este quase ir para 3.500 me fez olhar para a tela do meu computador e pensar "eu posto isso assim, ou tento cortar?" Decidi por deixar assim, mas não se acostumem (?) Eu geralmente não escrevo nesta quantidade no começo das minhas obras, mas se a minha criatividade me olhou e me abençoou, bom, aí é algo que eu não posso evitar. De qualquer forma, já deixo avisado que os capítulos não tem um número de palavras exato. Geralmente eles não passam das 3 mil palavras, mas se isso ultrapassar em algum momento, eu vou tentar não mexer neles e deixá-los menores.

Alias, a aparência da irmã da Audrey está na mídia. Eu não vou revelar o nome dela ainda; isso vocês vão descobrir junto da Driella. <3

Espero que gostem deste capítulo! Boa leitura ♡

Chapter Text

˚ * ⊹ ·  ✵ ˚ . ˚ * ⊹ ·

𝐏 𝐎 𝐑  𝐉 𝐔 𝐒 𝐒 𝐓 𝐘 𝐀
────────⠀·⠀·⠀· ✦

# 𝐃𝐄𝐒𝐂𝐄𝐍𝐃𝐄𝐍𝐓𝐄𝐒 𝐀𝐔 %?! REENCARNAÇÃO ( inserção de personagem original ) !! 𝘔𝘺 𝘭𝘰𝘷𝘦, 𝘐 𝘥𝘰𝘯'𝘵 𝘸𝘢𝘯𝘵 𝘵𝘰 𝘣𝘦 𝘩𝘦𝘳. 𝘐 𝘸𝘢𝘯𝘵 𝘵𝘰 𝘣𝘦 𝘮𝘺𝘴𝘦𝘭𝘧 ; 𝘩𝘦𝘭𝘱𝘪𝘯𝘨 𝘱𝘦𝘰𝘱𝘭𝘦 𝘐 𝘭𝘪𝘬𝘦𝘥𝘳𝘦𝘴𝘴𝘪𝘯𝘨 𝘪𝘯 𝘵𝘩𝘪𝘯𝘨𝘴 𝘵𝘩𝘢𝘵 𝘮𝘢𝘬𝘦 𝘮𝘦 𝘧𝘦𝘦𝘭 𝘨𝘰𝘰𝘥, 𝘢𝘯𝘥 𝘦𝘢𝘵𝘪𝘯𝘨 𝘸𝘩𝘢𝘵𝘦𝘷𝘦𝘳 𝘐 𝘸𝘢𝘯𝘵. 𝘐'𝘮 𝘯𝘰𝘵 𝘩𝘦𝘳. 𝘐 𝘢𝘮 𝘮𝘺𝘴𝘦𝘭𝘧. ★ 𝘿 𝘼 𝙍 𝙇 𝙄 𝙉 𝙂 ˖ ꐑ ֢ ࣪ ♡ 💭

 

ヾ ₍ ⸙ᰰ۪۪  CAPITULO UM ──̇─̇─̇─❒͡  um começo estranho ; a irmã mais nova de Audrey, e uma tentativa de descobrir mais . . .᭢⠀

 

Após uns dez minutos tentando encontrar algo no closet — que mais parecia um shopping em miniatura do que qualquer outra coisa, devo acrescentar como uma boa narradora — de Audrey Rose para vestir que não fosse rosa, brega, ou que o tecido não parecesse como uma tortura pessoal da própria em busca de ser majestosa (o que eu pessoalmente achei ridículo, já que ela era a porra de uma adolescente), simplesmente desisti de tal coisa. Então, me dignei em escovar o cabelo, passar um creme caro para ajudar com o frizz, prendê-lo em em um rabo de cavalo baixo, escovei os dentes, vesti um roupão bege por cima do pijama de flores e sai do meu quarto. E tudo isso ignorando a cantoria dos pássaros ao lado da minha janela.

 

Para a minha surpresa, havia um mordomo para me acompanhar até a sala de jantar — confesso que achei um pouco estranho de início, no entanto, ao ver o tamanho da mesa, entendi perfeitamente o motivo de aquela área ser usada para as refeições —, o qual eu me recusei prontamente a segurar o braço do homem.

 

Quase retornei em minhas atitudes ao ver a expressão de confusão que cobriu o rosto do loiro de terno, mas empurrei isso o mais profundamente que pude, e o segui até o local destinado em completo silêncio, observando o caminho para conseguir me locomover pelo castelo sozinha da próxima vez.

 

Eu sou perfeitamente capaz de andar sozinha, muito obrigada .

 

Dito isso… pra que raios duas princesas precisam de um banquete como café da manhã? Havia tanta comida na grande mesa — eu poderia dizer que o móvel deveria ter em média uns nove metros de comprimento e dois metros de largura, mas matemática infelizmente não é minha matéria favorita —, que eu tinha certeza de que era capaz de alimentar pelo menos três famílias.

 

Isso só pode ser uma coisa de gente rica ou de filme, porque em nenhum outro mundo duas garotas precisam de tanta comida assim às oito da manhã.

 

E sério… quem acorda às oito da manhã de um sábado, pelo amor de deus? E sim, eu sou agnóstica . Me processe por nascer em uma família de lunáticos religiosos, fique à vontade.

 

Antes que a lembrança de minha mãe religiosa tivessem a chance de dominar os meus pensamentos pelas próximas horas, voltei à superfície — sempre que eu me perdia em minha própria mente, costumo comparar isso com a sensação de estar debaixo da água, cada vez mais fundo depende do poder das minhas memórias —, quando meus ouvidos se atentaram a uma voz feminina, uma que eu tinha quase certeza que pertencia a irmã de Audrey.

 

— Acha que a mamãe e o papai irão me mandar para o chalé das tias? — A voz era suave como uma brisa de verão, mas parecia triste , como se a resposta para sua pergunta já estivesse se concretizando, bem na frente de seus olhos. O volume também era baixo, de uma forma que eu só havia conseguido ouvir graças ao silêncio no grande cômodo. Era quase como se a garota estivesse se despedindo.

 

O que raios estava acontecendo?

 

— Rise, eu não quero ir embora. — Mais uma pausa se seguiu, e eu conseguia vê-la segurar o choro com uma facilidade assustadora. — Eu estou com tanto medo.

 

— Querida, você não vai ser mandada embora por algo assim. — Outra voz feminina disse, essa com um timbre mais pesado , mas até ela parecia um pouco duvidosa de suas palavras, por mais genuíno que seu tom fosse, evidentemente tentando aliviar as dúvidas da garota. — Sua mãe jamais deixaria isso acontecer, confie um pouco mais nela.

 

Essa situação estava começando a me irritar.

 

Cansada disso, finalmente fiz um barulho para mostrar minha presença, limpando a garganta sem necessidade, o que chamou a atenção das duas, que estavam tão atentas uma na outra, que nem perceberam eu me aproximando da grande mesa com um mordomo ao meu lado.

 

As duas mulheres ergueram os queixos no próximo instante, girando-os para olhar na minha direção, e eu não demorei a analisá-las: elas estavam perto uma da outra, o que explicava o tom baixo usado; a mulher mais velha, que só poderia ser a empregada, estava ao lado da garota, com uma chaleira de porcelana em mãos e uma expressão surpresa em seu rosto, e a garota na cadeira da ponta, parecendo estar sem apetite.

 

A mulher trajava um uniforme que só agora eu percebi que era bastante parecido com o do mordomo, as cores predominantes no tecido sendo o azul escuro e um branco prateado, junto de alguns pequenos detalhes em dourado nas mangas e nos nomes costurados perto do peito de cada funcionário, sendo uma óbvia maneira identificação.

 

A mais velha tinha os cabelos perfeitamente presos em um penteado alto, um coque que segurava os seus cabelos ruivos selvagens, ostentando alguns fios brancos, os quais denunciavam sua idade para olhos curiosos. A maquiagem leve em seu rosto foi algo que eu olhei por um momento a mais, principalmente surpresa por eu ser capaz de perceber tal coisa, algo que não era na minha “vida” passada. O coque era acompanhado de uma tiara de pano ao seu de seu cabelo ruivo intenso, algo que eu particularmente achei bastante elegante.

 

A garota era um pouco mais simples, apesar do vestido elegante que trajava, o mesmo parecia ser para a acastanhada usar em casa; o tecido era longo, e talvez até arrastasse no chão quando ela andava, as mangas eram igualmente longas, o que me lembrou os vestidos medievais que eu vi quando fui em um evento de cosplay com meu primo nerd — não era uma ofensa, era um fato, e Leonardo dificilmente se ofenderia por ser chamado de nerd, já que eu também era uma quando se tratava de quadrinhos de super-heróis, e não tenho medo ou vergonha de dizer tal coisa.

 

No entanto, a cor do vestido parecia desgastada, quase como se tivesse alguns bons anos de uso, apesar do bom estado do traje — algo que me deu uma pontada de inveja, já que eu, infelizmente, não era o melhor exemplo de uma pessoa que tinha cuidado com roupas. Ou talvez fosse apenas a minha imaginação falando mais alto e eu estivesse apenas supondo coisas demais.

 

Ao contrário da ruiva ao seu lado, não havia penteado prendendo o seu longo cabelo, já que os fios estavam levemente úmidos, denunciando que ela havia tomado banho recentemente. E muito menos qualquer traço de maquiagem em seu rosto, o qual já era belo naturalmente.

 

Antes que eu tivesse a chance de pronunciar uma única palavra, em busca de descobrir o que havia acontecido de tão ruim para deixar a garota mais nova tão preocupada, a empregada falou primeiro:

 

— Está se sentindo melhor, senhorita Audrey? — O uso do nome da personagem, por mais que já era esperado, ainda assim me fez esbanjar uma carranca em resposta; meu lábio inferior se franziu naturalmente, e eu fechei as pálpebras por um breve momento, como se tivesse sido repentinamente queimada.

 

Aparentemente a minha reação foi a pior possível, já que a mulher ruiva pareceu preocupada ao vê-la, quase em pânico se eu observasse com atenção, e não demorou a começar a se desculpar. Percebendo isso, ergui uma das mãos, pedindo para que ela parasse, e foi o que ela fez, fechando os lábios como se eu tivesse acabado de recitar um feitiço mágico para selá-los.

 

— Não há motivos para se desculpar, Roselina. — A empregada demonstrou tamanha surpresa com o fato de eu saber qual era o seu nome, apesar de ele estar o tempo todo ao lado de seu peito, em uma caligrafia cursiva elegante dourada, que um sentimento de raiva dominou rapidamente o meu corpo.

 

Deuses, como Audrey estava agindo com essas pessoas, afinal de contas? Ela não poderia ser tão má… ou poderia?

 

Espantei o pensamento para o lado, junto com as sensações insistentes, fazendo uma anotação mental para pensar em tal coisa mais tarde.

 

— Apenas… — parei por um momento, pensando se a minha próxima escolha era a certa. Entretanto, eu tinha certeza de que não seria capaz de atender pelo nome de Audrey.

 

Sinto muito, Audrey Rose Beauty, mas isso não vai acontecer. Seu nome não é meu; é seu. E como eu pretendo mudar as coisas que você fez e ia fazer ao longo da franquia, irei começar por isso.

 

— Eu peço para que, de agora em diante, me chamem de Dreya. Ou Drey. Não me importo com qual você- — Parei repentinamente quando me lembrei do mordomo perto da entrada da sala de jantar, observando a cena em silêncio. De alguma forma, eu sabia que ele estava ouvindo atentamente aquela conversa. — Desculpe, vocês irão escolher. Apenas escolham qualquer um desses e estaremos bem.

 

O silêncio reinou por longos cinco minutos, o que me deixou desconfortável. Eu estava pronta para dizer alguma coisa, quando a outra princesa no recinto me fez esse favor.

 

— Irmã, você está se sentindo bem? — desviei a atenção para a mais nova, sorrindo na sua direção, em uma tentativa de transmitir confiança. Algo me diz que isso só serviu para assustá-la.

 

— Claro que estou! — afirmei em um volume mais alto do que era realmente necessário para parecer convicta, vendo a acastanhada se contorcer por um segundo. Talvez eu pudesse aproveitar desse momento para tentar descobrir alguma coisa? — Por que você pergunta?

 

A garota mordeu o lábio inferior, desviando suas íris para a mesa. A insegurança estava praticamente brilhando em sua linguagem corporal. Ela estava pensando em suas próximas palavras, eu tinha certeza disso. 

 

Esperei pacientemente por sua decisão, desta vez não me incomodando com o silêncio que dominou o cômodo. Quando a mais nova o fez, ela ergueu o queixo, tentando parecer segura de si, mas eu conseguia visualizar o medo dançando em suas expressões.

 

— Você não está… chateada ?

 

Franzi as sobrancelhas, confusa com aquela pergunta, e não tentei mascarar esse sentimento do meu rosto, achando melhor deixar a mostra tal coisa. Talvez isso os fizesse falar sem temer minhas próximas ações.

 

— E por que eu estaria chateada? — perguntei simplista, mas pude visualizar o momento em que a garota pareceu triste com minhas palavras, seu rosto caindo mais uma vez, algo que me confundiu. O que eu estava perdendo? — Olha, eu não me lembro de muita coisa que aconteceu ontem. Eu… — parei, mordendo o lábio inferior, pensando mais uma vez se era a coisa certa a dizer.

 

Novamente, eu joguei o meu senso pela janela; era agora ou nunca. Eu não poderia fazer as perguntas que queria sem mentir um pouco para tal coisa, sem um bom álibi para a minha falta de memória, então, que assim seja.

 

— Eu caí ontem no banheiro e acho que bati a cabeça na pia, mas não tenho certeza. — Quase ri abertamente com as expressões de choque que dominaram os rostos das empregadas, dos guardas e da princesa. No entanto, eu me controlei. — Então, peço desculpas se não sei o que dizer, eu-

 

— A Senhorita bateu a cabeça? — Roselina perguntou, preocupação pingando de cada palavra. Entretanto, o que mais me chocou foi a velocidade que a ruiva se moveu, em pouco tempo estando ao meu lado, tocando minha cabeça com cuidado, atentando aos meus movimentos. — Senhorita Audrey, você não deve passar por algo assim e não alertar ninguém do ocorrido! Devemos nos mover para a-

 

— Eu estou bem, Roselina — disse, afirmando gentilmente, não querendo ser rude com a mais velha. A ruiva me olhou com uma feição desacreditada, porém igualmente gentil, o que eu não imaginei que fosse algo possível. — De verdade. Se eu sentir alguma dor, não irei hesitar em alertar algum de vocês de tal coisa.

 

Ergui minha mão, pousando-a sobre a da mulher mais velha, apertando a mesma em busca de transmitir os meus sentimentos para a ruiva. Fingi não ver o crescer de suas pálpebras, ação que serviu para denunciar sua surpresa com meu movimento.

 

Aparentemente, eu teria que me acostumar com esses olhares, então iria me dignar a simplesmente ignorá-los, ou eu teria um olho tremendo até o fim do dia. Ou possivelmente antes.

 

Graças a isso, fui rápida em retornar a minha expressão de antes, retirando minha mão, pousando-a sobre meu colo, tentando colocar um sorriso em meu rosto.

 

— Agora, por favor, eu gostaria de saber se algo importante aconteceu na noite passada — pedi, e só recebi um olhar de pena por parte da empregada, e um triste por da acastanhada do outro lado. — Algo me diz que foi importante, apesar de que eu-

 

— Eu gosto de garotas — A garota falou de uma vez, me interrompendo, com tamanha velocidade que eu temia não ter entendido corretamente. Um rubor furioso estava se espalhando por seu rosto, subindo do pescoço até as suas bochechas. 

 

Internamente, achei aquilo adorável. No entanto, não pronunciei nada, não querendo piorar a situação da Rose mais nova. Esperei pacientemente que ela falasse mais, já que vi de soslaio uma das empregadas acenando para ela, obviamente a apoiando.

 

— E eu… eu não quero governar nenhum reino. — Se encolheu, fechando os olhos, como se esperasse por uma explosão por minha parte. O que não aconteceu. E não iria acontecer.

 

— Tudo bem — concordei simplista, em um tom de voz suave, quase indiferente se visto de outro ângulo. Isso fez a acastanhada abrir os olhos em um rompante, choque genuíno preenchendo suas linhas faciais.

 

— Tudo bem? — repetiu, completamente cética, olhando para mim pelos próximos segundos, talvez por quase dois minutos, buscando alguma coisa, alguma reação negativa de minha parte. — Você… não está brava?

 

Ok. Talvez eu tenha que falar mais, porque isso não está funcionando.

 

— Não. Não estou. Olha, se é o que você quer, quer de verdade, não vejo porque eu ficaria chateada, brava, ou sei lá mais o que. — Movi a mão no ar, fazendo um movimento automático, uma mania que eu havia adquirido graças à uma antiga colega de quarto no internato. — Com tanto que você esteja feliz, faça o que quiser. Mas claro, sem machucar ou matar ninguém. Sabe, não quero que você vá presa ou coisa assim.

 

Tudo bem. Depois desse desastre que eu disse em sequência, percebo que talvez o melhor seja eu conversar com as pessoas deste universo por carta. Eu não gostei da minha voz — ou da voz de Audrey, pouco me importo como isso é colocado.

 

Eu definitivamente não sou capaz de falar como uma princesa por muito tempo.

 

— Eu… não sei o que dizer — a acastanhada murmurou baixinho, mas graças ao silêncio ensurdecedor ao nosso redor, fui capaz de ouvir seu comentário sem dificuldade. — Ontem à noite, você me chamou de promíscua, gritou comigo, pediu para o papai e a mamãe se poderia ir morar em outro lugar, e hoje você está… — pude ver a borda dos seus olhos brilhando, por pouco não derramando as lágrimas ali acumuladas.

 

Uau. Audrey foi definitivamente uma péssima irmã ontem, talvez seja por isso que ela esteja sendo punida por sabe-se lá o quê? Quem lida assim quando sua irmã mais nova está, literalmente, se abrindo de uma maneira que lutou durante anos para se aceitar? E, de uma forma bastante irônica, eu vi a mim mesma naquela garota.

 

Eu havia feito a mesma coisa anos atrás, quando contei para a minha mãe sobre a minha sexualidade, que eu era pansexual, e estava interessada em uma colega da escola. Aquela tarde foi tão desastrosa, que só faltou minha mãe me expulsar de casa de tão furiosa e decepcionada que ficou. 

 

Imagine se eu soubesse que era poliamorosa na época…

 

— Você está me apoiando . — A última parte foi dita com tanta estranheza , como se fosse algo milagroso, impossível, que tive de me forçar a não gritar. Com isso, me dignei em apertar minha mão no colo, transformando-a em um punho. — Não está me julgando, e muito menos quebrando nada. Eu não entendo.

 

Que se foda. Eu não consigo lidar com isso.

 

— Eu estava em um dia ruim — disse sem pensar muito. Entretanto, graças a isso, eu de alguma forma soube a próxima coisa que falaria. — Eu não estava no meu melhor momento. E isso não é desculpa por ter te tratado da maneira que eu te tratei ontem — falei, convicta de cada palavra, tentando expressar meus pensamentos com veracidade.

 

Eu tinha pleno conhecimento de que aquelas não eram minhas ações, e sim de Audrey, mas eu me recusava a deixar isso em branco, sem tentar dizer nada. Sabia exatamente o que a garota estava pensando naquele momento de fraqueza, sem os pais ou a própria irmã ao seu lado, a apoiando como deveria ter feito; que tinha algo de errado com ela, que se ela tivesse nascido diferente, talvez tudo fosse diferente, talvez sua irmã não a odiasse. Eu não poderia deixá-la pensar tal coisa sobre si mesma.

 

Eu não seria como minha mãe.

 

— Eu não deveria ter gritado com você, e eu prometo que nunca mais farei isso. Bom, tentarei de todas as maneiras não fazer isso, porque eu definitivamente pareço ter problemas de raiva — murmurei a última parte mais para mim do que para a acastanhada, desviando o olhar dela por um breve momento. No entanto, acredito que tinha conseguido transmitir o que eu queria. — Você… você acha que poderia, um dia quem sabe, me perdoar?

 

Erguendo os olhos, não me surpreendi ao vislumbrar as lágrimas caindo dos olhos da mais nova, molhando seu rosto, deixando que as suas emoções pudessem fluir livremente, algo que eu não era capaz de fazer na época que estava em uma situação parecida.

 

— Eu posso, tenho certeza disso. Eu acho que vai demorar um tempo até não doer, mas só de você… — Uma fungada a interrompeu, e ela parou por um momento. Erguendo as palmas, tentou limpar as lágrimas de maneira desleixada, como uma tentativa de tornar-se mais apresentável, por mais que parecesse impossível . Gotas salgadas infinitas caindo livremente por suas bochechas, as quais agora estavam avermelhadas. — Só de você pedir desculpas, já dói menos. Então, obrigado.

 

— Você não precisa agradecer por isso, é o mínimo que posso fazer depois de te tratar tão mal ontem — Tentei forçar minha memória, buscando por qualquer informação que pudesse ser importante. Infelizmente, como eu já esperava, não houve nada.

 

Eu não me lembrava de nada que Audrey havia dito ou feito na noite passada, e isso me deixava frustrada. Como eu deveria lidar com uma suposta falta de memória? A desculpa da pancada na cabeça não vai me salvar pra sempre.

 

— Eu só estou… digamos que tentando ser melhor. Eu ando sendo péssima com muita gente, principalmente com você, que é da minha família, então eu gostaria de me redimir, se estiver tudo bem para você.

 

A acastanhada acenou algumas vezes na minha direção, ainda com as mãos erguidas, limpando as suas bochechas agora em movimentos mais calmos, tentando controlar as suas emoções. Observando isso, aguardei até que ela se encontrasse.

 

— Eu gostaria disso, Dreya. — Ao ouvir o uso do meu “novo apelido” me fez sorrir, e eu pude ver um pequeno sorriso nascendo no canto dos lábios da mais nova aumentar ao visualizar a minha ação, aparentando estar genuinamente feliz.

 

Essa garota era um anjo. Como Audrey tinha a audácia de gritar com ela?

 

Separei os lábios, pronta para iniciar um novo tópico de conversa entre nós, até que fui surpreendida com a entrada de um mensageiro no recinto, o qual me fez parar, selando a boca.

 

— Me perdoe a intromissão, Mestre Rose — Ah, que maravilhoso. Outro apelido para eu não gostar. — Mas há uma pessoa que veio vê-la.

 

— Quem? — perguntei, e senti um olhar curioso pousar sobre mim, contudo prontamente o ignorei, depositando toda a minha atenção no novo homem no recinto.

 

— O futuro Rei de Auradon, Benjamin Florian.

 

Que monte de merda.

Chapter 4: Um cigarro até que caia bem agora.

Notes:

Eu já tinha terminado esse capitulo há algum tempo, mas fiquei receoso. Não sabia se era um bom capitulo, ou um preenchimento antes da conversa com o Ben, mas de qualquer forma, espero que aproveitem! <3 até o próximo, se a fada da criatividade me permitir!

Chapter Text

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𝐏 𝐎 𝐑  𝐉 𝐔 𝐒 𝐒 𝐓 𝐘 𝐀
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# 𝐃𝐄𝐒𝐂𝐄𝐍𝐃𝐄𝐍𝐓𝐄𝐒 𝐀𝐔 %?! REENCARNAÇÃO ( inserção de personagem original ) !! 𝘔𝘺 𝘭𝘰𝘷𝘦, 𝘐 𝘥𝘰𝘯'𝘵 𝘸𝘢𝘯𝘵 𝘵𝘰 𝘣𝘦 𝘩𝘦𝘳. 𝘐 𝘸𝘢𝘯𝘵 𝘵𝘰 𝘣𝘦 𝘮𝘺𝘴𝘦𝘭𝘧 ; 𝘩𝘦𝘭𝘱𝘪𝘯𝘨 𝘱𝘦𝘰𝘱𝘭𝘦 𝘐 𝘭𝘪𝘬𝘦𝘥𝘳𝘦𝘴𝘴𝘪𝘯𝘨 𝘪𝘯 𝘵𝘩𝘪𝘯𝘨𝘴 𝘵𝘩𝘢𝘵 𝘮𝘢𝘬𝘦 𝘮𝘦 𝘧𝘦𝘦𝘭 𝘨𝘰𝘰𝘥, 𝘢𝘯𝘥 𝘦𝘢𝘵𝘪𝘯𝘨 𝘸𝘩𝘢𝘵𝘦𝘷𝘦𝘳 𝘐 𝘸𝘢𝘯𝘵. 𝘐'𝘮 𝘯𝘰𝘵 𝘩𝘦𝘳. 𝘐 𝘢𝘮 𝘮𝘺𝘴𝘦𝘭𝘧. ★ 𝘿 𝘼 𝙍 𝙇 𝙄 𝙉 𝙂 ˖ ꐑ ֢ ࣪ ♡ 💭

 

ヾ ₍ ⸙ᰰ۪۪  CAPITULO DOIS ──̇─̇─̇─❒͡ um começo estranho; escolha com cuidado sua palavras, e pense com sabedoria . . .᭢⠀

 

Que merda. Eu esqueci completamente que Ben e Audrey namoravam antes do primeiro filme da franquia. Uau. Pra você ver como isso realmente não é importante : nem eu, que tive de assistir aos filmes pelo menos umas cinco vezes por causa de Clarisse — minha prima mais nova que adora as personagens de Evie e de Uma —, me lembrava disso.

 

Um casal destinado, como podem perceber. Sim, estou sendo sarcástica, e tudo pelo simples motivo de não enxergar potencial naqueles dois desde a primeira vez que os vi juntos em cena. Ainda assim, Audrey não merecia o que Ben fez.

 

Quem termina um relacionamento em uma música, que era destinada a outra garota? Sim, eu me lembrava do fato de que Benjamin estava enfeitiçado pelo biscoito/poção do amor feito pela Bertha e blá-blá-blá — levo isso muito a sério, como dá para perceber —, no entanto não consigo entender a necessidade dessa babaquice que o enredo criou, tudo em prol de enfatizar para o público o quanto o relacionamento não valia nada para Ben.

 

Sim, eu entendia o motivo por trás, mas também sabia que havia outras maneiras de mostrar isso para o público, maneiras bem melhores de fazê-lo — e menos preguiçosas, importante acrescentar, apesar de que Descendentes não ser a franquia mais bem feita do mundo não é exatamente um fato desconhecido —, e isso me incomodava bastante no primeiro filme. E isso vem de alguém que tem um desgosto relativamente grande pela personagem de Audrey.

 

Deuses, acho que vou precisar conversar com esse futuro rei em algum momento. Ou talvez terminar o relacionamento, para poupar o sofrimento -

 

Espera um minuto! Neste universo Audrey tem uma irmã, algo que eu tinha — quase — certeza de que não foi apresentado nos filmes e que deveria fazer alguma diferença no universo, mesmo que pequena. Então, talvez existia uma pequena chance do Florian e da Rose não estarem juntos-

 

— Seu namorado dos sonhos está aqui e você não está correndo para encontrá-lo? — Eu até poderia ter xingado abertamente com a velocidade que a minha esperança tinha sido pisoteada, se não fosse a referida irmã mais nova que havia acabado de falar tal coisa, me despertando um certo interesse.

 

Desviei a atenção do mensageiro para a acastanhada na ponta da mesa, pousando minhas íris sobre ela, uma expressão de confusão agora dominando todo o meu rosto. Para a minha surpresa, só isso foi o suficiente para fazê-la se encolher, como se temesse ser queimada apenas com o poder do meu olhar. Tive de fazer muita força para não revirar os olhos.

 

Eu precisava me acostumar com essas reações o mais rápido possível ou irei ter um colapso só de imaginar as coisas que essa personagem tinha feito com a própria família .

 

— É realmente tão impressionante que eu não queira vê-lo uma vez na minha vida? — A pergunta saiu mais rápido do que eu tive capacidade para pará-la; meu tom contendo uma boa quantidade de sarcasmo. E algo me disse que eu tinha usado a passivo-agressividade que já era característico da personagem.

 

Isso foi respondido com uma expressão confusa por parte da garota mais nova; ela chegou até a tombar a cabeça levemente para o lado, franzindo as sobrancelhas e apertando as pálpebras na minha direção, parecendo esquecer do medo que a dominava um segundo atrás.

 

Observando isso, percebendo que eu havia dito a coisa errada, algo que aparentemente a Audrey “original” nunca o faria — sim, eu queria tomar minhas próprias decisões, mas não estava afim de chamar atenção dos outros para a minha pessoa, e só agora notei que isso ia dar trabalho —, eu fui rápida em voltar atrás em minhas palavras.

 

— Pensando bem, acredito que seja mais prático trazê-lo aqui. — Isso foi respondido com um piscar de olhos chocado, porém já era melhor do que me olhar como se tivesse nascido uma nova cabeça no meu pescoço. — Ben e Au- digo nós! — afirmei em um tom mais alto que o necessário ao perceber o erro que eu estava prestes a cometer na frente de tantas pessoas.

 

Meu pequeno grito até assustou uma das empregadas, que se aproximava da enorme mesa com uma bandeja em mãos, ao ponto de derrubar a mesma, e por vez as xícaras que ela trazia por sabe-se lá o motivo; as peças — possivelmente caríssimas , que tristeza para o bolso do rei e da rainha — de porcelana se quebrando no chão em dezenas de pedaços, poucos metros de mim.

 

Merda! Que porra! Isso poderia ficar pior?

 

Quer saber? Eu não preciso de uma resposta para isso. Por favor, que nada piore.

 

— Eu e Benjamin, eu quero dizer — Forcei um sorriso em meus lábios, e pude captar de soslaio o mordomo na entrada soltando uma risada abafada. Entretanto, o homem de cabelos loiros foi rápido em erguer uma de suas mãos, escondendo a sua diversão de olhares curiosos.

 

Bom, pelo menos alguém está conseguindo se divertir com esse grande desastre, nem que seja às minhas custas.  

 

— Nós não comemos juntos há um tempo, então acho que seria bom para o nosso… relacionamento .

 

Mesmo que a mais nova, que só agora eu tinha percebido que não sabia o seu nome, ainda parecesse meio cética com a minha fala, o mensageiro finalmente se moveu, afirmando algo sobre em breve trazer o príncipe para comer junto de nós.

 

Com isso, aproveitei o momento para desviar o olhar para a mesa, me surpreendendo ao ver o meu prato já preparado: uma xícara de chá média, três torradas muito finas e pequenas, alguns morangos espalhados em cima das torradas, e algumas amoras ao redor do prato, o que parecia ser somente para a decoração.

 

Ok. Eu definitivamente não fazia ideia que Audrey tinha problemas para comer. Ou será que era mais sobre ela se cobrar muito como princesa? Ela era a próxima na linha de sucessão de três reinos, então era de se esperar que sua mentalidade não estivesse nas melhores condições. Isso! Definitivamente era sobre ela ser cobrada além da conta, tanto pela avó, quanto por ela mesma.

 

Eu me lembro vagamente de ouvir algo parecido de uma amiga da época da escola, que também gostava bastante dos filmes da franquia ao ponto de ler alguns dos livros, e assistir até mesmo as animações — e, sempre gosto de lembrar que mesmo a minha amiga gostando da franquia, nós duas concordamos que o universo não era lá muito bem construído —. Entretanto, isso era… pouquíssima comida, até mesmo para um simples café da manhã.

 

Audrey , o que você está passando?

 

Pela primeira vez desde o começo daquele dia, me encontrei sentindo empatia pela garota que eu havia, literalmente, invadido a sua vida, dominado seu corpo e, consequentemente, talvez acabado com a sua vida.

 

Que merda! Eu preciso permanecer firme. Não posso chorar agora. Vamos lá, Driella, respira fundo! Você consegue segurar isso. Você consegue lidar com isso. Basta apenas passar por essa manhã, descobrir o nome da garota, conversar com Benjamin, e aí você pode-

 

Espera aí, eu tinha que voltar para a escola? Não, não, não! Nem pensar! Não vou voltar pra porra da escola! Ou era do colégio? Que saber? Que se foda como esses seres de fantasia medíocres chamam isso neste mundo.

 

Eu não vou passar pela escola de novo, muito menos agir como uma das patricinhas que fizeram da minha vida escolar um inferno, tantos anos atrás. Eu me recuso. Isso já está evoluindo pra um novo nível de tortura.

 

Eu não percebi que estava apertando a alça da xícara do chá com força, claramente tentando descontar a minha frustração em alguma coisa, apenas para não acabar gritando em alto e bom som, como já havia acontecido outras vezes em minha vida. No entanto, para a minha sorte repentina, uma voz chamou por mim antes que eu pudesse quebrar a porcelana.

 

— Senhorita Rose, eu sinto em lhe informar, mas o príncipe Benjamin insiste em falar com a princesa a sós. — O mensageiro me informou, e isso felizmente foi o suficiente para que eu notasse que sua presença havia retornado.

 

Aparentemente, eu havia me perdido em minhas memórias do colégio, tal quais eram as piores possíveis, para a minha miséria pessoal. Isso não era algo novo para mim, obviamente, mas sempre me deixava frustrada, com a sensação de que eu havia perdido alguma coisa importante.

 

Ainda assim, mesmo com essa sensação em meu peito, como uma coceira que eu não seria capaz de coçar, ignorei tudo, e desviei o queixo para olhar na direção do mensageiro, forçando um sorriso em meus lábios.

 

— Ele forneceu algo que desse indícios do que queria tratar em particular? — Ao terminar, novamente senti diversos olhares em mim, me observando com emoções distintas, das quais felizmente eu não era capaz de identificar. Fiz o possível para ignorar tal coisa, não enxergando motivos para perder tempo com isso.

 

Evidentemente que isso era praticamente um alerta vermelho, um indício de que eu havia dito, mais uma vez, a coisa errada, algo que era diferente da Audrey original. Contudo, eu não encontrei a capacidade dentro de mim para me importar. Ao menos, não naquele momento.

 

— Sinto informá-la que não, Princesa Audrey. — Ele curvou-se em seguida, parecendo extremamente arrependido de não ter pensado nisso. O ato de se curvar, por mais normal que eu soubesse ser em questões que envolvessem a realeza, ainda assim quase me fez franzir rudemente as sobrancelhas.

 

Acho que ser da realeza não é pra minha pessoa, todas essas reverências estão começando a me irritar.

 

— No entanto, eu irei me lembrar disso nas próximas vezes. — Havia tanta confiança em suas palavras, que eu não tinha nenhuma dúvida das mesmas.

 

Isso, ironicamente, me fez pensar em algo: por que eu sentia que a maioria, senão todos, os empregados pareciam pisar em ovos sempre que conversavam com Audrey? Eu queria muito conversar com alguém sobre. Saber se eu estava certa naquela suposição, entretanto, também temia que fazer isso pudesse chamar uma atenção indesejada para mim. Por isso, não comentei nada. Me dignei em morder o interior da minha bochecha, esperando que o homem terminasse sua fala.

 

— Mas, se for do seu agrado, posso retornar e perguntar para o príncipe o que ele deseja.

 

Na verdade, isso poderia até ser bastante útil, já que me pouparia a dor de cabeça que seria ter de fingir ser a namorada de Benjamin. No entanto, algo me dizia que, se o meu intuito era parecer minimamente com a Audrey que essa gente conhecia (apesar de eu me recusar a ser uma megera), a última coisa que essa princesa faria, seria deixar o seu "namorado dos sonhos" esperando.

 

Por um breve momento, eu quis ficar aqui, apenas pela curiosidade de observar como os empregados falavam com a irmã mais nova. Eu já sabia que elas eram bastante diferentes em quesito de personalidades, no entanto, eu acabei de chegar neste lugar, então não sabia até onde essa linha pudesse ser rompida.

 

Além disso, de qual parte da família Audrey havia herdado esse comportamento agressivo e rude? Eu tinha quase certeza de que não era a Aurora — apesar de que no universo de Descendentes você não pode esperar que tudo seja igual as animações clássicas; a existência de todos esses príncipes e princesas, reis e rainhas, todos vivendo em uma única linha do tempo, isto é, vivendo em um mesmo século, já era algo literal impossível, mas isso é um assunto para outro dia —, muito menos pelo Príncipe- devo me corrigir, agora deveria ser Rei Phillip.

 

Fiz uma anotação mental para pensar nisso mais tarde, talvez quando Benjamin fosse embora e eu pudesse me esconder no quarto por um tempo, talvez até algumas horas, se estivesse com um pouco sorte; eu quase conseguia sentir uma pequena dor de cabeça sendo gerada graças a toda essa conversa.

 

Pensei em passar uma boa parte do dia (já que, infelizmente, eu vim parar neste mundo as sete horas da manhã da porra de um sábado ) em alguma biblioteca, tendo chance de coletar algumas informações novas sobre o mundo e os contos que aqui existiam. Ou talvez da situação política (se é que poderia ter), mas eu não sabia se já havia alguma aqui. E seria bem estranho se uma das moradoras da casa/mansão perguntasse se tinha uma biblioteca em sua própria residência. Ou talvez não? Bom, isso é algo para se pensar mais tarde.

 

— Isso não é necessário, Mantos. — Quase revirei os olhos ao vislumbrar a surpresa cobrir a feição do mensageiro com o seu nome sendo pronunciado. Mas a sensação incômoda estava passando, então possivelmente em breve eu começaria a simplesmente ignorar essas atitudes.

 

Sim, elas são perfeitamente válidas, e até me davam uma pista do quão mal Audrey trata os seus próprios funcionários, ao ponto de ser uma surpresa entre os empregados a princesa se referir a eles pelos seus nomes, o que indica que a Rose fazia questão de não fazê-lo. Contudo, para a minha pessoa… não era uma coisa engraçada, só era bastante revoltante.

 

Sinceramente, de todos os personagens, dessa maldita franquia, por que logo a porra da Audrey ?

 

• • •

 

Menos de dez minutos depois, eu estava sendo levada até outra sala, o mensageiro na frente, liderando o caminho, e eu um pouco atrás do homem, tentando memorizar o caminho.

 

O corredor me prendeu a atenção por alguns instantes, e eu me encontrei observando as pinturas; havia pelo menos quatro pinturas diferentes de três mulheres, todas vestidas com cores diferentes, parecendo irritantemente alegres em contraste com a minha pessoa. E, somente de olhar para uma pintura por um segundo, eu sabia se tratar das três fadas da história de Aurora; Flora, Fauna, e Primavera. As referidas tias, se o chalé na fala da irmã servisse como uma pista.

 

Me perguntei momentaneamente se aquelas fadas iriam perceber meus deslizes nas falas da princesa, ou se, mesmo que Auradon não utilizasse mais a magia como há vinte anos atrás — particularmente achei isso extremamente idiota da parte deles, principalmente se colocasse a Fada Madrinha no meio do meu raciocínio, mas tudo bem, o reino é deles, não meu —, elas notassem que havia algo de estranho com a sua sobrinha.

 

Parecia que quanto mais eu pensava, mais trabalho eu ia ter para lidar. Que monte de merda.

 

Enquanto seguia o mensageiro pelo corredor, pude também perceber a magnitude do lugar. Todos os corredores que passamos eram longos e amplos, com paredes decoradas com tapeçarias coloridas que pareciam retratar momentos históricos do reino, como as três fadas, e uma pequena estátua sobre a roca de fiar de Aurora.

 

Percebi como esta última era pequena, quase como se Malévola, por mais que tivesse quase acabado com todo o reino ao conseguir fazer a princesa adormecer, ainda fosse pequena em comparação com todo o resto (ao contrário das três fadas, que evidentemente eram lembradas com carinho), que parecia mais importante para Aurora e Phillip. Isso quase me fez rir, imaginando o quão furiosa a dark fae ficaria se ela soubesse disso. Talvez Malévola até tivesse um ataque.

 

Deixando meus pensamentos de lado, observei os lustres de cristal, os quais pendiam do teto alto, iluminando o caminho que percorremos com uma luz suave e acolhedora, quase me fazendo sentir-me confortável. O chão de mármore polido refletia a luz desses mesmos lustres, criando um efeito brilhante que dava ao corredor um ar de elegância.

 

As janelas altas ao longo de um dos corredores me ofereceram uma vista para os jardins exuberantes do local, onde flores coloridas e árvores majestosas criavam um cenário sereno, parecendo mágico, o que quase me fez revirar os olhos.

 

Como era possível que até um jardim parecesse extremamente belo em comparação com tudo que eu já vi em toda a minha vida? Era irrealista. Era… na verdade isso deve ser o mais próximo de um maldito conto de fadas. A porra de um conto de fadas.

 

Cada passo que eu andava ecoava pelo corredor, lembrando-me da importância do lugar onde eu estava e da responsabilidade que agora recaía sobre os meus ombros.

 

O que eu não daria por um baseado, ou um cigarro, realmente não me importava. Espera, eles têm cigarro neste lugar? Eles… tem drogas? Eu tinha plena consciência de que aquele era um péssimo momento para pensar nessas possibilidades, mas a minha mente adorava fazer isso comigo: pensar coisas completamente aleatórias, nos momentos mais importunos possíveis.

 

Tudo bem, Driella. Não pense em baseados. Não pense em cigarros ou cerveja (não era a minha bebida alcoólica favorita, mas nestes momentos de desespero que eu agradeceria se uma cerveja caísse do céu). Não pense em drogas ou substâncias ilícitas. Pense em Ben; no que você pode tirar dele e nas informações que poderia conseguir.

 

Como por exemplo… em qual ponto da história eu estou? Estou no dia em que as crianças da ilha chegam? Alguns dias antes? Alguns dias depois, talvez? Confesso que seria divertido tentar falar com Evie ou Jay , já que eles eram alguns dos poucos personagens que eu conseguia ver eu conseguindo mater uma conversa, mesmo que ela fosse breve. Eu ainda não tinha certeza de como seria olhar para Carlos, visto que o ator faleceu e eu… eu gostava bastante do Cameron, já que cresci assistindo Jessie e ele era meu personagem favorito.

 

De qualquer forma — sim, eu tenho plena noção de que estou ignorando mais um elefante no meio da sala, mas antes isso do que ficar triste —, eu teria as respostas para isso mais tarde, mas ainda estava presa em um maldito pensamento…

 

A pergunta sobre as drogas e o cigarro não saiu da minha cabeça até que eu percebi estar na frente de uma nova porta, uma que eu tinha certeza que Benjamin estava atrás da madeira de carvalho.

Chapter 5: Não temos nenhuma misericórdia, hein?

Summary:

Galadriella finalmente descobre em que ponto da trama ela se encontra. Mas, ao contrário do que imaginava, isso era apenas o começo dos problemas. Tipo, as coisas não poderiam ser parecidas com o filme uma vez na vida?

Notes:

Não me pergunte como isso passou das 4 mil palavras. Até eu quando fui revisar fiquei pensando: "isso está certo?"

Segundo o docs, este capítulo está com quase 4.600 palavras. Não sei o que aconteceu, mas não estou exatamente achando ruim. Apenas... foi uma surpresa visto o primeiro rascunho da cena. Ela era pra ser completamente diferente, e não passou das 2.200 palavras. Sei que era só um rascunho, mas eu ainda fui surpreendido.

Então... as coisas se escreveram sozinhas e quem sou eu para impedir o enredo de trabalhar? Sou apenas um humilde escritor, pessoal. ♡ de qualquer forma, espero que gostem do capítulo!

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

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𝐏 𝐎 𝐑  𝐉 𝐔 𝐒 𝐒 𝐓 𝐘 𝐀

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# 𝐃𝐄𝐒𝐂𝐄𝐍𝐃𝐄𝐍𝐓𝐄𝐒 𝐀𝐔 %?! REENCARNAÇÃO ( e inserção de personagem original ) !! 𝘔𝘺 𝘭𝘰𝘷𝘦, 𝘐 𝘥𝘰𝘯'𝘵 𝘸𝘢𝘯𝘵 𝘵𝘰 𝘣𝘦 𝘩𝘦𝘳. 𝘐 𝘸𝘢𝘯𝘵 𝘵𝘰 𝘣𝘦 𝘮𝘺𝘴𝘦𝘭𝘧 ; 𝘩𝘦𝘭𝘱𝘪𝘯𝘨 𝘱𝘦𝘰𝘱𝘭𝘦 𝘐 𝘭𝘪𝘬𝘦, 𝘥𝘳𝘦𝘴𝘴𝘪𝘯𝘨 𝘪𝘯 𝘵𝘩𝘪𝘯𝘨𝘴 𝘵𝘩𝘢𝘵 𝘮𝘢𝘬𝘦 𝘮𝘦 𝘧𝘦𝘦𝘭 𝘨𝘰𝘰𝘥, 𝘢𝘯𝘥 𝘦𝘢𝘵𝘪𝘯𝘨 𝘸𝘩𝘢𝘵𝘦𝘷𝘦𝘳 𝘐 𝘸𝘢𝘯𝘵. 𝘐'𝘮 𝘯𝘰𝘵 𝘩𝘦𝘳. 𝘐 𝘢𝘮 𝘮𝘺𝘴𝘦𝘭𝘧. ★ 𝘿 𝘼 𝙍 𝙇 𝙄 𝙉 𝙂 ˖ ꐑ ֢ ࣪ ♡ 𝘦𝘶 𝙨𝙤𝙣𝙝𝙤 𝘤𝘰𝘮 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝙩𝙤𝙙𝙖𝙨 𝙖𝙨 𝙣𝙤𝙞𝙩𝙚𝙨, 𝘣𝘶𝘴𝘤𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘶𝘮𝘢 𝘮𝘢𝘯𝘦𝘪𝘳𝘢 𝘥𝘦 𝘧𝘢𝘻𝘦𝘳 𝘢 𝘮𝘪𝘯𝘩𝘢 𝙖𝙡𝙢𝙖 𝘦𝘯𝘤𝘰𝘯𝘵𝘳𝘢𝘳-𝘴𝘦 𝘤𝘰𝘮 𝘢 𝙨𝙪𝙖 💭 

• • •

ヾ ₍ ⸙ᰰ۪۪  CAPITULO TRÊS ──̇─̇─̇─❒͡ um começo estranho; lide com a presença de ben e descubra mais . . .᭢⠀

Sabe, algumas vezes quando eu assistia aos filmes de Descendentes — sozinha ou com minha prima e diversas amigas dela espalhadas no sofá da sala de estar —, muitas dessas mesmas vezes eu me pegava gostando de alguns dos personagens na tela. Era bastante estranho, principalmente levando em conta que eu só estava assistindo por causa de outra pessoa , mas eu aprendi a aceitar que alguns tinham seu charme , digamos assim.

No entanto, eu nunca achei Benjamin o melhor dos personagens, com os melhores arcos da história — até porque ele não era dos quatro principais, apesar de que isso não deveria impedir a Disney de fazer algo melhor —, mas também não o odiava como uma certa princesa com o quarto completamente rosa. Ele só era… não sei explicar muito bem, mas eu definitivamente não detestava o seu personagem. Até achava o Florian fofo em algumas cenas, embora não fosse o suficiente para eu torcer e vibrar sempre que ele aparecia na tela.

Digamos apenas que eu tenha uma certa tendência a gostar de pessoas sarcásticas, ou muito inteligentes. Inteligência é um traço que eu gosto bastante em uma pessoa, seja em amigos ou possíveis romances — e isso era algo um pouco difícil de encontrar, principalmente se levasse em conta a minha dificuldade de me aproximar das pessoas.

Eu não confiava com facilidade , muito menos me abria com as pessoas. A terapia ajudou um pouco nisso, é claro, entretanto ainda não era fácil para mim. Eu era mais do tipo de pessoa que ajudava do que pedia ajuda, digamos assim.

Droga, me perdi na minha cabeça de novo, que merda ! Acho que eu preciso colar meu cérebro na terra , quem sabe dessa maneira ele não decola no ar como um avião .

De qualquer forma, mesmo me lembrando disso, tentei raciocinar antes de qualquer coisa, e a possibilidade de que Benjamin não fosse nem perto do que aparentava nos filmes era uma delas. Além disso, nada me tirava da cabeça que a irmã mudava alguma coisa. Aquela garota deveria fazê-lo, até porque uma adição assim na vida de Audrey deveria ser importante, deveria fazer alguma diferença em como ela lidava com as situações e os seus problemas familiares — sim, eu estou pensando especificamente na Rainha Leah, porém haviam outras pessoas a quem se pensar, como os seus próprios pais e seus problemas com confiança; essa princesa precisa de terapia —, mas infelizmente, eu só teria mais tarde para ter certeza. 

Pensando por um breve momento antes de entrar na sala, me perguntei como eu deveria agir perto de Benjamin. Levando em conta que ele e Audrey são namorados (não faço a menor ideia de quanto tempo , mas estava chutando desde a infância, já que os seus reinos são poderosos em comparação com os outros, e uma aliança assim deveria ter alguma importância para os pais do futuro rei de Auradon), acredito que, se tem alguém que perceberia algo de errado com a Rose, poderia muito bem ser ele.

Mas e se esse não fosse o caso? E se eu estivesse completamente errada na minha suposição, e eles na verdade só eram namorados aos olhos do público ? Tudo bem, confesso que havia uma grande chance de que eu estivesse pensando demais e esse último fosse um exagero. 

Sendo da realeza ou não, acredito que o Florian tinha a escolha de escolher alguém que ele gostasse de verdade para estar junto. O garoto era filho da Bella e da Fera (acho que o nome dele era Adam, porém isso ficou tão implícito no desenho clássico da disney, que às vezes eu me esquecia por completo desse fato), uma história que só terminou em final feliz graças ao amor verdadeiro (como metade dos contos de fadas, mas me deem um desconto), pelo amor de todos os deuses! No entanto, era pensar isso, ou não ter nenhum caminho para eu seguir.

Não, Galadriella. Você está pensando demais. Pense menos ! Lembre-se da fala da garota, de que talvez Audrey tivesse Benjamin como um parceiro dos sonhos , que talvez ela realmente o amasse , apesar de quão ruim essa garota parece ser com as pessoas ao seu redor.

As pessoas não são ruins em tudo. Esse era um dos aprendizados que eu tinha levado para a vida; alguém poderia ser um marido ruim (às vezes por não gostar mais do cônjuge, ou qualquer outro motivo), mas um pai incrível, que se importava com os filhos, que os dava carinho, atenção, e tentava demonstrar seu amor por eles da melhor maneira. Um péssimo líder, mas um amigo, ou um marido, muito bom.

Agora, retornando para o elefante rosa no meio da sala… que grande merda, nem pro meu cérebro me lembrar de alguma cena de Ben e Audrey significativa para eu ter uma base com o que trabalhar. Eu me lembrava da Rose parecer possessiva com o garoto, mas se levasse em conta que namorado dela estava flertando com outra garota bem na sua frente, adicionando o fato de que Audrey claramente não gostava da Bertha… é, talvez eu entendesse de onde veio aquela atitude, mesmo que isso não explique de maneira alguma  sua grosseria para com uma garota que veio de um local totalmente diferente, que era algo completamente novo aos olhos dela e afins.

Felizmente para todos, eu não teria o mesmo problema que a Rose naquela situação — levando em conta a possibilidade de nós ainda estaremos juntos, o que eu ainda ia trabalhar em um plano para que houvesse um término amigável, quando descobrisse em qual ponto da trama eu estava —, já que eu não me incomodava com as pessoas flertando abertamente, com tanto que se estabelecesse um limite .

Se não me falha a memória, nos filmes ouve poucas cenas dos dois, ainda mais se colocasse na balança cenas que fossem significativas naquela situação, que demonstrasse o porque eles estavam juntos e se gostavam um do outro. Aparentemente a Disney olhou pra isso e disse: Foda-se! Pensem o que vocês quiserem , pessoal! Não tem a menor importância ou peso na história de qualquer maneira!

Sinceramente, Disney. Sinceramente .

Com isso, tive certeza de que não teria como saber qual a melhor forma de lidar com o futuro rei de Auradon. Teria de ser na força da fé e da esperança. E isso vem da porra de uma ateia.

Tudo bem. Eu sou perfeitamente capaz de lidar com essa merda. Se eu consegui passar do café da manhã sem esfaquear a mim mesma — ou mais especificamente o corpo da Audrey, mas vocês entenderam o que eu quis dizer —, eu posso lidar com isso.

● ● ●

Ao entrar o mais silenciosamente possível na sala, depois de forçar um sorriso para o mensageiro e dizendo que ele poderia se retirar — fiz o meu melhor para ignorar a maneira que o mordomo permaneceu no mesmo lugar, parecendo que ia ficar do lado de fora da sala até que eu saísse —, percebi que Benjamin estava de costas para mim, olhando para a grande janela do cômodo, para uma parte da mansão que parecia ter diversas árvores, como um bosque.

De soslaio percebi a magnitude do local, chamando a minha atenção para os móveis de alta qualidade, o sofá de couro em tons claros, o relógio que parecia ser de ouro na frente da pequena mesa, ou até mesmo uma escultura que parecia algo tirado da própria Grécia antiga. No entanto, eu me recusei a perder tempo observando o cenário ao meu redor, principalmente quando a minha curiosidade sobre o futuro rei de Auradon falava mais alto.

Eu precisava descobrir mais coisas , saber em qual ponto da trama eu me encontrava, e não olhar para cada canto dessa mansão como se fosse uma criança em um parque de diversões. Talvez outro dia, claro, quando eu tivesse um tempo livre para relaxar, e não sentir que a qualquer momento eu fosse ser pega desprevenida.

Quando o príncipe se virou, meu coração deu um pulo em meu peito, e eu tenho certeza de que, se não estivesse tão empenhada em pensar em todas as possíveis falas que Ben diria a seguir para mim, eu poderia ter esbanjado uma expressão de completo choque.

Benjamin Florian era a imagem perfeita do ator dos filmes, com seus cabelos loiros cortados em um penteado curto, olhar gentil e solidário, e um sorriso encantador presente em seus lábios o tempo todo. Isso, e o terno elegante na cor azul e a gravata na cor amarela, algo que eu era perfeitamente capaz de imaginar o personagem dos filmes usando em alguma cena.

A única diferença física notável era que ele parecia um pouco mais novo, e não como um adulto de vinte e poucos anos fazendo o papel de um adolescente. Ainda era claramente Ben na minha frente, a aura era quase a mesma, ele estava apenas rejuvenescido, na idade correta que deveria ter sido escalado na época dos filmes. O Florian realmente parecia um adolescente do ensino médio — apesar da aura ao seu redor ter uma breve diferença , possivelmente fruto do seu status de príncipe , e futuro rei de Auradon falando mais alto do que a expressão de um jovem adolescente despreocupado —, talvez em seus dezessete anos, mas nada além disso.

Observando-o atentamente, ainda parada na porta da sala como se fosse uma estátua, pude perceber como ele se movia com graciosidade, como se cada gesto fosse cuidadosamente calculado, mesmo na presença da namorada.

Esse cara definitivamente é um príncipe , eu tinha certeza agora .

Seus olhos azuis brilhavam com uma intensidade e sentimentalismo que eu nunca havia visto antes em tela, e por um momento, finalmente me ocorreu que eu estava olhando para um personagem de conto de fadas, que tinha literalmente ganhado vida. Eu quase poderia dizer que um choque de realidade iria cair sobre mim a qualquer momento.

— Audrey, você demorou bastante, por um momento fiquei preocupado. Você está bem? — Pisquei ao ouvir isso,  percebendo que Benjamin estava agora na minha frente, um olhar curioso em suas feições. Notei que o loiro estendeu as mãos para tocar nas minhas, mas felizmente eu fui mais rápida, e forcei outro sorriso em meus lábios, dando um passo para o lado, andando na direção da enorme janela, fazendo parecer que era um movimento fluido e ao mesmo tempo despreocupado.

— Estou bem, querido . — Eu já tinha pensado na possibilidade de chamá-lo do apelido irritante da princesa, entretanto , decidi rapidamente que isso era bastante desnecessário. Sei que vou precisar naturalmente chamá-lo de Benny Boo em algum momento, apenas para deixar evidente de que ainda me lembrava de tal apelido horrível.

No entanto, eu planejo usar isso apenas na frente dos filhos dos vilões e dos outros alunos da escola. Apenas para parecer que eu estava implicando abertamente com o príncipe. Sim. Isso ia servir .

Tendo certeza do que fazer, me virei novamente para o Florian ao parar na frente do sofá de três lugares, esbanjando um sorriso que eu tinha plena noção do quão sardônico essa simples ação parecia.

— Eu estava apenas pensando em algumas coisas, nada demais. — Havia tanta doçura em meu tom, que eu poderia criar uma cárie ao final de minha fala. Ou talvez até fazer Ben ter uma cárie, visto que ele me forneceu uma expressão neutra em resposta, como se aquilo fosse como a sua namorada. Internamente, me permiti suspirar de alívio. — Ofícios de ser uma princesa.

— Eu estava preocupado com você. — O loiro me informou, voltando a se aproximar de mim, desta vez mais lentamente. — Mantos me informou de que você bateu a cabeça na noite passada, quando estava no banho, então eu…

Merda. Não quero que ele se preocupe ou que me dê atenção especial daqui para frente, já que eu tenho plena noção de como Ben deve ser uma pessoa bastante ocupada com a questão de ser o futuro rei e tudo mais. Mas pensando de outra perspectiva… talvez eu possa usar isso em prol de alguma coisa.

Se fosse para ser honesta, inicialmente fiquei um pouco cética que as pessoas fossem realmente acreditar naquela falácia do banheiro, visto que Audrey não parecia alguém desajeitado ou que deixaria os outros saberem aquilo, talvez interpretando como uma fraqueza (apesar da imagem da donzela em apuros cair bem no rosto dela), mas já que eles estavam acreditando, não vejo motivos para não usar isso ao meu favor.

— Na verdade, agora que você comentou — iniciei, mantendo a voz uniforme, percebendo que Benjamin imediatamente parou de falar, em seguida olhou dentro dos meus olhos, me dando toda a sua atenção. Senti minhas bochechas esquentando, apesar de não sentir o sentimento de vergonha dentro de mim. Interpretei como uma habilidade estranha que a Rose tinha. — Eu andei tentando me lembrar de algumas coisas desde que despertei, mas não tenho tanta certeza do que pensar.

— Eu acredito que você precisa ver algum médico. Mas, no que precisa de ajuda? — o príncipe me perguntou, e havia tanto carinho em seu tom de voz, tamanha solidariedade, que eu quase me senti mal de mentir para ele. Quase .

— Não consigo me lembrar se você já é rei. — Eu me lembrava de que, aos dezesseis anos, Benjamin já deveria estar no trono. Então, ou ele apenas parecia um pouco mais velho do que deveria, ou algo estava diferente. — Eu tive um sonho estranho em que você era rei aos dezesseis e… não tenho certeza se era apenas um sonho, ou uma memória.

Por um breve momento, pensei que poderia estar exagerando no uso do meu tom, mas ao visualizar a expressão do Florian mudando, se tornando uma compreensiva, quase de pena, sabia que não havia o feito.

Isso! Talvez o ar dramático, ou a autopiedade pudessem combinar bem com essa Audrey , no final das contas .

— Audrey — Benjamin começou gentilmente, agora parado na minha frente. Ele estendeu uma das mãos, pousando-a em uma das minhas, apertando em um gesto carinhoso, evidentemente tentando me transmitir conforto. Permiti que ele fizesse, olhando-o atentamente todo o tempo. — Eu não vou ser coroado rei até os meus vinte anos.

O quê?! Percebi tardiamente que tinha pronunciado aquela questão em voz alta, completamente chocada com a nova informação adquirida. 

De todas as coisas que ele poderia me dizer, essa com certeza não era uma que eu pensei ser possível.

— Meu pai queria que eu fosse coroado mais cedo, é verdade, mas minha mãe o fez ver a razão , digamos assim. — Havia um sorriso em seu rosto, uma expressão que dizia que aquilo era uma história quase nostálgica para o príncipe. — Além disso, sendo honesto com você, até pensei nisso um tempo da minha vida, pensando que minha mãe estava errada. Mas foi graças a ela que eu posteriormente percebi que eu de dezesseis anos não teria mentalidade para ser rei, que eu ainda tenho muito o que aprender antes de usar aquela coroa. E eu gosto de ser adolescente, apesar de ter mais responsabilidades do que um adolescente comum.

Tudo bem. Isso até que fazia sentido, apesar de eu ainda estar bastante chocada com aquela informação sendo jogada na minha cara. Agora as coisas estavam se  tornando um pouco mais complicadas. Isso provavelmente significava que Benjamin não teria a chance de fazer a sua primeira proclamação pelo menos em alguns anos, o que significava que as crianças da ilha não estariam seguras, que ficariam por mais tempo naquele inferno; passando fome, frio, tendo de roubar para viver, não tendo alimentos em boas condições para se alimentar, e tendo de viver com seus péssimos pais. Isso era uma completa droga.

Separei os lábios para perguntar algo, entretanto, antes que eu tivesse a chance, o Florian foi mais rápido:

— Aliás, eu queria te perguntar uma coisa. Mais precisamente, gostaria de pedir uma opinião. — Me calei rapidamente, esperando-o continuar, e até agradecendo por aquilo, pois eu teria mais tempo para pensar.

Apesar de eu ter plena consciência de que o meu raciocínio era um pouco mais rápido do que as pessoas comuns, muitas vezes eu ficava dando voltas e mais voltas em um único pensamento , repassando todas as possibilidades possíveis por mais loucas que elas fossem, algo que fazia com que eu me perdesse na minha própria mente , às vezes esquecendo do mundo real por um tempo.

— É sobre… sobre a minha primeira programação real.

Antes que eu pudesse sequer pensar em algo para dizer, notei de soslaio a maneira como o loiro limpou a palma livre na calça que usava, denunciando sua ansiedade para os meus olhos. Isso fez com que eu abaixasse a guarda, pensando primeiro em fazê-lo se sentir mais calmo, e não nas consequências da mudança que aquilo poderia trazer para o enredo.

— É claro. — Esbanjei um sorriso gentil, tendo a sensação de que não deveria se parecer em nada com Audrey. Em seguida, apertei a sua palma, a qual ainda permanecia tocando a minha mão, buscando transmitir conforto e segurança para ele. — O que você quiser me dizer, eu gostaria de ouvir.

Benjamin pareceu surpreso com minha reação por um momento, provavelmente não esperando a suavidade em minha voz, muito menos à mudança de uma hora para outra em minha expressão. Entretanto, antes que o príncipe tivesse a chance de questionar tal coisa, eu segurei sua mão com um pouco mais de força, levando-o até o sofá de três lugares.

Me sentei primeiro, e o Florian logo me seguiu, sentando-se do meu lado, ainda segurando a minha mão, agora parecendo preso em seus próprios pensamentos.

Um longo minuto de silêncio se passou, com nós dois sem pronunciar uma única palavra, apenas olhando um para o outro. Bom, eu permaneci olhando-o, e Ben vez ou outra desviava o olhar para nossas mãos unidas, olhando-as como se algo tivesse mudado. E outras vezes ele olhava para um ponto aleatório do cômodo, focando sua atenção na janela atrás de mim, ou em alguma das esculturas; tal ação só serviu para que uma sensação agora temerosa fosse transmitida para mim.

O príncipe parecia quase perdido em seus próprios pensamentos, como se tentasse encontrar as palavras perfeitas para se dizer a seguir, o que eu supôs ser medo da minha reação — mais especificamente da reação de Audrey, mas isso não vinha ao caso. Com essa possibilidade dominando a minha mente, aguardei pacientemente até que o Florian se encontrasse pronto para falar o que queria, não enxergando motivos para pressioná-lo ou coisa parecida.

— O que você diria sobre os filhos dos vilões recebendo uma segunda chance?

Por mais que eu já esperasse algo do tipo, o tom que o loiro usou me surpreendeu; havia tanta insegurança em seu tom, que eu tive quase certeza de que aquela era a primeira vez que ele colocava aquilo para fora de sua mente, finalmente pensando ser uma possibilidade, por mais impossível que parecesse. Eu quase era capaz de ver o Florian tomando coragem para conversar sobre tal coisa com alguém, ainda mais se fosse com alguém tão complicada quanto Audrey.

Mas se fosse para ser honesta, isso também me acalmou, pois agora eu tinha um caminho para seguir. Agora eu sabia onde me encontrava no enredo: antes mesmo de Benjamin conversar com seus pais sobre a sua primeira proclamação real. E, por mais que eu não soubesse exatamente quanto tempo demorou até que ele tivesse aquela conversa (se tudo ocorresse como foi mostrado no começo do primeiro filme, obviamente), ainda era um caminho para seguir.

Esbanjando um olhar curioso em meu rosto, me permiti tentar parecer um pouco cautelosa com aquela possibilidade, chegando até mesmo a fazer um som pensativo em resposta a sua pergunta. Principalmente tendo em vista que o príncipe havia sido muito amplo em sua fala.

— Isso depende. O que você quer dizer exatamente com uma segunda chance?

Notei facilmente a maneira como o loiro pareceu relaxar com o meu tom; eu estava calma, porém também cautelosa, como se ponderasse todas as possibilidades de sua questão, mas não exatamente horrorizada com aquela ideia.

— Bom, eu andei fazendo algumas pesquisas nas últimas semanas enquanto pensava sobre isso, e descobri que Auradon não manda recursos para a Ilha dos Perdidos. — Percebi o que Ben estava fazendo antes mesmo de ele terminar a sua fala, mas permaneci em silêncio, apenas para ter certeza das suas próprias palavras. — Por conta do nosso descuido, a ilha está perto de passar por uma superlotação em alguns anos, e isso é muito preocupante visto que, por maior que seja o espaço, ainda é muito pequeno em vista de outros Reinos. Ou até mesmo em comparação a Terra do Nunca . São muitos criminosos em um único espaço, e levando em conta que são de todos os gêneros e espécies, era evidente que, como não mandamos proteção ou mantimentos, iria chegar em um estado crítico.

Uau . Isso foi mais informativo do que eu esperava, devo admitir. O que era muito bom, na verdade. Se Benjamin havia feito questão de pesquisar , de saber tudo isso sobre a ilha antes de tomar qualquer decisão, então era óbvio que ele estava pronto para ter um debate sobre isso com alguém.

Eu não sabia se essa pesquisa havia sido feita especificamente para o dia de hoje e, apesar de achar difícil essa possibilidade ser real, não era de todo impossível. Audrey era alguém cética, e foi preciso três filmes para ela se redimir com as crianças da ilha, o que poderia facilmente significar teimosia da parte dela… bom, felizmente para o Florian, eu e Audrey não somos a mesma pessoa.

— Então, se eu entendi corretamente, você quer retirar algumas crianças da barreira mágica, apenas por causa da superlotação? — perguntei, ainda fazendo um esforço para não interromper todo o seu discurso. E, ao fazê-lo, quase sorri ao ver a expressão que cruzou o rosto de Ben.

Ele se remexeu no assento do sofá por um momento, claramente desconfortável , chegando até mesmo a desviar o olhar para nossas mãos ainda juntas, mexendo os dedos por um momento, ponderando no que responder.

— Sim e não. — Ao ouvir sua resposta, franzi as sobrancelhas, esbanjando uma expressão confusa. — Eu pretendo trazer um pequeno grupo de crianças para Auradon, apenas para um teste inicial, para provar que eles não são seus pais. Eles são inocentes , não merecem pagar pelos crimes de seus pais. Eles podem ser pessoas boas, e merecem uma chance de provar isso.

Não fiz mais do que piscar uma única vez na direção do Florian; não demonstrei raiva com sua fala, nem choque, nem nada do tipo, apenas esperei.

— Eu quero ajudá-las, Audrey. — Ben disse, e eu não tive qualquer dúvida de que as suas palavras eram verdadeiras , que eram genuínas . — Eu sei que eles merecem uma segunda chance , que merecem mais do que a ilha os fornece. — Antes que eu pudesse ser capaz de impedir, um pequeno sorriso escorreu no canto dos meus lábios. — Aquelas crianças estão pagando por crimes que não são deles. Está errado.

Levou apenas um minuto, mas foi o suficiente para eu finalmente entender o que as pessoas viam naquele garoto, o motivo de porquê ele seria o próximo rei de Auradon; Benjamin era alguém com um coração enorme, alguém inteligente e prestativo, que além de querer fazer o bem, queria fazer a diferença.

Ele não precisava pensar nas crianças, não precisava gastar tempo e recurso para pesquisar sobre a ilha dos perdidos e do quão ruim era a situação naquele lugar, mas ele o fez mesmo assim. E queria mudar aquela situação, mesmo que começando de baixo. Isso dizia mais sobre Benjamin, sobre quem ele era, e sobre quem ele seria quando fosse coroado rei de Auradon, do que qualquer outra coisa .

Ouvir o Florian conversar com seus pais sobre isso em uma pequena cena no cinema era uma coisa, e outra completamente diferente era ouvi-lo pessoalmente, explicando seu ponto de vista, tendo a chance de sentir sua paixão e determinação em fazer aquilo acontecer.

Ele acreditava nos filhos dos vilões; que eles poderiam ser bons , que poderiam ser diferentes de seus pais, que deveriam ter uma chance, e isso... isso era lindo. Eu torci internamente para que o loiro tivesse plena noção de que nem todos pensariam como ele, que muitos ficariam receosos. E, graças a isso, tive uma ideia.

Fingi ponderar por um momento, fazendo questão de soltar mais um som enquanto "pensava" em suas palavras. Por pouco não soltei um sorriso divertido ao vislumbrar a expressão ansiosa que cresceu no rosto de Benjamin.

— Bem, quando você fala assim, é meio difícil não concordar. — O sorriso que o loiro esbanjou poderia ter me feito sorrir de volta, se eu não estivesse empenhada em também alertá-lo sobre as dificuldades que essa ideia poderia trazer.

Ao contrário do conteúdo original da dona Disney, eu pretendo fazê-lo estar consciente do que isso traria para ele e seu reinado; das complicações que ele teria pela frente neste caminho que ele escolheu trilhar, por exemplo.

— Mas nem todos podem pensar como você, Ben. Alguns podem achá-lo, na melhor das hipóteses, que está enlouquecendo . Você sabe disso, certo?

Ele suspirou, acenando com o queixo para minha pergunta, algo que me surpreendeu. Notei como o seu sorriso caiu um pouco com minhas palavras, como se aquela possibilidade tivesse se tornado real com minhas palavras, porém eu também via a determinação que seu olhar continha, e tive a impressão de que ela havia duplicado .

— Eu sei — concordou simplesmente, e se eu não tivesse tanta certeza da persistência que tinha visto em seus olhos, poderia pensar que ele havia desanimado repentinamente. No entanto, tão rápido quanto esse pensamento passou pela minha mente, acabou sendo nulo no instante em que o Florian cruzou seu olhar com o meu; havia tantos sentimentos naquela simples ação, tanto agradecimento implícito, que eu tinha certeza de que o rubor em minhas bochechas era agora feito por mim. — Mas só de você estar do meu lado, me dá esperança, Audrey.

Por todos os malditos deuses… como eu deveria lidar com isso?

Engoli em seco, repentinamente sentindo minha confiança escorregar por entre meus dedos como areia ao ouvir aquela frase. Pelo o que senti ser a milésima vez, forcei um sorriso nos lábios, tentando empurrar os pensamentos pessimistas que dominaram a minha mente para baixo, sabendo que eles não me ajudariam naquele momento.

— Na verdade — comecei, percebendo que, por mais que eu fosse uma boa atriz para as pessoas ao redor da Rose na sala de jantar, notei o movimento nas sobrancelhas do loiro, então aproveitei para informá-lo: — Eu gostaria que me chamasse de Dreya de agora em diante. Ou… ou Drey, se você preferir.

Para a minha surpresa, não houve nenhuma hesitação ou estranhamento com o meu pedido na expressão do Florian , e Benjamin me surpreendeu ao sorrir no segundo seguinte, concordando facilmente. E, de alguma forma, aquilo só fez eu me sentir pior .

É, talvez não fosse tão fácil assim ser Audrey Rose Beauty , mas eu faria o meu melhor .

Notes:

Na minha versão da Ilha dos Perdidos, o espaço da ilha é realmente grande, mas há muito mais vilões e pessoas para ocupar esse espaço. Existem todas as hienas, uma boa parte do hunos, os duendes e os pequenos capangas e mais uma porrada de gente na equação, por questões de BURRICE AURADON.

A Ilha dos Perdidos é um espaço cheio, mas é um espaço com muita criminalidade, muita morte todo o tempo, e ainda assim as pessoas copulam pra caralho. Afinal, eles não tem muito o que fazer, e não tem camisinha ou qualquer meio de prevenir a reprodução, como Benjamin citou.

Eu estou escrevendo o próximo capítulo com calma, e cheguei até mesmo a pensarem desenhar um mapa. E mesmo assim, acredito que o próximo capítulo vai ser mais uma metralhadora de informação na cara de vocês leitores do que qualquer outra coisa. Galadriella e Benjamin conversam por mais de 3 horas, e tudo é sobre a ilha dos perdidos porque ela tem medo de todas as mudanças que estão acontecendo/aparecendo bem na frente dos seus olhos. De qualquer forma, posso demorar para terminar o próximo capítulo, então... não liguem se eu sumir por umas semanas ou um mês completo. Eu sou enrolado assim, meu mal.

Aliás, eu não tenho certeza se vou seguir com essa ideia, mas estava pensando em fazer um capítulo na visão da irmã da Audrey, ou de outros personagens, quando eles aparecerem? Sinto que deixar tudo para somente a Driella explicar pode ser... pouco? Talvez vago em comparação? (E ela também não é a narradora mais confiável, mas mais por questões de insegurança e ela estar desatualizada com as coisas e pessoas ao seu redor)

Também sinto que eu sair da visão da Driella e ir para a visão de Ben ou, quem sabe, de outros personagens originais possa ser bom para explicar coisas que a própria Driella não é capaz. Essa é uma ideia passageira, claro, mas é algo que estou pensando bastante. Pode acontecer ou pode não acontecer.

Por sinal, também estou pensando em criar uma outra história que mostra a base dos diálogos que eu criei antes de chegar até certos capítulos? Juro, eu ando escrevendo algumas cenas soltas, ou faço um rascunho antes de ele se modificar e entrar na história, como o diálogo de Benjamin e Driella neste capítulo. Enfim, outra ideia, embora que fique registrado que, caso eu realmente faça essa "coletânea de cenas excluídas ou rascunhos", ela pode conter spoiler.

Chega de falar! Falei demais! Até o próximo capítulo ♡

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